Desde a última vez que opinei sobre este tema,
aconteceram alguns movimentos “políticos” que colocam as equipas B num limiar
de realidade já interessante. Ainda faltando a formalidade (e sabemos como no
futebol português isso pode demorar uma eternidade) dos papeis assinados, não
deixa de ser curioso a atitude de cada um dos grandes do nosso futebol
relativamente à criação deste novo elemento competitivo.
No Porto simplesmente não há registo de
qualquer passo dado nesta matéria. Porventura terão guia de regresso muitos
atletas emprestados, mas parece ser um tema menor na vida do clube. Na verdade
todos sabemos que para Pinto da Costa ter uma equipa B significa pouco mais do
que um espaço para rodar os poucos atletas que se afirmam ultimamente nos
juniores. A rede de espaços na primeira e segunda Liga portuguesa é ampla e
quase todos os clubes ditos “pequenos” anseiam pelos favores portistas, pela
simples chance de poder ter um vínculo com o “Papa” do nosso futebol.
Na maioria dos casos, jogador emprestado pelo
Porto joga sempre, excepto se for contra os próprios, as lesões nas vésperas
são habituais e muito poucos jogadores defrontam o dono do seu passe. Ás vezes
é difícil distinguir certos clubes profissionais de um Porto B.
No Benfica é a total subversão dos valores que
levaram à criação das equipas B. Fomentar a ascensão do jovem futebolista
nacional ao futebol profissional? Não me parece. São às paletes, as
contratações de promessas sul-americanas e africanas, arrisco-me a dizer que o
Benfica B será mais ou menos um Benfica A, com idades inferiores. Foi curioso
ver o “recado” de Jesus à hipótese de a Liga criar uma cota de portugueses
obrigatória na ficha de jogo e o medo que revelou que fosse obrigatório que os
estrangeiros contratados tivessem um número mínimo de internacionalizações.
Só estas duas pequenas (muito grandes)
medidas, revolucionariam completamente o futebol português. Do Marítimo para
baixo da tabela classificativa, a maioria dos clubes estaria quase
impossibilitada de contratar estrangeiros. Também os “grandes” seriam mais
precisos, o atleta português teria muito mais espaço, a formação e a Selecção
ganhariam novo fôlego.
Mas isso não interessa nada. O que interessa é
que Porto e Benfica ganhem campeonatos e os clubes pequenos sobrevivam
tangencialmente contratando camiões de brasileiros, onde apenas 10% deles faz
carreira no nosso pais. A lógica de entreposto entre a América do Sul e o resto
da Europa não serviu Portugal no passado e não serve minimamente no presente ou
futuro.
É nesta lógica que o bonzinho e bem
intencionado do Sporting se depara com muros intransponíveis. Entalados entre a
necessidade de vencer com jogador experientes e com uma escola de alto
rendimento que produz bons jogadores, os leões “esperam” pela definição estratégica
da FPF e da Liga para fazer 1 de 2 coisas: relegar a Academia para segundo
plano, assumindo a postura de entreposto compra por 4, vende por 20 (ex: Porto
ou Benfica) ou investir na abertura de vagas no plantel a jovens promessas que
façam uma mescla de experiência e potencial (ex: Barcelona ou Arsenal).
Na verdade será fácil de entender do precisa o
nosso futebol para sobreviver, mas o futebol como a politica portuguesa são
ricos em “saltos para o abismo” e espero com alguma curiosidade os próximos
capítulos desta novela onde não tenho bem a certeza quem são os bons e quem são
os vilões. Será importante para o Sporting vincar a sua postura com vigor,
denunciando todas as manobras que poder que afectem o seu interesse e talvez
até mais importante, que afectem a viabilidade do futebol nacional.
Até breve.
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