Quando leio sobre o interesse dos clubes de
Milão no jogador Agostinho Cá arrepiam-me uma ideia que tenho desde a venda de
Luís Boa Morte. Mas que tipo de negociantes somos nós que preferimos vender
jogadores em prospecto por 1 ou pouco mais milhões de euros em vez de
capitalizar vários dois ou três anos mais tarde.
Existem dois cenários a que o Sporting deve
prestar bastante atenção antes de vender o passe de um jovem atleta:
1/ A sua valorização a curto prazo – O jogador
ao sair dos juniores entrará numa equipa B ou será emprestado a um outro clube.
Apenas 2 ou 3% passarão directamente ao plantel principal. Mas mesmo assim, é
completamente diferente o valor de um atleta com 1 ou 2 anos de futebol
profissional. O clube só deveria alienar os jogadores com que não contará para
nenhum destes cenários.
2/ A sua valorização a médio prazo – Partindo
do principio que estamos a falar de atletas com elevado potencial, podemos
seguir o raciocínio lógico de que o que interessa ao Milan ou ao Inter também
deveria interessar ao Sporting. Assim, é por demais evidente que emergir na
equipa principal do clube deverá ser sempre um sinal de grande talento e este
facto deve ser demonstrado na hora de vender e estabelecer um valor justo pela
rescisão.
Vender um atleta de 18 anos muito promissor
por 1.2 milhões de euros ao Liverpool não é um bom negócio. É uma péssima
publicidade à Academia e um desprestigiante encaixe para o clube. Qualquer
Sedan da segunda divisão francesa que venda um jovem a um clube europeu, não o
faz por menos de 2 ou 3 milhões. A verdade é que é muito tentador olhar para os
juniores de Alcochete como uma fonte incessante de talentos, onde um talento
vendido dará sempre lugar a um outro de igual valia.
Este pode ser um pensamento ruinoso. Qualquer
publicitário dirá ao Sporting que uma marca vale tanto como a forma como avalia
aquilo que produz. O Sporting avalia-se (por desespero financeiro ou não) muito
por baixo.
É consensual que nem todos os juniores serão
grandes vedetas, alguns atletas serão sempre catalogados como dispensáveis, mas
ao olhar para o historial recente do clube, grande parte dos formados em
Alvalade tem um excelente aproveitamento. Um paradoxo recente: o Génova
empresta Ribas ao Sporting (um avançado que nunca chegou a jogar sequer um jogo)
e contrata Diogo Rosado a custo zero. Vejam o que valem os dois atletas e vejam
quem fez o melhor negocio.
A arte de saber vender é um aliado
indispensável a quem tem uma Academia como o Sporting. Sem esta habilidade
serve de pouco formar dezenas de atletas todos os anos se apenas se rentabiliza
o óbvio. Varela e muitos outros casos renderam zero aos nossos cofres, o que
prova que se o Sporting é dos melhores formadores do mundo, também é dos
priores vendedores do mundo.
Deseja-se muito mais atenção e inteligência na
gestão dos recursos do clube. Aos 18 anos muitos atletas têm já mais de 10 anos
de leão ao peito. Toda a aprendizagem que receberam deve ser encarada pelo
clube como algo de excelência e não um facto temporal que se esquece olhando
para “promessas de Messi” do outro lado do atlântico.
Até breve.
Sinceramente não me parece que vender jogadores sub-18 por 1 ou 2 milhões de euros, seja uma política errada.
ResponderEliminarEm cada 100 jogadores que o Sporting forma, há 1 ou 2 que se destacam e que podem vir mais tarde a valer muitos milhões. Basta pensar que há já vários anos que o SCP não forma nenhum craque e nos jogadores que se formaram entretanto. Tivesse o Sporting vendido vários deles (ainda que em fase de formação) por 1 ou 2 milhões e teria recebido um bom dinheiro.
No que diz respeito aos jogadores a que se refere o texto, o Agostinho Cá e o Diogo Rosado (que já vai no 3º ano de senior e ainda não mostrou nada), considero que nunca terão / teriam lugar numa equipa como o Sporting.
SL
Jô