sábado, 26 de janeiro de 2013

Qual Sporting?

Entre um Sporting de internacionais mundiais a lutar por não descer e um Sporting de recurso a lutar pelo apuramento à Liga Europa existem muitas diferenças que não são fáceis de distinguir e quais as implicações que trarão num futuro próximo.

Para tentar compreender o que está em causa teremos de analisar as mudanças no plantel, embora essa seja  apenas a mudança individual, colectivamente estamos longe de saber no que vão resultar, até porque o Sporting de Jesualdo está em construção (irá continuar até que o onze estabilize novamente) e os sinais foram positivos até agora.

Gelson Fernandes - O médio suiço não foi feliz em Alvalade. Voluntarioso, trabalhador, mas taticamente disperso, perdeu-se na lógica de dois médios de Sá Pinto e ainda foi pior na de três de Vercauteren. Fica a sensação que a sua oportunidade de assaltar a titularidade ficou muito condicionada pela resposta física de Rinaudo, que terá até surpreendido as previsões dos preparadores. É óbvio que a sua saída não terá um substituto directo, mas João Mário na B ficará de reserva. Jesualdo dificilmente jogará com 2 trincos, mas se o fizer será lógico que faça recuar Adrien no terreno.

Elias - Várias vezes mencionei aqui no blog que o brasileiro não é trinco, não é médio de construção, é um médio pivot, que pode jogar mais recuado, mas sem missões de marcação. O facto de não ter o look de maestro (grande capacidade de passe longo, e bater bolas paradas) atraiçoa Elias, ao ponto de dificultar a sua entrada em onzes com forte cariz posicional. No Flamengo terá sem dúvida mais hipóteses de brilhar e até adaptar-se a novas posições. Para a sua posição (errada) o plantel conta com Schaars e como recurso Zezinho.

Carriço - A sua saída terá muito mais de absurdo que financeiro, 750 mil euros é um valor a que o Sporting devia resistir quando se fala de um capitão que ascendeu da formação, que fez a trinco com Sá Pinto exibições suficientes para não ser encarado como dispensável. Como central existem porém inúmeros candidatos, até porque sendo o 4º central do plantel (atrás de Rojo, Xandão e Boulahrouz) jogadores como Pedro Mendes, Dier ou Tiago Ilori serão alternativas suficientes num Sporting a disputar apenas 1 prova do calendário.

Izmailov - Financeiramente uma catástrofe. O russo deixa o Sporting sem uma transferência, que seria uma compensação justa pelos salários que ganhou lesionado durante épocas a fio. Desportivamente é menos grave a sua saída. É um excelente jogador de futebol, mas o facto é que no Sporting o seu rendimento foi sempre estéril. Fazer 8 a 10 jogos por época é muito pouco e por mais talento que tenha não justifica o investimento. Com Sá Pinto e Vercauteren o russo jogou ora solto no centro do terreno, ora descaído para uma das alas, com a sua saída o Sporting fica ainda mais carenciado de um pivot ofensivo (já tinha perdido Matias Fernandez). Adrien não teve sucesso na adaptação a essa posição e André Martins por lesão ou maturidade ainda não convenceu os técnicos. Mas são as soluções que existem caso Jesualdo opte por mudar o seu 433 (que dispensa esta função).

Insua - Já foi tudo dito sobre esta transferência. Vendeu-se um bom lateral esquerdo, que esta época começou muito mal (excesso de peso inadmissível) mas prometia subir de forma. De qualquer maneira, Joãozinho chegou para o substituir com toda a incerteza possível, apesar de boas indicações dadas no Beira Mar. Seejou King, recém chegado da Dinamarca será uma alternativa a testar a tempo. A segunda alternativa para lateral esquerdo Pranjic também já não mora em Alvalade. A terceira, Rojo deverá manter-se como central assim que recupere de lesão.

Pranjic - Pouco há a dizer. De suplente do Bayern para titular do Sporting houve um erro nesta narrativa. Fica a ideia que o croata nunca esteve muito focado na missão verde e branca e assim sendo é mais do que lógico que será um elemento fácil de substituir. A sua tentativa de posicionamento como construtor de jogo foi um falhanço absoluto. O esquerdino pode fazer essa posição mas em futebóis mais directos, sem o rendilhado latino que o nosso futebol exibe. Na posição de lateral já foram referidas as alternativas, para médio esquerdo o mais natural será Schaars.

