Seria fácil escrever sobre a inoperância do Sporting face à
táctica 5-5 (ou 5-4-1 se considerarmos o posicionamento de Camara como o de um
avançado) do Belenenses. Mas para quem já viu futebol suficiente e não tem a
necessidade de criar ou matar “ondas” cada jogo reveste-se de uma realidade única
que não pode ser comparada.
Á partida, o Belenenses uma equipa média da Orangina viria a
Alvalade sofrer muitos golos e ver as estrelas leoninas brilhar. Mas se há
coisas garantidas no futebol uma delas é a relatividade do valor das equipas. Primeiro
porque cada equipa quer coisas diferentes da partida e depois, é muito mais fácil
anular jogo do que criá-lo. No plano teórico todas as equipas favoritas venciam,
e em caso de desequilíbrio assinalável de valor (como foi o caso), venciam por
goleada.
Na prática a realidade é bem diferente e o que fez do jogo
de ontem de Alvalade um caso muito longe do plano teórico foi o posicionamento
do Belenenses. Com um bloco tão baixo que o jogador mais avançado, Câmara, ocupava
a posição de um trinco em missão defensiva. Com marcações em todo o campo homem
a homem, em que apenas Carriço, Onyewu e Polga escapavam. Com uma postura de
disputa de bola muito agressiva, recorrendo à falta por obstrução
constantemente. Com tudo isto Mota criou uma verdadeira trincheira defensiva.
Esta táctica só surtiu efeitos porque o Sporting aceitou o “desafio”
que o técnico do Belém atirou para o tabuleiro de jogo, ou seja, confiar nos centrais
e trinco para construir jogo. Se existe algo profundamente confiável é que
Polga e Onyewu não têm capacidade de condução de bola e se existe algo digno de
análise é o papel de Carriço como trinco perante equipas defensivas em Alvalade. Com
Rinaudo na equipa certamente que o Sporting teria rompido
muito mais cedo com o bloco azul. O argentino saberia evoluir com a bola e saberia
combinar com os seus colegas, algo que nenhum dos citados soube fazer.
O que acabou por acontecer foi muito simples. Principalmente
Onyewu, adiantava-se com a bola e tentava procurar destinatário. Problema nº1:
todos os colegas estavam marcados e um central não é o melhor jogador para se
pedir bolas colocadas no espaço, principalmente quando está a evoluir com a
mesma. Problema nº2: quando conseguia entregar a bola jogável a um companheiro,
Onyewu automaticamente parava de subir no terreno (normal movimentação de um
central) não dando nova linha de passe a quem recebia a bola. Problema nº3:
quando falhava o passe, o Belenenses recuperava a posse de bola com toda a
equipa de frente para o meio campo do Sporting e com a equipa adversária
completamente subida no terreno.
Um cenário muito simples de identificar. E Domingos fê-lo ao
intervalo. Não mais Onyewu conduziu a bola e foi Carriço a ter essa
responsabilidade, com Schaars a dar-lhe linha de passe constante. Foi a solução
encontrada, mas ainda bem que o Sporting aproveitou uma subida do Belenenses
para abrir o marcador, pois não parecia estar a dar mais frutos que as soluções
da primeira parte. Depois do jogo realizado é muito fácil adiantar outras soluções
e não quero opinar sobre elas sem antes admitir que as mesmas tinham outros
riscos, quiçá mais comprometedores caso falhassem.
O que eu teria feito e tenho por garantido que Domingos
estará também a equacionar em caso de alguém querer repetir a táctica de Mota é:
- Substituir Carriço por um médio centro capaz de transportar
e criar jogo: idealmente Fernandez, André Martins ou Izmailov. Criando uma espécie
médio pivot recuado, um posicionamento eternizado pelos exemplos de Pirlo no AC
Milan ou Scholes no Man Utd.
Tenho por quase garantido que só uma condicionante fez com
que o treinador do Sporting não tivesse recorrido a este recurso mais cedo:
André Martins tem pouco tempo de utilização e “poupar” tempo de jogo a Carriço
seria a última das preocupações de Domingos, pois também ele precisa de assimilar
rotinas de trinco.
Mas neste caso não chegou a ser preciso, pois aos 50 minutos
o Sporting abriria o marcador e com o golo o fim da segurança da “trincheira”
de Mota. Ter de sair dela teria custado bem mais do que 3 golos (sim…foram 3!)
aos azuis do Restelo, se não fosse a gestão do resultado leonina, inteligente já
que a sucessão de partidas com poucos dias de descanso já vai longa e não
terminará para já.
Li em algumas análises ao jogo que o Sporting pode vir a ter
muitos problemas quando uma equipa com mais qualidade repetir o esquema de
Mota, garanto-vos que essa é a menor da minhas preocupações, qualquer adversário
que venha a Alvalade com um bloco tão baixo irá sujeitar-se totalmente à pressão
ofensiva do Sporting, e mais importante, já não será novidade. Tirando o
elemento surpresa, elimina-se a vantagem, ou seja, o esquema já teria
anticorpos…não conheceria melhor forma de entrar a perder em Alvalade.
Até breve.
subscrevo; o (mau) papel dos centrais na primeira parte foi por demais evidente e Domingos aproveitou bem o intervalo, acrescentado uma substituição obvia.
ResponderEliminartemos q vender o carriço em janeiro, razao pela qual ele está no onze..mas concordo q ele deveria sentar se no banco, sem rinaudo falta ali qq coisa para carburar em sintonia, nem imagino quem entra ou quem sai qd chegarem Izma e Jeffren
ResponderEliminarComo já dizia o outro "Este homem é um mister, um senhor" Abraço
ResponderEliminar