quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um único caminho

Era mandato conferido para recuperar terreno, mas GL face a escolhas erradas para dirigir o departamento de futebol, vê-se agora a comandar o foco do clube para uma estratégia de sobrevivência como clube grande.


Porque em vez de recuperarmos o acesso à Champions, vencer títulos ou criar uma estabilidade financeira, o Sporting retrocedeu em todos estes aspectos. Existiu de facto uma aproximação dos adeptos, mas face à inconsistência dirigente e humilhantes resultados, voltámos à estaca zero.

O pior disto não é o que foi conseguido, mas o que ficou por conseguir. Todos sabemos que foi um grande risco investir na rescisão e contratação de tantos atletas internacionais, risco que parece não ter surtido qualquer efeito desportivo. Assim sendo e esta época será bastante semelhante às anteriores, a SAD perderá margem de manobra no campo de investimento e face a diminuição de receitas previsível, terá de emagrecer bastante,

Isso significa vender jogadores, sem possibilidade de canalizar o valor dessas transferências para outros atletas. Recorrer à Equipa B e/ou Juniores não será uma possibilidade, será uma inevitabilidade. E não se pense que a venda de passes trará qualquer tipo de desafogo financeiro, a participação do clube nos direitos de transferência dos seus mais cotados atletas é tão diminuta, que a verdadeira poupança far-se-á sempre pela diminuição da massa salarial.

Este cenário não será pacifico. Muitos adeptos e sócios não se reverão na estratégia de contenção do clube e na mais que previsível retirada do estatuto de “candidato”, por muito que não o tenhamos merecido nas últimas épocas, é bem diferente quando a realidade é assumida à partida.

Esta redefinição não voluntária do mandato de GL não é um sinonimo de catástrofe, racionalmente pode ser um passo a trás para no futuro dar muitos à frente, já que a estratégia de investimento no plantel à la mode de Porto e Benfica claramente não resultou, talvez um novo paradigma de clube formador com pequenas intervenções no mercado se adeqúe melhor ao nosso ADN e sobretudo dimensão financeira.

Mas, se sou optimista na vertente desportiva, estou bastante mais incrédulo na missão governativa da SAD para realizar este caminho. A admissão velada de que GL espera por um novo treinador no final da época e todas as movimentações no futebol português parecem indicar que será Jorge Jesus o alvo do presidente. E não podia ser pior a escolha. Porquê? Acima de tudo porque JJ não é um bom (nem sequer é razoável) aproveitador das canteras dos clubes.

Por variadíssimas vezes, este treinador português insistiu na adaptação de jogadores em vez de apostar em jovens. Pode resultar algumas vezes, como também pode ser um fracasso absoluto. A questão principal é que no Sporting JJ nunca terá a margem de manobra total para o “resultadismo” e “manha anti-desportiva” que costuma incutir nas suas equipas. Acima de tudo porque na identidade leonina esse trabalho será visto como uma humilhação mais grave que a falta de sucesso desportivo.

Por muito que isso custe ao clube, o futuro treinador do Sporting (caso Vercauteren se confirme como uma transição) deveria ser a maior aposta para a próxima época. Um técnico experiente, conceituado e com a capacidade de rentabilizar a juventude da Academia de forma convicta e contínua. Preud´Homme, Rijkaard, Bielsa, LeGuen seriam algumas das hipóteses mais reais, já que nomes como Guardiola, Cruiff, Benitez ou Ferguson estão longe da nossa galáxia desportiva.

Alem de tudo mais, ninguém poderá dizer que investindo menos, os resultados desportivos serão piores, o futebol é rico em surpresas e sem dúvida que um clube unido, uma SAD trabalhadora e firme num caminho partilhado, uma massa de adeptos com alguma paciência e muito fervor clubistico e sobretudo uma equipa bem comandada, pode fazer bem melhor que as prestações caóticas e bi-polares mais recentes.

O principal no futebol é a confiança e o empenho. O espírito de campeão não é transmitido pelo valor do salário ou pelo estatuto de ser “candidato”.

