segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A velha guarda guarda o quê?

Vi algumas imagens da apresentação da candidatura de Godinho Lopes na tv e só posso dizer que aquelas filas de apoiantes "de cadeira" estavam cheias de do que se chama agora 3ª idade. É aquela a equipa que nos vai guiar a um novo futuro? Na opinião daqueles apoiantes, talvez sim. Já entendi muita coisa e uma delas é que a velha guarda do Sporting já tem candidato. Como é que tão depressa ela aderiu a esta candidatura é para mim um grande mistério.

Já entendi o fenómeno da "continuidade" e parece que temos uma candidatura que aposta forte no chamado "baralhar para ficar tudo na mesma". Só se engana quem quer, mas vou esperar pelo programa para confirmar as minhas suspeitas.

Ouvi na sequência da notícia anterior que o treinador do Beira Mar estaria na calha para o Sporting. Quase que me ia dando uma coisinha má. Então livrámo-nos de um "cowboy" para irmos buscar outro? E para que candidatura? Deixa-me adivinhar....continuidade....ah pronto já entendi. Será que a velha guarda também se revê no "Cowboy de Jardim"?

Até breve.

Futuro de Bronze?

São poucos os campeonatos europeus onde a relação dos títulos não passa por uma bipolarização aguda. Este fenómeno pode e deve obrigar o próximo presidente do Sporting a “encaixar” no seu ideal de clube uma dose elevada de responsabilidade. Em Espanha Barcelona e Real Madrid, em França Lyon e Marselha, na Itália Inter e Juventus, na Inglaterra Manchester e Chelsea, na Escócia Celtic e Rangers, na Holanda PSV e Ajax, na Grécia Panathinaikos e Olympiakos, na Turquia Fenerbache e Galatasaray. Os eternos “terceiros” são cada vez mais cartas fora do baralho com Atlético de Madrid, Bordéus, Milan, Arsenal, Feyenoord, AEK e Besiktas a brilhar ocasionalmente, após grandes hiatos de resultados.

É óbvio que em Itália e Inglaterra as realidades regionais e demográficas fazem com que existam mais clubes com capacidade financeira para quebrar a lei das probabilidades, mas o longo historial dos 3 ou 4 candidatos é cada vez mais um passado sem retorno. Talvez se explique pela psicologia de adesão clubística. Em Portugal é cada vez mais vulgar um algarvio ou um madeirense ser adepto do Porto, ao passo que será difícil que em Newcastle uma criança desenvolva favoritismo pelo Tottenham, ou mesmo que em Nápoles o filho de um pasteleiro seja sequer permitido conservar uma camisola da AS Roma. O que não torna os clubes necessariamente iguais, apesar da sua base de recrutamento de fãs ser semelhante.

O fenómeno financeiro trazido pelo novo formato da Liga dos Campões, veio criar um fosso cada vez maior nas competições nacionais, sendo que quem “apanhou o comboio” no início, está ainda hoje (talvez cada vez mais) com suplementos orçamentais extraordinários, ás vezes desproporcionados à realidade social do clube. Casos como o Lyon, Villareal ou Bremen merecem atenção redobrada.

Um clube conquista fãs de 3 formas: ganhando provas – conquistando espaço mediático onde é glorificado aos olhos e ouvidos das crianças; por hereditariedade – onde o Sporting perde claramente para o Benfica e com tendência a piorar; por poder de influência ou identificação regional – sendo um clube “nacional” o Sporting e o Benfica não têm nem vantagem nem desvantagem neste capítulo. Nos anos 80, foi feito um esforço por conquistar adeptos pela via das modalidades amadoras, mas sinceramente acho que muitos praticantes fizeram-se sócios, atletas do clube durante anos e permaneceram sempre fãs do Benfica.

Cabe à próxima direcção dar importância, estudar e compreender este fenómeno. Como sportinguista sinto-me muitas vezes como uma “espécie” em declínio, onde nem tenho a certeza se conseguirei passar o testemunho à próxima geração. Da forma como o clube está será difícil por o meu filho no futuro a olhar para o Sporting como eu olhei quando Jordão, António Oliveira, Damas, Manuel Fernandes e outros passeavam classe e empenho pelos relvados de Portugal.

Cabe à próxima direcção ajudar-me a tornar o meu puto um adepto do Sporting, pois desta tarefa repetida em milhares e milhões de casas pelo país dependerá a grandeza do Sporting. O clube “coitadinho” não terá qualquer tipo de futuro. A “pena” ou a “simpatia” não traz cotas nem gameboxes.

Até breve.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Descalabro

E vão sete jogos sem ganhar. Esta a tornar-se fácil, muito fácil derrotar o Sporting, basta marcar um golo. O Nacional, que não sendo uma equipa com muito talento é inteligente a jogar e sentou-se confortavelmente à espera do que os Leões iriam fazer. Não fez nada. Mesmo com mais um jogador, que abriu espaço e tirou posse de bola aos madeirenses, a equipa nunca soube o que fazer para marcar golos, no poste, ao lado, nas mãos de Bracalli, tudo ficou fora da baliza.

Ninguém pode estar satisfeito com a carreira da equipa, nem Cabral que teve a insensatez de dizer que saia satisfeito. Sair é o verbo certo. O Sporting tem demasiados equívocos. Demasiados jogadores completamente inúteis e não existe treinador que veja o quão improducente é colocar Saleiro (só atrapalha) e Maniche (só mesmo para rematar porque de resto...) em campo. A falta de sorte é só uma desculpa para não olhar à falta de eficácia da equipa...uma grande equipa é eficaz.

Falta tudo a este conjunto de jogadores, nem vou enumerar, porque tudo o que é suposto uma equipa fazer (circulação, transições, passe, desmarcação, posicionamento) o Sporting não faz ou faz mal. Já venho a dizer há muitos meses que não há equipa e pronto mais um jogo. Oportunidades houve, penalty, bolas ao poste, mas isso no marcador final vale...zero.

Tinha escrito que este Sporting órfão podia ter um assombro de união e superar-se, mas para já confirmou-se o pior, ou seja, o descalabro. Com o que vi na Choupana, penso que é tarde para o "enfermeiro" Couceiro, este grupo está a "afogar-se" vertiginosamente, é preciso um "cirurgião" e com alguma urgência. Esperar por 26 de Março pode até ser perigoso. O União de Leiria que estará provavelmente em 7º no final desta jornada está a apenas...5 pontos! Tenho muita pena de dizer isto, mas este Sporting não será mais forte e mais equipa que o clube de Leiria.

Espero que no próximo jogo, Couceiro tenha juízo e monte uma equipa para ser certifica e bem fechada lá atrás. Jogar mais aberto com o Benfica, neste momento pode resultar numa hecatombe. Os valores negativos em que a confiança anda já não têm margem para sofrer mais uma humilhação...isso seria o fim, a três meses do fim da época.

Até breve.

Efeito dominó

Bettencourt demitiu-se. Liedson vendido. Costinha foi despedido. Paulo Sérgio rescindiu. E agora a quem é que os sócios vão "pedir contas"? Aos jogadores. É impressionante o desmoronar de um projecto, se é que havia algum, que foi sufragado com 90% dos votos nas urnas. Os atletas da equipa profissional devem estar a pensar "então e eu, não tenho direito a ir embora?"

Mas o destino tem destas coisas, tanto se disse da qualidade da equipa e de cada jogador e agora...tudo depende mesmo só deles. Mas existe aqui uma oportunidade a aproveitar, cada ponto conquistado será mérito dos mesmos que "não têm qualidade", "que não merecem vestir a camisola", dos "medianos". Embora rebuscada, é uma hipótese para provar valor e se...resultar, não é mérito de absolutamente mais ninguém.

Couçeiro tem conhecimentos técnicos, mas sejamos realistas, não tem qualquer "controle" ou "relação" com a equipa o que faz com que cada jogador esteja por sua conta ou se existir o tal "balneário" por conta da equipa. Se isto não é razão para unir e estreitar os jogadores, então nada mais existirá a fazer do que esperar passivamente que chegue ao dia 26 de Março. Teremos de engolir a seco qualquer que seja o resultado desfavorável, qualquer que seja a prestação da equipa, sabendo que nada poderá ser feito paralelamente à mesma.

Para Carriço, um jovem capitão esta é uma prova bastante maior do que a capacidade que terá para realmente comandar a equipa, exibindo a nu as decisões "criativas" de quem não conseguiu encontrar ou "guardar" um experiente e líder capitão de equipa. Aliás as últimas capitanias deixaram muito a desejar. Longe vão mesmo os tempos de Manuel Fernandes, Venâncio, Oceano, Sá Pinto, uma era onde ainda havia alguém que gostava de ser um símbolo do Sporting.

Na Madeira, não espero muito. Gostaria mesmo assim que existisse alguém que mostrasse dentro de campo que existe uma equipa. Valdes, Izmailov, Liedson, os ases de trunfo que nos restavam não estarão em campo. Valha-nos Carriço, André Santos, Patrício, Djaló, curiosamente ou não, todos da Academia. Ainda dizem que não gera talentos todos os anos. Se não o fizesse estaríamos realmente...perdidos.

Até breve.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Trindades e Rupturas

Infelizmente as grandes alegrias que tenho com o Sporting são nos dias em que sai alguém do clube. Só isso diz muito do que têm sido estes 2 anos da vida do Sporting.
Mas na hora de confirmar o que toda a gente via, não é o momento para grandes celebrações. O problema não nunca foram as entradas e saídas, mas sim as escolhas.

Bettencourt revelou-se um presidente pouco líder, Costinha pouco organizador e Paulo Sérgio pouco inspirado para “pegar” num Sporting que precisa como nunca antes destas qualidades no comando da equipa. O futebol não é tudo, mas é quase tudo para um clube e um país pouco disponível para investir interesse e apoio noutras modalidades.

Se uma equipa é quase tudo o que o clube é, então talvez o Presidente, o Director do Futebol e o Treinador sejam também quase tudo o que o clube precisa para dar a volta a uma situação de clara falência de gestão desportiva e financeira. Parece-me que esta “trindade” será o tema foco das eleições, sendo óbvio que a lista vencedora terá de ter fortes argumentos nestes pontos (pessoas) extra-programa.

Para já conhecem-se 4 candidaturas. Todas parecem querer chegar às urnas com a “trindade” resolvida, mas nenhum está a ter grande criatividade nas escolhas. Uns pela distância que têm do mercado, outros pela ambição (parece desmedida, a ver vamos…) e outros por velhos “ases” do passado, todos comungam de uma “pressa” para chegar aos nomes. Só existe 1 programa conhecido que apesar desse mérito, não parece inovador, nem coerente, nem sequer de “ruptura” como o candidato se esforça por sublinhar.

As principais rupturas quanto a mim até já estão feitas, com a renegociação do financiamento, o aval para a construção do pavilhão e a saída de Costinha, Paulo Sérgio e alguns jogadores (uns já foram, outros se seguirão). Portanto o discurso de ruptura nada resolve, é um chavão eleitoral que não encerra qualquer conteúdo. Se quiserem realmente divergir do caminho recente escolham um óptimo director para o futebol, um óptimo treinador, um óptimo preparador físico e dois ou três jogadores com classe. Isso sim seria de “ruptura”.

Mais trabalho e menos conversa é o meu conselho. O meu e o de todos os sócios que vemos as próximas eleições como uma verdadeira tábua de salvação para o clube. Desta vez não há como ignorar os apelos das bancadas, é delas que depende o futuro do clube. Os sócios querem ideias, boas escolhas e imaginação. Não querem mais do mesmo, regressos ao passado e discursos vazios.

Até breve.

O Princípio do Fim ou o Fim do princípio ?

A saída de PS pecou por muito tardia e, como esperado, feita em cima do joelho. Do mal o menos, ficámos com "menos" um problema.  A solução interina também era a mais razoável, se bem que sem técnico principal, abre-se uma nova hipótese de entrar um novo logo a seguir às eleições.

Tenho uma grande curiosidade para saber os tais "treinadores" que os candidatos disseram só não revelar para não destabilizar mais a equipa, pois bem...agora já n\ao existe esse risco.

Até breve.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Continuando a bater no "Invisual"

Desculpem-me ter de bater um pouco mais no “ceguinho”, mas existem assuntos que não consigo virar costas. Paulo Sérgio tem contrato por mais uma época além de mais uma por opção. Dos 3 candidatos já formalizados, todos já deixaram transparecer um dado unânime (quiçá o único) – este treinador é para despedir.

Já dou de barato que esta direcção não irá cessar contrato com PS até ao final de Março, mas de qualquer forma nunca passará do final desta época. Isso é claro como a água. Então mas que raio anima a permanência de Paulo Sérgio no Sporting? A resposta é simples e indesmentível: quer a indemnização.

