Apesar de ter parecido que este ano a pré-época seria um renascer de esperança e de uma equipa forte, a começar a criar dinâmicas positivas, a verdade é que na última metade da preparação, face a encontros com adversários mais competitivos o Sporting entrou num verdadeiro balde de água fria. Foram 3 encontros em que tudo ficou por provar. A solidez da defesa, a criatividade do meio-campo e a rentabilidade do ataque.
Nem tudo foi mau, alguns dados positivos emergiram, nomeadamente apontamentos de talento de alguns jogadores, mas o colectivo ainda está por organizar e potenciar. Patrício não tem sido o abono do costume, Pereira e Evaldo estão ainda longe do que podem fazer, os centrais em vez de disputarem o melhor, disputam o menos mau e no meio campo Schaars tarda em impor-se. André Santos e Rinaudo confirmaram as boas indicações com que estavam rotulados, mas nas alas Capel, Jeffren, Izma e Djaló tiveram dificuldades rítmicas em agilizar o jogo da equipa. Na frente Rubio foi surpresa positiva, Wolfswinkel algo irregular e Postiga ficou em branco nos jogos a sério. Bojinov, Matias, Árias e Luis Aguiar estiveram fora ou a debaterem-se com lesões. André Martins e Carrilho deram mais que o que se esperava.
Nenhum dos dois esquemas tácticos funcionou correctamente, tanto o 4-1-3-2 como o 4-4-2 ficaram muito aquém de permitir ver um bloco compacto a desdobrar-se defensivamente e ofensivamente com fluidez. Levará muito treino e tempo até que esta equipa crie uma imagem diferente, o que estaria longe da cabeça de muitos adeptos leoninos que esperavam no início da próxima semana ter já algum sabor ao novo Sporting que se vislumbra. Mas revelou-se curto o período de adaptação e harmonização dos métodos tácticos.
Frente ao Olhanense iremos encontrar um Sporting ainda em fase de construção, com muitos jogadores ainda a tactear o terreno em busca das melhores combinações com os colegas de onze. Isso irá provocar alguns equívocos, falta de fio de jogo e períodos de desconcentração. Muitos dos erros que vimos nos últimos 3 jogos tenderão a repetir-se, pelo menos até haver ensaios suficientes para os corrigir todos. Cada adepto que se deslocar a Alvalade saberá que pode ver dois jogos: na melhor das hipóteses – o Sporting marca cedo e com maior ou menor dificuldade controla a partida; na pior das hipóteses - a dificuldade em criar oportunidades de golo arrastará o Sporting para jogos muito idênticos aos que vimos na época passada. É bom que interiorizemos as adversidades para que o apoio dado seja concordante com o que a equipa pode dar. E não estar a dar grande coisa.
O paradigma de equipa em construção (já em competição) vai requerer muita paciência com a impotência do plantel, muita paciência com as falhas individuais que nada têm de falta de talento, mas de base colectiva, falta entrosamento e de ritmo. De facto existe juventude e ela reflecte irreverência, da mesma forma como reflecte imaturidade. Ver Jeffren, Carrilho, Wolfswinkel e Rubio agora será diferente do que veremos daqui a 6 meses ou na próxima época. Rinaudo, Capel, Schaars, Aguiar, Rodriguez e Bojinov precisarão de menos tempo, mas não será nas próximas semanas que marcarão as partidas com o muito talento que possuem. Isso ver-se-á a espaços e sem que possamos marcar um ponto de viragem.
Todos os adeptos leoninos ansiaram por um defeso pleno de vitórias e boas exibições. Seria sinónimo de candidatura prévia a algo mais do que o 3º lugar, seria sinónimo de efectiva capacidade de Domingos para bem cedo começar a mostrar que sem dificuldades articularia rapidamente uma meia-equipa nova em algo bem melhor do que tem sido o estatuto desportivo do clube. Mas não aconteceu e não vale a pena desmoralizar ou por em causa o caminho feito. Ao contrário de outras épocas, existe mão-de-obra no terreno e engenho no banco para mudar as coisas. Ao contrário de outras épocas existem várias soluções para o caso das mais evidentes falharem.
No passado olhávamos para as alternativas aos nomes mais sonantes e era um vazio de talento, uma impossibilidade de crer em reviravoltas. No banco nunca o discurso ou o método teriam impacto no ânimo ou prestação da equipa. Acredito sinceramente que Domingos tem todas as condições para superar os percalços evidentes desta pré-época e construir uma solução encontrando os adeptos a meio caminho, entre o rigor e a capacidade. Os jogadores que temos este ano ajudarão a que isso aconteça. É uma questão de tempo e de não virar a cara à luta. Ninguém disse que iria ser fácil. Nós adeptos estamos habituados a que não seja.
Até breve.
excelente texto..só estranho não teres falado no 4x3x3 ou 4x2x3x1, que também foram muito utilizados, principalmente nas segundas partes.
ResponderEliminaro 4x1x3x2 parece muito arriscado pa uma equipa em construcção e o 4x4x2 classico já ninguém usa e nunca funcionaria em Portugal.
na minha opinião o 4x3x3 seria o mais acertado, pelas caracteristicas dos jogadores e pelo sucesso em braga..e tu que pensas do sistema a utilizar?