Até breve.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Frankie Goes to Hollywood

O sucessor de Sá Pinto está encontrado. Frank Verkauteren é um treinador belga, de 55 anos, que ostenta no currículo 3 títulos de campeão da Jupiter League Belga e uma Supertaça do mesmo país, ao serviço de Anderlecht e Genk.

Sem conhecer minimamente as ideias deste técnico, a sua relação com jogadores e imprensa, parece-me a escolha possível face ao estado financeiro e desportivo do clube. Tenho apenas uma grande reserva quanto ao perfil (e não quanto ao nome): não é um treinador familiarizado com o futebol latino do Sul da Europa.

Tal como Waseige, terá de se adaptar a um futebol de "guerrilha", pouco ético, incoerente e muito táctico. Espero que tenha mais habilidade que o seu conterraneo, que falhou redondamente a gerir um plantel que nunca o compreendeu.

Frankie tem um passado de relações tensas com a imprensa e as "vedetas" dos clubes por onde passou, mas isso também já foi reconhecido a Van Gaal, Ferguson ou Mourinho e não é por isso que deixam de pertencer à galeria dos maiores técnicos da história do futebol. Talvez até seja eficaz, para superar a fraquíssima exigência táctica a que a equipa tem sido obrigada.

Desconheço a complexidade dos seus desenhos de organização e a rapidez da sua leitura de jogo, mas oxalá tenha isso bem definido, pois doutra forma será trucidado pelas pequenas grandes "armadilhas" do futebol nacional.

Boa Sorte Frankie!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Aroma a impugnação

Pois. Em vez de um novo treinador, o que GL irá anunciar serão duas (pelo menos) demissões. Em vez de se resolver um problema, acrescentam-se dois. Resta saber se os seus dois trunfos eleitorais também serão ocupados por "interinos" com ainda menos preparação e menos estatuto.

Hoje, segunda-feira, apesar de todos os desmentidos e promessas de união, o que é verdade é que GL está sozinho. Ele, a entidade que todos decidiram passar para segundo plano em relação às aptidões de Duque e Freitas. Hoje é dono e senhor de um departamento vazio de competências e certezas. Nada poderia ser pior para enfrentar os próximos obstáculos.

Quem conhece os Sportinguistas, sabe que GL não tinha, não tem, nem terá perfil para sustentar sozinho a sua presidência. Nem terá o dinheiro que será necessário para substituir os seus "trunfos" por outros que digam alguma coisa aos sportinguistas. A confiança sai com Duque e Freitas e o clube insurgir-se-à rapidamente. Não faltarão movimentos a despontar no sentido de por fim à agonia de um mandato que já se encontra moribundo desde a saída de Sá Pinto.

Oxalá o Presidente entenda a extensão da sua responsabilidade e o limite da sua influência. Na verdade o seu projecto desportivo falhou. E o Sporting é um projecto desportivo. Oxalá não tenhamos de impugnar um presidente.

Até breve.

domingo, 21 de outubro de 2012

E agora despede-se quem?

O Moreirense, repito, o Moreirense, teve várias oportunidades de golo, 2 bolas na trave, um penalty falhado e ainda teve arte para marcar 3 golos. Saímos da Taça, como já saímos da luta na Liga, como estamos a poucos dias de confirmar que vamos sair da Liga Europa. Só não saímos já da Taça da Liga, porque ainda não entrámos em prova.

Não é problema, pelo menos para quem achou que as semanas depois do despedimento de Sá Pinto iriam ser bem aproveitadas. Foram de facto. Para o Moreirense foram fabulosas.

Não sei se por teimosia ou por falta de liquidez, o que é certo é que a Direcção vai pagar bem caro esta eliminação. Escrevam o que vos digo....conheço o Sporting.

Não sei mais o que vos diga. É tudo muito amador para não ser destinado ao fracasso.

