sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um sucessor à altura de Liedson

Neira. O nome não dirá nada a grande parte dos adeptos do Sporting, mas para quem segue o campeonato Argentino e os sub-21 do mesmo país o nome diz muita coisa. É um avançado que veria no Sporting com alguma surpresa, uma vez que muitos clubes espanhóis e italianos disputam a sua contratação. Para quem for consultar o YouTube à procura de golos mirabolantes, a decepção está garantida, mas experimentem ver um jogo do Gimnasia La Plata e verão o porquê de todo este interesse.

Não sei se de facto existe alguma veracidade nesta aproximação do nosso clube pelo atleta, mas ter Neira no nosso plantel seria ter um digno sucessor de Liedson, com bastante margem de crescimento. Não são comparáveis na forma de jogar, mas no talento. Este argentino procura muito a bola, finta e gosta de chegar à área pelos flancos, o que o torna num bom avançado no 4-4-2, mas muito pouco útil numa estratégia de 4-3-3. Diria que é uma espécie de Lavezzi com um pouco menos de impetuosidade, mas com mais presença física.

É um grande valor e num campeonato como o português em que os avançados devem saber guardar a bola, será fácil exibir o talento que muitos afirmam ser capaz de o levar em breve até à titularidade na selecção argentina. O Gimnasia tudo fará para garantir uma renovação, mas parece mais certo a sua saída para um clube europeu. Quem dera que fosse o Sporting.

Até breve.

A estratégia do castigo

As declarações de Pongolle não são fáceis de digerir. Um atleta que é pago principescamente por um clube afirmar que está a tentar tudo para que não volte ao mesmo é mau, atendendo à compreensão que esse mesmo clube teve com a prestação nula do jogador, é ainda pior. Face aos tempos de renovação que o plantel vive, o francês está a apostar numa rescisão. As suas declarações são mais um esforço para ver colocado o rótulo de “maçã podre” e para sair do clube sem lucro para quem tanto investiu na sua compra.

Espero que GL faça de Pongolle um exemplo, cumprindo a promessa que fez quando disse que com ele Moutinho só sairia pela cláusula. Espero que ao empresário de Pongolle seja dada carta branca para trespassar o jogador, mas apenas pelo valor mínimo de 4 milhões de euros. Como é certo que ninguém dará esse valor, resta a Pongolle voltar ao Sporting e ter de justificar as suas afirmações aos sócios que contribuem para que todos os meses sejam depositados muitos milhares de euros na sua conta.

Estes jogadores realmente não fazem falta ao Sporting, mas rescindir contrato deixando-o sair a custo zero é um precedente demasiado grave de abrir. Recomenda-se acima de tudo muita capacidade cínica de lidar com a ingratidão, agindo dentro de portas e não alimentando na imprensa disputas de palavras que só visam favorecer o desejo do atleta.

As verdadeiras maçãs podres deitam-se no lixo. Mas o que tem de começar a acontecer em Alvalade é primeiro “tirar a casca”, se for preciso “remover o caroço” e se ainda não for suficiente triturar tudo muito bem, para que no futuro a “fruta” não se deixe apodrecer tão depressa.

Aos jogadores deve ser passada a imagem muito clara de que assinaram um contrato, um compromisso e devem cumpri-lo nunca prejudicando os interesses do clube. A impunidade que paira no Sporting há muitos anos facilita a estratégia de empresários com menos escrúpulos. É impossível criar uma identidade competitiva com manobras como a que Pongolle agora recorre.

Até breve.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Haja Paciência

Estaria longe de imaginar Manuel Fernandes que uma simples declaração sua viria a gerar o burburinho que já se sente sobre o próximo treinador do Sporting.
De facto o ex-capitão afirmou que o treinador ainda não está decidido. Mas penso que mais do que uma admissão de indecisão, MF quis expressar o adiamento de alguma comunicação para o fim da época.

Estou longe de saber a realidade do que se passa no processo, mas como nunca há fumo sem fogo, acredito realmente que Domingos será o próximo treinador do Sporting. Construo este raciocínio só numa base e para mim chega-me, a não ser Domingos o mandato de GL fica ferido de morte logo no seu início. Não porque o nome do treinador alguma vez tivesse sido proferido pela nova direcção, nunca o foi, mas porque nunca o foi negado.

Seria completamente despropositado não ter desmentido o rumor, que virou facto, à partida e isso em futebol vale o mesmo que uma confirmação. Primeiro porque se estaria permitir levar os sócios a acreditar numa falsidade e depois porque seria grave para o treinador escolhido ombrear com o fantasma de Domingos. A chave não está nas declarações feitas depois da eleição, mas nas anteriores à mesma, e durante a campanha GL só não disse duas palavras: Domingos e Paciência, porque todas as outras reflectiram o retrato exacto do perfil deste treinador.

Acredito que Domingos será o treinador e também aposto que os processos de cessação de contratos e aquisições estarão já muito adiantados. Por uma única razão: o Sporting não pode competir no mercado de Verão, disputando jogadores livres ou emprestados com opção de compra com outros clubes europeus, mais ricos e com campeonatos mais mediáticos. Esta razão leva a que o clube se adiante na assinatura de pré-acordos com os novos jogadores. Esse calendário é agora e não daqui a um mês. Obviamente que para entrar alguém terá de sair também alguém e os rumores sobre a saída de Polga, NAC, Maniche, Hildebrand e Saleiro não devem fugir muito à verdade.

Tudo será conhecido nos dias seguintes ao jogo de Braga, última jornada da Liga e até lá qualquer Sportinguista tem de ter a Paciência de entender que é mau para o clube anunciar contratações, quando a equipa ainda disputa um lugar na classificação. Não vejo os assuntos por este prisma, mas esta direcção vê e ponto final. Tabu até Braga. No final das contas, a única coisa que interessa é que haja Paciência.

Até breve.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Certezas e Dúvidas

Não posso deixar de achar surpreendente a renovação de Izmailov. Friamente analisando o contributo do jogador, as últimas épocas são inexistentes. Lesões, indisciplina, motivos de sobra para olhar para a presença do russo num futuro plantel com, pelo menos, algumas dúvidas. Se existisse um jogador perto da saída nos últimos tempos, Marat certamente era o alvo de todas as apostas.

É óbvio que uma renovação nesta altura subirá um pouco o valor do jogador depauperado por uma época inteira de lesões. Não sei se é este o cenário de fundo que envolve esta opção, mas se o for e se garantir uma venda por valores próximos ao que já foi oferecido ao Sporting, este prolongamento do contrato é em absoluto uma boa medida. Tivessem outras direcções estado atentas à relação do clube com o jogador noutros casos e muitas saídas recentes não tinham resultado nos péssimos negócios que todos recordamos.

Izmailov é um excelente jogador. Tem uma capacidade técnica superior, é fortíssimo tacticamente e possui capacidade de finalização (o que não abunda nos plantéis mais recentes). Além disso é um atleta polivalente, podendo jogar nas alas tão bem como o faz na posição 8, no centro do terreno. Quando está em forma é incansável, quando está confiante é um jogador frio na chegada à área e nas assistências para golo. Essa é que é a questão – quando está em forma.

Ter jogadores como Pedro Mendes, Izmailov ou qualquer outro desta valia como habitués do departamento médico do clube em vez de presenças assíduas no onze custa muito e não oferece benefício competitivo ao clube. São o que se pode dizer não soluções. Não conhecendo a fundo as questões clínicas é um risco “contar” com estes jogadores como peças base do plantel. Esta gestão é difícil, primeiro porque é difícil prever o futuro. Marat tanto pode fazer uma época excelente e atingir a importância que já teve no fio de jogo da equipa, como pode passar mais uma temporada a recuperar de lesões. Resta só a esperança o que não é argumento para preparar uma época.

Voltamos ao início. À frieza dos números e estatísticas. Nessa perspectiva, que é a única viável num clube que vive tempos complicados em matéria financeira e desportiva, o Sporting deve vender o melhor possível os atletas que colocam mais dúvidas do que certezas na estruturação de uma equipa. A renovação é um caminho com duas saídas: valorizar o jogador antes de uma venda ou valorizar o jogador dentro do futuro da equipa. Ambas multiplicam incertezas, mas é para isso que servem directores desportivos e treinadores, para ver certezas onde nós adeptos vemos dúvidas.

Até breve.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Convicção, Motivação e Exigência

Após passar alguns dias a pensar nesta questão, devolvo agora a quem lê este blog uma reflexão sobre a santíssima trindade do sucesso do futebol: a convicção, a motivação e a exigência. Quando o Benfica saiu do Dragão com uma vitória de 2-0, parecia que o assunto estava resolvido. No Porto encerrou-se o assunto “taça” como se coloca um dossier na estante com a certeza de lá voltar em momento oportuno.

No lançamento da partida ouvi Vilas Boas dizer, melhor ouvi-o afirmar, que era possível virar o resultado na Luz e nada estava perdido. Para fora este foi o discurso oficial, para dentro conhecendo o Porto de Pinto da Costa, as palavras de ordem devem ter sido bem diferentes. É a exigência. De uma direcção que simboliza a vontade dos adeptos. Parecendo que entrava em campo em desvantagem o Porto cedo mostrou que tal era uma ilusão, o Porto entrou em campo em vantagem sobre o adversário.

Em vantagem motivacional, com a convicção de que existiam possibilidades de eliminar o Benfica e com a exigência de mostrar superioridade sobre o mesmo o Porto mostrou dentro das quatro linhas que é bem melhor que o Benfica. Muito se falou das tácticas de Jesus, das indisponibilidades do plantel dos encarnados, mas a verdadeira falha do Benfica foi a décalage psicológica que evidenciou frente ao adversário.

Isto tem milhares de explicações, mas prémio deverá ser dado a um treinador, que nunca imaginei capaz de preparar (tão cedo na sua carreira) este tipo de “vantagens”. Certamente retirou muitos ensinamentos dos argumentos de gestão de plantel que viu Mourinho “jogar” ano após ano. Vitória após vitória. Isso não lhe retira mérito, só acrescenta. Óbvio que não conseguiu derrotar o Benfica sozinho, com um Moutinho, Falcão, Hulk e Rolando de luxo é mais fácil vencer partidas.