Portanto o cenário actual é: o Sporting e os sócios querem que PS vá embora; PS quer o valor da rescisão, ou seja 500 mil euros. Imaginando que ambos tinham aquilo que querem, o Sporting pagaria mais de 1,5 milhões de euros (rescisão com Guimarães + prémio de assinatura + 14 ordenados + rescisão com Sporting). Para um ano de trabalho não estaria nada mal.

Não sei quanto pediria Benitez por ingressar no Sporting, mas talvez não ande muito longe disto. Mas ao contrário de ter tido um dos melhores treinadores do mundo do clube, tivemos um dos piores. Aliás aproveito para dizer aos adeptos leoninos que dizer que Benitez não é um vencedor é desconhecer completamente o futebol. Benitez ganhou duas ligas Espanholas e Taça Uefa pelo Valência, uma Liga dos Campeões pelo Liverpool e outros troféus “menores” como Supertaças Europeias. Se isto não é um vencedor, talvez encontrem um daqui a 200 anos.

Mas para nossa humildade, teremos que admitir que é um mais um grande sonho do que uma real possibilidade. Este nível de treinadores não está reservado para países como Portugal, mas sim para outras ligas mais competitivas como a Inglesa e a Espanhola onde Benitez tem muitos clubes interessados. Mais uma vez, o que não serve ao Sporting (ou a alguns tontos adeptos) é desejado pelo Valência, Atl. Madrid, Coruña, Aston Villa e West Ham, Juventus, Génova e Palermo. Coisa pouca.

Mas voltando ao que temos, que é 498.980 vezes pior e olhando para o tal espanhol “mal sucedido” em Liverpool e Inter entendo o ditado que já não se ouve muito mas é o retrato do que é Sporting actual: o barato sai caro!
Aliás não sei como iremos sair desta situação, quando a direcção actual prefere afundar o clube na classificação e destruir o pouco que ainda existe de época a ter de imputar mais 500 mil euros no seu saldo (que será sempre miserável). Isto quando era ela que deveria assumir a responsabilidade de despedir alguém que contratou, não salvaguardando os interesses superiores do clube.

Mais uma vez….nunca mais é 26 de Março!

Até breve.

Do 8 ao 80

Passar de Paulo Sérgio para Benitez seria como passar da bicicleta para o Porsche. Mas será que temos dinheiro para a gasolina e revisões? Será que o Porsche quererá vir para um clube que nem sequer tem "garagem"?

Até breve.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Game Over

Aos que pensarem que despedir PS já vai tarde demais (devem ser os mesmos que há 5 meses achavam que devíamos primar pela estabilidade) relembro só um facto:

Dos 9 jogos que faltam para acabar a Liga, temos estas deslocações:

Nacional - Sporting
Guimarães - Sporting
Porto-Sporting
Braga - Sporting

Não que os outros 5 jogos sejam mais fáceis, mas especialmente estas partidas são derrotas de caras para este Sporting de Paulo Sérgio. A verdade é para ser assumida e depois da eliminação para a Liga Europa, já não há nada a esconder, o Sporting é uma equipa frágil, insegura e pronta para a desgraça sempre que o adversário "quiser" ir abertamente a jogo.

Despedir PS pode impedir que acabemos a época a chorar bem mais do que agora. Guimarães, Braga, U.Leiria e Paços de Ferreira. Com apenas um ou duas derrotas, podemos passar para 6º ou 7º. Parece exagero? Será mesmo? Recordo mais um facto:

Nos últimos 6 jogos temos 4 empates e 2 derrotas.

Convidar PS a "arrumar as malas" não é um acto de desespero, é uma medida preventiva, que visa acautelar o futuro. Vencer o Rangers também parecia acessível, mas a surpresa sempre espreita por detrás da incompetência. Perdemos "esta" Europa, mas não nos podemos dar ao luxo de perder completamente a próxima e a própria dignidade.

Os jogadores estão no mais profundo lodo exibicional. Virar um jogo em casa frente à equipa miserável do Rangers (que vinha de uma profunda derrota com o Celtic) não foi nada de relevante e sofrer um golo onde 4 jogadores do Rangers estavam em posição isolada frente à baliza é um verdadeiro Game Over.

Penso que os 500 mil euros de indemnização a pagar a PS é um valor insignificante perante tudo o que se esta a passar e o que ainda se pode ainda passar. Os sócios estão em vias de nem sequer ir ao estádio, o prestigio do clube arrasta-se na lama e podemos hipotecar o crescimento de muitos jogadores até ao final da época.

Por tudo isto...espero que amanhã também exista um comunicado à CMVM.

Nunca mais é 26 de Março!

Até breve.

Pílula vermelha ou azul?

Já não tenho paciência para comentar as conferências de imprensa de PS. É sempre mais do mesmo, num discurso que muito ao género do ministro da defesa de Sadam Hussein que com as tropas americanas a cercar Bagdad dizia à imprensa estrangeira que eram os iraquianos que estavam a ganhar a guerra. Dá-me a sensação que PS e a sua equipa técnica andam a tomar muitas pílulas azuis, aquelas que no filme Matrix dava direito a continuar a viver a ilusão de estar tudo bem.

O fenómeno de um treinador que já não tem condições de trabalho, mas “actua” como se as tivesse é antigo e o resultado também. Uma coisa é a equipa de jogadores gostar do seu treinador, ter alguma empatia com ele, outra coisa é o mesmo treinador ter habilidade e mão na equipa para alterar os processos que criou e que falharam. Já se entendeu que PS é dos que prefere quebrar a torcer. E já quebrou.

Mas não quebrou sozinho. Teve a ajuda de uma direcção que lhe foi estilhaçando o caminho, deixando pequenas pontes perversas, vias únicas que limitaram as escolhas técnicas e o discurso. Não foram as causas principais da queda da equipa, mas foram rombos fortes, que PS nunca conseguiu ter a criatividade para usar em seu benefício.

Não tenho como garantido que este treinador com um plantel melhor, fosse capaz de melhorar substancialmente a prestação da equipa. Vejo, e tenho escrito desde o início da época, que PS é mediano nas 3 grandes áreas em que um técnico de um grande deve ser excelente: a flexibilidade táctica; a capacidade de impor ideias; a gestão da imprensa.

Em todas estas matérias PS falhou “dramaticamente”. Um grande treinador, que é o que o Sporting deveria ter sempre (não se constroem boas equipas com técnicos medianos…especialmente com o orçamento do Sporting), tem um 6º sentido para o jogo, uma visão 360º do seu universo de opções.

Ao colocar Grimi em campo, ao dar corda solta aos laterais Pereira e Evaldo, ao implementar 3 trincos no meio-campo, ao colocar Cristiano em detrimento de Salomão, ao insistir na entrada de Saleiro, ao não conseguir que a equipa marque um golo de canto ou livre directo (já alguém reparou que o Sporting não ganha livres à entrada da área?), ao ver estas e outras asneiras, é fácil perceber que existe muita limitação técnica na forma como PS vê o Sporting, vê o jogo que produz e confia, sem alterar nada de fundamental, que a equipa comece a dar os cliques que foram prometidos.

Apesar dos votos de confiança, dos comunicados e das estabilidades utópicas, PS já está de saída há bastante tempo. É um yogurte fora de prazo, que azeda os ânimos e estraga as perspectivas de mudança. Demorou muito tempo ao próprio entender isto e a única coisa que realmente o faz continuar é uma sensação de injustiça que tem para com os que lhe prometeram dois anos de trabalho calmo ao serviço de um grande clube. O Sporting de JEB foi tudo menos calmo e a grandeza ficou perdida algures entre as férias do presidente no Brasil e os silêncios de Costinha.

PS trouxe trabalho, seriedade e até alguma inspiração operária a um Sporting mecânico de Bento e a desorganização criativa de Carvalhal. Não chegou, como é óbvio. Era preciso mais do que apenas correr muito, ter muita bola e fazer muitos ataques. Esse é o princípio, depois há que saber o resto, que é quase tudo. Ao Sporting de PS faltou o último passe, o remate certeiro, a defesa sólida, as jogadas de combinação fabulosas, os cantos ameaçadores, os livres assassinos, os golos contra-corrente do jogo, os ressaltos a isolar avançados, os penaltys fortuitos. Faltou o que leva pessoas aos estádios, a inspiração, a surpresa.

Tal como os seus antecessores, PS não trouxe o “mas” que falta quando não existem rios de dinheiro, estabilidade directiva ou estádios cheios. Assim, falhou, como falharão todos os que vierem a seguir que não sejam treinadores com experiência, imaginação e perseverança. Que não sejam, sem “mas”, grandes treinadores.

Aos candidatos que se puserem com cautelas financeiras na contratação do próximo treinador deixo uma ideia: quanto valem 55.000 gameboxes?

Até breve.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como comunicar idiotice à CMVM

A SAD veio há momentos desmentir, em comunicado à CMVM que a permanência de Paulo Sérgio está dependente do resultado do jogo frente ao Rangers. Diz o comunicado que as notícias tem como objectivo “criar a ideia de que existe um vazio de poder” e que a “SAD está a ser gerida de fora para dentro”. Pois eu digo a quem redigiu este comunicado que se as noticias fossem verdadeiras, mostravam precisamente o contrário. Que quem dirige estaria preocupado e não teria hesitação em tomar medidas face a uma época humilhante.

Mas esta ilusão criada de que nos poderíamos ver livres do único rosto, que ainda permanece no clube, ligado a esta mais recente sucessão de desastres, é mesmo só isso. Uma ilusão. Pensar que o conselho directivo podia por uma vez ter algum acto acertado em termos de gestão futebolística é fruto da mais ingénua criatividade jornalística. Acrescento que a imprensa, tantas vezes danosa para os interesses do clube, estava de facto a ser demasiado bondosa ao imaginar que JEB e seus pares conseguiriam a proeza de despedir um dos piores treinadores da história do Sporting.

O comunicado vai ao cúmulo de afirmar que “o treinador e a sua equipa técnica têm total confiança do actual Conselho de Administração” o que é o mesmo que dizer à CMVM, aos sócios e ao país que o Sporting dá total apoio a uma equipa técnica que só tem envergonhado a sua massa adepta. Parece que a avaliação dos resultados de PS para esta direcção é boa e satisfatória. Temo só de pensar no que será considerado mau ou insatisfatório. Descer de divisão?

Cada vez me convenço mais que até 26 de Março o clube estará a ser dirigido por liquidatários e gente sem qualquer ligação aos adeptos, gente sem alma ou paixão, gente capaz de esfregar na cara dos sócios qualquer coisa para não vejamos a sua própria incompetência.

Não é só Cabral que não entende em que clube é que está. Este Conselho Directivo não faz a mínima ideia do clube que governa!

Até breve.

Falta de imaginação

Com tanto mercado por explorar, com tantos técnicos no mundo, parece que os candidatos à presidência estão com uma brutal falta de imaginação. Apesar de não confirmados os contactos, só a ideia de ter Scolari, Paulo Sousa ou Quique Flores no banco do Sporting me faz arrefecer o ânimo para temperaturas negativas. Explico porquê:

Scolari é um treinador muito limitado, bastante conflituoso (por vezes até com as direcções) que passa a vida a “bater” nos adeptos, na imprensa, nos árbitros, nos jogadores adversários…enfim para o valor que custaria ao clube seria uma aposta no mínimo arriscada.

Quique Flores tem uma boa imprensa, tem um discurso calmo e reflectido, mas fica por aí. A leitura de jogo do espanhol é das piores que já vi, não gere bem os posicionamentos e não sabe trabalhar defensivamente as suas equipas. Ter ganho a Liga Europa no ano passado foi fruto de muita sorte e uma extraordinária campanha de Aguero, Forlan, DeGea e Paulo Assunção.

Paulo Sousa é um treinador que até pode ter algum futuro, mas o seu currículo tem falta de muita coisa. Tem andado de equipa em equipa na 2ª divisão inglesa, o que bem pode agradecer a alguns empresários, pois não tem um registo nada interessante em termos de rácio vitórias / derrotas.

Nenhum destes treinadores será “acolhido” com agrado e entusiasmo pelos sócios e apesar desse não ser o único parâmetro de avaliação, é muito importante. Sugiro aos candidatos que voltem a pensar mais um pouco, ou bastante, se querem ter um trunfo para jogar. Estes seriam precisamente o inverso, razões para não votar nos seus projectos.

Até breve.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Começar pelo princípio

A política de terra queimada nunca trouxe resultados a ninguém. Os maus exemplos de Benfica, R.Madrid, Liverpool do passado são claros. Mudar sem critério, destruir sem plano de construção apenas agrada a quem acredita que começar do zero é melhor do que começar por detectar o que está mal e apenas agir sobre esse conteúdo.