Até breve.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma solução

Dos muitos problemas que enferma o Sporting no seu departamento de futebol profissional já temos conta pela imprensa e blogs mais ou menos simpáticos com a direcção. Todos temos consciência que o despedimento de Sá Pinto e escolha do novo treinador está a provocar um terramoto de instabilidade no topo da cadeia de decisões do clube, resultado: o clube parou.

Entende-se que o que quer GL não é o mesmo que Duque e Freitas. Provavelmente porque Domingos seria a escolha de Freitas, Sá Pinto a de Duque e o nome porque se espera de GL. Mas se todos se concentrarem no superior interesse da instituição será mais benéfico. Eu sugiro uma solução, que pode não ser original, mas se levada a cabo com o mínimo de honestidade resolveria todo este blackout institucional.

1. Seria pedido a Freitas a elaboração de uma lista de 10 nomes de treinadores que encaixassem no seguinte perfil:

a) Acessível financeiramente;
b) Disposto a vir para Alvalade imediatamente;
c) Com um passado de notória capacidade para reconstruir tacticamente uma equipa;
d) Sem qualquer passagem por nenhum dos grandes do nosso futebol;
e) Com alguma eficácia a lançar jovens da formação na equipa principal.

2. Numa reunião entre GL, Freitas, Duque, Abel e Oceano, cada um faria uma distribuição de 5 pontos pela lista. Em caso de empate no final, o critério de desempate seria pelo número de troféus conquistados. Se mesmo assim houvesse empate, seria eleito o que previsivelmente tivesse menores encargos para o clube.

3. O resultado vincularia o clube a uma negociação imediata após a reunião. Tendo cada contacto, por base a hierarquia de votos anterior.

Como disse, não é genial, mas resolveria em 10 minutos o problema.

Quanto ao departamento e reorganizações, so tenho uma coisa a dizer: os organigramas são apenas riscos num papel. Num conjunto de pessoas profissionais, competentes e seguras não é preciso parar para melhorar. É preciso sim, acabar com as manias de reuniões e ponderações, dirigir é decidir. Mais nada.
Contratem um bom treinador, tenham coragem de o defender sempre e em todas as alturas, comuniquem permanentemente com os sócios e com total honestidade.

Ganhar não é fácil, mas nem sempre se perde quando se perde. Aprende-se e evolui-se. É isso que falta ao Sporting, gente com coragem para defender aquilo em que acredita.

Até breve.

domingo, 14 de outubro de 2012

A beira do abismo

Godinho Lopes está na beira do abismo e com as últimas declarações acabou de colocar-se de costas e caminha na sua direcção afirmando ao mesmo tempo que pretende afastar-se para não cair.

Não entender que foi a própria direcção que se colocou entre a espada dos adeptos e a parede dos maus resultados é simplesmente catastrófico para o futuro imediato do clube.

GL falou como se houvesse alternativa à necessidade urgente de contratar um bom treinador. É como um doente que em negação recusa tomar a medicação e finge estar de perfeita saúde.

São os próprios jogadores que admitem não ter armas para eliminar os erros e que não entendem o que podem fazer melhor para ter bons resultados.

"O próximo treinador já está escolhido há muito tempo..." e no entanto não parece a GL prioritário que esteja a comandar a equipa o quanto antes, mas sim num tempo futuro onde diz ele "existam todas as condições para que se sinta bem"...o que é que isto quer dizer?! Quem existem neste momento pessoas que não tenham essa como premissa principal do seu trabalho é para mim um descoberta esquizofrénica do Presidente do Sporting. Quanto tempo leva a despedir estas pessoas? Meia-época? 8 meses? Um mandato?

Sinceramente, sei quando me estão a faltar à verdade. E GL não está a ser honesto. Se existisse o tal treinador e se o clube tivesse o dinheiro para que este já estivesse ao comando da equipa, não haveria nenhuma necessidade de reorganização ou reestruturação interna.

Porque a verdade é só uma: se era esse o grande problema porque foi despedido Sá Pinto? Não deveriamos ter reorganizado o departamento em vez de acumular mais um salário ao que Domingos já aufere? Spin doctors...cheiro-os à distância. Buy time when you cant get any. 

