quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Onde é que estão as ideias?

Enquanto as candidaturas vão surgindo, vai crescendo a sensação, pelo menos em mim, que não está a surgir um movimento com força e de discurso inovador. Existem vários alinhamentos, mas quase todos optam por duas vias: uma continuidade mais criativa e a ruptura inspirada na memória de um Sporting que já não existe. Não são com a mais pura das certezas as vias que fazem falta ao clube.

O Sporting está adormecido, desmotivado e sem ideias para contrariar a sua sina financeira. Se o motor das grandes mudanças é de facto a capacidade financeira, as pequenas ou médias intervenções não chegam para inverter a tendência, pelo menos a curto prazo. Não havendo dinheiro (cada vez é mais óbvio que o clube margem zero de endividamento) qualquer que seja o presidente terá um mandato limitadíssimo, restrito a operações de cosmética, que vão fazer festinhas na distância que nos separa dos nossos eternos rivais.

É claro que a reestruturação financeira operada por JEB se destinou a assegurar a sobrevivência do Sporting no operação actual, em conseguir cumprir as obrigações do presente. Mais uma vez este agora ex-presidente nos vendeu gato por lebre, ao assegurar que estas alterações permitiriam um reforço do investimento na equipa de futebol. Pelas primeiras indicações que tivemos, se no próximo defeso o Sporting quiser comprar um jogador terá de vender outro no mínimo pelo mesmo valor, sendo o orçamento corrente exactamente o mesmo sem acréscimo de verbas significativas.

Por aqui também se compreende a importância do aval da banca a cada candidatura. De facto, parece ter chegado ao limite a paciência dos credores com um clube que quer gastar mas não tem meios de justificar o retorno desse acto. Vida muito complicada para quem apostar em promessas gordas de contratações. Nunca foi tão importante, o surgir de uma nova via de pensamento no clube, uma via mais realista que assuma a dificuldade do clube, mas que até por isso seja bem mais imaginativa nos processos para garantir alguma hipótese de melhorar a equipa de futebol.

Enterrado o fundo FIFA de Braz, existe um vazio de ideias para refundar o Sporting num novo modelo de financiamento. Ao que parece muitos candidatos estão a tentar descobrir a pólvora, numa operação mágica que faça chegar baús de dinheiro a fundo perdido na porta 10A. Duvido que algum o consiga sem comprometer mais o futuro e governabilidade do clube a longo prazo. Se porventura começássemos pelo principio e não pelo fim, teríamos um pensamento mais estruturado.

O que traz dinheiro a um clube? Os direitos de TV, a venda de bilhetes, as cotizações e lugares cativos e o merchandising. Os fundos de jogadores são meros auto-empréstimos que embora permitam a entrada de capital imediata, tem demasiadas questões de rentabilidade e interferem bastante na gestão de activos. O Sporting não precisa (porque não pode) de mais empréstimos, precisa de novas fontes de rendimento. Há muito a explorar na área dos eventos, na publicidade, nos patrocínios. Áreas onde podemos retirar muitos exemplos dos clubes da NFL e NBA, exemplos máximos da rentabilidade financeira extra-competição.

Mas para ter esta compreensão é preciso ver o Sporting de outra forma, olhando para o que pode ser um clube de futebol nos próximos 20 anos. Não vejo esta filosofia em nenhum candidato, pelo menos até agora. Quem me dera que existam surpresas nos programas que tardam em ser apresentados. O diálogo sofre, discutindo-se nomes e pessoas, apenas porque não existe mais nada para discutir.

Até breve.

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