Parece óbvio que existem medidas urgentes a realizar, mas devem ser feitas com ordem de prioridade e usando recursos existentes (imaginar somas de 20, 30 ou 50 milhões para gastar é um exercício falido à partida). Também devem ser seleccionados timings num projecto a longo termo, querer resolver tudo ao mesmo tempo é desgastante e abre demasiadas hipóteses de errar. Algo parecido com esta receita poderia restituir algum balanço para inverter a tendência de derrota actual:

1/ Despedir Paulo Sérgio e promover uma solução interina

Não há muito a ganhar e não existe mesmo nada a perder. Cada dia com PS no banco é um dia a mais a cavar um fosso entre equipa e adeptos. Um outro treinador, que admito poder ser Couceiro ou Lima conseguirá pelo menos retirar um peso de cima dos jogadores. Só isso poderá ser decisivo para promover melhorias que a equipa nunca conseguiu realizar. E já lá vão 9 meses…se estivesse ao alcance de PS já teriam sido feitas.

2/ Contratar um bom (mas mesmo bom) treinador

Se há verba que será bem gasta é esta. No passado fomos poupadinhos e imaginámos “Mourinhos” ao virar da esquina. Pois bem, a fórmula não funcionou e é altura de contratar alguém que saiba montar equipas, saiba trabalhar esquemas defensivos e atacantes e que não se deixe convencer que por ter menos dinheiro para contratações nos resta o 3º lugar. Felizmente vivemos num mercado global e não precisamos de fechar as vistas a treinadores portugueses. Domingos, Rui Vitória, Machado, Faquirá seriam apenas mais do mesmo e sabem que mais…duvido que aceitem ser triturados como Bento, Carvalhal ou PS. Existem excelentes treinadores na Europa e América Latina que apresentando um projecto sólido desportivamente aceitariam o desafio. Muito do sucesso do futuro passa por esta escolha.

3/ Limpar a folha contratual e salarial do clube

O Sporting tem neste momento mais de 50 atletas profissionais a quem paga ordenado. Mais de uma dezena nunca terá hipóteses de voltar ao plantel. Urge cessar contrato com estes jogadores. Urge vender e emprestar alguns jogadores que acabaram, ou nunca chegaram a iniciar o seu ciclo. Tiago, Hildebrand, Grimi, Abel, Polga, Maniche, Djaló, Saleiro, Tales, Pongolle são pesos mortos num plantel. São 10 jogadores que podem e devem dar o seu lugar a contratações (poucas) e ao regresso de jovens que pelo valor e potencial actual merecem estar no clube. Sejamos realistas, o Sporting terá no máximo 6 ou 7 milhões para gastar (salvo vendas). Este dinheiro dará para o essencial, que na minha opinião é um bom avançado e um bom extremo esquerdo. Golas, João Gonçalves, Nuno Reis, Adrien, André Martins, Wilson Eduardo e Neto são bons miúdos e talvez esteja aqui muito talento (mais barato) por aproveitar. Sei que não serão jogadores para rivalizar com Gaitan, Falcão, Luisão ou Varela, mas não podemos querer ter aquilo que não podemos pagar e nesta altura o Sporting não pode endividar-se mais.

4/ Comprar ou contratar só quando o valor for inquestionável

Tales, Cristiano, Grimi ou Maniche são alguns exemplos de péssimos investimentos. Ninguém sabe o que valerá Grimi ou Cristiano numa outra estrutura profissional, mas nunca serão seguramente figuras de primeira linha. Tem valor, mas não o suficiente, e com outro tipo de dirigismo nunca teriam entrado no clube. Tales foi uma operação de cosmética e Maniche um devaneio de Costinha, ambos são demonstrativos de desnorte. Valdes, NAC, Salomão e Torsiglieri foram boas aquisições e todos os dias comprovam a péssima gestão de PS com o plantel que tem à sua disposição. Mais do que comprar nomes, o Sporting deve comprar soluções e talento, com margem de valorização. A idade, a altura e a proveniência devem ser factores relegados para segundo plano, um bom jogador é um bom jogador e não é por ter 29 anos, 2 metros de altura ou vir do Atlético de Madrid que merece entrar no plantel.
No passado têm nos passado ao lado grandes negócios, Pepe, Jardel, Djalma, Coentrão, Lima são pequenos “casos” recentes em que uma boa gestão desportiva impunha a rápida detecção de talento e mais humildade na negociação com os “chamados” clubes pequenos. Algo não está bem no departamento de scouting e não se explica tudo com a falta de verbas, pois Pongolle, Stojkovic e Purovic foram tudo menos baratos.

5/ Um manager que saiba o que é o futebol

A grande falha de Costinha não foram as contratações, nem sequer a relação com a equipa. O ex-director desportivo falhou sobretudo na estruturação do seu gabinete e na política de comunicação (muito errática e sem critério) que tentou implementar. Impor um modelo à Porto, pode até ter as suas vantagens, mas tem de ser uma acção concertada com todo o clube e não apenas fechada ao balneário. As fugas de informação continuaram, as declarações polémicas de jogadores também e o treinador nunca foi devidamente protegido. Venha quem vier, terá de compreender que estas são áreas vitais para a saúde e respeito pelo clube. Não chega colocar-se ao lado do treinador, tem de se colocar à sua frente, pois é o seu superior hierárquico. Um director de futebol que hostilize a imprensa só revela a sua incapacidade para fazer uso da mesma, a comunicação social deve ser o habitat natural de um manager e a sua principal ferramenta de trabalho. Não deve vir a terreiro falar por tudo e por nada, mas deve intervir persuasivamente sempre que o clube esteja a “perder” o que se chama “good press”. Os mindgames não são exclusivos do treinador.

6/ Preparar um departamento de futebol à séria

As receitas são sobejamente conhecidas, existem vários modelos de organização, mas o Sporting tem uma especificidade que poucos clubes partilham. Tem a melhor Academia do Mundo! Apesar disto, muito pouco tem sido feito para colocar esta vantagem ao serviço da equipa de futebol. A criação da Equipa B já foi uma realidade, alguém entendeu na altura ser demasiado dispendiosa, depois vieram os clubes satélites que também não vingaram, mas tudo isto foi anterior à explosão de valores que começaram a surgir da Academia. Hoje em dia fará mais sentido que nunca o Sporting B. Se já pagamos os ordenados, se temos relvados onde podem jogar, se temos uma estrutura de formação com dezenas de técnicos, o que custará assim tanto? Esta medida aliada a uma optimizada relação entre director desportivo – academia – scouting – equipa B – equipa A – treinador – podem não trazer resultados imediatos, mas é o único caminho a seguir.

7/ Um clube dos Sócios e não da SAD

Acabar com a noção de elite, da cúpula, dos notáveis é mais do que urgente, é essencial. O perigo das oligarquias é que aliena a base da pirâmide, isentando-a de participar activamente. Os sócios do Sporting sentem que o clube é gerido por poucos, os mesmos, os “nobres”. Nada se construirá de forma segura com uma “oposição” que constitui 99,9% dos sócios. Os adeptos tem de sentir que são o propulsor do clube e isso passa por uma comunicação e acções envolventes que não se lembrem só dos adeptos para fazer campanhas de venda de gameboxes e merchandising, que em boa verdade é o que é feito neste momento.
O que significa ser sócio, adepto ou membro de um núcleo tem de ser revisto com natural atenção aos mesmos e não só ao que a SAD pode beneficiar da relação.

8/ Um estádio para o futebol do e para o Sporting

O Estádio de Alvalade está pouco ajustado para ser uma mais valia competitiva, já não mencionando os problemas de rentabilidade financeira. As bancadas, o fosso e o relvado não reflectem uma relação saudável entre clube e adeptos. Sei que provavelmente serão verbas não prioritárias, mas um símbolo de mudança pode ser começar por aqui.

9/ Claques, Associações de Adeptos e Conselho Leonino

Estas estruturas, quer se queira quer não, rodeiam o clube e numa fase de grande inoperância directiva, tem um poder desmesurado. As claques devem ser mais do que organizadas, responsabilizadas pelos actos de violência e pelas má imagem que dão do clube. Porque não fazer com que a AAS tutele e supervisione o comportamento das claques? Está mais que visto que é impossível que se auto-regulem. As claques são parte da história, fazem parte do espectáculo e são importantes no apoio ao clube, mas não podem ser problemas para a gestão do clube. A criminalidade tem de sair destas organizações, doa a quem doer. Quem não se souber comportar dentro de um estádio de forma ordeira, deve ficar à porta do mesmo e isso também é válido para os acessos. Quem paga a factura é sempre a equipa de futebol e isso é algo que os líderes das claques tardam em entender. Se não são capazes de controlar os seus membros, talvez se tenha de repensar a filiação das mesmas. Não existem só direitos quando se pertence a algo.
A AAS é um órgão válido, mas tem ser representativo, quiçá eleito em sufrágio. Não pode ser uma “quintinha” de opiniões pró ou contra-poder. O Conselho Leonino sem poderes vinculados é uma verdadeira camada de “gordura”, símbolo de uma aristocracia caduca. Uma boa direcção não precisa de nenhum “senado”, precisa do apoio dos sócios. Como tal, a não ser que se crie uma necessidade específica para o órgão, acabe-se com ele. Nada de útil ou criativo saiu alguma vez destas cadeiras.

10/ Alianças para quê?

Aliados ao Porto ou ao Benfica, dum lado da barricada ou noutro, o Sporting nunca teve nenhuma vantagem de posicionamento. Ponha-se um ponto final nesta “dança”. O Sporting está do lado do Sporting, quem quiser estar com ele óptimo, quem não quiser…

11/ Finanças
Quando todo este trabalho for feito e estiver solidamente a funcionar, as vitórias surgirão, os adeptos regressarão, vender-se-ão mais jogadores, interessaremos a mais e melhores patrocinadores, ganhar-se-á mais dinheiro na Liga dos Campeões e nos direitos de TV…logo os orçamentos aumentarão. A carroça não pode ser colocada à frente dos bois e os bois no Sporting são neste momento vitelos muito mimados.

Até breve.

Tangas e mitos

Depois de ouvir Cabral no flash interview, fiquei com a noção que esta equipa técnica não entende o que se está a passar no Sporting. Nem Paulo Sérgio, nem pelos vistos ninguém consegue ver que:
- O Sporting é incapaz de pressionar o adversário
- O Sporting não tem 1 jogador capaz de driblar o seu marcador directo
- Os jogadores do Sporting ficam imóveis quando a bola sai do seu sector
- O portador da bola adversário tem no meio-campo todo tempo que quiser para pensar
- O chuto para a frente é a solução mais preferida pelos defesas e médio para subir a equipa
- A defesa joga encostada à sua área esticando demasiado a equipa e dando espaços ridiculos
- O Sporting não tem um ponta de lança (Postiga é um avançado centro e não um scorer)
- Os centrais jogam demasiado juntos, abrindo buracos gigantescos entre eles e os laterais

Não sei o que andou PS a fazer durante estes 9 meses, mas as carência acima descritas são suficientes para que se demita, por incompetência para superá-las. Já sei que vai dizer uma das seguintes tangas:

- Não lhe foram dados os reforços que pediu
- Os rivais tem melhores plantéis
- A instabilidade directiva prejudicou o plantel

Todos são argumentos válidos, mas mesmo dentro destes existem diferenças. Uma coisa é ficar aquém de Porto e de Benfica outra coisa é ir acabar o campeonato com 30 pontos de diferença para o 1º lugar e mais de 20 para o segundo (isto...se ficarmos em 3º...) são 10 vitórias para o líder e 6 para o vice. Isto não se explica com as tangas do costume, mas apenas com uma razão: incompetência.

Hoje nos comentários ao jogo que ouvi na RR, falava-se na fraqueza do plantel do Sporting. Eu pergunto aos leitores deste blog se uma equipa que tem Patiricio, Pereira, Postiga, Pedro Mendes, Maniche, N.Coelho como internacionais A; uma equipa que tem Hildebrand, Valdes, Vukcevic, Fernandes, Zapater internacionais estrangeiros; Carriço, André Santos, Djaló, Salomão como grandes promessas será assim tão fraca. Será? Será que o Guimarães, o Braga ou o Paços de Ferreira têm esta qualidade nos seus plantéis?

A resposta está gritantemente à vista. Não!
A primeira razão da crise do Sporting é: fracos líderes, fracos directores, fracos treinadores.
Depois de sair JEB, saiu Costinha e PS ainda lá está. Não seria mais correcta a ordem inversa? PS demitia-se ou era despedido, Costinha seguia-se e a seguir JEB fechava a porta. Mas isto era num clube gerido por gente séria.

Até breve.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Foi pedir demais

Pedia-se dignidade, brio e coragem. Mas tudo falta neste momento ao Sporting até inteligência.
Depois desta derrota gostava de saber qual a diferença entre ter Paulo Sérgio como treinador ou nada.

É que não temos equipa.