Que tristeza chegar a um ponto onde já criamos novos problemas para não resolver os antigos.
Bem-vindos ao abismo.

Até breve

sábado, 13 de outubro de 2012

A inconclusão

Só há uma ilação possível retirada da não nomeação até agora de um treinador para a equipa de futebol do Sporting e ela é:

Entre o que o Sporting quer e necessita e o que isso custa no mercado há uma diferença intransponível.

A suportar os salários de duas equipas técnicas desactivadas, deve ser extenuante procurar um candidato com provas dadas de competência com meia dúzia de tostões. Não há treinadores a custo zero, nem homens dispostos a "pesadelos desportivos" quando podem prosseguir carreiras tranquilas em clubes com estabilidade competitiva e financeira.

O que já foi vendido como ponderação, reflexão, estudo, pesquisa ou concertação não passa, para mim, de conjuntos de ideias e palavras que escondem a realidade do que não se fala. O Sporting não tem dinheiro para treinadores de top. Porque não há investidores nem fundos para "apoiar" o empenho financeiro. Porque não há agentes sequiosos de colocar treinadores na "montra" leonina. Porque nenhum treinador ganha ao golo ou à vitória.

O número de técnicos que poderá ajudar o Sporting neste momento reduz-se provavelmente a umas 30 ou 40 pessoas (cálculo optimista). Destes, 90% estão a trabalhar em pleno nos clubes com quem mantêm contrato. Os outros 10% estão já a preparar terreno para destinos mais atraentes que a Liga Portuguesa, com uma expectativa salarial que supera 5 vezes o que Domingos recebe no Sporting.

É definitivamente para esquecer a primeira escolha. Este iato de mais de uma semana, na minha opinião, marca definitivamente uma mudança de perspectiva. Entrámos provavelmente há dias, no percorrer de uma segunda divisão de técnicos. Uns pela inexperiência, outros por insucesso recente, é nestes perfis que Carlos Freitas encontrará o próximo treinador.

Perante isto, fica difícil de entender o que ganhará a equipa com a mudança. De entender como é que justificará o despedimento de Sá Pinto.Da desilusão de perder um técnico muito promissor (Domingos), de perder um "herói" da casa (Sá Pinto) irá nascer uma nova imagem, um perfil divergente. Mas será melhor? Será mais competente?

Para já não parece que estejamos a ir de encontro a uma resolução eficaz. Isso pagar-se-á a seu tempo.

Até breve.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

E Depois do Olá

Assim que termine a novela do treinador, todos começarão a olhar para a equipa com dois exercícios principais: 1- Quais as mudanças que podem ser introduzidas pelo novo técnico; 2- Que tipo de estrutura vai acolher e potenciar o seu trabalho.


Quanto ao Ponto1:

Sá Pinto não teve propriamente um onze definido, nem uma táctica enraizada. Para quem quer que chegue ao clube esse será o primeiro trabalho. Com o plantel que o Sporting tem actualmente é difícil montar um onze com um médio organizador à frente do(s) trinco(s). Nem Adrien, nem André Martins estiveram até agora à altura de um Matias Fernandez. Principalmente porque Sá Pinto definiu esta posição um pouco mais recuada, bem dentro do raio de acção dos restantes médio e não posicionado entre a linha média e linha avançada. Uma ideia seguramente inspirada nos pivots do Calccio, mas que valha a verdade não funcionou.
Assim, parece óbvio que a ter dois extremos na equipa e uma referencia posicional no ataque, sobra uma posição. Viola e Labyad foram testados nesta lógica, sendo que o Argentino mais avançado e colado às linhas e o Marroquino mais recuado, vagueando atrás do ponta de lança no centro do terreno, podendo descair nas alas em apoio ao extremo.
Não sei se quem vier insistirá nestas soluções, mas será mais provável que um treinador mais experiente termine a fase de experimentação e defina claramente um posicionamento com dois avançados ou em alternativa o regresso ao losango clássico.