Teoricamente um 11 com Patricio, M.Lopes, Insua, Rojo e Boulahrouz; Rinaudo, Pranjic e Elias; Izmailov, Capel e Wolfswinkel seria capaz de rivalizar os nossos rivais habituais, mas não o foi.

O que teremos possivelmente será: Patricio (caso fique), M.Lopes, Joaozinho, Rojo e Boulahrouz; Rinaudo, Schaars e Adrien; Labyad (caso fique), Capel e Wolfswinkel (caso fique).

O que salta mais à vista é que Joãozinho entra directamente para o onze vindo do modesto Beira Mar; Schaars ganhou mais espaço e que Labyad com Jesualdo tem finalmente um lugar à sua medida. Espero que chegue para suprir as saídas de quem noutro contexto seria sem dúvida mais valia.

Até breve


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A decadência

"A posição de Insua, que exige que lhe sejam pagos valores relativos a prémios da época passada, pode fazer abortar a sua transferência para o Grémio, que já se manifestou agastado pelo arrastar do processo"

A direcção de Godinho Lopes está tão caduca que já um mau negócio consegue fazer.

Até breve.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Reestruturações

Se olharmos ao que sobrou do plantel depois das dispensas de Carriço / Izmailov / Elias / G.Fernandes, o plantel manteve as lutas pelas posições de uma forma nítida.

Patricio / Boeck > Ventura (?)
M.Lopes / Cedric
Insua / Pranjic
Boulahrouz/ Xandão > P.Mendes
Rojo/ Dier
Rinaudo/ Zezinho
Adrien/ Schaars > João Mário
Capel/ Esgaio
Labyad/ Viola
Wolfswinkel/ Betinho > Rubio (?)
Jeffren/ Carrilho > Bruma

Se a direcção ainda procura aliviar mais a massa salarial, terá de desfazer esta ligação. Se pensarmos que neste momento todos são transferíveis, então ficará nítido que, salvo propostas tentadoras por Boulahrouz (subiria Pedro Mendes), Schaars (subiria João Mário) ou Jeffren (subiria Bruma), os alvos preferidos do mercado são Wolfswinkel e Patricio, jogadores para os quais a equipa B não apresenta soluções imediatas, nem sequer perto disso.

Parece aliás ilógico, que o clube procure uma solução para ponta de lança, quando está receptivo a tantas propostas, num jogo de xadrez seria como sacrificar uma torre, um cavalo e um bispo, para manter a rainha.  A não ser que, penso ser este o caso, o clube esteja em campo para garantir um empréstimo com opção de compra (Baba, Agra, Nené, Beausejour, Rodallega, Mirallas, Guidetti, etc) o plantel não receberá nenhuma nova alternativa ao holandês.

Todas as outras carências do plantel ficarão por agora por suprir. A situação financeira está a por à prova a gestão do clube de uma forma inédita. Acabar a época sem rescisões parece ser a praia que se quer encontrar e os próximos dois meses podem revelar reestruturações financeiras que obrigarão seguramente a encontrar quais serão as jóias que ficam, já que o orçamento da próxima época, ao contrário do que foi adiantado por GL (quebra de 30%) será uma sombra dos gordos budgets que esta direcção teve o ano passado e este ano.

Até breve.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Salvar a pele

Uma derrota em Olhão e o Sporting teria ficado em zona de despromoção, com o pior ataque da prova. Face ao que já vi dos clubes de metade da tabela para baixo, tal seria uma ofensa trágica ao valor dos atletas do nosso plantel.

Mas ganhámos. E bem. Não foi uma exibição de uma equipa segura, confiante e moralizada, mas a espaços foi uma equipa que estava concentrada em fazer bem as coisas. Atendendo ao momento da equipa até foi uma pequena surpresa, facilitada pelo golo aos 3 minutos (não se pode ter sempre o azar do jogo), mais evidente no que o Sporting não deixou o Olhanense jogar.