Nas últimas épocas o discurso interno do Sporting tem sido o reflexo de uma assunção de menoridade, de uma desresponsabilização face ao valor dos adversários. Discussões eternas sobre orçamentos, dívidas, e a banca dá nisto – a consciencialização de que existe fragilidade muitas vezes confundindo o jogo com euros, misturando remates ao poste com folhas de pagamentos em Excel.

Uma grande equipa não é só uma equipa de jogadores caros, mas um equilíbrio de talento e (cá está) motivação, convicção e exigência. Exemplos disto são vistos constantemente por essa Europa fora, fazendo parte da própria essência do futebol. O que nos falta no Sporting é esta consciência. É esta compreensão de que não ter o orçamento mais poderoso não nos isenta de apresentar resultados condizentes com a dimensão do clube.

Este “atrevimento” não é uma quimera, nem sequer um problema de idealismo. É uma necessidade, uma carga genética que nos impulsiona para não pacificar desastres competitivos como os que temos visto nas últimas duas épocas. Mais do que a escolha do treinador, ou aquisições de jogadores, a verdadeira revolução no futebol do Sporting será operada pela consciência do que é exigível ao clube. Como já disse inúmeras vezes, não é a promessa de títulos que fazem falta, mas o dever de honrar o nome do clube, excedendo os níveis de exigência e não os orçamentos.

Para ser mais competitivo a equipa do Sporting terá de elevar a sua capacidade de se auto-motivar, de impor um discurso universal de exigência e sobretudo adquirir a convicção de que é possível, é vital ganhar jogos, ganhar os adeptos, ganhar o clube de volta. Esse é o único caminho e é difícil, se fosse fácil JEB ainda dirigia o clube.

Até breve. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O segredo do negócio

Que bons jogadores, que momentaneamente atingem valores de mercado possíveis para o Sporting sejam inflacionados não é surpresa para ninguém. O que me surpreende é a afirmação de GL que confirma publicamente o interesse do clube pelo jogador. Isto pode ser um pau de dois bicos: 1 – O presidente toma uma aposição de força recusando entrar numa espiral especulativa na contratação do jogador saindo beneficiado neste e noutros negócios. 2 – A admissão pública da via negocial em decurso só irá prejudicar o bom sucesso da mesma.

O meu feeling futebolístico porém diz-me que foi bom GL ter vincado uma posição. Já é hora de ver alguém de dentro do Sporting a definir alguma coisa, nem que seja recusas. Nem que seja prescindir de um bom jogador para que o clube mantenha os pés bem assentes na terra. O que me sobressalta é a possibilidade do discurso virar moda e dos 8 ou 9 reforços “quase fechados” não vir nenhum. Isso mudaria tudo, tal como a não vinda de Domingos. Os trunfos eleitorais foram jogados para cima da mesa de voto e como não sou inocente sei como e com que fins foram criados e usados. Mais grave ainda, resultou.

É hora de começar a fechar dossiers e não entrar em “novelas” intermináveis. Se esta direcção o conseguir fazer fora das capas de jornais tanto melhor. Não me preocupa a estabilidade da actual equipa de futebol, essa já pouco tem a perder ou a ganhar, preocupa-me sim a estabilidade dos adeptos. É forçosa e urgente a aproximação e pacificação dos sportinguistas com este corpo dirigente e mais do que as estátuas, as cadeiras e o pavilhões desportivos, mais do que os “relatórios quinzenais” ou as entrevistas de conveniência, o que pode marcar a diferença são mais uma vez e sempre as escolhas. As escolhas de jogadores, técnicos e de postura.

Ninguém está à espera de Messis ou Ronaldos, não estamos à espera de Van Gaals ou Mourinhos, mas ansiamos todos por um bom planeamento de época, com inteligência e criatividade, com ambição e definição. A continuidade ainda paira sobre GL e até à prova final – nome do treinador e jogadores – será com um pé atrás que qualquer comunicação aos sócios será recebida.

Caro GL, demore o tempo que demorar, conserve os segredos que quiser, mas faça boas escolhas. Caros Duque e Freitas, o futebol do Sporting precisa de muito mais do que tem tido e não terão outra oportunidade como nesta próxima época de construir os alicerces de algo duradouro. A vossa margem é curta, como nunca foi para nenhuma direcção do Sporting. Por isso aproveitem bem o tempo e provem que tem o valor que se fartaram de apregoar na campanha. Queremos e necessitamos de neurónios a decidir. Se Alex Silva é caro, ora bolas, batam a porta e sigam noutra direcção. Os plantéis estão a ser decididos e não é hora de entrar em braços de ferro com empresários.

Até breve.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O resgate da verdade

Já cá faltava. Um dos passatempos preferidos da imprensa desportiva portuguesa é construir plantéis pelo Sporting. Não interessa quantos milhões custa, qualquer ligação por mais remota que seja, às vezes é um “conhecido de Freitas”, outras vezes é “um jogador do agrado de Duque”, quase sempre (digo eu) é palha para “burros” que olham para Leto e imaginam o Sporting a dar 10me ao Panathinaikos.

Já há muito tempo que insisto na ideia da pobreza de argumentos de muitas redacções que não havendo nenhum indicio real, especulam na sua base de dados e retiram fichas de jogadores como quem saca de provérbios para “educar” o povo. Acresce por esta altura a tentação de olhar para qualquer jogador que cesse o contrato nos próximos 2 meses como um alvo do scouting leonino.

Á custa de tantos nomes que se jogam na imprensa, um adepto do Sporting tornou-se um profundo conhecedor da maior parte dos jogadores de 23 anos a jogar na Argentina, um sábio analista de suplentes da Premier League ou um especialista em atletas brasileiros emprestados a clubes europeus. Eu sei quem é Angeleri, Munoz, Taarabt, vocês também sabem e isso podemos agradecer aos enciclopédicos jornais desportivos, que nos vendem sabedoria em fascículos diários sem que isso nos sirva alguma vez para alguma coisa.

Costuma-se dizer que o saber não ocupa lugar, mas neste caso o lugar costuma substituir a verdade e isso é algo muito próximo do que fazem tablóides cor-de-rosa que à falta de “guiões” interessantes recriam nos cadeirões da sua criatividade laços, enlaços e desenlaços, uma espécie de saga ou lenda em actualização que se distancia da realidade como uma novela brasileira da vida real. Nada disto seria levado a sério se o futebol não fosse um negócio de muitos milhões de euros e o Sporting não fosse um clube cotado na bolsa, com uma imagem de credibilidade em jogo.

Torna-se difícil entender um clube assertivo quando todos os dias são dados 4 ou 5 jogadores como “próximos” ou “garantidos”. Não vejo isto acontecer ao FC Porto ou ao Benfica, porque raio tem de sistematicamente acontecer connosco? É do interesse desta direcção do Sporting que se envolva a preparação que está a tentar fazer num místico manto de desinformação constante? Serei apenas eu que acho tudo isto contraproducente para o interesse do clube. Serei apenas eu que fico (avisadamente) desiludido quando não vejo os “certos” Cavenaghi, Geovanni dos Santos ou Pavliuchenko?

Penso que cabe a GL, Duque e Freitas terminar com estas confissões públicas de scouting. Sugiro aos mesmos que criem um espaço reservado no scp.pt dedicado ao desmentir sistemático destes rumores. O texto seria sempre o mesmo, seria apenas necessário actualizar os nomes dos jogadores. Algo que daria muito pouco trabalho e seria altamente compensado. É que é bem diferente contactar um empresário de um jogador para saber das condições salariais e de transferência e realmente estar apostado na sua contratação. Todos sabemos que a construção de um plantel em qualquer época se faz à custa de milhares de telefonemas, emails, sms. Será necessário que todos venham a ser relatados nas rádios e jornais?

A minha resposta é não! Uma direcção que tanto clamou que imporia um Sporting mais respeitado tem aqui uma óptima oportunidade para mostrar serviço. Se não for de uma forma cordial, que seja por uma via mais agressiva usando as ferramentas de informação de que dispõe. Ou a nova directora de comunicação é só mais uma cara bonita que ficará bem a introduzir uma conferência de imprensa? Para que serve um director de comunicação se não para pensar em formas de contrariar a “desinformação”?

Só tenho um pedido: usem os neurónios e trabalhem. O novo Sporting começa em coisas muito pequenas e simples e não em revoluções mágicas e épicas, a mudança não é uma operação de contraste imediato entre o antes e o depois, mas sim a introdução de pequenas e constantes diferenças de atitude e impassividade. Será que dá para começar um dia destes?

Até breve. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma lição "preciosa"

19 de Novembro de 2006, foi há quase 5 anos. Nessa noite um miúdo chamado Rui Patrício era chamado à titularidade e pareceu convencer muitos, logo na primeira partida que havia ali qualquer coisa de valor e talento. Nessa altura apenas mostrou alguns reflexos, altura e um jeito especial para defender penalties. Mas parecia um Ceh em potência.

Depois de 4 épocas a experimentar tudo o que pode acontecer de errado a um guarda-redes, Rui Patrício devolve hoje em pontos a confiança que ao longo de todo este tempo foi merecendo. Isto é formar um jogador. Dar tempo e acreditar no talento. Mesmo assobiado e “re-baptizado” por muitos adeptos, Patrício nunca pareceu realmente quebrar. Cometeu erros, muitos, mas não se pode afirmar honestamente que o Sporting alguma vez tenha perdido ou empatado um jogo por sua acção exclusiva.

Na época em que foi chamado à Selecção por um treinador que o conhece bem, Patrício desenvolveu uma atitude diferente, mais presente no jogo, mais interventivo. A confiança pode ter vindo de muitos sítios, mas deixar Hildebrand no banco uma época inteira e tornar-se internacional A por Portugal decerto ajudou.

Fica a prova de que existindo alguma paciência no crescimento de um atleta com potencial evidente, o acto trará algo que dificilmente um clube com as finanças do Sporting pode almejar, um guarda-redes internacional de uma Selecção de topo do futebol mundial.

Tenhamos nós a mesma paciência com jogadores como Golas, Nuno Reis, Cedric, Wilson Eduardo, Bruma, Renato Neto, Kikas, Eric Dyer e outros e pode ser que os títulos ou os milhões surjam mais vezes. O que não pode certamente acontecer é dispensar-se um jogador com imensa margem de progressão apenas porque não corresponde ao perfil mágico que se notou em Quaresma, Figo ou Ronaldo. Nem tudo o que brilha é ouro, e Rui Patrício em muitas ocasiões foi confundido com tudo menos com algum tipo de metal precioso.