Em termos de utilização de jogadores, parece-me que seguro que Patrício permaneça na baliza, Cedric permaneça como aposta principal na defesa direita (apesar dos erros, precisa de continuar a crescer, jogando). Ínsua e Pranjic continuarão a lutar pela lateral esquerda. Mais dúvidas quanto à apreciação dos centrais. Boulahrouz continuará a gozar de uma aposta tão efectiva? Ou Xandão terá mais vezes lugar ao lado de Rojo? Carriço permanecerá relegado a 4º central?
No meio campo, Gelson e Rinaudo parecem finalmente a postos para lutar por uma posição (talvez desta vez não tão sacrificados em missões suicidas) e dependendo da escola do novo técnico, Schaars, Elias e Adrien dividirão os papeis de organizadores e criadores de jogo pelo meio-campo (espero que finalmente Elias encontre a sua posição). Izmailov com Sá Pinto experimentou o eixo central, mas para se situar nesta zona do terreno terá de ter mais apoio para jogar (o russo não está especialmente, se é que alguma vez foi, um portento de força). As alternativas André Martins e Labyad serão para ir testando passo a passo.
Nas alas é evidente que Capel está uns furos abaixo da época passada e que Carrilho, apesar de melhor, continua bastante irregular durante os 90 minutos. Será um erro não continuar a dar tempo de jogo a Jeffren (parece querer recuperar o tempo perdido) e já ia sendo hora de testar Esgaio em algumas partidas.
No ataque, os maiores problemas. Wolfswinkel é o homem golo, mas mal servido não poderá marcar mais do que 1 golo de 3 em 3 jogos. A dinâmica da equipa em ataque tem de ser desenhada à volta das movimentações do holandês e não apenas dando posse de bola aos alas, rezando que a fazem chegar ao ponta-de-lança. Não há alternativas ao holandês (Viola é claramente um extremo que pode descair para o centro) e a dupla Rubio / Betinho demasiado verde para as exigências.

Olhando este cenário, e se fosse eu o escolhido para orientar a equipa, pediria de imediato para Janeiro, mais um jogador para a lateral direita e um ponta de lança para lutar com Wolfswinkel. De resto será sobretudo uma questão de movimentação, apoios e desenhos tácticos que potenciem as características dos atletas, coisa que com Sá Pinto nunca foi muito visível (e estou a ser simpático).

Quanto ao Ponto 2:

Um treinador estranho à nossa Liga tem logo à partida dois problemas – desconhece os meandros políticos da nossa imprensa e entidades desportivas e desconhece a esmagadora maioria dos nossos clubes. Se um bom adjunto já é importante, nestas circunstâncias é mesmo decisivo. Alem disso, e especialmente no início terá de ter o máximo apoio de Freitas para rapidamente conhecer o historial competitivo dos jogadores do plantel, sendo que Duque deve, limpar o espaço de intervenção do técnico principal de quaisquer questão sobre normas internas, castigos ou pressão de investidores.
Só assim existirá um verdadeiro começo, em que o treinador não herda problemáticas a que é estranho, que o obrigariam a desfocar da missão principal que é, colocar a equipa a jogar um futebol mais agressivo e coerente.

Resta dizer que esta direcção irá estar completamente dependente dos resultados obtidos pelo próximo treinador. Depois de 2 técnicos (que ainda auferem o seu ordenado) despedidos por maus resultados e mau futebol, pode-se dizer que à terceira vai ter de ser de vez. A repetição de um cenário idêntico ao que sucedeu com Domingos e Sá Pinto seria a assumpção de uma incapacidade para liderar o clube, já que o desempenho de uma direcção mede-se em pontos, apuramentos para provas de topo e troféus. Sem golos não há vitórias, sem vitórias não há destaque, sem destaque não há vendas nem patrocínios, sem estes não há dinheiro e sem dinheiro o Sporting será um clube ingovernável nos próximos anos.