O que temos é 11 jogadores em campo, a mandar a bola para a frente, para trás e para os lados. Não há ligação, táctica, nada...
Contra 10 jogadores, o Sporting passeou a sua incompetência e ainda conseguiu sofrer um golo. É inacreditável a calma com que o Benfica defendeu durante toda a 2ª parte, parecia que estavam a fazer um jogo-treino. O ar dos jogadores no final da partida diz muita coisa, e a quem perceber alguma coisa de futebol, diz que temos não temos nada mais do que um plantel de rastos.

Depois de mais este triste espectáculo, ficamos ainda mais atolados no lodo da luta pelo 3ª lugar. Mesmo que o consigam, nada irá apagar esta imagem de fraqueza, de derrota, de humilhação com que temos de lidar desde que o "forcado" tomou conta da equipa. Obrigado JEB! Obrigado Costinha! Continua Paulo Sérgio, pode ser que fiques (tenho quase a certeza que ficarás) na página mais desastrosa da história do Sporting. Por isso te agradeço!

Nunca mais é 26 de Março!

Até breve.

Nem que seja só uma vez...

Por uma vez gostava de ver uma equipa ambiciosa em campo. Uma equipa solidária, imaginativa, com os olhos postos na baliza adversária, sem temer, sem tremer, concentrada no prazer de jogar bom futebol, alegre e contagiante. Por uma vez gostava de poder sentir no relvado a capacidade de inspiração e motivação de Paulo Sérgio.

Uma equipa é o espelho do seu líder. Por uma vez gostava que o Sporting de Paulo Sérgio nos desse um, nem que seja apenas um, sorriso, alegria, uma razão para chegar ao café na terça-feira com alguma coisa mais do que resignação. Por uma vez era simpático sair da mediocridade e da pobreza, sair da lenta história de amargura que tem sido esta época.

E porque todas as equipas são capazes de uma noite inspirada, de uma hora e meia de divina imaginação e superação, peço a Paulo Sérgio que monte uma equipa para ganhar, que lidere onze jogadores com uma táctica desenhada para mostrar o que a equipa vale. Mesmo que perca. Mais vale perder tentando ganhar do que entrar envergonhado, à espera que a necessidade de ganhar do Benfica produza erros.

Força Sporting. Sejam Leões!

Até breve.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um derby desigual

O Benfica vai tentar adiar a questão do título, o Sporting vai tentar adiar a questão do 3º lugar. É muito diferente. Jogar para ganhar qualquer coisa dá motivos para colocar uma extraordinária postura em campo. Jogar para manter um lugar que apenas dá acesso à Liga Europa, dá para tentar ser digno da camisola que se veste. Em dois anos o Sporting passou a ser o Benfica e Benfica quer ser passar a ser o FC Porto. Mais uma vez, grandes diferenças.

Não sei qual irá ser o resultado final do derby de amanhã, mas adivinham-se grandes dificuldades para o Sporting. Não pode ser mais real a palavra "crise". Uma direcção demissionária e de cabeça perdida, uma campanha recheada de novelas e dúvidas, uma equipa que não o é, um treinador que sabe que está a prazo. É caso para dizer não existe nada de saudável no clube. Nem os adeptos. Estão longe, estão desmotivados e descrentes do significado da palavra mudança.

Vejo derbys há mais de 30 anos e não me lembro de nenhum em que a família sportinguista estivesse mais desagregada. O medo de ter um clube em vias de perder o estatuto de vencedor que sempre teve faz recuar o entusiasmo de qualquer adepto. Leio a imprensa e fico com a sensação de que não há inimigos piores para o Leão neste momento, que os seus próprios adeptos. Não metemos medo a ninguém, o nosso potencial reduz-se a 2 ou 3 bons jogadores e a uma velha rivalidade histórica que divide o pais em 3 cores.

Existe tanto trabalho para ser feito, que a próxima direcção terá pela frente um desafio ao género de Missão Impossível. Recuperar as finanças, recuperar o poderio desportivo, recuperar os adeptos, recuperar a mística, recuperar o poder politico nas instâncias do futebol. É recuperar tudo, construir um clube novo. E não é do zero, quem nos dera, é de valores negativos. Na manhã de terça-feira decerto surgirão muitas novidades, mas nenhuma será tão saborosa como a rescisão com Paulo Sérgio, que tantas vezes disse, não resolve nada, mas é um passo certo. Sabemos nós sportinguistas a carência que esta equipa tem de dar passos certos.

Saindo PS, Costinha, Bettencourt e seus rapazes, saindo Maniche, Saleiro, Tales, Hildebrand, Caneira, vendendo Pongolle e a "malta excedentária". Talvez cheguemos ao ponto zero. A partir dai poderá vislumbrar-se uma equipa ou o principio de qualquer coisa que o venha a ser. Haja homens para construir uma nova identidade sem ser contra outros, contra a crise, contra o Porto. Homens que edifiquem um Sporting digno do nome.

Até breve.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A grimização do Sporting

Podia ter sido pior, aos 88 minutos Pereira cruza para a área, no que podia ter sido só mais um cruzamento e inesperadamente Fernandez estava no sítio certo para de cabeça (outra raridade) fazer o empate. Fez-se um pouco de justiça, o Sporting foi tão inoperante como o Rangers.

Mesmo assim, ninguém pode estar contente com a exibição. Durante a primeira parte a equipa ainda trocou bem a bola e geriu o ataque adversário, numa clara atitude de “empata”, mas na segunda entrou já a “perder” deixando de pressionar tanto e abrindo buracos nas alas inexplicáveis. Lafferty, que é um pinheiro daqueles à antiga, teve umas boas 5 oportunidades para marcar, o que é demonstrativo do estado defensivo da equipa.

Paulo Sérgio insiste nos 3 médios defensivos, o que já é mesmo teimosia, e a equipa não desenvolve, jogando a 40 metros da baliza. Postiga fez um bom jogo considerando o isolamento a que esteve confinado. Também não se compreende a insistência em Maniche, o médio esteve mal e revela uma forma física impedidora para um titular. Cristiano ainda procura adaptar-se, não oferecendo nenhuma solução ao ataque, qualidade que partilha inteiramente com Djaló.

Gostei de Zapater, esforçado (compensou muitas vezes a inoperância de Maniche) e Evaldo subiu uns pontos nas exibições apagadas que tem tido. Noutro plano, Polga e Carriço podiam ter estado mais coordenados com Pereira e Evaldo, foi sempre nos espaços entre os centrais e os laterais que os ataques do Rangers ganharam espaço, por exemplo Weiss e Lafferty tiveram avenidas para pegar na bola.

Ver o Sporting enerva-me. O estilo de jogo britânico de pontapé para a frente é simplesmente inacreditável se pensarmos que é nas qualidades técnicas de condução e passe curto que as equipas portuguesas sempre se excederam. Esta equipa de PS desaproveita um dos seus maiores trunfos. Por nervosismo, insegurança ou pressa para passar sectores, os defesas leoninos insistem em colocar dezenas de bolas longas na frente, 90% delas mal sucedidas, dando a posse de bola ao adversário segundos após a ter conquistado. No ano passado era Grimi quem usava e abusava desta (não) solução, este ano é a equipa toda.

Olhando para o Rangers, é uma equipa fraquíssima, onde apenas o guarda-redes McGregor, Weiss e Papac saíram de uma fraqueza brutal de talento. Pior que a inofensiva atitude do Sporting só mesmo a incapacidade táctica dos escoceses. Ambas as equipas estão longe de conseguir fazer alguma coisa de jeito nesta prova.

Só uma ultima palavra para PS. A equipa jogou mal, teve sorte (Lafferty podia ter feito 1 ou 2 golos) e até o Rangers abrir o marcador, deixou correr o tempo sem se esforçar muito em marcar o tal golo que o treinador prometeu. Para quem pense que o resultado foi melhor que a exibição recomendo que veja o jogo outra vez, o Rangers esteve mal, mas mesmo assim jogou mais do que nós. O Sporting continua a ter aproveitamento zero nas bolas paradas, um estilo de jogo muito feio, não ataca, abre muitos espaços nas defesas e tudo isto com meia equipa (Saleiro, Maniche, Cristiano, Djaló) muito longe do que é aceitável para um clube do estatuto do Sporting.

Nunca mais é 26 de Março…

Até breve.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Onde é que estão as ideias?

Enquanto as candidaturas vão surgindo, vai crescendo a sensação, pelo menos em mim, que não está a surgir um movimento com força e de discurso inovador. Existem vários alinhamentos, mas quase todos optam por duas vias: uma continuidade mais criativa e a ruptura inspirada na memória de um Sporting que já não existe. Não são com a mais pura das certezas as vias que fazem falta ao clube.

O Sporting está adormecido, desmotivado e sem ideias para contrariar a sua sina financeira. Se o motor das grandes mudanças é de facto a capacidade financeira, as pequenas ou médias intervenções não chegam para inverter a tendência, pelo menos a curto prazo. Não havendo dinheiro (cada vez é mais óbvio que o clube margem zero de endividamento) qualquer que seja o presidente terá um mandato limitadíssimo, restrito a operações de cosmética, que vão fazer festinhas na distância que nos separa dos nossos eternos rivais.

É claro que a reestruturação financeira operada por JEB se destinou a assegurar a sobrevivência do Sporting no operação actual, em conseguir cumprir as obrigações do presente. Mais uma vez este agora ex-presidente nos vendeu gato por lebre, ao assegurar que estas alterações permitiriam um reforço do investimento na equipa de futebol. Pelas primeiras indicações que tivemos, se no próximo defeso o Sporting quiser comprar um jogador terá de vender outro no mínimo pelo mesmo valor, sendo o orçamento corrente exactamente o mesmo sem acréscimo de verbas significativas.

Por aqui também se compreende a importância do aval da banca a cada candidatura. De facto, parece ter chegado ao limite a paciência dos credores com um clube que quer gastar mas não tem meios de justificar o retorno desse acto. Vida muito complicada para quem apostar em promessas gordas de contratações. Nunca foi tão importante, o surgir de uma nova via de pensamento no clube, uma via mais realista que assuma a dificuldade do clube, mas que até por isso seja bem mais imaginativa nos processos para garantir alguma hipótese de melhorar a equipa de futebol.

Enterrado o fundo FIFA de Braz, existe um vazio de ideias para refundar o Sporting num novo modelo de financiamento. Ao que parece muitos candidatos estão a tentar descobrir a pólvora, numa operação mágica que faça chegar baús de dinheiro a fundo perdido na porta 10A. Duvido que algum o consiga sem comprometer mais o futuro e governabilidade do clube a longo prazo. Se porventura começássemos pelo principio e não pelo fim, teríamos um pensamento mais estruturado.

O que traz dinheiro a um clube? Os direitos de TV, a venda de bilhetes, as cotizações e lugares cativos e o merchandising. Os fundos de jogadores são meros auto-empréstimos que embora permitam a entrada de capital imediata, tem demasiadas questões de rentabilidade e interferem bastante na gestão de activos. O Sporting não precisa (porque não pode) de mais empréstimos, precisa de novas fontes de rendimento. Há muito a explorar na área dos eventos, na publicidade, nos patrocínios. Áreas onde podemos retirar muitos exemplos dos clubes da NFL e NBA, exemplos máximos da rentabilidade financeira extra-competição.

Mas para ter esta compreensão é preciso ver o Sporting de outra forma, olhando para o que pode ser um clube de futebol nos próximos 20 anos. Não vejo esta filosofia em nenhum candidato, pelo menos até agora. Quem me dera que existam surpresas nos programas que tardam em ser apresentados. O diálogo sofre, discutindo-se nomes e pessoas, apenas porque não existe mais nada para discutir.

Até breve.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Que tal construir uma equipa primeiro?

“É evidente que os nossos adeptos têm todo o direito à indignação, mas que o façam só quando o árbitro terminar o jogo. Vamos tornar os jogos difíceis para os nossos adversários em Alvalade. Tornar o nosso estádio naquilo que sempre foi".

Brilhante. Parece que Couceiro, o autor desta preciosa afirmação, já está contaminado com Bettencourite aguda. Porque não pedir aos sócios, que aplaudam a equipa quando esta sofrer um golo? Há coisas que o futebol nunca produziu e o apoio ao mau espectáculo ou à derrota merecida e vergonhosa sempre foi uma delas. Apoia-se o talento e aplaude-se o esforço, não a mediocridade e desmotivação.