Até breve. 

Caça ao árbitro, caça grossa

Existem muitas realidades que tornam o futebol português único no mundo. A maior parte delas são negativas. Uma das mais absurdas é a leviandade de tentar (e conseguir) condicionar árbitros. De tanto que se fez e se disse, dos insultos, das difamações das acusações prévias…hoje em dia só um louco quererá ser juiz de futebol. No panorama actual de árbitros existe pouca qualidade e muito nervosismo. Isso é culpa do ambiente hostil do jogo perante aquele que deveria ser o seu garante.

O árbitro é essencial ao jogo. Á verdade, ao cumprir das regras do mesmo. Cada vez mais em Portugal as regras se subordinam à hierarquia vigente, tal como num país que vive numa ditadura o poder judicial se transforma numa extensão do status quo do regime. Essa hierarquia é fácil de ser observada, Porto e Benfica consoante o seu estado de graça lideram na percentagem de erro a seu favor. Provavelmente se o Sporting vencesse 2 ligas seguidas, seríamos nós os beneficiários dos equívocos.

Esta é uma patologia mais psicológica do que provavelmente um caso de corrupção generalizada. Já o foi em tempos, mas o mundo da internet, dos blogs, das escutas torna mais difícil certos hábitos que estiveram instalados em 2 ou 3 associações e em 2 ou 3 clubes. Hoje um árbitro beneficia um clube porque tem medo, porque quer ascender na carreira, porque quer cair nas boas graças da sua associação regional. Se existe condicionamento activo ele está na actualidade na escolha dos observadores e nas notas com que os mesmos classificam os árbitros.

Tudo isto impede o actual painel de juízes de actuar com a imparcialidade que é necessária. Por saber isto, todos os clubes se divertem durante uma época a de uma forma hipócrita apelar à justiça, a denunciar pressões e condicionamentos dos árbitros, a apelidar este e aquele como “inimigos do clube”. A coisa resulta tanto ou tão pouco que às vezes parece que temos um campeonato de erros de árbitros em vez de um campeonato de futebol. E tem ficado cada vez pior por duas razões: os árbitros vão sendo piores e a pressão é cada vez mais bem sucedida.

Este padrão não será benéfico para ninguém. Não será para Porto, para Benfica, para o Sporting. A suspeição alimenta o sentido de injustiça, e todos sabemos o que acontece quando multidões se cansam da ausência de equilíbrio e de verdade. O apagão da luz, os apedrejamentos de sedes e núcleos, a vandalização de autocarros e agressões de dirigentes é apenas o início de um processo que tem origem nas “guerras santas” que os presidentes “paladinos” declaram precisamente suportados por um ambiente de injustiça.

Se perguntarmos a um adepto do Porto quem é beneficiado pelas arbitragens ele acusará o Benfica. Se fizermos o mesmo a um benfiquista ele responderá o Porto e se fizermos a um Sportiguista ele apontará o dedo a quem for à frente da classificação. Mas o interessante é perguntar aos restantes adeptos de outros emblemas. Tenho quase a certeza que os votos de dividiriam entre Porto e Benfica. Isto prova alguma coisa? Não. Mas aponta um caminho, quem mais se queixa e destrói o bom ambiente do jogo é provavelmente o que lucra mais com essa acção. Isto só é permitido acontecer porque em Portugal não existe FPF nem Liga de Clubes.

Existem uns senhores que durante uns poucos de anos ostentam nuns cartões, a inscrição de dirigentes máximos do futebol português, mas que não dirigem absolutamente nada. São meros observadores que vão dando umas sugestões e perante o descalabro do ambiente desportivo do país são completamente incapazes de ter mão firme e defender o futuro do espectáculo. Multas de poucos milhares de euros para gestos como o do apagão do Benfica são anedóticas. É como se a Liga estivesse a apoiar o gesto da direcção do SLB. Ninguém se preocupou no precedente, na possibilidade de no futuro não ser permitido a nenhum clube festejar um título fora de casa…com as luzes ligadas. É abismal e absurda a leitura de gravidade da Liga perante este acto.

Receio que algo só mudará quando acontecer uma tragédia no futebol português. Para se entender o que se está a promover com este clima de suspeição e hostilidade, basta ver o que acontecerá se Benfica e Porto se defrontarem na final de Dublin. Quem uma aposta? Nada. Porquê? Porque a UEFA tem mão pesada. Completamente o inverso do que passa no nosso país.

Este preâmbulo todo só serve para dizer que mais uma vez caberá ao Sporting marcar uma nova posição, uma posição mais exigente com os organismos titulares, uma posição que não acuse a prestação de árbitros apenas em causa própria, uma postura mais de construção e não de destruição. Juntar a nossa voz às trogloditas vozes de benfiquistas e portistas só nos diminui e alimenta o caos. Desengane-se esta direcção se pensa que por berrar aos ouvidos dos árbitros, será tão ouvida como os nossos rivais. Erro puro. Os mesmos que se acobardam no Dragão e na Luz serão desafiantes e arrogantes em Alvalade. Já o vimos antes e a nossa posição na distribuição de poder no futebol português só encorajará a mais penalidades e faltas não assinaladas.

Até breve.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Reavaliação

Faltam poucas jornadas para acabar a Liga e é mais do que certo que foi mais uma época a marcar passo. Sem glória, sem brilho, com muito pouca valorização do plantel. A nova direcção repete promessas de mudança, destaca o trabalho que está já a ser feito para reforçar o plantel e embora seja cedo, começam-se a vislumbrar os caminhos que podem ter os actuais jogadores da equipa.

Patrício – Será a peça base na baliza. Se não for vendido a um grande europeu, isentará o clube de investir nesta posição.

Hildebrand – Está mais do que decidida a sua saída. Cessa contrato com ambas as partes felizes com o abandono.

Tiago – Foi o último ano para o jogador mais experiente do plantel. Poderia continuar, mas “taparia” a oportunidade para um jovem começar a despontar em Alvalade.

João Pereira- Apesar de cobiçado por alguns clubes, o tipo de oferta não seduzirá o clube a vender um lateral direito, ainda por mais agora que assume o estatuto de internacional.

Abel – As boas prestações que fez, não foram suficientes para seduzir o Sporting a renovar o seu contrato. Sairá depois de muitas épocas de leão ao peito, alguma delas em bom plano.

Cedric – Saindo Abel, existirá mais espaço, mas ainda será cedo para este jovem poder disputar a titularidade. Deverá ser emprestado.

Grimi – É o caso mais óbvio de um jogador que precisa e será mesmo substituido. Haja interessados ou não, não fará parte do plantel da próxima época.

Evaldo – Não foi o lateral que prometeu ser no princípio da época e teve uma baixa de forma muito grande. Manter-se-á na equipa para disputar um lugar com uma aquisição para o mesmo lugar.

Caneira – Parece que é desta que acaba a saga deste jogador. Deve rescindir com acordo.

Polga – Está mais do que esgotado o seu tempo em Alvalade. Existe algum interesse de clubes brasileiros e a melhor proposta levará o central. Se não existir nenhuma rescindirá ficando livre para decidir o seu futuro.

Nuno André Coelho – A não ser que Domingos expresse diferente opinião deverá ser vendido ou emprestado. Deverá ser mais viável o seu empréstimo, especialmente a clubes estrangeiros.

Carriço – A lição de desvalorizar um jovem capitão foi apreendida e nota-se a confiança do clube no talento deste jogador. Também devem cair algumas propostas para a sua venda, mas nenhuma com o valor necessário para libertar uma grande esperança do futebol português.

Torsiglieri – De flop a titular foi só preciso um pequeno passo. As lesões e castigos de Carriço ajudaram, mas o jovem Argentino tem mostrado muito mais potencial do que o que se podia antever sob o comando de Paulo Sérgio. Irá manter-se na equipa.

Pedro Mendes – Apesar das muitas lesões, deve ficar no plantel.

André Santos – Já muitos esperavam que podia fazer uma boa época, mas o rapaz pegou de estaca. Cresceu muito e numa época horrível para o fazer.

Zapater – Tem desiludido, apesar de ser evidente o seu empenho para se integrar no futuro do clube. Tal como outros, dependerá do dinheiro para aquisições para o substituir. Penso que continuará, quem sabe outro modelo de jogo o benificie.

Maniche – Promete ser um caso bicudo de resolver. Uma precipitação contratual, que agora custará bastante ao clube para anular. Deverá sair.

Izmailov – Quando todos já pensávamos que não vestiria mais a camisola do Sporting, ei-lo de volta. Mesmo assim penso que uma proposta de 6 ou 7 milhões levará o jogador de volta para a Rússia, a questão é, será que alguém se vai chegar à frente?

Valdes – Ainda não parece de volta o Valdes que chegou a “segurar” a equipa sozinho. Deve ficar apesar da quebra de rendimento.

Fernandez – Finalmente o Matias que todos “líamos nas entrelinhas”. Será o pilar ofensivo do novo Sporting. Ele que esteve tão perto de ser vendido por 2 me.

Vukcevic – Vai depender de Domingos a permanência do Montenegrino. Se renovar…

Tales – Regressa à procedência.

Cristiano – Os 6 meses de contrato só provaram o que todos anteviram. Deve cessar contrato sem opção de renovação.

Salomão – Fez algumas boas exibições, mas a necessidade de “pesos” mais “pesados” obrigará a um empréstimo. Precisa de jogar.

Saleiro – As fracas prestações em dois anos no plantel vão atirá-lo de volta ao empréstimo, a não ser que alguém se proponha a adquirir o seu passe, o que é remoto.

Djaló – Mais uma época para tentar demonstrar que tem uma palavra a dizer sobre o comando de um novo treinador. O efeito do trauma “Varela” está a ser-lhe muito útil.

Postiga – De contrato renovado e a não ser que caia uma proposta suficientemente tentadora para dar 50% ao Porto e ainda ser rentável (qualquer coisa como 8 ou 9 me) o avançado continuará em Alvalade.