Uma boa razão para dar todas as condições ao próximo treinador, muitas mais do que as que deram aos anteriores, especialmente depois de maus resultados. Não chega contratar jogadores e uma equipa técnica, há muitas batalhas que se sucedem a este primeiro trabalho, mesmo muitas, onde somo normalmente menosprezados e ridicularizados, muito mais que nas 4 linhas.

Até breve. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A lotaria anda à roda

Por esta altura e se não me falha nenhum nome, a nossa roda da sorte já tem as seguintes casas:

Scolari, Luis Henrique, Valverde, Bielsa, Co Adrieense, Van Marwijk, Rijkaard, Tigana, Cajuda, Leonardo Jardim, Van der Gaag, Blanc, Reja, Manzano, Redknapp, Eriksson, Balakov...

Sinceramente apenas Bielsa e Co Adrieense seriam interessantes. Do resto da lista vários "enganos". Para se saber o que se pretende há que explicar porque prescindimos de Sá Pinto.

Eu penso que a razão principal se prendeu com a dificuldade em construir uma equipa. Um equipa tem uma ideia de jogo, um plano de jogo, modelos tácticos (normalmente 2) e variantes de jogo. Tem uma ideia de 11 titular e de possíveis substituições conforme as mudanças pretendidas. Uma equipa tem uma preparação técnica de bolas paradas em ataque e defesa, de marcações e desdobramentos ofensivos. Mas a de Sá Pinto não tinha. Ou então não foi capaz de o exibir, o que vai dar quase no mesmo resultado.

Sendo assim, o próximo treinador do Sporting não pode ser um leigo no campo técnico e táctico de construção de uma equipa. Figuras de proa, capitães de imprensa, divas de banco é tudo o que não precisamos. Scolari, Manzano, Eriksson, Blanc e Marwijk são isso mesmo.

Outra dificuldade de Sá Pinto, recuperar animicamente a equipa, dando-lhe a confiança necessária para ultrapassar sucessivos desaires. Algo que também não vejo em Luis Henrique, Gaag, Rijkaard, Tigana, Jardim ou Balakov. Depois na lista há detalhes de malvadez, como Redknapp (seria trucidado pela manha de pequenos clubes) ou Reja e Valverde (ultrapassados em pelo menos 10 anos nos conceitos tácticos que aplicam).

Ou seja, de uma lista de quase 20 nomes, 90% seriam erros de casting, e dentro dos 10% aproveitáveis, 50% não está disponível. Sobra os trais 5%, Co Adrieense. Mas isto é apenas uma opinião. Haverá quem veja em Scolari a solução para a indisciplina (alguém me pode elucidar os gritantes casos exibidos pela equipa?) ou a promessa de ouro na ambição de Luis Henrique (com uma carreira tão semelhante à de Sá Pinto que me baralha). O que ninguém sabe ao certo é para que lado cairá a escolha.

Da minha parte aponto para o pior, tudo o que for acima é lucro. Esta direcção tem sido rica nas desilusões e eu estou um pouco farto de "defender" pontos de vista e racionalidades, quando na cabeça de quem dirige, muitas das vezes, não parece haver nenhumas.

Até breve

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Urgência

É um facto que a gestão desportiva do Sporting é um pavor. Apesar de boas contratações, muito do trabalho de limpeza, agressividade, relações de força e alianças tem sido jogado conforme a dança dos pontos, conforme mais ou menos queixas da arbitragem, conforme a forma mais ou menos simpática que os media abordam o clube.

Lição nº1 - a inconstância e falta de estratégia paga-se caro.

A escolha de Sá Pinto parecia, especialmente depois da eliminatória com o City, ter sido bastante feliz. Mas depois de uma Taça de Portugal perdida sem grande explicação (o Bilbao não provocou tantas interrogações pela valia do seu plantel) houve muitos que questionaram se aquele resultado seria uma ilha num oceano de bons resultados ou uma península que anunciava um continente de problemas.