Dá-me a sensação, que com o tempo e especialmente mais vitórias muitos dos Patinhos Feios do plantel vão tornar-se mais esclarecidos (Labyad, Adrien, Rojo, Insua) e mostrar que o passado pode ser presente e futuro. E já que falamos em futuro, é de salientar a entrada de Zezinho e a segurança de Miguel Lopes. Ambos podem fazer esquecer os "azulados" vultos de Izmailov e Moutinho.

Com tanto que se denegriu as vantagens portistas do negócio de troca, pode ser que num dos acasos do futebol, ML seja bem mais útil a Jesualdo que MI para Vitor Pereira. Só é pena (e aqui reside o pecado da negociação do Sporting) que a valorização do lateral beneficie o Porto. No futebol nem sempre 1+1=2 e de tão mal amado que foi o Professor na Luz e nas Antas, talvez tenha descoberto um grande que o valorize por aquilo que sabe fazer, sem fantasmas de Mourinhos por perto.

Hoje o Sporting soube salvar a pele, quem sabe na próxima semana saiba mais qualquer coisa. Pelo sim pelo não, vale a pena apoiar a equipa em Alvalade sem dramas e com a certeza de que nada fica direito em 2 jogos. A manutenção ou saída de GL não tem de ser gritada aos "ouvidos" da equipa. Irá existir uma AG para esse fim.

O que desejo até ao fim da época, mais do que recuperações relâmpago e balofos pedestais para salvadores de ultima hora, é que o Sporting defina uma nova direção com gente competente e motivada a endireitar o clube. Desejo que se identifique o treinador certo, as vendas e aquisições certas, para que Jesualdo volte para o cargo para que foi contratado. Cada coisa no seu lugar, com a sua função.

Os próximos anos são de cinto apertado, bem apertado e de olhos postos na organização do clube e nos valores da formação. Não me choca passar uns anos a "partir pedra" para que o Sporting recupere o seu lugar na galeria dos candidatos por mérito no campo e não por importância social. Um aviso aos "sonhadores turbo" - esta e talvez as próximas duas épocas vão ser tão difíceis como as últimas. Não vale a pena ficar sugestionado por uma série de vitórias, elas serão tão normais como os ocasionais desaires inesperados.

Devagar se vai ao longe. Cada vez respeito mais este ditado.

Até breve.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O abuso

Já não há adjectivos para classificar a gestão desta direcção do Sporting. Não é fácil, nem simples como alguns opinadores sugerem, mas há falhas gravíssimas na forma e conteúdo de governação.


De todos os erros o que mais me choca é a não assunção pública de um novo paradigma na gestão desportiva. GL de todas as oportunidades que teve apenas salientou uma mudança no orçamento e necessidade de diminuição do investimento na equipa. Como se fosse apenas uma nuance que nada significa na vida do clube.
É um erro de gestão primário comunicar uma rasura ao modelo operativo desconsiderando o que isso implica para os sócios.

Tal como em muitas instituições em Portugal, o Sporting não tem uma liderança de facto. Falha na orientação, falha na definição de objectivos, falha no seu cumprimento. E isso é tudo o que significa liderar. Presidencialista ou não, esta presidência está ferida de morte por uma promessa impossível de cumprir.
GL foi mandatado para gerir uma aproximação a Porto e Benfica, aproximando os sócios da vida do clube.
O que temos agora é um GL a descapitalizar a equipa, a desinvestir na formação, a gerir um departamento de futebol profissional em ruínas. Tudo sem a mais pequena participação ou dialogo com os sócios.

Não me choca absolutamente nada o facto de Izmailov estar a caminho do Porto ou o capitão de todos os escalões Carriço ter sido vendido ao Reading. Esses são negócios que qualquer outra direcção poderia ter de os fazer. O que me indigna mais é a falta de legitimidade de alguém que ignora (ou finge ignorar) que já não estará no clube para ver o reflexo destas operações.

A democracia tem apenas uma regra de ouro: a legitimidade. GL perdeu-a ao descer tantos patamares de ideia competitiva para o clube.

Até breve.