Portanto:

Saem definitivamente: Hildebrand, Tiago, Abel, Grimi, NAC, Polga, Maniche, Salomão, Tales, Cristiano e Saleiro (11 saídas)
Saem mediante retorno de investimento: Vukcevic, Izmailov, Djaló
Vagas a preencher: 2 Guarda-redes, Lateral direito, Lateral esquerdo, 2 centrais, 1 médio, 2 alas, 2 avançados (11 vagas).

Nas próximas semanas saberemos quantas destas vagas serão regressos de jogadores emprestados, Pongolle, Adrien, Nuno Reis, Renato Neto e Wilson Eduardo são boas hipóteses mas talvez apenas Pongolle pelo que representa de investimento financeiro e Wilson Eduardo pela carência de jogadores com o seu perfil sejam de facto candidatos. Golas e ou Baptista devem ocupar as vagas na baliza.

Até breve.

A falta de qualidades

Tal como na derrota para a Taça da Liga na Luz, o Sporting de ontem no Dragão não foi uma equipa com medo de jogar, não meteu nenhum “autocarro” em frente à baliza, não poupou nenhum esforço e empenho para conseguir um bom resultado. O problema do Sporting está na qualidade. Esta conclusão tem duas vertentes. A falta de qualidade temporária e a definitiva.

Passo a explicar. A grande diferença que se viu ontem no relvado do Dragão foi uma equipa muito mais rotinada em ultrapassar dificuldades que a outra – qualidade temporária que advém de uma má preparação física, táctica e muitas derrotas. Bem sei que não temos um Falcão, um Hulk ou um Moutinho. Por muito que nos custe não temos actualmente jogadores dessa dimensão – a falta de qualidade definitiva que nos impede de controlar as partidas, dominar, marcar mais golos. Temos um Fernandez que mais uma vez mostrou o que se andou a perder em dois anos. Temos um Patrício cada vez mais um gigante na baliza. Tivemos um Evaldo do melhor que se viu nesta época (já vi afirmarem o contrário, são opiniões) e um André Santos que lutou muitas vezes sozinho.

Pode-se afirmar que a defesa comprometeu, mas analisar uma partida só pelas falhas é simplista. É óbvio que o tridente ofensivo do Porto foi demais para o nosso quarteto defensivo, mas penso ter sido na dificuldade do meio campo em segurar a bola e cobrir espaços que esteve a decisão do jogo. Nem André Santos, nem Zapater são excelentes a defender junto aos centrais, não são esse tipo de médios…e com Pedro Mendes lesionado…foi simples para o Porto encontrar espaço para lançar as alas. Abel e Evaldo fizeram o que puderam, mas com dois jogadores sempre a descair no seu flanco, estiveram sempre em inferioridade numérica.

Couceiro ainda tentou com Zapater e o recuo de Valdes tapar esses espaços, mas nem um nem outro souberam impedir o “lançamento” de Hulk, Varela esteve uns furos abaixo. O penalty nítido no final do jogo podia até ter dado o empate, mas se formos honestos o Porto jogou o suficiente para ganhar a partida, valeu-nos Patrício para nos manter sempre na disputa do marcador. A derrota foi má, a exibição insuficiente, mas se formos realistas será difícil para qualquer equipa europeia, nos dias de hoje, chegar ao Dragão e trazer um bom resultado.

Se o Braga vencer hoje, a distância aumenta para 4 pontos, talvez o suficiente para acabar com a disputa do 3º lugar, os bracarenses recebem o Leiria e vão a Coimbra e sendo de esperar dificuldades para gerir o plantel, este Braga pode de facto já hoje conquistar o espaço necessário para seguramente encarar as próximas semanas de competição.

Já o disse antes, o 4º lugar não compromete absolutamente nada e por muitas razões acho que um estágio prematuro no Verão pode ajudar a cimentar um grupo para uma época que se quer totalmente diferente. Custa ficar pela 2ª vez em quarto lugar, mas essa é uma lição que tardamos em entender. Os erros de planeamento e escolhas são tão evidentes que é quase merecido este “castigo”.

Ao ver o Sporting jogar salta aos olhos que precisamos de um óptimo avançado, de um médio defensivo puro (Pedro Mendes falha quase toda a época) e de um central mais eficiente que Polga, pelo menos isso.

Até breve.

domingo, 17 de abril de 2011

Quem sabe?

Não se prevê que Vilas Boas faça grandes “poupanças” no clássico de hoje. Ainda assim é de esperar que alguns jogadores influentes não realizem os 90 minutos. Como tal não esperando reais facilidades, parece-me que o melhor Sporting não irá enfrentar o melhor Porto. Mas como a força de uma equipa não se baseia apenas no aspecto individual, os Dragões entrarão em campo sempre em vantagem. Estão moralizados por super-resultados, jogam em casa perante o seu público e os jogadores que forem menos utilizados, como é habitual no Porto, não deixarão de querer mostrar serviço.

Ao inverso, o Sporting, apesar de vir de uma vitória tranquila, nada é especialmente tranquilo. Muitos jogadores têm um futuro incerto no clube, muitos dificilmente se motivarão para a conquista de um 3º lugar e ainda outros tantos estão a realizar uma época muito abaixo do seu valor real. Valha-nos o facto de ser um clássico, que só por si motiva a um pouco mais de esforço e concentração. A táctica já toda a gente sabe qual será. O Porto irá entrar forte para resolver cedo e o Sporting vai tentar estar arrumado e a espreitar o contra-ataque. Não acreditando em grandes desequilíbrios, é fácil entender o que poderá acontecer se os azuis e brancos marcarem cedo.

Mais do que os 3 pontos, é a motivação para o que falta da época que está em jogo. Um empate deixa tudo igual, uma vitória será um passo muito acima na moral da equipa, uma derrota vale mais uma semana de cabeça baixa e mais um chorrilho de frases feitas sobre olhar em frente, vencer já a próxima partida, não atirar a toalha, honrar o emblema. Enfim, tudo o que temos ouvido em demasia nos últimos meses. Ainda bem que sem Paulo Sérgio já não temos de gramar com os elogios exagerados ao adversário, ou a valorização de prestações ridículas.

Com o Braga a ter de fazer uma deslocação difícil à Choupana, conquistar 3 pontos (os próximos 2 jogos são em casa e acessíveis) no Dragão será mesmo ouro sobre azul, isto para uma equipa que já não faz um grande resultado esta época, desde que foi ganhar 1-2 fora ao Lille…em Setembro! Não sendo de esperar grandes surpresas, a verdade é que ser sportinguista também é acreditar sempre na possibilidade de sucesso, mesmo que seja apenas vencer um clássico…por respeito. Quem sabe não estão uns olheiros nas bancadas e Djaló marca mais dois golos, quem sabe Patrício não faz uma daquelas exibições que deixa os avançados do Porto em branco, quem sabe Polga não marca um golo de canto, quem sabe?

Até breve. 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nas entrelinhas, um plantel

As notícias vão-se sucedendo, os rumores vão passando e cada vez mais me convenço de que o plantel de Freitas / Duque e o treinador que se supõe ser Domingos já está fechado. Por várias razões acredito ser perceptível o avanço do clube pelos jogadores que quer. Os empresários fazem o seu papel, não dando nada por fechado (esperando a definição de outros emblemas interessados), mas a pressa do Sporting neste caso é benéfica.

Os lugares a reforçar são evidentes: lateral esquerda, central, extremos e avançado centro. 100% dos supostos reforços pertencem a estas posições.
Na baliza Patrício é aposta absoluta, tão convicta que não precisará de ninguém para substituir Hildebrand, a prata da casa (Golas e Baptista) resolverá as vagas por preencher. Na lateral direita, Pereira está bem firme. Abel cessando contrato dará lugar ao emprestado Gonçalves. Na esquerda é evidente que Grimi esgotou a paciência técnica e deverá sair, no seu lugar um Wendt internacional sueco dará mais luta a Evaldo.

No centro da defesa esperam-se mais mexidas. Polga tem mercado no Brasil e deverá ter como substituto Alex Silva. A dúvida prende-se com a disputa de Rodriguez com o FC Porto. Os dragões podem estar na eminência de perder Otamendi e ou Rolando e o central do Braga pode há muito ter já um compromisso com os azuis e brancos. Mas como nada é certo no futebol, é Maicon que pode decidir tudo. As últimas boas prestações do central podem fazer com que permaneça no plantel e se nenhuma venda se realizar…o peruano pode acabar em Alvalade, sendo nesse caso emprestado Nuno André Coelho. Mas isto só se decidirá bem dentro do mês de Junho. Torsiglieri tem margem de progressão e Carriço é capitão, aqui está tudo decidido.

No meio campo o cenário é mais estável. Duas nuances tácticas. O 4-3-3, preferido de Domingos e o 4-2-3-1 mais fácil para encaixar Fernandez e Valdes. No centro nada se deve alterar com André Santos, Pedro Mendes e Zapater. Existe a dúvida de Maniche que tem contrato renovado automaticamente. Se não ficar, deve ser rendido por Adrien.
Nas alas o caso está mais difícil, Izmailov deve sair e em sua substituição chegará um extremo direito puro, confesso que não faço a mínima ideia quem será. Não será decerto Zahavi, esse virá para uma segunda linha para o mesmo lugar. Na esquerda Vukcevic e Salomão permanecerão. No lugar de pivot ofensivo o cenário é simples: Fernandes e Valdes.

No ataque, sector muito débil no Sporting actual, a chegada de 2 avançados por muito que me custe deverá ter Pongolle com uma das soluções. Bobo será a outra. Postiga e Djaló ficarão e contarão com o regresso do polivalente Wilson Eduardo para fechar o ataque.

Devo frisar que este não é o modelo que defendo para o plantel, mas sim o que vejo estar a tomar forma. Noutros posts já explanei o que penso e apesar deste plantel da próxima época ser mais forte faltarão mais soluções nas alas e no ataque. Mas entendo que será difícil despender mais do que 10 me em aquisições (mesmo com a venda de Izma), algo que com prémios de assinatura ficará esgotado com a entrada de Wendt, Rodriguez, Zahavi, mais um extremo direito e Bobo, Alex Silva vem a troco de 3 milhões de euros, sensivelmente metade do passe que pertence ao Hamburgo.