Em Guimarães foi demasiado notório que no início da Liga, o Sporting ainda não tinha equipa. O que foi grave. Com o Rio Ave, explicar com azar a continua inoperância colectiva é ser desonesto. Aqui esteve o ponto em que seria ideal ter intervido. É certo que a imprensa teria feito gato sapato da precipitação do clube, da máquina trituradora de treinadores, mil e um argumentos que defenderiam a continuidade de Sá Pinto. E foi no que deu. Hoje ao perder com o Porto, nenhum opinador é capaz de dizer que este Sporting é alguma coisa parecida com o que devia ser.

Lição nº2 - Agir por convicção e não segundo os timings dos media.

O Sporting já tentou dois wonder boys em ascenção (Domingos e Paulo Sérgio) e já tentou dois santos da casa (Paulo Bento e Sá Pinto). Nenhum foi bom. Dois foram bastante decepcionantes, dois foram catastróficos. Resta experimentar um Homem, deixando os rapazes crescer na B ou nos Júniores, e de preferência de fora, e com um obrigatório palmarés de construção de equipas de raiz.

Lição nº3 - O que é bom para o Porto, pode ser muito mau para nós.

O Sporting só voltará a afirmar-se como potência no nosso futebol, quando deixar de mimetizar lógicas que imperam noutros clubes. E se tivermos de por os olhos em algum clube, que sejam maiores e melhores que o nosso de preferência. De facto temos de apostar num treinador como o Man Utd, temos de gerir as nossas finanças como um Bayern, temos de apostar nas nossas escolas como um Barça, temos de nos rebelar contra o status como o Inter, temos de nos respeitar apesar dos insucessos como um Arsenal.

Lição nº4 - Seremos pequenos ao imitar gente pequena

Depois de 6 jogos, temos 6 pontos. Não é uma desgraça...é uma grande desgraça. Mas o mal está feito, os erros visíveis e o pânico de andar a telefonar a meio mundo à procura de um "salvador" é o pior erro que se podia cometer. O nome do treinador resolve zero. Uma boa escolha resolverá 20%. Uma escolha inteligente resolverá 40%. Os restantes 60% distribuem-se pela relação com a arbitragem (10%), a relação com os media (10%) e conseguir convencer o actual plantel a empenhar-se verdadeiramente (40%). Um grande treinador não deixará de comunicar a esta direcção que existem muitos jogadores importantes na equipa a dar pouco e a acreditar quase nada na escolha de carreira que fizeram.

Lição nº5 - Escolher é fácil, acertar é muito mais difícil

O que resta da época? Bastante. O título só será possível com uma inversão miraculosa de resultados e eu nunca vi nenhum milagre, muito menos em Alvalade. Resta o apuramento para a champions, a Taça de Portugal e ultrapassar a fase de grupos na Europa. Dois destes objectivos jogam-se nas próximas semanas. O que é que isto quer dizer? Que todos os dias sem novo treinador são dias que damos aos nossos adversários. Isso pode precipitar uma escolha? Pode, mas com um departamento de futebol inteiro a trabalhar sobre o assunto, só por puro amadorismo não se desenha uma shortlist de 4 ou 5 técnicos que encaixem nos nossos parametros: a) disponibilidade; b) curriculo; c) adaptação ao nosso sistema de futebol e estrutura; d) adaptação às aptidões do nosso plantel; e) enquadramento salarial. Depois é uma questão de saber negociar.

Lição nº6 - Despedir um treinador sem saber exactamente o que o deve substituir é o sinal mais grave de desespero.

Depois de tantos técnicos nas últimas épocas e depois de tantas vergonhas e insucessos, de mau futebol, de estatuto perdido. Escolher o próximo treinador tem de ser uma prova da direcção aos adeptos que se quer inverter esta situação. Muito poucos gostaram da surpresa Paulo Sérgio e tiveram razão. Repetir a brincadeira provocará eleições muito mais cedo que o previsto, tal como a continuidade de Oceano por mais jogos. A urgência é total. Urge a definição e a qualidade da escolha.

A minha palavra para Godinho Lopes é um desafio: surpreende-me, mas rápido, a minha paciência é curta, mais curta que o orçamento que geres.

Até breve.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Fim

Hoje marca o fim de duas coisas aqui neste blog.