Se os dirigentes do Sporting estão tão preocupados em tornar a vida das equipas que vêm a Alvalade mais difícil, talvez não deviam ter feito:

- Vender o melhor jogador da equipa e melhor concretizador da década;
- Contratar um treinador sem cv e garantia nenhuma de espectáculo;
- Contratar um director desportivo sem experiência e “jogo de cintura”;
- Ter uma politica de preços de bilhetes e lugares cativos absolutamente sem critério;
- Ter um estádio desajustado à filosofia de apoio e cores do clube;
- Ter uma comunicação com os sócios de afastamento e imposição;
- Lidar com os adeptos como consumidores e não como a “alma” do clube;
- Fazer dezenas de promessas nunca cumpridas em 2 anos de mandato;

E por último, mais importante do que tudo o resto:

- Esperar que os sócios apoiem um grupo de jogadores que não ganha, joga mal, ofende os adeptos, que estão sempre com vontade de ser vendidos, que dificilmente pode ser apelidada de equipa.

Que tal unirem-se, concentrarem-se, darem tudo, em prol do clube e usarem 20% do talento que têm? Se a equipa for o espelho do lema do clube “Esforço, Dedicação, Devoção” a “Glória” virá com naturalidade. E com esta o apoio incondicional dos adeptos.

Fui claro caro Couceiro?

Até breve

Taberna Vs Democracia

Um clube como o Sporting, que precisa medicamente de assistência directiva, precisa de um acto eleitoral participado, com discussão de novas ideias, novos caminhos. A ideia vigente está caduca e deveria ser substituída pois não traz resultados, não traz saúde financeira, não traz evolução, só retrocesso e diminuição.

Para que este debate tenha lugar, é essencial a concorrência de todo o tipo de candidatos, de todos os quadrantes, desde o candidato aventureiro ao candidato da continuidade. O leque variado de opiniões enriquece a campanha, oferece aos sócios todo o tipo de visões do clube, cabendo aos mesmos a frieza e a inteligência de escolher a melhor.

Acho que seguindo esta linha de raciocínio, todas as candidaturas serão bem-vindas, saudadas pelo seu contributo e escutadas com atenção e sentido crítico. Isto chama-se democracia e os clubes são instituições de cariz democrático. O Sporting Clube de Portugal que me habituei a conhecer, sempre foi, no melhor e no pior, antes de mais nada um espaço de democracia.

Muitos se queixam da “linhagem”, dos “barões”, da “continuidade”, mas verdade seja dita, ela foi eleita por nós sócios nas urnas. Apenas nos casos das cooptações não foram eleitos os presidentes e mesmos estes foram sufragados entrando nas listas vencedoras como vice-presidentes. Só nos podemos queixar de nós próprios.

Mas como disse, deve-se saudar toda e qualquer candidatura e não insultar à partida candidatos, rejeitando o seu sportinguismo, negando o seu direito natural a poderem ser presidentes. Isto é primário, descabido e idiota. Vejo que o avanço de recentes figuras como candidatos está a abalar a consciência de muita gente, que munida de uma arrogância e hipocrisia fora do normal, declaram ainda sem sequer se conhecerem os projectos, o seu desagrado pela figura e discursos conhecidos. Isto não é uma opinião, é um acto de imaturidade.

Não gosto de listas únicas, não gosto de não poder escolher. Acho sempre um sintoma de unanimidade por falta de melhor alternativa. É por isso que todo e qualquer candidato terá o meu aplauso, a minha atenção. No final, o melhor, terá o meu voto.
As opiniões guardo para mim próprio, como não faço parte de nenhuma lista, nunca serei veículo de campanha ou anti-campanha. Isso era diminuir este blog a conversa de taberna, que todos gostamos, mas…na taberna.

Até breve.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Obrigado pela paciência!

Depois do azar, depois das bolas na trave, depois das más arbitragens, depois de estarmos a 23 pontos do Porto e a 12 pontos do Benfica o que fará uma equipa não baixar os braços? O orgulho? A honra? Serão estas palavras parte do léxico do futebol moderno? Ao olhar para a equipa do Sporting vê-se muita coisa, mas pouca concentração. De quem é a responsabilidade de não deixar os níveis motivacionais cair por terra? A resposta é simples. É de todos. Este universo também engloba os adeptos.

Como adepto porém, não me sinto minimamente culpado pelo momento do clube. Estive sempre a apoiar a equipa no estádio, até entender que a surdez de Bettencourt e “sus muchachos” se estendia ao entendimento do que é o Sporting e o que é o futebol.
Vezes sem conta os adeptos clamaram por mudanças, por mostras de insatisfação directiva, não surgindo criou-se um fosso entre o que é o Sporting dos sócios e o que é o Sporting de JEB. Um é ambicioso e exigente, o outro é precavido e desculpabiliza-se com tudo o que vem à mão.

Agora, com uma equipa destroçada, é fácil de entender os erros de casting, os erros de Costinha e Paulo Sérgio. Mas já se torna mais difícil assumir que em Setembro, repito em Setembro, se podia ter invertido a situação, pelo menos tentado. Várias vezes aqui neste blog fui acusado de não promover a estabilidade, de estar “sempre a dizer mal” e a não dar uma oportunidade ao treinador. Pois bem, a verdade é que “estavelmente“ fomos caminhando para a desgraça e o Sporting afundou-se no ridículo.

Outro argumento que vi sempre nas opiniões dos defensores de PS era de que a culpa não era só do treinador. É verdade, mas isso isenta alguém de tomar medidas? A falta de dinheiro justifica os resultados frente a adversários como o Olhanense, Paços de Ferreira, Estoril e Naval? A equipa quer frente a adversários de maior ou menor valia, fez sempre más exibições, isso é culpa de Bettencourt e Costinha? Não. É culpa de treinador. Com os jogadores actuais era possível ter feito outras exibições e ter outros resultados e em Setembro tudo isto já era evidente.

Ah…mas o Ferguson precisou de 8 anos para começar a ganhar competições no Manchester. Este argumento de dar tempo a um treinador é o mais estúpido que já vi entre conversas de sportinguistas. Se o treinador escocês aguentou tanto tempo foi por alguma razão e decerto que apresentar bom futebol e ter atitude competitiva foram essenciais na sua avaliação. Se o Sir Ferguson é ambicioso e exigente hoje, depois de tantas conquistas, imaginem o que seria antes das mesmas.

Por mais desculpas que tenhamos ou quisermos ter, PS foi, é e enquanto estiver no banco do Sporting será sempre um erro. Todos perderam. Perdeu ele, perdeu o Sporting, perderam os jogadores. Perdemos nós adeptos, com mais um ano jogado ao lixo. Tudo por teimosia. Tudo por se excluir a satisfação dos adeptos das contas. Na verdade não entram em nenhum relatório de actividade, mas não será este o elemento mais importante na saúde e estabilidade do clube?

Agora é tarde. Agora é momento de agradecer à “velha guarda” do Sporting, aqueles que não achavam que mudar de treinador mudaria alguma coisa. A estes adeptos, que respeito a antiguidade mas muitas vezes compreendo alguma dificuldade em entender como é o futebol hoje, agradeço o facto de terem tido paciência. Prometo que agora serei paciente, agora que é tarde para fazer o que quer que seja sem ser…ter paciência.

Até breve.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

É...pena

Quando foi contratado foi uma grande desilusão, JEB prometera um nome que iria causar surpresa e cumpriu, mas pela negativa. Paulo Sérgio não era um nome que andasse nas bocas dos elogios, não eram um técnico a que se reconhecesse mais do que seriedade e trabalho. Génio e talento ficavam na gaveta à espera de um princípio de época motivante e galvanizador.

A pré-época oscilou entre o razoável e o insuficiente, mas pequenas centelhas de jogo colectivo e pressão alta deixavam na incerteza os mais cépticos. Assim que a época começou foi óbvio que a equipa não estava bem entrosada e as dúvidas de sistema táctico atropelavam-se entre a defesa que não estava sólida e o ataque que não produzia golos. Paulo Sérgio começava a mostrar alguns sinais de impreparação, continuando a prometer melhorias que nunca surgiriam.

Depois do jogo com o Benfica, onde Jesus tirou de letra a desmontagem das capacidades do Sporting, foi notória a dificuldade que PS tinha em colocar a equipa a fazer mais do que o standard e era pouco. Começou a pedir-se algo mais, na maioria dos blogs pedia-se já a cabeça do técnico. Nesta altura sentia alguma decepção, que mais tarde foi convertida em impaciência. Depois do jogo de Olhão só consigo sentir pena. É um espectáculo lamentável ver PS no banco. O desespero, a aflição. Não há segurança absolutamente nenhuma e a cara do treinador é a mesma da exibição da equipa – de agonia.

O homem diz que não vira a cara à luta, mas já não luta nenhuma, só uma lenta ferida que vai dilacerando e sangrando. O moribundo já não dá sinais de vida. A ganhar 2-0, a equipa parou de jogar, como se um sinal tivesse sido dado em como se podia desligar o motor de concentração e agressividade. Resultado, dois ataques, dois golos. Só não foi pior porque o Olhanense ficou saciado e esperou pelo Sporting lá atrás. O Sporting esperneou, mas a arbitragem juntamente com a cabeça perdida impediram que o jogo desse mais do que costuma dar aos leões – um resultado decepcionante.

Como disse, já não tenho raiva deste Sporting, tenho pena, como se tem pena de um cachorro que não tem dono. Neste momento só consigo imaginar a “loucura” de deixar PS viajar para a Escócia no comando desta equipa, no regresso trará mais uma humilhação na mala que será a preparação ideal e trágica para defrontar o Benfica na Luz. Numa semana, a pena que tenho por PS e pelos esforços desesperados dos jogadores serão convertidos em puro ódio por JEB e restante direcção. Por uma razão apenas: como foi possível terem deixado tanto tempo um erro por emendar.

Ao vender Liedson sem substituto ficou claro que o Conselho Directivo já tinha desistido desta época, a manutenção do treinador confirma-o semana após semana. Nunca vi em 30 anos de futebol uma equipa técnica dar tantas razões para ser demitida, nunca vi uma desistência tão assumida de um clube pelos seus objectivos. Hoje começamos a lutar pelo 3º lugar. Como se fosse um patamar mínimo. Mas não é. É um patamar ridículo! Assim como foi toda a época. Só Costinha e JEB é que não viram onde é que isto iria dar, mas vão ver, esta semana.

Só os mais fanáticos optimistas, é que acreditam que uma equipa que perde com o Estoril, empata em casa com Naval e empata fora com o Olhanense depois de estar a ganhar 2-0, irá à Escócia fazer um bom resultado. Pode acontecer, mas será precisa toda a sorte e coincidências felizes que não têm surgido. Quando dependemos destes parâmetros, está tudo dito.

Até breve.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sucessão de erros

Paulo Sérgio, Carlos Carvalhal, Paulo Bento, José Peseiro, Fernando Santos.

5 treinadores portugueses, os treinadores mais recentes do Sporting. O mesmo sucesso: nenhum. Pior só mesmo a sucessiva queda de qualidade quanto ao currículo – Peseiro tinha bem menos que Santos, Paulo Bento bem menos que Peseiro, Carvalhal menos que Paulo Bento e Paulo Sérgio menos que Carvalhal. É evidente que as apostas em “treinadores para crescer” tem falhado rotundamente.

Se mais argumentos tivessem de existir para “exigir” um treinador com calibre para outras ambições, poderíamos observar que seguindo a estratégia que tomámos há 10 anos a atrás, o próximo treinador seria realmente um Dauto Faquirá ou então um adjunto do género de Faria. Nada poderia ser mais claro que não é possível ter dois problemas ao mesmo tempo, ou seja, uma equipa menos competitiva e um treinador sem currículo.

Indo muito para além do que poderemos imaginar ser a carreira de Villas Boas no Sporting em comparação à que está a fazer no Porto, chegamos a uma verdade indesmentível: o Sporting não é neste momento um desafio acessível a um treinador que não tenha extrema confiança nas suas capacidades. Estes treinadores acima citados, tem uma coisa em comum, todos entraram pensando que seriam eles a retomar a via de sucesso do clube e passado pouco tempo todos comentavam as dificuldades de rivalizar com Porto e Benfica. Porquê?

A razão mais óbvia seria a realidade dos orçamentos, a mais interessante será o factor confiança (que nenhum mostrou) inabalável na capacidade de superar a falta de poder de investimento. Muito poucos referiram a vantagem de ter a Academia, e ainda menos conseguiram aproveitá-la como viveiro máximo de talento. Mais uma vez, o factor confiança. Porque para lançar um jovem numa equipa que luta por títulos envolve coragem, coragem para tirar jogadores mais experientes da equipa, coragem para suportar os erros de inexperiência dos mesmos.

No tempo destes técnicos o Sporting teve grandes jogadores (alguns que hoje formam a base da selecção) que despontaram na Academia, mas nunca existiu nenhum técnico que tenha dito “posso não ter o dinheiro dos nossos rivais, mas tenho algo que eles não têm…uma das melhores escolas de formação do Mundo!”. Nunca valorizámos devidamente este trunfo, em primeiro lugar porque nenhum treinador insistiu nele. Duvido que Mourinho no banco de um Sporting sem capital, não jogasse mão de vários jogadores da Academia todos os anos…duvido mesmo muito.