Acho piada que alguém acredite que Jô e Garay venham para o Sporting a título definitivo ou sequer por empréstimo. Primeiro porque o avançado tem um valor de mercado a rodar 7me e o central 10me. Segundo porque depois de um ano de empréstimo, nunca o Sporting terá esses valores para bater uma cláusula de compra definitiva. Terceiro porque ambos os jogadores têm muito mercado, Jô no Brasil e Turquia e Garay em Espanha, Itália e Alemanha. Wagner Love é outro nível de ambição que só faz mal a quem incautamente a tiver.

Até breve.

Quintas-Feiras e Domingos

Parabéns aos 3 clubes portugueses! Na realidade financeira da Europa do futebol ocupamos realmente a 2ª divisão, por isso é sempre um feito histórico chegar a uma meia-final, com 3 clubes, é obra!

Sobre Porto e Benfica, nada a dizer, foram muitíssimo superiores aos adversários, algo que confirma o favoritismo pré-anunciado pelos experts. São neste momento dois emblemas que tiram lucros de um desenfreada “corrida” interna, que os agiganta a cada ano que passa, não sei onde acabará a disciplina física e económica desta “guerra civil”, mas o que é certo é que por agora emergem muito mais alto que o restante futebol português.

O Braga é um caso muito diferente. Quando todos estão de olhos postos na ascensão de Domingos (e já lá vamos) convém enaltecer o bom trabalho e sobretudo contínuo de uma estrutura bracarense onde tudo muda excepto a Direcção. Um presidente não joga, não treina, mas escolhe e Salvador tem sido feliz a escolher. O líder deste clube não parece apostado em aventuras efémeras como João Loureiro, seguindo uma via mais equilibrada. Mesmo vendendo quase tudo, a quase todos, o clube tem crescido imenso e os prémios financeiros da Liga Europa irão colocar o Braga numa realidade financeira próxima do Sporting, o que é verdadeiramente incrível.

Certamente a montra europeia de uma meia-final irá revolucionar os 3 planteis portugueses. Hulk, Falcão, Saviola e Coentrão até nem precisariam disso, pois há muito que estão referenciados pelos maiores clubes europeus, mas jogadores como Rolando, Fernando, Moutinho, Varela, Guarin do Porto, Garcia, Gaitan, Salvio e Cardoso do Benfica e Artur, Sílvio, Rodriguez, Alan e Lima do Braga serão mais cobiçados que o normal. Nem todos irão sair, mas é mais do que certo que será a normalidade os negócios de ocasião para a Europa dos grandes emblemas.

Será mais um episódio de um fosso que se agrava para o Sporting, que viverá mais um defeso com interesse apenas moderado por jogadores da sua formação (Patrício, Carriço e Djaló).

Sobre os treinadores, questões diferentes. Vilas Boas é o rapaz-prodígio do panorama do futebol mundial e uma final europeia só empurrará ainda mais o discípulo de Mourinho para fora do mercado português, algo que nem a previdência de Pinto da Costa esperaria. Jesus já não dará para tanto e apesar do trabalho competente que realiza, uma Taça de Portugal pode ser pouco para a dimensão da ambição do clube. Um mau início da próxima época e será de certo o “elo mais fraco” da equação de brasileiros e argentinos.

Chegamos a Domingos. Tal como Vilas Boas no Porto, o sucesso deste treinador está alicerçado, não só mas também, na forte convicção de um caminho traçado pela direcção. Não existe nenhum treinador que consiga contrariar a desorganização estrutural e desportiva de um clube. Olhe-se o caso de Mourinho no Real Madrid, se o melhor treinador do mundo no maior clube do mundo não o consegue, conseguirá Domingos no Sporting?

Os mais optimistas estão convictos que GL e colegas serão a base fundamental para o treinador ter mais sucesso que os anteriores. Reservo as minhas dúvidas, mas mantenho a esperança que isso aconteça. Acima de tudo espero que não repitam erros habituais de gestão desportiva e leitura competitiva. O Sporting não precisa de ter nomes sonantes, mas talento visível e equilibrado. No mínimo a equipa deverá jogar bem melhor do que o que faz actualmente e ser mais preparada para resistir psicologicamente à adversidade. As equipas de Domingos são disciplinadas, arrumadas e defensivamente sólidas. Isso não chegará no Sporting. Será uma evolução, mas é preciso bem mais. A minha esperança é que com outro tipo de soluções, Paciência mostre que também sabe montar uma equipa para atrair adeptos pela qualidade de jogo.

Isto partindo do princípio, ou do fim, que Domingos rumará para Alvalade. O tabu mantém-se e a carreira do Braga só tem adiado o fim do mistério.

Até breve.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Inclinações na formação

Todos os clubes formam jogadores à sua maneira, mas existe algo inexplicável na formação do Sporting. Se formamos dos melhores extremos do mundo e nos trincos também andamos lá perto, porque raio não somos capazes de "fabricar" jogadores para outras posições? Não me lembro de um único ponta-de-lança de jeito a seguir a Cadete, dum único lateral direito a seguir ao (adaptado) Carlos Xavier, dum único lateral esquerdo a seguir ao Paulo Torres.

Até breve.

A garra em inglês

Já várias vezes falei neste blog sobre a importância de ter jogadores com um atributo que os britânicos denominam “stamina”. É um termo usado para descrever uma ideia complexa que mistura dois factores: a disponibilidade física e a resistência psicológica.
Pegando em dois exemplos para ilustrar este conceito, olhemos para Berbatov e para Chicharrito. Os dois são pontas de lança da mesma equipa, mas com estilos de jogo completamente diferentes. Berbatov é um jogador mais lento, menos interventivo, menos veloz, menos combativo, todos os atributos que o mexicano tem no inverso. Em termos de stamina Chicharrito é forte, Berbatov fraco. Claro que o búlgaro compensa o facto com atributos técnicos fora-de-série e uma inteligência de igual monta.

Uma equipa de futebol deve ter jogadores como a vedeta mexicana, jogadores que exibem energia, alegria a jogar, que “empurrem” a equipa quando as horas más apertam.
Olho para o plantel do Sporting e constato que só João Pereira, Carriço, Maniche (acho que é o primeiro elogio que lhe faço neste blog) e o saudoso Liedson dão claras garantias neste parâmetro. Não é pouco, é irrisório. Para se ter uma medida de comparação (e não mais do que isso) analisemos os nossos rivais. FC Porto com jogadores como Álvaro Pereyra, Otamendi, Guarin, Belluschi, Moutinho, C. Rodriguez, Falcão e Hulk. Benfica com Luisão, Maxi, Coentrão, Garcia, Salvio, Gaitan e Jara. Todos estes jogadores tem um grau de stamina acima da média. O que faz com que estas equipas sejam combativas e mais resistentes psicologicamente.

Mais do que isso, Benfica e Porto conseguem muitas vezes ganhar sem jogar bem, vencer seus jogos, às vezes de forma esmagadora. Isso acontece porque, obviamente marcam golos e não sofrem, mas também porque não estão dependentes de criar superioridade táctica e técnica sobre os adversários. Aqui joga o stamina. A vontade que se superioriza de querer a qualquer jogada decidir a partida. É este aspecto que penso tem faltado ao Sporting nestas duas épocas. A garra, a capacidade de assumir que se é superior ao adversário e não tremer debaixo dessa responsabilidade. Não vejo este tipo de jogadores no Sporting. Uns claramente porque não a têm e outros porque se foi esgotando à medida que as derrotas foram aparecendo. Como o caso de Evaldo e Zapater.

Quem vê o luso-brasileiro e o espanhol e se recorda do que foram no Braga e Zaragoça, sabe que parecem outros jogadores, mais conformados, menos interventivos, menos sólidos psicologicamente. Melhorarão conforme outro tipo de resultados surgirem, mas já não será nesta época.

Para o próximo defeso desenha-se uma verdadeira revolução no plantel, aposto que entre 30 a 40% do actual plantel mudará. Espero que o próximo treinador esteja a validar os avanços que este cenário já está a ter e que neste campo do stamina, a equipa seja realmente reforçada. Não podemos ter nunca Djaló, Postiga, Fernandez, Vuk e Valdez simultaneamente em campo a construir todo o ataque, não que não o saibam fazer, mas porque o fazem (com organização e superioridade) apenas de 10 em 10 minutos. Faltará sempre a garra para disputar a bola, arriscar, surpreender.

Até breve.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O jogo que vai invadir o mercado!






















(clique na imagem para ampliar)

Este promete ser o passatempo de muita gente nos próximos meses.

Até breve.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Exigência não é Impaciência

A relação dos adeptos leoninos com a qualidade da sua equipa de futebol oscila. Quando perde não vale nada e é preciso contratar muitos jogadores. Quando ganha não é assim tão má, sendo apenas precisos pequenos acertos. Diz o ditado popular que no meio é que está a virtude. Entre mudar tudo (algo que será impossível financeiramente) e não mudar nada, o Sporting precisa de mudar…o que puder. E pode muito pouco como sabemos.

Falam-se de 6, 7, 8, 9 ou 10 reforços. Acredito que aqui a humildade será mais válida que o meio-termo, mesmo em final de contrato os bons jogadores custam bastante em ordenados e prémios de assinatura. Acresce o facto de muitos dos jogadores “proscritos” em Alvalade não terem mercado, pelo menos uma procura que os faça abdicar dos contratos de sonho que assinaram.

A história do cheque e da vassoura sempre foi uma ilusão eleitoral, o cheque sobretudo, já que a vassoura essa está à espera à muitas épocas para ser ver livre de suplentes e lesionados crónicos que não acrescentam nada à equipa. Todos sabemos que 25% deste plantel não tem categoria técnica ou mental para representar um clube com as aspirações do Sporting. Outros 25% já ultrapassaram o seu prazo de validade e acomodaram-se com épocas de pouca luta e muito insucesso.

Valha-nos 50% que consiste em jogadores de grande margem de progressão, valores fiáveis e que têm aguentado este clube com dirigentes, directores e treinadores de produtividade e opções medíocres. O Sporting é como um F1 desactualizado. Precisa de motor novo, de chassis mais aerodinâmico, de um piloto melhor e de pneus mais resistentes. Sabemos que a nossa squadra apenas terá orçamento para um piloto novo e talvez um chassis mais actualizado, mas o resto será sempre uma operação de remendos…à espera que se aguente.