O apoio a Sá Pinto e o meu silêncio sobre a gestão profissional do futebol do Sporting.
As explicações são inúteis. Basta ver ou rever o jogo frente ao Videoton.
Os mais incautos tentarão ver o nosso azar, os erros dos árbitros, o mau estado do relvado. Os mais "avisados" não cairão nessas contas fúteis.

As contas a fazer nesta altura são

Ponto nº1 - Qualidade do Plantel

Na baliza o titular da Selecção Portuguesa. Nas laterais, 1 internacional Argentino, 1 internacional Croata,  internacional jovem português e um  internacional jovem Colombiano. No centro da defesa, internacionais Argentino, Brasileiro, Holandês. No meio campo, internacionais Russo, Português, Argentino, Suíço  Holandês, Peruano, Espanhol, Marroquino. No ataque, apesar de ser pouco, há um Argentino cotado pela Europa fora, um internacional Holandês e uma grande promessa Portuguesa e Chilena. Verdade seja dita, ninguém será capaz de olhar para esta equipa e afirmar que não tem soluções.

Ponto nº2 - Currículo

Uma excelente época nos juniores e uma meia-época bastante agradável nos seniores do Sporting. É um currículo muito curto, sem grandes provas de recuperações, sem grande estofo adquirido. Idealmente Sá Pinto teria agora a hipótese de encetar uma verdadeira recuperação e aprender com isso, mas as "curas" que tem tentado, têm feito mais dano que a doença.

Ponto nº3 - Qualidade de Jogo

Zero. Não há automatismos, a equipa joga sempre como se estivesse a iniciar a pré-temporada, sem qualquer ligação entre sectores, sem qualquer estilo ou ideal de jogo. Este Sporting de Sá Pinto é uma manta de retalhos tácticos, uma sucessão de jogadas previsíveis e tudo a uma velocidade exasperante.

Ponto nº4 - Pontos

O pior início de época de sempre. 9 jogos, 2 vitórias, 2 derrotas e 5 empates. Diga-se que todos os jogos de grau bastante acessível. O Sporting ainda não defrontou uma equipa de igual ou superior valia.
Meio da tabela na liga e último lugar na Liga Europa.
Na Liga, após defrontar Maritimo, Rio Ave, Estoril, Gil Vicente e Guimarães, equipas fraquíssimas a que exceptuo a equipa insular, o Sporting tem 6 pontos em 15 possíveis. Ainda por cima com mais jogos em casa do que fora. É uma prestação absurda.
Na Liga Europa apesar de ter encontrado o grupo mais fácil de sempre na competição, o Sporting parece bastante adiantado para deixar Belgas e Húngaros nas primeiras posições, acabando bem cedo a desperdiçar o estatuto de semi-finalista.

Face a tudo isto, pode-se perguntar, alguém faria pior? Não. Apesar do amor ao clube e da história de ligação entre clube e treinador, Sá Pinto é o homem errado no local errado. É um treinador sem capacidade para entender o que deve fazer, não tem culpa. Não é nem nunca será um predestinado como treinador, tal como não é Paulo Bento, Domingos ou a grande maioria do técnicos que treinaram o clube nos últimos 20 anos.

A única coisa que resta a GL e equipa directiva é encontrar a solução para este problema. Ela chama-se bom treinador. Não há muitos, mas também não vale a pena mais "remendos". De que vale montar uma boa equipa se não há alguém para a aproveitar? Querem uma solução de transição? Tem o Manuel Fernandes não têm? Mas desta vez, percam um pouco mais de tempo e sobretudo não cheguem aos adeptos com "Paulos Sergios" servidos de génios. Desta vez não!

Varram o planeta, mas encontrem alguém que tenha provas dadas em ganhar coisas e sobretudo em montar boas equipas. Se não tiverem dinheiro, peçam aos sportinguistas. Tenho a certeza que depois de tantos anos a sofrer com "amadores" até somos capazes de "comprar" bom futebol em Alvalade (e o pior é que não estou a brincar).

Até breve.