Além do mais a glória de ter sucesso com jovens portugueses na equipa é mais plena. Algo que, repetindo o exemplo, nunca escaparia a Mourinho. Mas o Sporting, não precisa (porque não pode) de um Mourinho, precisa de um Wenger. Um treinador com experiência, perspicácia e um sexto sentido para descobrir talentos. Penso que este é o caminho mais seguro.

Até breve.

Quem manda no Sporting?

Poderá o clube estar tão endividado, que tenha perdido a independência? O boato de que são os bancos credores que administram o Sporting, será assim tão descabido? Face aos últimos capítulos da novela “Eleições” surgem-me uma série de interrogações sobre a autonomia real da SAD e logo do clube face a instituições que se sabe desde há anos financiam a sustentabilidade do clube verde-e-branco.

Quanto mais penso, mais lógico ficam alguns actos “ruinosos” que se desportivamente eram tontos, financeiramente eram pouco mais de que aceitáveis. Convenhamos que as vendas de jogadores, de património, a opção por recursos humanos medianos, é muita coisa…onde o clube ficou sempre a perder em termos de competitividade.

É óbvio que existe um poder instalado, quiçá se mantenham super vigilantes por acharem que o clube não pode sofrer "desvios" de um caminho de obediência aos financiadores, mas os resultados práticos desse comportamento é a perda de controle e paradoxalmente a instalação de uma "quadrilha moral", que pode tocar ao de leve os desenhos de acção da mafia napolitana.

Será pois uma luta muito "suja" tentar limpar o Sporting deste "clube de notáveis", nunca desistirão do que conquistaram em tantos anos, aqueles "corredores" são seus desde a saída de Sousa Cintra e quem conhece o terreno leva sempre vantagem. Alguém que tenha alguns "telhados de vidro", não pode achar que as regras de etiqueta da "nobreza" leonina os impedirá de fazer aquele telefonema ao jornalista de conveniência, alertando para investigações que nunca foram feitas, noutros meandros extra-futebol.

O Sporting é um clube muito grande, de muita visibilidade, apetecível a egos carenciados, quem quiser comandá-lo terá de enfrentar oposição, que nem sempre está nas urnas. Convém ter: capacidade para responder ao "jogo sujo" ou um cadastro limpo. Os sócios estão atentos ao programa, a imprensa atenta ao "sangue"...mas quem é que não sabe isto?

Até breve.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

E agora?

Depois das palavras de Moniz Pereira "as pessoas que estão à frente do clube percebem de contas, de contratos, mas não sabem nada do Sporting, percebem de números mas de desporto...isso já é diferente." quero ver se também ele é despedido, tal como Costinha. Convém lembrar que é vice-presidente do Conselho Directivo para as modalidades amadoras. E agora Bettencourt?

Até breve.

Falando de futebol e futuro

Rui Patricio, Pereira, Abel, Evaldo, Torsiglieri, Coelho, Carriço, Pedro Mendes, Zapater, André Santos, Fernandez, Valdes, Salomão, Vukcevic, Izmailov, Djalo, Cristiano, Postiga. 17 jogadores que salvo alguma venda deverão ser a base do plantel da próxima época. Como é óbvio existem lugares que precisarão de reforços.

Na baliza penso ser pacifico que Hildebrand para o que joga é muito caro, a sua dispensa mais o fim de carreira de Tiago abre 2 vagas. Penso ser da mais correcta apreciação que Patrício começa a oferecer alguma segurança e com o lugar de titular na Selecção à vista, permite ao Sporting a chamada de 2 jovens (Golas e Ricardo Baptista) permitindo o investimento noutras funções.

Na defesa, Grimi está a mais há dois anos e com a sua venda/ empréstimo cria-se uma vaga na lateral esquerda. Na direita João Pereira e Abel oferecem soluções e penso que a renovação (por valores simpáticos para o clube) com o segundo é racional e vantajosa. No caso de não acontecer, incluir João Gonçalves do Olhanense será a melhor solução. No centro e face ao interesse no mercado por Polga, ao contrário de Liedson que era um valor preponderante, vender seria excelente, podendo o valor recebido ser parte do investimento num bom central.

No meio campo, a maior dúvida chama-se Maniche. Concordaremos todos que face à revelação André Santos, à ascensão de Zapater e à segurança de Pedro Mendes, ter Maniche pelos valores que se falam é demasiado capital para apenas 2 lugares no onze. Facilitaria bastante a negociação de uma rescisão com Maniche. Abre-se então uma vaga no centro que pode ser colmatada com um dos muitos médios centro emprestados pelo clube. No lugar de pivot ofensivo, se Fernandez não recuperar a forma será fundamental vender o chileno (Valdes assegura bem a função), Renato Neto está em destaque na Bélgica e seria uma opção a considerar.

Nas alas, Izmailov e Cristiano na direita e Salomão e Vukcevic na esquerda, bem treinados podem ser soluções suficientes, mas para o caso de alguma venda (Vukcevic ou Izmailov) era um dos lugares em que precisamos de forte investimento.

No ataque, dividindo os lugares por duas funções – ponta de lança e 2º avançado – precisamos de muito “sangue novo”. Se para o lugar de ponta de lança já teremos Postiga (será que renova?) e para 2º avançado Djaló, será essencial que entrem pelo menos mais duas opções (uma de grande investimento e outra de menor) para a primeira e mais uma para a segunda, sendo que aqui entra Wilson Eduardo como uma opção muito válida (se não existir verba para grandes aventuras).

O quadro:

Guarda-Redes
Patrício, Golas, Baptista
Defesa Direito
João Pereira, Abel/ João Gonçalves (empréstimo de Cedric)
Defesa Esquerdo
Evaldo, VAGA
Defesa Central
Torsiglieri, Coelho, Carriço, VAGA
Médio Centro
André Santos, Zapater, P.Mendes, André Martins/ Adrien
Médio Esquerdo
Vukcevic, Salomão
Médio Direito
Izmailov, Cristiano
Médio Avançado
Valdes, Fernandes / Renato Neto
2º Avançado
Djaló, VAGA / W. Eduardo
Ponta de Lança
Postiga, VAGA, VAGA

Ficaria um plantel com 26 jogadores, em que contratariam apenas 5 jogadores. Dentro deste número 3 deles seriam de forte investimento – 1 ponta de lança + 1 falso ponta de lança + 1 central – e dois de médio investimento (1 ponta de lança + 1 defesa esquerdo).

Regressariam 3 elementos (Golas, Baptista, André Martins ou Adrien) podendo este número subir para 6 (João Gonçalves, Renato Neto e W.Eduardo) consoante a saída de algum atleta ou venda.

Abandonariam 8 atletas (Tiago, Hildebrand, Grimi, Cedric, Polga, Maniche, Tales, Saleiro) não considerando os processos de renovação de Abel e Postiga.

Não sei que verba existirá para contratações, mas se existir a venda (era fantástico) de Pongolle somando a rescisão dos salários de Liedson, Stojkovic, Maniche, Hildebrand, Polga, Grimi e uma catrefada de jogadores emprestados que não nos interessam, o Sporting terá muito mais capacidade negocial para a atacar o próximo defeso. É evidente para toda a gente que o Sporting precisa de uma nova frente de ataque, poderosa, à falta de melhor, que se contratem apenas 2 jogadores, uma dupla atacante de respeito. Nuno Reis no centro da defesa e Jorge Gonçalves adaptado a lateral esquerdo podem ser um bom back up plan.

Esta é a minha visão. Poderão haver centenas melhores, mas uma coisa é certa, todas falharão se no banco estiver Paulo Sérgio.

Até breve.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Culpas sem Costinhas

Apesar de entender a razão, não posso deixar de ter pena que exista tanta decisão em despedir Costinha quando de facto, seria bem mais producente despedir Paulo Sérgio. Não sei se a direcção também analisou a frase de Paulo Sérgio “não posso despedir-me quando não me sinto totalmente responsável pelos maus resultados…”, mas aposto que perante o valor da rescisão teve bem menos coragem.

Existe ainda assim uma esperança, neste momento apenas Costinha se mantinha ao lado da equipa técnica, saindo, Paulo Sérgio transformou-se numa ilha, um pouco à imagem de Carlos Carvalhal na época anterior. Terá efectivamente menos apoio e talvez mais perto a porta de saída.

No resumo de tudo isto, fico com algum receio do que virá depois deste despedimento. O que acontecerá se amanhã Izmailov, Vukcevic ou qualquer outro jogador vier dar uma entrevista onde critique a actual direcção? Terá JEB margem de manobra?

Tudo isto poderia ter sido evitado se há muitos meses atrás se tivesse proposto a rescisão a Costinha e PS, tantas e tantas vezes disse aqui que estes dois responsáveis não tinham conseguido construir uma equipa. Nessa altura JEB optou por dar mais tempo, está à vista o que o tempo trouxe. Era bem mais leal despedir por maus resultados do que por falta de solidariedade.

A verdade é que JEB foi sempre o menos solidário de todos.

Até breve.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dança de Cromos

Assim que foi conhecida a data das próximas eleições, assumi que neste blog, apenas de iriam discutir programas, medidas ou os projectos de cada candidato. Pareceu-me claro que o Sporting peca por um rumo indefinido, por não saber quais são as suas prioridades. Assim que se abandonou a via poupadinha dos mandatos de Dias da Cunha e FSFranco, o Sporting perdeu-se numa montanha russa de tesouraria. Não se soube investir, não se soube harmonizar o investimento dentro da equipa.

A falta de um plano, de uma matriz de conduta permitiu as todas as oscilações de JEB, entre a confiança exagerada do início e a depressão do final, ambas poderiam ter sido evitadas. No momento em que vivemos agora, é vital a definição de um caminho, que passe por um sufrágio, uma aprovação dos sócios. Qualquer futuro que se desenhe sem os adeptos no centro terá o fracasso como destino, qualquer futuro que devolva a decisão do clube aos sócios só poderá ter sucesso, porque, os adeptos do Sporting nunca deixaram de ser grandes!

Mas para que isso aconteça é fundamental cada adepto, cada sócio, estimular a discussão das ideias rejeitando a todo o custo comentar nomes ou perfis, passados ou currículos. A "troca de cromos" como gosto de chamar a este perfilar de nomes que avançam e recuam, só afugentará sócios que não têm máquinas de marketing ao seu dispor, entendendo que não têm a capacidade de expor a suas ideias e serem ouvidos. Terá ainda a desvantagem de "obrigar" a possíveis candidatos a um esforço de propaganda que interessa aos jornais e aos não sportinguistas, mas dificulta o explanar de argumentos válidos e construtivos, aquilo que se costuma chamar soluções.

Neste período de pré-campanha quase toda a discussão se centra num tal fundo de 50 milhões de euros. O que para mim deveria ser apenas um ponto em centenas de outros, esmagou a discussão e promete sugar todo o debate para uma troca de viabilidades e razoabilidades de um fundo de jogadores. Porquê? Porque nós como adeptos permitimos que tal acontecesse. A fasquia está então colocada muito baixa, acessível a quem no futuro diga que têm por exemplo um fundo de 70 milhões. Lembro-me de um presidente benfiquista que venceu umas eleições a troco de promessas de empréstimos obrigacionistas e uns milhões para gastar na equipa de futebol.

Falo de Vale e Azevedo. Se continuarmos a avivar a nossa memória, podemos até lembrar que ele cumpriu aquilo que prometeu e o dinheiro entrou (menos é certo) nos cofres. Mas e depois? Onde foi gasto? Como foi gasto? De que beneficiou o benfica? Nada. Apenas agudizou uma crise, não a resolveu. Podemos tirar desta memória uma lição muito eficaz - despejar dinheiro em cima de um problema não resolve, aumenta-o. Porquê? Simples, porque não obedeceu a um plano, a um racional projecto de crescimento e remoção progressiva de obstáculos.

Qualquer "Souness" que aterre em Alvalade vai esfregar as mãos de contente em ter 50 milhões para comprar jogadores, mas que garantias temos de que irá gastar bem a verba? Nenhuma. Mas se o mesmo tiver directrizes bem vincadas em que tipo de jogador faz falta em Alvalade, em que posições, com que massa salarial, com que origem, provavelmente agradecerá a ajuda e compartilhará o insucesso no caso de falhar. Porventura será até mais racional investir 50 milhões na construção e manutenção de um projecto de equipa B e na melhoria dos contratos das grandes promessas, do que esbanjar a verba em estrelas por provar.

Quando se constrói uma edifício, antes de começar a gastar dinheiro é necessário o projecto de um arquitecto e um parecer de engenharia. Começar a comprar terreno e materiais de construção antes destes passos é puro desperdício. Além do mais, no processo, não se contrata um arquitecto pelo nome, contrata-se um projecto de arquitectura pela viabilidade e criatividade do mesmo.