O sucesso da próxima época não depende assim da qualidade dos reforços, mas muito mais da evolução e melhoria dos que já cá estão. Esperar que 4 ou 5 jogadores transformem 100% a equipa, é, esperar por um daqueles milagres do futebol, que não sendo tão raros, são na mesma improváveis. O que se pode esperar e exigir é uma equipa mais competitiva, que não fique a 40 pontos do líder, ou que não tenha de lutar até à última jornada pelo apuramento para a Liga Europa. O que se exige é uma equipa que seja dominadora e superior ao adversário, pelo menos em 95% dos jogos da época.

Sem um Matias aguerrido, sem um Valdes desenbaraçado, sem um Carriço sólido, sem um Patrício providencial, sem um Postiga eficiente, sem um Pereira energético, sem um André Santos atrevido, sem um Pedro Mendes e um Izmailov aptos fisicamente, sem um Vukcevic motivado, a época será muito mais parecida com as últimas do que todos nós desejamos.

Por isso, cabe a Duque, Manuel Fernandes, Freitas e ao próximo treinador preparar o caminho para que isto aconteça. Antes dos que vêem interessa cuidar e ajudar os que estão já de camisola vestida, pois serão estes a base da próxima equipa. As aquisições falham, lesionam-se, desmotivam e preciso suporte para que uma compra não seja uma questão de tudo ou nada.

Os que tanto clamam pelas fracas exibições de Torsiglieri, terão de no futuro, talvez noutro clube, de o elogiar, talvez nessa altura digam “que pena o Sporting não ter aproveitado este jogador”. A hipocrisia dos “analistas” chega ao ponto de quando nunca reparam em Varela, Gimenez, Heinze, Nuno Assis ou Caicedo, afirmarem mais tarde que o clube se tinha enganado. Quem perdeu foi o Sporting. O defesa central argentino é só um exemplo de como se é impaciente no Sporting.

Até breve.

domingo, 10 de abril de 2011

Advogado do diabo

Sei que a opinião que vou dar neste post não é consensual e que muitos irão pensar que estou a atalhar pelo "contra" para defender algo que é obviamente adverso aos interesses do Sporting, mas não consigo deixar de logicamente pensar que o devo exprimir.

O 3º lugar na liga, para mim, pode não ser o melhor a longo prazo para o Sporting.

A frase parece idiota, mas leiam antes de fazer qualquer interpretação. Penso que o melhor para o Sporting seria ficar em 4º lugar. Porquê?

1- Porque tendo de acelerar a preparação em cerca de um mês, a habitual indecisão e pasmaceira negocial do clube teriam de ser contrariadas. Seria óbvio que qualquer reforço terá de ficar fechado em Junho e o plantel definido no final desse mesmo mês.

2- A equipa teria mais um mês de trabalho quando se iniciasse a Liga Portuguesa, o que dará mais tempo a um treinador novo para dar novas instruções tácticas.

3- A preparação física desta equipa roça o amadorismo. Uma pré-época com jogos a sério pode definir mais depressa os índices atléticos dos jogadores mais "preguiçosos".

É óbvio que não desejo que fiquemos em 4º lugar. Apenas defendo que ir à pré-eliminatória da Liga Europa também trará benefícios, não sendo portanto uma tragédia. Aliás, face à época miserável que estamos a fazer é justo dizer que neste momento o Braga é mais equipa do que o Sporting e não tendo as nossas "estrelas", é pelo menos pacifico que, salvo uma recta final excelente do Sporting, merecem o 3º lugar. Depois do embate frente ao rival do Minho e o clássico no Dragão da próxima semana, serão mais claras as hipóteses de existir luta até ao final.

Até breve.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nome sonante para reforçar Sporting - Descubra quem é

Europa, Domingos e o Sporting

Com 2 equipas (Benfica e Porto) já com um pé nas meias-finais da Liga Europa e outra com meio (Braga) só posso expressar o meu orgulho pelo que estas equipas estão a conseguir. Até pareceu fácil. A armada argentina destruiu o PSV, Falcão afundou o Spartak e o colectivo do Braga susteve o frio e a chuva para deixar um Dinamo deprimido.

Fui fazendo zapping pelas partidas e não posso fazer uma análise muito concreta de nenhuma delas, mas sempre fui acompanhando com mais interesse o jogo de Kiev. É evidente a organização deste Braga. O que é notável é a volta que este Braga deu. Um mês e meio atrás toda a gente dava esta equipa por uma sombra da formação da época anterior, eu inclusive. Mas o futebol é rico em surpresas e ninguém está mais surpreendido do que o próprio presidente do clube, que depois de discretamente apalavrar Leonardo Jardim, viu um Domingos ressuscitar para mais uma sucessão recordes.

Olhando para o Braga torna-se difícil destacar jogadores. Alan já não resolve tudo e já não há Mateus, não há Eduardo, não há Moisés, não há Aguiar. As contratações fracassaram quase todas, mas Custódio, Salino, Hélder Barbosa, Artur e Kaka são valores médios que seguraram as pontas e Lima foi uma jogada de génio (tantas vezes disse que era uma boa contratação para o Sporting).

Sílvio, Rodriguez, Hugo Viana, Paulo César e Alan são a espinha dorsal desta equipa que sofre frente a equipas que lhe dão o domínio do jogo, mas que brilha bem alto na gestão de resultados e contra-ataque. Aliás esta é a minha grande reserva quanto ao valor do treinador Domingos, a sua capacidade para dar ao Sporting um perfil diferente do que tem. Mas verdade seja dita, o Braga pode, por duas vezes ficar à frente dos leões e apresentar um futebol bem mais organizado. Individualmente este Braga está longe do que vale o Sporting. Será que Domingos com melhores jogadores fará melhor do que fez no Braga?

Esta interrogação torna-se mais interessante se pensarmos que por duas vezes Domingos esteve à beira do despedimento. Logo no inicio depois da eliminação europeia com o Elfsborg e já nesta época depois de perder com Rio Ave, Beira Mar e Guimarães. No Sporting teríamos a Paciência que existiu no Braga? A próxima época trará, ao que parece, mais e melhores jogadores, o que será cobrado ao treinador para que apresente resultados bem acima do que se tem feito nas últimas duas épocas. Valha a verdade que será quase impossível piorar o registo.

Não tenho dúvidas que o Sporting é neste momento um desafio tão grande, que só gente com muita coragem e confiança terá condições para aceitar. Carvalhal, Paulo Sérgio e Couceiro nunca conseguiram descolar o clube de prestações miseráveis, descrédito e muita desorganização. Conseguirá Domingos? Se o fizer chegará ao patamar mais alto do desporto nacional.

Até breve. 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Notas bem soltas

Era sensacional para o prestígio do nosso futebol, colocar 3 equipas nas meias-finais da Liga Europa. Sei que é uma espécie de 2ª divisão europeia, mas também é óbvio que é cada vez mais uma montra para clubes e jogadores, com prémios financeiros bem acima das míseras receitas que internamente os clubes têm direito. Assim sendo desejo às 3 equipas o mesmo, vitórias.

Corre por aí um boato, que Patrício pode ser vendido ao Manchester United por 10 milhões de euros. Só pode ser piada. O jogador vale bem mais do que isso, além disso não me parece que uma direcção ainda acabada de entrar venda por tão pouco um dos poucos jogadores que se está a valorizar. 9 me pagou o mesmo clube por um tal de Bebe. Acho que está tudo dito.

A direcção de GL acaba de injectar 2,5me na tesouraria da SAD. É impressionante como continuam a deixar sair notícias deste género. Ninguém sai beneficiado pelo conhecimento público destes factos. Nem sócios, nem direcção, nem credores. Aliás nem quero imaginar de onde veio tal injecção.

Estão a ser evidentes os esforços por trazer mais público a Alvalade na próxima partida, aplaudo esta iniciativa. Veremos se ainda há alguém que seja convencido a ir a Alvalade, que se disponha a ver mais um episódio da saga desta equipa.

Cardinal e os Super Dragões. O rapaz teve azar, nunca na vida deve ter imaginado ser identificado. Mas aconteceu e depois de tão fervorosa manifestação de portismo vai ser complicado receber aplausos das torcidas leoninas. E logo ele que estava a dar tantas alegrias às mesmas.

GL continua a ser o melhor amigo da imprensa. Agora anunciou que espera fechar contratações até ao próximo Domingo. Não seria melhor fechar as mesmas sem tanto alarido? Fala-se demais neste novo Sporting. Passámos de um Bettencourt ausente para um Lopes hiper-presente. Qualquer dia temos o Duque amuado…

Caneira e Izmailov regressam na mesma altura às boas graças da equipa. Ele há com cada coincidência.

Mudar as cadeiras para as cores do clube custará à volta de 1.2me ao Sporting. É uma exorbitância. Deixem lá as cadeiras e usem o dinheiro para outras coisas mais importantes. Uma cadeira vazia tanto se me dá que seja verde como preta. Parece-me o mesmo que uma pessoa no desemprego estar preocupada com a cor da t-shirt rota que tem. Concordo com a mudança de visual do estádio, mas apenas quando o negócio for mais simpático. Encontrem-se parcerias para o fornecimento das mesmas a troco de publicidade, voluntários (as claques costumam saber como arrancá-las, pode ser que sejam boas para as colocar) e se calhar a coisa ficava bem mais barata.

Até breve.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Investir em campeões

Um dos grandes problemas do Sporting, talvez o maior, está na sua politica de contratações. Investe-se muito e na proporção do que se recebe, investe-se mal. O perfil de um jogador do Sporting não está criado. Ninguém sabe o que se deve procurar. Depois temos plantéis repletos de habilidade, de velocidade e força que não são acompanhados com uma atitude mental apropriada.

O Sporting não tem comprado “campeões”. Tem comprado jogadores com títulos, mas sem aquilo que se denomina como alto rendimento. Ao ver jogadores como Moutinho, Luisão ou Coentrão é fácil entender a sua disponibilidade para atacar cada envolvimento com total foco e energia. Isso faz esconder as suas fraquezas e melhorar muito as suas potencialidades.

Ter um Djaló rápido, um Zapater robusto, um Matias habilidoso é muito bonito e podemos recolher 2 ou 3 intervenções magníficas em cada jogo. E o resto. A performance de um atleta avalia-se na totalidade da sua participação. Djaló é capaz de passar 15 minutos sem intervir na partida, Zapater é capaz de não procurar apoiar o ataque vezes sem conta, Matias perde tantas bolas como as que consegue fazer passar aos avançados.

