Pena que permanentes más decisões não permitam
o desenvolvimento desportivo evidente, mas não é um argumento honesto culpar os
adeptos pelas derrotas ou pela falta de capacidade financeira do clube. Um
aproveitamento razoável e mais equilibrado das receitas do clube poderá não ser
suficiente para fazer frente aos orçamentos (por agora) bastante superiores dos
rivais Porto e Benfica, mas tem de dar para muito mais do que está a ser
conseguido.
Hoje o argumento, que vingou na era de Paulo
Bento, de que o problema do clube era a juventude e inexperiência dos atletas
da formação não colhe mais. Olhar para o rendimento competitivo de Veloso,
Moutinho ou André Santos e olhar para o nosso meio campo hoje, de repente,
passou a ser uma aspiração, por mais que se advogue que os resultados são
semelhantes (sem títulos) a viabilidade económica é bem diferente.
Se o produto “made in” Alcochete tem procura,
o que se pode dizer das aquisições internacionais do clube, que por exemplo,
vende dois internacionais chilenos por menos de 4 milhões de euros. A prova é
que não é o Sporting que valoriza o atletas, é a Selecção. O Sporting, neste
momento, desvaloriza os seus atletas, única e exclusivamente porque perde e/ou
joga um futebol sem brilho.
Paulo Sérgio, Couceiro, Domingos, Sá Pinto e
Oceano têm uma coisa em comum, nunca foram capazes de substituir o
“resultadismo” de Paulo Bento por um atributo de igual valia. E se culpo os
treinadores por não terem definido o que queriam em campo, culpo as direcções
por contratarem treinadores sem qualquer noção do que esses técnicos podem
trazer (ou tirar) à equipa.
No final das contas é mais ou menos óbvio que
o clube tem sido governado numa lógica de mercearia, acorrendo aos problemas de
forma pontual, com amadorismo profundo nas grandes decisões estratégicas.
Tantas e tantas vezes seguindo supostos “projectos” que não passam de ideias a
vulso, prontas a cair ao primeiro desaire.
A paixão exacerbada (quero pensar que é por
isso) com que são tomadas decisões com graves implicações financeiras e
desportivas não pode continuar.
O sucesso do clube começa pelo respeito que
tem pelo “Sportinguismo”. O respeito pelos sócios, praticantes, ex-praticantes,
ex-sócios, ex-dirigentes tem sido, desde há muito enormemente deficitário.
Porquê? Todos nós sabemos a resposta. Há falta de ser firme e lutador com os “inimigos
externos”, o Sporting instituição tem assumido várias posições de força com as
suas próprias massas, tantas vezes votando elementos dissonantes ou apenas
pessoas que não tiveram sucesso no clube a um exílio profundamente infantil.
Não vou dar exemplos, mas as relações entre as
pessoas do Sporting que gravitam ou já gravitaram em volta do clube são
absurdamente tensas e conflituosas, numa guerra suja e surda e invisível, que
está a contaminar o Sportinguismo.
A afluência ao jogo na Liga Europa é apenas
mais um capítulo em que se nota claramente que o Sportinguismo é a força mais
viva do clube, quem dera que as Direcções, Jogadores e Treinadores aprendessem com
ele.
Até breve.
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