São estas precipitações, que nada tocam a imprensa, que me preocupam, que me fazem comichão cada vez que vejo um post num blog qualquer a apoiar ou desapoiar esta ou aquela figura pelo seu passado, pelo seu ar, pelo seu cargo actual. Seja Dias Ferreira, o Mickey ou o autocarro 50 da carris, ouvirei o que cada um tem para dizer, as suas ideias, o seu posicionamento, o seu projecto. Só então será válido dizer que não serve.

Não nos podemos esquecer, que o que está em causa é o futuro do Sporting Clube de Portugal e não as nossas afinidades pessoais com o candidato. O que está em causa é escolher o melhor projecto para o clube e não a figura mais mediática ou mais apresentável. Saibamos nós destingir o que é mais importante e estaremos a prestar um serviço precioso ao clube que tanto estimamos. Venham de lá os candidatos, sejam quem forem, de onde forem, com o passado ou história que for, devemos considerar cada voz com uma riqueza e não como um risco.

Até breve.

A toalha, a queda e a coragem

Para quem ainda não entendeu o que se passa no Sporting, deixo aqui algumas dicas. Se a equipa de futebol já não tinha uma capacidade por aí além, muito por culpa da gestão desportiva de fracos recursos financeiros e da má preparação táctica de Paulo Sérgio, com a venda de Liedson e a marginalização de alguns atletas, o plantel ficou ainda mais fraco, ainda com menos liderança e capacidade de concentração.

Numa altura em que os responsáveis nitidamente mandaram a toalha ao chão, os atletas não deixarão de sentir a mesma tentação e nos próximos desafios, apesar do estimulo de serem mais difíceis, a insegurança poderá por tudo a jeito para umas humilhações ainda piores do que a que assistimos na última partida. Esse risco está a levar por exemplo Costinha e Paulo Sérgio a reposicionarem os seus discursos, apontando baterias ao que o clube não lhes deu, não lhes permitiu chegar, não cumpriu.

Esta mudança em tudo começa a deixar adivinhar uma desconfiança muito forte face à resposta da equipa. Se no Funchal a coisa correu bem, na Amoreira e em Alvalade a prestação foi tenebrosa, salvou-se o facto de na Taça da Liga já estarmos apurados e em Alvalade ter havido um Liedson que em jeito de despedida se esforçou para contrariar a histeria colectiva que afecta já a equipa.

Se olharmos para as exibições recentes dos jogadores ditos regulares, é impossível não deixar de notar uma quebra brutal de rendimento, a que se deve na minha humilde opinião, a uma motivação que vai sendo cada vez menor, que se desfaz a cada contrariedade dentro de campo. Paulo Sérgio bem que se esforça para disfarçar esta apatia e depressão geral, mas é impossível a Naval dominar o Sporting se este não estiver a jogar numa rotação bem inferior ao que é capaz.

Estamos pois num momento de queda vertiginosa, que vai continuar a afundar a equipa, a desmoralizar o clube, pelo menos até à introdução de novas variáveis. Até pelo menos à tomada de possa de novos dirigentes ou à entrada de um novo treinador. Se a primeira acontecerá em meados de Abril, a segunda pode demorar ainda mais a surgir. O mesmo é dizer que só quase no final da época teremos a hipótese de inverter esta tendência.

Duvido muito que Costinha e ou Paulo Sérgio resistam ao rolo compressor da contestação, que vai ganhar novos contornos cada vez que existir um mau resultado. Depois da meia-final da Taça da Liga na Luz e da eliminatória com o Rangers, o quadro será mais nítido e será após estes confrontos que muito se irá decidir. É óbvio para todos que a margem é inexistente, além do mais afigura-se difícil que uma equipa que não consegue ganhar à Naval e ao Estoril, consiga derrotar o Benfica na Luz, não é impossível, mas convenhamos vai ser preciso um alinhamento planetário.

Será todavia um longa e lenta agonia, que qualquer Sportinguista deverá começar a preparar, por exemplo não dando muita relevância aos resultados, entendendo sempre que o que está hoje a dirigir é para “queimar”. Nasceu torto e já ultrapassou há muito a possibilidade de se emendar.

P.S. – Quero ver a coragem tomar conta de Bettencourt para despedir Costinha quando nunca lhe aconteceu o mesmo com Paulo Sérgio. Já só falta mesmo isso.

Até breve.

Costinhas Largas

Ao ver a entrevista de Costinha na SporTV fico com a certeza de que é um bom homem, cheio de boas intenções e conceitos razoáveis sobre o que é hoje o negócio futebol. Usou de honestidade e alguma moralidade perante a ingratidão dos adeptos e imprensa, mas o que destaco mais é a profunda desilusão que foi notória com JEB. De facto, Costinha parece revoltado com a "Direcção" por dois motivos que nos devem merecer toda a atenção e reflexão:

- O clube respira de uma capacidade nula de investimento e de endividmento;
- A direcção não fez o que podia para defender o clube.

Este conflito aberto entre direcção de um lado, Costinha e Paulo Sérgio do outro, mostra-nos claramente aquilo que está a acontecer às apostas de JEB e ao porquê da escolha de Couceiro. De facto, Couceiro foi o homem chamado a fazer as "novas" escolhas, uma admissão de "mea culpa" de JEB, a clara visão que o presidente teve de que treinador e director eram erros de casting de um realizador inexperiente e pouco talentoso. Ao demitir-se, JEB deixa "expostos" à insatisfação adeptos dois elementos que não têm culpa de terem elevados a um estatuto para o qual não estavam preparados.

Provavelmente é injusto mandar PS e Costinha para certas partes sem antes fazer o mesmo às pessoas que os recomendaram. Não se culpam os actores secundários pelo insucesso de um filme.

Para os que acham que Costinha não deveria ter "aberto" o jogo como o fez na noite de ontem, era porventura recomendável que se pusessem no lugar do mesmo. Eu acho que o homem podia ter "partido" ainda mais loiça, só iria ser justo e revelador do talento que muita gente no SCP tem para o equilibrismo politico. Além disso parece que se tem (eu por exemplo) imputado muita coisa (má) a Costinha em que nem foi chamado a dar opinião.

No final do programa, e vendo bem as coisas, pode-se acusar Costinha de não ter tido sucesso, de não ter tido um melhor treinador e um pouco mais de fortuna em algumas aquisições. Mas não se pode acusar de ser oportunista, nem sequer por em causa a dedicação que ofereceu às suas funções. Bom Sportinguista, talvez não tão bom director desportivo. Continuo a achar que será um bom quadro intermédio, um bom elo de ligação com o manager, um conhecedor e defensor de balneário. Chegará para o Costinha?

Até breve.



Até breve.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Piadas e Problemas

Pelos vistos a imprensa está tentar reanimar as hostes leoninas. E a solução que encontraram foi o sentido de humor. Senão vejamos as seguintes noticias:

- O Sporting está a pensar contratar um marroquino que joga na segunda divisão de Inglaterra, concorrendo com Manchester United e Arsenal na aquisição;

- Scolari e um adjunto de Mourinho poderão estar na agenda de candidatos à presidência do Sporting para substituir Paulo Sérgio;

- JEB segura Paulo Sérgio, pelo menos até às eleições;

São 3 notícias, que só podem valer umas boas gargalhadas, se na primeira e segunda pelo ridículo das ideias em questão, na terceira pela redundante repetição de uma ideia que não é uma escolha, é uma inevitabilidade, logo dificilmente uma noticia…mais uma imagem cartoonesca da vida do clube.

Projectos, nem vê-los. Todo o futuro do clube se resume neste momento à validade de um fundo de jogadores e ao treinador que substituirá Paulo Sérgio. Não é pouco, é muito pouco. Será só isto que vamos ter para escolher até às eleições? Afinal o problema do Sporting é o treinador e uns milhões para gastar?

Até breve.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sem Rei nem Roque

O presidente demitiu-se porque não contratou bem. O director desportivo contratou bem, mas não sabe estar no meio. O segundo director contratado pelo presidente uma semana antes passa a gerir tudo, inclusive o não entendimento com o primeiro director. O treinador visto como o uma promessa, deu em prometer que não sairia apesar de todos o pedirem. Quem sai é o melhor jogador. O segundo director pede desculpa e remete explicações para o jogador. Não houve. O jogador sai porque quer, mas sai sem fazer pressão, sai porque sim, porque tem de ser. O presidente não fala, o primeiro director também não.
A equipa não joga um chavo. Ninguém diz nada. O treinador diz que pega o touro pelos cornos. Será o touro nós adeptos? Os cornos são nossos? Pelo meio diz que é só parcialmente responsável apontando o dedo ao presidente e ao primeiro director que não fala.

Neste argumento, uma coisa é clara. Todos se estão a borrifar para o Sporting Clube de Portugal. Todos se estão a borrifar para nós os adeptos. Preocupam-se com o salvamento de qualquer coisa que já toda a gente entendeu que não vai acontecer. Nas próximas semanas não haverá mais espaço para vitórias morais nem discursos do "coitadinho". Estamos na fase do enojamento e vai haver vómitos, com promessa de regurgitações "violentas". Não se podia ter ficado pela "má disposição"?

Entendo que Paulo Sérgio está em muitas formas a aproveitar as algemas que um clube desmotivado e descapitalizado tem nas mãos. De outra formas as mesmas, livres, já teriam pegado no livro de cheques e posto esta pobre figura nas filas do desemprego. Como digo, estão todos a borrifar-se para o clube.

Até breve.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Bielsa já!

Bielsa já não é o treinador do Chile! (obrigado pela dica Rui Cunha!)

Ter em Fevereiro um treinador destes livre, com PS a fazer a época miserável que se vê, é o mesmo que depositar um pote de ouro em frente a um orfanato. É uma oportunidade única, uma coincidência que não se repetirá tão cedo. Só se pede uma coisa, que JEB, Costinha ou Couceiro abram os olhos por uma vez e deixem qualquer coisa de bom, qualquer coisa de memorável dos seus mandatos. Isso podia ser Bielsa no banco do Sporting.

Obviamente não é um treinador barato. Não é um treinador que se deixe amedrontar por lobbies (leia-se história da sua saída da selecção do Chile e fica-se com uma ideia), não é um purista táctico, mas é um treinador muito experiente, amante de bom futebol, rigoroso e trata com justiça os seus plantéis. É um nome forte na América do Sul, talvez dentro do top 10 actual. Na Europa, é bastante respeitado em Itália e na Espanha países onde habitualmente jogadores sul-americanos treinados por si trazem as melhores referências.

Mas lá estou eu a sonhar...é pena, tinha tudo para dar certo. Acordando...Paulo Sérgio...pronto.

Até breve.

Noite de despedidas

Se o Sporting fosse dirigido por pessoas com talento para tal, a seguir a uma noite como a de hoje, Paulo Sérgio seria convidado a rescindir o contrato. Mas como não há dinheiro ou coragem, vamos ter de gramar com este treinador até ao 1º dia após a eleições. Porque a direcção que decidiu vender Liedson não consegue despedir Paulo Sérgio. Paradoxal. Para tomar boas decisões JEB e seus pares estão quietos, mas para fazer disparates, ai sim, já estão prontos a meter a mão na massa.

Oiço dizer que Liedson sai para pagar salários. Pois bem, se isso é verdade, mentiram aos sócios. Se for por opção do Levezinho, revela incapacidade para motivar os jogadores a ficar no clube e cumprir os contratos. Se foi porque o jogador está na recta final da carreira, então a noite de ontem foi ilustrativa do erro que cometeram. Seja porque razão for, esta direcção está, ao manter este treinador, a lesar imenso o clube, a destruir uma equipa que nunca teve muitas hipóteses, a acabar com a ligação com os adeptos.

O jogo com a Naval, foi ridículo! A equipa da Figueira é das piores, senão a pior da Liga e foi a Alvalade jogar, em muitas alturas, mais do que a equipa da casa!!! Se isto não é prova de incapacidade do treinador, não sei o que será. Não houve azar nenhum, nem bolas ao poste, nada. O Sporting jogou mal, ninguém excepto Liedson sai bem na fotografia e...o treinador tem a lata de vir elogiar a equipa e dizer para quem quis ouvir que está de pedra e cal à espera da indemnização.

Já me perguntei várias vezes o que levaria JEB assinar com PS por 2 anos, sem uma cláusula que previsse despedimento por maus resultados. Cada vez mais se prova o risco da decisão. Todas as semanas que passam ficamos mais longe de todos. Carvalhal e Paulo Bento começam a parecer génios comparados com a prestação de PS. Não dá mais. Um estádio inteiro a insultar o treinador? Porque é que nos sujeitam a isto? Um homem de coragem, deixava o clube. Assim, é só teimosia e estupidez. Se quer o melhor para a equipa, então deixe-a!