Nenhum destes 3 atletas tem o que se chama “perfil” de campeão, que é facilmente trocado por adjectivos como garra, presença, influência no jogo. São capazes do o fazer? Claro. Se jogarem nas posições certas, tacticamente trabalhados com as noções colectivas definidas podem vir a disfarçar uma força mental.

A diferença de Ronaldo do Sporting, para o Ronaldo do Manchester e Real Madrid é abismal. O primeiro era um talento de técnica, um artista. O segundo é um marcador de golos prolífico e um desiquilibrador nato. O primeiro era um habilidoso miúdo colado à linha, o segundo um jogador que lidera a equipa enchendo o campo com o seu futebol.

Foi só uma questão de amadurecimento? Não. Ronaldo foi trabalhado, exaustivamente, principalmente por que o quis e depois porque Ferguson disciplina os seus “miúdos” para serem futebolistas e não artistas da bola. O mesmo poderá ser feito com muitos talentos que existem nesta equipa do Sporting. Ronaldo tinha o potencial, mas o que duvido é do potencial das contratações que fazemos há dezenas de anos. Acima de tudo esquecemo-nos de avaliar o jogador como um todo.

Guarin é o protótipo de jogador muito limitado, mas com uma interferência essencial no jogo. O melhor exemplo disto chama-se Fletcher o médio escocês do Man Utd. Não é especialmente bom em nada, mas aceitável em tudo, mas o que verdadeiramente o torna capaz de segurar a titularidade no onze de Ferguson é a sua disponibilidade, a sua participação total no jogo. Não há hiatos, não há amuos, não há desistência. É um campeão.

Saibamos nós investir em jogadores com este perfil e muitos problemas “psicológicos” nem sequer teriam o seu início. 

Até breve.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Futebol ou Trauma?

Problemas psicológicos? Não acho. O empate do Sporting em Guimarães só é um mau resultado porque a 1 minuto e meio do fim estávamos a ganhar. A estratégia podia ter resultado, uns minutos antes do empate Djaló podia ter acabado o jogo. Chama-se a isto…futebol. Ninguém pode dizer que o Sporting jogou mal, bem pelo contrário, a equipa foi realista e não se viu até ao golo do empate uma equipa insegura e medrosa.

De facto, penso que existe muito mais talento neste plantel do que é aparente pelos resultados, esses sim são trágicos e poderão valer até um 4º. Não deixará se ser humilhante ver o Braga passar-nos à frente, quando têm feito uma Liga tão irregular e disputam ainda a Liga Europa com vários problemas de lesões. É o pior/melhor cartão de visita de Domingos antes de rumar a Alvalade.

Se analisarmos tudo o que tem acontecido à equipa do Sporting será difícil exigir mais aos jogadores. Houve luta, houve concentração e só um inspirado central do Guimarães (que se adianta num livre e não recua depois do alívio, o que seria o normal, para à ponta-de-lança finalizar) consegui furar o razoável esquema defensivo dos leões.

Nada está perdido, O Guimarães não ganhando fica quase fora da luta. O Braga assume a liderança por agora, mas até à última jornada existem todas as condições para chegar à cidade dos Arcebispos com alguma vantagem. O Porto recebe o Sporting 3 dias depois da 2ª mão da Liga Europa, temos 3 jogos acessíveis em casa, portanto não vale a pena continuar a analisar as fragilidades deste ou daquele sector. A época há muito que estava comprometida.

Isto não impede de quem de direito analisar friamente o que fazer quanto a alguns jogadores que talvez não tenham nem irão ter o valor que o Sporting precisa para ser mais competitivo. Mas se o jogo de Guimarães provou alguma coisa é de que nada vale a histeria e o medo, é preciso apoiar a equipa e de certa forma colocar a exigência nas decisões da próxima época. Couceiro está a tentar segurar uma equipa cheia de instabilidades, mas não penso que a “parede” esteja prestes a cair. Uma vitória no próximo jogo e o panorama (que será sempre mau) catastrófico desaparecerá.

A pior época de sempre está perto de terminar. Cada jogo é menos um pesadelo e à que jogar com esse factor. Também os jogadores parecem “exaustos” e sofrer um golo nos descontos não é demonstrativo de problemas psicológicos, é uma casualidade do futebol.

Até breve. 

sábado, 2 de abril de 2011

O Marcelo Caetano do Sporting

Assim que vi a comunicação de GL aos sócios na entrada do site scp.pt, algo na minha memória fez uma ligação tremenda. Aquele pequeno vídeo de 4 minutos tem qualquer coisa de muito generoso na sua razão de ser. É uma vontade sincera de falar com os sócios. Mas caro GL falar com os sócios não é fazer campanha. Não é estar repetidamente a auto-elogiar as suas acções e intenções. Isso chama-se um monólogo. E é tudo o que não precisamos. Precisamos de diálogo.

Mas esta generosidade, esta cordialidade, esta incapacidade de adequar a intenção ao meio e ao que o publico quer ouvir é a repetição de um mandato político de alguém que ficou para a história como Professor Marcelo Caetano. O professor era um bom homem, tinha excelentes intenções, pode-se até dizer que era um patriota. Mas a herança da mão pesada de Salazar era algo que nunca estaria à sua altura. Não quis ser um ditador, mas não soube ouvir os gritos de mudança. Pensou que teria mais tempo para adaptar um regime de ditadura a algo remotamente parecido com uma democracia.

Não teve esse tempo. Não teve a compreensão. Não teve a capacidade para transformar uma máquina que operava sozinha, incontrolável. O tempo passou e Marcelo não só não tinha desmantelado a máquina como já era controlado por ela. Essa máquina era o regime, a vontade de nada mudar, a insaciável sede de mandar e não dividir poder. GL é uma espécie de Marcelo desportivo. Também ele é a continuidade de um regime, também ele quer mudar qualquer coisa para satisfazer os sócios, também ele tem a ingenuidade de acreditar que pode travar a história.

Não sei se será um 25 de Abril a retirar GL do poder. Espero que não. O Sporting não pode viver Verões Quentes, não pode viver PRECS, não tem a vitalidade para atravessar a banca rota dos anos 80, nem a salvação da CEE. O que o Sporting precisa é de um Marcelo Caetano, que desligue a "máquina" e varra, não o plantel, mas o regime e as suas ideias de elitismo, conformismo e secretismo. O que o Sporting precisa é de um GL que seja um verdadeiro Capitão de Abril. Que abra as portas à democracia, à justiça e igualdade entre sócios.

Não o compreender será ficar à mercê dos chaimites montados pelos capitães de um mês qualquer que depois de alguma derrota estrondosa no relvado irão subir ao Carmo e pedir a sua cabeça. Só então GL entenderá que foi ultrapassado pela própria história do Sporting, de Portugal.

Até breve.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

14 de Maio de 2000

Um tal de Sabry deu-me uma semana de insónias. Todos os dias passava o tempo a tentar tirar a cabeça um jogo que realizaria numa tarde do próximo Domingo. Estava no meu último ano de Faculdade e nem os trabalhos finais me impediam de todos os dias devorar o jornal desportivo na viagem de comboio e autocarro. Tinha sempre o medo de abrir o jornal e aparecer a lesão de um qualquer jogador importante. Podia ser o Acosta, podia ser o Duscher, podia ser Schmeichel, podia até ser André Cruz.

Os dias foram passando e foram muitas as promessas de comparsas sportinguistas de que o bilhete para Vidal Pinheiro estaria garantido por qualquer coisa entre 10 e 18 contos. Disse que sim a 3 ou 4 pessoas que me perguntavam se queria mesmo o bilhete. Queria o bilhete e o resto logo se veria. Chegado a quinta-feira caiu-me um balde de água fria. Nada de bilhetes. Nem um tal de Tó da Costa da Caparica, que me disseram vender o seu bilhete por 30 contos atendia o telefone (devo ter ligado umas boas 30 vezes).

Nessa mesma Quinta-feira assegurei um fantástico lugar numa mesa de uma tasca de afinidade comprovadamente leonina. Seria um final de tarde de Maio em frente ao ecrã e acompanhado de amigos leões e muitas imperiais. Até Sábado foram vários os amigos benfiquistas que me alertavam para as manobras de árbitros, para os prémios especiais do Porto aos vizinhos do Salgueiros, para a necessidade do clube de Paranhos vencer para não descer de divisão. Foi difícil dormir, foi complicado comer, era só Sporting.

No Sábado à tarde entrei em “estágio”. Juntamente com dois amigos “doentes” como eu, fomos a Alvalade só para sentir o clima. Não resultou, não havia ambiente nenhum. Só bancas de vendas de merchandising e os habituais “doentes” que só eram piores do que nós porque estavam lá desde as 8h00 da manhã. De regresso a casa reparei num fenómeno que só teria comparação no Euro 2004, muitas varandas, janelas, estendais e afins sustentavam bandeiras, cachecóis, até peluches do Sporting. Aquilo fez-me entender a grandeza do clube. Éramos muitos mais do que parecíamos.

Sábado adormeci com o Sporting e Domingo acordei da mesma forma. Mas mais calmo. Não quis ler jornais nem ver noticiários, só queria que as horas passassem. E passaram. Na cadeira rangente da tasca, sentei-me, tinha dois cachecóis e a camisola vestida, uma camisola fetiche de patrocínio Castelões. Com aquela tinha perdido um título, mas vingaria hoje o propósito com que a tinha comprado uns anos antes.

As imperiais tiveram um efeito rápido e a confusão na tasca fez-me dispersar o suficiente para só dar pelo começo da transmissão aquando da entrada das equipas. O Sporting precisava de ganhar o jogo. O Porto jogava em Barcelos e só tinha um ponto de desvantagem. O Gil Vicente não parecia ter equipa para roubar a vitória a Jardel e companhia. Ambos os jogos estavam a dar na televisão, por vezes ao mesmo tempo.

