Quanto ao Ponto1:
Sá Pinto não teve propriamente um onze
definido, nem uma táctica enraizada. Para quem quer que chegue ao clube esse
será o primeiro trabalho. Com o plantel que o Sporting tem actualmente é
difícil montar um onze com um médio organizador à frente do(s) trinco(s). Nem
Adrien, nem André Martins estiveram até agora à altura de um Matias Fernandez.
Principalmente porque Sá Pinto definiu esta posição um pouco mais recuada, bem
dentro do raio de acção dos restantes médio e não posicionado entre a linha
média e linha avançada. Uma ideia seguramente inspirada nos pivots do Calccio,
mas que valha a verdade não funcionou.
Assim, parece óbvio que a ter dois extremos na
equipa e uma referencia posicional no ataque, sobra uma posição. Viola e Labyad
foram testados nesta lógica, sendo que o Argentino mais avançado e colado às
linhas e o Marroquino mais recuado, vagueando atrás do ponta de lança no centro
do terreno, podendo descair nas alas em apoio ao extremo.
Não sei se quem vier insistirá nestas
soluções, mas será mais provável que um treinador mais experiente termine a
fase de experimentação e defina claramente um posicionamento com dois avançados
ou em alternativa o regresso ao losango clássico.
Em termos de utilização de jogadores,
parece-me que seguro que Patrício permaneça na baliza, Cedric permaneça como
aposta principal na defesa direita (apesar dos erros, precisa de continuar a
crescer, jogando). Ínsua e Pranjic continuarão a lutar pela lateral esquerda.
Mais dúvidas quanto à apreciação dos centrais. Boulahrouz continuará a gozar de
uma aposta tão efectiva? Ou Xandão terá mais vezes lugar ao lado de Rojo?
Carriço permanecerá relegado a 4º central?
No meio campo, Gelson e Rinaudo parecem
finalmente a postos para lutar por uma posição (talvez desta vez não tão sacrificados
em missões suicidas) e dependendo da escola do novo técnico, Schaars, Elias e
Adrien dividirão os papeis de organizadores e criadores de jogo pelo meio-campo
(espero que finalmente Elias encontre a sua posição). Izmailov com Sá Pinto
experimentou o eixo central, mas para se situar nesta zona do terreno terá de
ter mais apoio para jogar (o russo não está especialmente, se é que alguma vez
foi, um portento de força). As alternativas André Martins e Labyad serão para
ir testando passo a passo.
Nas alas é evidente que Capel está uns furos
abaixo da época passada e que Carrilho, apesar de melhor, continua bastante
irregular durante os 90 minutos. Será um erro não continuar a dar tempo de jogo
a Jeffren (parece querer recuperar o tempo perdido) e já ia sendo hora de
testar Esgaio em algumas partidas.
No ataque, os maiores problemas. Wolfswinkel é
o homem golo, mas mal servido não poderá marcar mais do que 1 golo de 3 em 3
jogos. A dinâmica da equipa em ataque tem de ser desenhada à volta das
movimentações do holandês e não apenas dando posse de bola aos alas, rezando
que a fazem chegar ao ponta-de-lança. Não há alternativas ao holandês (Viola é
claramente um extremo que pode descair para o centro) e a dupla Rubio / Betinho
demasiado verde para as exigências.
Olhando este cenário, e se fosse eu o
escolhido para orientar a equipa, pediria de imediato para Janeiro, mais um
jogador para a lateral direita e um ponta de lança para lutar com Wolfswinkel.
De resto será sobretudo uma questão de movimentação, apoios e desenhos tácticos
que potenciem as características dos atletas, coisa que com Sá Pinto nunca foi
muito visível (e estou a ser simpático).
Quanto ao Ponto 2:
Um treinador estranho à nossa Liga tem logo à
partida dois problemas – desconhece os meandros políticos da nossa imprensa e
entidades desportivas e desconhece a esmagadora maioria dos nossos clubes. Se
um bom adjunto já é importante, nestas circunstâncias é mesmo decisivo. Alem
disso, e especialmente no início terá de ter o máximo apoio de Freitas para
rapidamente conhecer o historial competitivo dos jogadores do plantel, sendo
que Duque deve, limpar o espaço de intervenção do técnico principal de
quaisquer questão sobre normas internas, castigos ou pressão de investidores.
Só assim existirá um verdadeiro começo, em que
o treinador não herda problemáticas a que é estranho, que o obrigariam a
desfocar da missão principal que é, colocar a equipa a jogar um futebol mais
agressivo e coerente.
Resta dizer que esta direcção irá estar
completamente dependente dos resultados obtidos pelo próximo treinador. Depois
de 2 técnicos (que ainda auferem o seu ordenado) despedidos por maus resultados
e mau futebol, pode-se dizer que à terceira vai ter de ser de vez. A repetição de
um cenário idêntico ao que sucedeu com Domingos e Sá Pinto seria a assumpção de
uma incapacidade para liderar o clube, já que o desempenho de uma direcção mede-se
em pontos, apuramentos para provas de topo e troféus. Sem golos não há vitórias,
sem vitórias não há destaque, sem destaque não há vendas nem patrocínios, sem
estes não há dinheiro e sem dinheiro o Sporting será um clube ingovernável nos
próximos anos.
Uma boa razão para dar todas as condições ao
próximo treinador, muitas mais do que as que deram aos anteriores,
especialmente depois de maus resultados. Não chega contratar jogadores e uma
equipa técnica, há muitas batalhas que se sucedem a este primeiro trabalho,
mesmo muitas, onde somo normalmente menosprezados e ridicularizados, muito mais
que nas 4 linhas.
Até breve.
Mas quê, agora és treinador de futebol?!?
ResponderEliminarÉ só Guardiolas a mandar bitaites sobre taticas e jogadores. é por isso que nunca vamos a lado nenhum, venha quem vier o reslutado será sempre o mesmo.
Caro Violino,
ResponderEliminarUma análise superior dos problemas que, seja qual for o treinador que o Sporting se atrever a contratar, se lhe hão-de colocar. Como sempre, reina a inteligência e a lucidez em mais uma excelente contribuição para o conhecimento e sentido crítico dos adeptos leoninos. Obrigado.
Saudações Leoninas.