Se JEB quisesse deixar uma grande prenda antes de sair, convencia PS a deixar o clube. Mas nesta altura, penso que seja palerma imaginar actos de coragem e sensatez de qualquer pessoa que faça parte desta SAD. Que tristeza, estamos mal e por opção, continuaremos mal! Não, estaremos pior, no futuro não haverá Liedson para salvar a equipa. Ouvir PS a dizer que cabe a Saleiro e Djaló aproveitar o espaço de Liedson é insultar os sportinguistas e pedir aos 2 jovens jogadores aquilo que nunca serão capazes de fazer.

Paulo Sérgio por favor demita-se! Com o Benfica temo de facto qualquer coisa de trágico. Podia ser evitado, basta que saia. O Sporting são os sócios e todos querem que saia...que mais há a dizer?

Até breve.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Futuro e Escolhas

Há momentos em que as organizações têm a capacidade de se reinventar, estabelecendo a visão e objectivos noutros horizontes, mudando a sua operação consoante aquilo que define com a sua nova identidade.

Nos últimos 4 anos o Sporting tem sido um clube recatado na compreensão que está limitado numa espécie de presilha económica, que atou ele próprio convencido que outra solução seria arriscar na aventura e na insegurança.

No final destes anos, o clube olha para dentro e vê que a segurança que procurou afundou os adeptos na mais real das depressões, e as derrotas que sempre considerou com acidentes de percurso fizeram rombos drásticos na sua confiança e hoje são os maiores obstáculos para a sobrevivência da instituição.

De facto, o Sporting perdeu-se num limbo de orgulho, que sempre foi desmentido, que foi sempre desvalorizado, na espera de que a racionalidade desportiva trouxesse bom porto a cada época em que Porto e Benfica reforçavam os seus investimentos. Faltou um pequeno detalhe, mais dinheiro e risco também traz mais hipóteses de sucesso. Como é normal é diferente apostar em Jorge Jesus ou apostar em Paulo Sérgio, é diferente contratar Saviola e contratar Cristiano.

4 anos depois o clube vai a eleições porque um presidente não conseguiu com 10 fazer o que outros fizeram com 100. Não conseguiu escolher bem, nem sempre por razões financeiras, mas porque acreditou que munido de uma varinha mágica repleta de poupança faria de sapos autênticos príncipes encantados. 4 anos depois os “sapos” continuam a ser cada vez mais sapos.

O clube terá portanto uma oportunidade para repensar a sua politica de investimento, quiçá sendo bem mais arrojado, correndo riscos que serão hoje bem mais inevitáveis. Por esta razão penso ser natural que Paulo Sérgio e Costinha (Couceiro está com pé fora e outro dentro) não possam fazer parte desta nova etapa. Não porque tenham feito parte da antiga, mas porque o Sporting precisa de mais e melhor.

Aos candidatos exigem-se programas, ideias de fundo, planos, numa visão macro mas também se exige uma visão micro onde se acredita que os erros de Bettencourt tenham sido bem mais prejudiciais ao clube. Nesta última conjectura cabem que treinador serve à equipa e que director serve à ligação entre equipa e direcção. Ninguém parece preocupado em revelar as suas apostas o que das duas uma:

- Ou concorda com as opções de Bettencourt
- Ou não quer, antes de ser eleito, comprometer-se com rupturas criando reacções internas adversas.

Se não acredito na primeira, compreendo a segunda. Levanta-se porém outra questão: porque raio um candidato, que nada tem de prestar contas por decisões anteriores, não poderá propor aos sócios outras escolhas para estes lugares? Não serão Paulo Sérgio e Costinha que terão de escolher o futuro do Sporting, então porque raio teremos de mostrar solidariedade a estes cargos?

Até breve.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A solução do "Sporting"

A “Solução” de José Eduardo parece-me um trabalho meritório, um acto generoso que deve ser enaltecido. E a melhor forma de lhe agradecer a contribuição é discutir as soluções que propõe. Por isso os pontos que abaixo enumero são a minha homenagem ao seu Sportinguismo e a minha visão do que se pode aproveitar e melhorar nas suas ideias.
 
1/ Plantel de 20 jogadores + Equipa B + Academia 
Parece-me muito bem, já várias vezes propus essa ideia. Reforço com uma ideia, se formos a ver no final da época a tabela de uso de jogadores podemos ver que existe um núcleo de 14 ou 15 jogadores que fizeram entre 80 e 90 % dos jogos, depois 7 ou 8 que fizeram 25 e 30 % e depois um número, que oscila entre o 5 e 6 jogadores que fizeram apenas de 5 a 7% dos jogos. Podemos concluir que um plantel com 20 jogadores servirá na perfeição uma Liga como a Portuguesa, com apenas 30 jogos e como normalmente não chegamos a fases adiantadas de competições europeias, um plantel com 2 guarda-redes, 7 defesas, 7 médios e 4 avançados serviria na perfeição uma vez que em caso de lesões existiria sempre o recurso à equipa B ou aos juniores da Academia. Além de propiciar o aumento da capacidade salarial, seria mais fácil a gestão da equipa, mais fácil a gestão de recursos tanto nas logísticas de apoio ao atleta como no treino. A equipa B resolveria muitos dos problemas de empréstimos que temos de jovens que não jogam. Claro que emprestaríamos a clubes da I e II Liga e até no estrangeiro, mas existem juniores que por menos visibilidade ou “explosão” tardia acabam por provar o seu talento mais tarde.

2/ Equipa técnica
Sobre a inclusão de um ex-jogador permanentemente nas equipas técnicas, é essencial e concordo, desde que formado para o efeito. Convém detectar nos jogadores que estejam nas fases terminais das carreiras a capacidade para “ler” o jogo e encaminhá-los para uma formação adequada como  técnicos de futebol e formadores. Sobre o treinador principal dever ter também um perfil de “formador”, muito atento às camadas jovens, sinceramente não acho que seja fundamental. Este treinador principal deve ser a cúpula dos técnicos e deve delegar esse acompanhamento para outros que lhe reportem a evolução do futebol não profissional. Se a equipa B estiver bem desenhada, a Academia continuar a dar valores e existir uma cota de presenças no plantel principal de jogadores oriundos da formação, o treinador terá a “papinha” toda feita. Depois é só jogar a mão e lançar na equipa.

3/ Modelo de jogo
Uma coisa é decidir qual o melhor modelo para atravessar transversalmente todas as equipas Sporting, a outra, é qual o melhor para o plantel principal. Nestes pontos penso ser elementar que uma equipa em Portugal aproveite as características futebolisticamente genéticas do que é o jogador luso. Não é muito rápido, não é muito alto, nem muito robusto, mas é agressivo, tecnicista, bom a ler o jogo. Este mapa normalmente resulta em bons laterais, bons médios e excelentes extremos. Pontas de lança, guarda-redes e centrais são mais raros, mas enquanto os 2 últimos vão aparecendo, no ataque a questão é mais grave. Jogar com um sistema de apenas um avançado, 2 extremos, um pivot e dois médios defensivos é lógico e recomendável. Aliás apenas o Barcelona e o Bayern, do top 20, não jogam com variantes deste modelo. Até que outro sistema vingue, por agora e durante alguns anos, mandará o 4-2-3-1. Penso ser este o formato quer para implantar nas escolas, quer no plantel principal. Abandonando o 4-3-3 que forma médios como Pereirinha que não são extremos mas apenas médios que apoiam extremos e no futebol moderno onde é que existe essa posição?

4/ Estilo de jogo
Aqui Eduardo foi um pouco “romântico”. Hoje em dia não há estilos, mas apenas formas tácticas. O Barcelona tem um estilo de jogo? Não. Na minha opinião, se retirássemos Xavi, Iniesta, Pedro e Messi e colocássemos Ronaldo, Alonso, Kaka e Ozil o tiki-taka não existira pura e simplesmente. É uma questão de intérpretes e o conhecimento total que têm de si como equipa. Isso vem de muito e bom treino, muitos e bons jogos. Uma equipa ascende a parecer que tem um estilo quando os planteis e os onzes sofrem poucas alterações durante alguns anos. O “jogar à Sporting” que me lembro ser um estilo pressionante, que “sufocava” o adversário até conseguir o golo, mas com técnica e grandes desenhos colectivos sejamos realistas, já não existe, tal como não existe o “à Benfica” ou o “à Porto”.

5/ Comunicação
Desde que comecei este blog, que insisto nesta matéria. O Sporting tem uma péssima política de comunicação interna e externa. Mas penso que a melhor forma de resolver o problema está na empatia entre treinador – jogadores - directores – presidente. Se formos justos é coisa que não tem sido conseguida em Alvalade, quer com o estilo autoritário de Paulo Bento, quer com estilos mais benevolentes como o de Boloni ou Fernando Santos. A réplica do modelo “espartano” do Porto, chegada com Costinha só trouxe dissabores, porque, lá está, não teve a empatia de todos os intervenientes. Um modelo de comunicação é criado com hierarquias, prioridades de acesso a informação, escolha de “players” apropriados para cada momento e sobretudo excelente fluxo de informação entre as partes. Quem conhece o Sporting sabe que nunca foi essa a modalidade eleita. Os jogadores são peça chave em qualquer plano e só “burros” pensam que as rolhas do Porto funcionam no séc.XXI, na era das SAD e da Bolsa.

6/ Camisola Premium
Mas que péssima ideia. O Sporting é o clube de verde às listas. Esse é o seu equipamento principal, a sua cara, a sua marca. Negar isso aos escalões jovens é negar a alegria de crianças e adolescentes em vestir a camisola “do Sporting” dentro do campo e imaginar que serão os próximos Nani´s e Ronaldo´s. Já nem falo da questão dos patrocinadores das equipas, mas Eduardo fala do merchandising…mas quem é que vai querer comprar a camisola dos “putos”? Em termos de mkt infantil e juvenil seria um puro desastre. Mais a mais, em termos de design de equipamentos, não estamos mal com a Puma.
 
7/ Academia
Não entendi muito bem a história dos resultados financeiros da Academia. Esta infra-estrutura tem duas componentes a humana e a física. Se a primeira só terá lucro com as vendas de jogadores, que serão lucro da SAD, a segunda só em regime de aluguer poderá captar receitas. Não conheço o projecto a fundo, mas não me parece que a Academia de Alcochete consiga ser a casa de treinos da equipa principal, de todos os escalões e de ainda existir espaço para programar estágios de outras equipas. O sucesso financeiro da Academia estará sempre no dinheiro que poupa e no prestígio que dá á marca Sporting. Sobre o projecto de expansão das Academias sei o suficiente para estar calado neste momento.

8/ Roadshow / Fim-de-semana Sporting
O Sporting é uma marca e nada o impede de chegar mais perto dos seus adeptos, mesmo que estejam longe de Lisboa. Para uma Academia, penso ser mau o modelo de “digressão”, as agendas dos profissionais de futebol estão sobrecarregadas (acções sociais, comerciais, institucionais) e convínhamos são eles a ser requisitados. Este modelo sobrecarregaria bastante os calendários e apesar de concordar na teoria com a ideia, penso ser mais fácil trabalhar com os núcleos para programadamente visitar um número pequeno por ano. Este contacto directo do clube e não da Academia (tornar um departamento frente de contacto é um erro que qualquer gestor conhece de raiz) deve ser extraordinário e não banalizado, para que se mantenha pelo menos o carácter aspiracional da…lá está…marca. Mas existe muito trabalho a fazer na expansão da marca. Deixarei este capítulo para posteriores posts.

9/ Masters do Universo?
O que propõe Eduardo nesta matéria é mais um modelo de estéril discussão que perpetuará um senado muito semelhante ao Conselho Leonino (não vejo substanciais diferenças com o modelo Masters). Na realidade os órgãos consultivos servem de muito pouco, se alguém me conseguir explicar em que é o que o Conselho Leonino ajudou nos últimos 2 anos darei a mão á palmatória. Mas até lá penso que o órgão deveria ser suspenso e extinta a ideia de que no Sporting existem “sábios” ou “nobres”, sócios “notáveis” ou qualquer outra brincadeira que roça muito fortemente os “gentlemen clubs” do antigamente.
Já o Universo Sporting é uma ideia que pode ser explorada, mas mais ao género de um fórum permanente activo que culminaria num seminário anual. Seria um trabalho de investigação para uns e de debate para todos. As ideias são o que traz o futuro e no Sporting tem havido poucas ideias.

10/ Organograma
1 CEO e 4 administradores. Ok Eduardo, mas a “lei”de uma boa gestão organizacional obriga a que se criem detectem primeiro as necessidades, depois as tarefas, as competências e só depois os cargos. Nesse sentido e só depois de uma auditoria e consultoria funcional e operacional alguém estará apto a dizer como deve estar o organograma do clube e da SAD. Mas isto já está tudo inventado há décadas…para quê a criatividade?

Até breve.