Lembro-me da Nossa Senhora de Fátima na mão fechada de Inácio e dos semblantes carregados de André Cruz e Vidigal. O Sporting não jogava bem nem mal, jogava sério. O Salgueiros não jogava, mas corria e lutava. O Porto inesperadamente já estava a perder, mas seria fácil dar a volta. Voltando a Vidal Pinheiro…Livre directo. Como tantas vezes nessa época a esperança estava nos pés de André Cruz. …..não vi nada….só gritos e saltos e coisas pelo ar. Aparentemente a bola tinha entrado. Só à 4ª ou 5ª repetição me apercebi que podia estar próxima a minha primeira festa de um título de campeão. O sentimento foi crescendo à medida que a equipa se soltava em jogo depois de estar a ganhar. Golo de Ayew! Nem achava o jogador nada de especial, mas naquele momento era um Maradona para mim. O Porto empatava a partida em Barcelos, mas a sensação já não ia embora…eu ia mesmo ser campeão! Até ao final do jogo, foram mais 2 golos que confesso só ter visto com olhos de ver no dia a seguir, já só me importava a festa.

Ainda a partida não tinha acabado e já tinha saltado para uma carrinha de caixa aberta, conduzida por alguém que eu não conhecia, onde só os meus dois “doentes” comparsas me eram familiares. Mas eu queria lá saber, naquela hora qualquer um que tivesse qualquer coisa verde na roupa era meu amigo. A segurança com que chegámos à Alvalade foi questionável, naquela caixa aberta deviam estar mais de 30 pessoas aos saltos. Por várias vezes saltámos para a estrada na 2ª circular, para cumprimentar estupidamente os carros que passavam com bandeiras verde e brancas.

No leitor de cassetes da carrinha, os hinos da Juve Leo e a marcha do Sporting eram colocados a tocar no máximo, mas nem assim se ouvia mais do que os gritos Sporting! Sporting! oriundos de todo os lados na estrada. Muito antes de chegar ao Estádio, saímos da carrinha, não dava mais para continuar na marcha lenta que 2 ou 3 kms antes tínhamos iniciado. A polícia obrigava a fazer um circuito entre grades, mas eu queria lá saber de grades! Só queria chegar.

A cintura do estádio tinha centenas ou milhares de loucos como eu. Entre muitos corria a notícia de que a equipa chegaria não ao estádio mas ao Marquês de Pombal. Como chegar lá? Nem sequer concebemos a ideia de apanhar um autocarro ou metro para o centro da cidade. Como muitos outros começamos a caminha para o Campo Grande, Saldanha e só vos posso dizer que eram milhares nas Avenidas, muitos desistiram de lá chegar de automóvel, muitos desistiram ao ver a massa que desfilava em festa pela rua a pé.

Só 2 horas depois chegaria ao Marquês. Mas cheguei a tempo. As recordações da rotunda mais famosa de Lisboa são nebulosas, a falta de comida, cansaço e umas imperiais a mais diluíram na minha memória a festa que fiz. Voltei ainda ao Estádio de Alvalade onde às tantas da manhã, alimentado por 3 ou 4 nougats e um cachorro quente a equipa chegou. As luzes apagaram-se e eu apaguei-me num nó na garganta que só acalmou quando o último jogador entrou em campo. Ao som do “We Are The Champions” abracei-me aos meus “doentes” amigos e fumei um cigarro a pensar nas emoções fantásticas que o Sporting me estava a proporcionar, na imensa felicidade que as pessoas à minha volta sentiam.

O frio daquela noite de Maio não entrava no velho Alvalade, suava de calor ao lado de mais de 70 mil pessoas. Cheguei a casa às 09h00 da manhã, graças ao amigo Januário, o tal condutor da carrinha de caixa aberta, que fez uma digressão por meia Lisboa e arredores. Deixou cada um nos seus destinos. Eu e os meus colegas fomos os últimos. Januário teria ainda de regressar a Torres Novas (ou Vedras, já não me recordo) juntamente com o seu filho que nem ligava ao futebol, mas estava contagiado pela euforia do pai.

Deitei-me nessa manhã com a sensação que o Sporting era enorme, um gigante de alma e coração inabalável, fechei os olhos com a esperança de voltar a sentir tudo aquilo mais vezes. Só aconteceu mais uma vez, mas esse relato fica para outra oportunidade.

Até breve. 

À Lupa

Os reforços que se anunciam são bons. Muito bons se tivermos em conta a saúde financeira do clube. Não será fácil que coloquem um pé em Alvalade, mas antes de começar a desmontar a ilusão é hora de conhecermos um pouco quem são estes jogadores:

Óscar Wendt – 25 anos – 1,81m - 13 int. A pela Suécia
Carreira: Gotemburgo, FC Copenhaga
Esquerdino, Posição de origem - Lateral esquerdo, Adaptação: Lateral direito
Valor de Mercado: 3me
Agente: Autostrada Agents DB / Samuel Edoh
Clubes interessados: Benfica, Liverpool, Newcastle, Palermo, Marselha
Condições prováveis de transferência: fim de contrato

É um jogador que levaria o seu tempo a adaptar-se ao futebol latino, mas é o lateral esquerdo da Selecção Sueca e isso prova algum valor. Está referenciado como um jogador de equipa, regular, sem grandes habilidades, mas bom a cruzar. O Sporting seria um bom portão de entrada para a Europa dos grandes.

Esequiel Garay – 24 anos – 1,88m – 2 int. A pela Argentina
Carreira: Newells Old Boys, R.Santander, R.Madrid
Dextro, Posição de origem – Central
Valor de Mercado: 10me
Agente: Front Group / Renato Cedrola
Clubes interessados: Lyon, R.Santander, Milan, Fenerbache
Condições prováveis de transferência: empréstimo com opção de compra – 8.5me

Tapado por Carvalho e Pepe no Real Madrid este argentino tem tudo para ser um grande central. É muito bom no jogo aéreo, certo na marcação e possui uma boa capacidade de passe. Tenho dúvidas que queira trocar o gigante espanhol pelo Sporting.

Alberto Rodriguez – 27 anos – 1,82m - 31 int. A pelo Peru
Carreira: Sp.Cristal , Braga
Dextro, Posição de origem – Central
Valor de Mercado: 4,2me
Agente: Danko Dikic
Clubes interessados: Hércules, AEK Atenas, Olympiakos
Condições prováveis de transferência: fim de contrato

Já todos conhecemos este jogador. É muito bom na marcação, tem algumas deficiências no jogo aéreo, mas compensa com um excelente posicionamento. Já esteve com um pé no Porto e por mais de uma vez foi interesse do Sporting.

Alex Silva – 26 anos – 1,93m - 2 int. A pelo Brasil
Carreira: Ponte Preta, Rennes, Vitória, Iraty, São Paulo, Hamburgo, São Paulo
Dextro, Posição de origem - Central, Adaptação: Lateral direito e médio defensivo
Valor de Mercado: 4,5me
Agente: MJF / Juan Figuer
Clubes interessados: VFB Estugarda, Wolfsburgo, Rapid Viena
Condições prováveis de transferência: fim de contrato

Confesso que nunca vi jogar este jogador. É irmão de Luisão do Benfica.

Eran Zahavi – 23 anos – 1,78m - 4 int. A por Israel (dupla nac. Francesa)
Carreira: H. Tel Aviv, HáSharon FC, H. Tel Aviv
Ambidextro, Posição de origem – médio centro ofensivo, Adaptação: ala esquerda e direita
Valor de Mercado: 1me
Agente: DD / Dudu Dahan
Clubes interessados: Toulouse, Rennes, Middlesbrough
Condições prováveis de transferência: compra – 1.5me

Na retina teremos sempre as exibições que fez contra o Benfica e o golo de bicicleta que marcou ao Lyon. É o típico jogador israelita, rápido, bons pés e bom na finalização. Será um mistério o que será capaz de fazer num clube como o Sporting

Deivson da Silva (Bobo) – 26 anos – 1,86m – 6 int. Sub 20 pelo Brasil
Carreira: Corinthians, Besiktas, Corinthians, Besiktas
Dextro, Posição de origem – Avançado centro
Valor de Mercado: 9.5me
Agente: Euro Export / G.Bertolucci
Clubes interessados: Atl. Madrid, Galatasaray, Panathinaikos, Sampdoria
Condições prováveis de transferência: fim de contrato

As semelhanças com Liedson são poucas. Bobo é mais posicional, menos lutador, mas mais rato de área. Haverá muitos bons clubes europeus a querer o brasileiro, será difícil que escolha Portugal como destino.

João Silva (Jo) – 24 anos – 1,89m - 3 int. A pelo Brasil
Carreira: Corinthians, CSKA Moscovo, Everton, Man City, Galatasaray, Man City
Esquerdino, Posição de origem – Avançado centro
Valor de Mercado: 7me
Agente: Euro Export / G.Bertolucci
Clubes interessados: Corinthians, Palmeiras, Rubin K.
Condições prováveis de transferência: venda com participação de lucros – ?me

Há anos que percorre um calvário de lesionado e de suplente crónico. Foi um grande investimento do Manchester City, que contratou este jogador na altura em que era uma revelação no Brasileirão. Nunca confirmou os seus créditos e apesar do talento extraordinário, nunca foi capaz de render o que se perspectivava. Será sempre um risco investir grandes somas num jogador com este historial. Ainda estamos a “arder” com o Pongolle.

Hugo Almeida – 26 anos – 1,91m – 36 int. A por Portugal (16 golos)
Carreira: Porto, U.Leiria, Boavista, Porto, W.Bremen, Besiktas
Esquerdino, Posição de origem – Avançado centro
Valor de Mercado: 8me
Agente: Gestifute / Jorge Mendes
Clubes interessados: Benfica
Condições prováveis de transferência: venda parcial de passe – ?me

É possante e bom jogador de equipa, mas para o valor que custa, desperdiça muitas oportunidades de golo. Não tem sido nunca um avançado com a titularidade garantida. Quer voltar para Portugal, mas o pior é convencer o multimilionário presidente do Besiktas a libertar um jogador que lhe custou em Dezembro 2me.

Resumindo, se Wendt é de caras uma necessidade da equipa, 3 centrais será um exagero. Penso que Alex Silva e Rodriguez serão aspirações mais reais, Garay uma hipótese remota. Mantendo Carriço e Torsiglieri, só sobram 2 vagas.
Zahavi pode até ser um bom jogador, mas com um Izmailov e um Vukcevic no clube e em condições seria sempre um suplente. Com a renovação de Postiga, abre-se apenas uma vaga para avançado e Bobo é de caras o valor mais seguro (e barato) para o Sporting. Destes 8 apenas 4 serão prováveis. E serão essenciais.

Até breve.