quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A estocada (quase) final

Com o alargamento da Liga a 18 clubes, com o possível regresso do Boavista, com a cúpula do futebol português a ser dominada pelos clubes "sobreviventes", penso que se dará o golpe final no descrédito do dirigismo do desporto-rei em Portugal, com sinais claros para todos de que o crime aqui compensa largamente.

Não me admirava mesmo nada que alguns patrocinadores não queiram estar associados a esta gentalha e sobretudo a uma Liga cada vez mais "aberta" ao não espectáculo, ao mau futebol, ao anti-jogo e à contestação permanente. Os árbitros são cada vez mais incompetentes, e ninguém pode censurar uma classe a que ninguém no seu perfeito juízo adere facilmente.

A crise de receitas já é o que é, será em diante agravada por uma quantidade de jogos não rentáveis e pela extinção da Taça da Liga que para o modelo de participação que continha até estava financeiramente atractiva. Na Liga dos Campeões será cada vez mais difícil amealhar vitórias (a ascensão dos clubes de Leste, germânicos e franceses é óbvia) e os milhões de euros serão cada vez menos.

Os clubes vão rapando o tacho da Olivedesportos e os atletas de algum valor passam cada vez menos pelo burgo, até pela tributação que é bastante mais elevada que nos restantes países europeus.

As equipas B serão um custo adicional, mas é mesmo o único facto positivo que se desenha para as próximas épocas. Virá mesmo a tempo de no futuro colmatar algumas vagas, deixando os investimentos "pesados" para um nível de atletas superior. A ver vamos se os "sobreviventes" e decrépitos clubes da Orangina não acabam por legalmente descobrir um caminho para boicotar o processo. Nada que me espantasse.

Até breve.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Das tripas...reflexão

Dois pensamentos me ocorrem depois do jogo com o Légia.

1/ O Sporting de Sá Pinto empenha-se, por vezes com uma genica que não aguenta, em vaga após vaga, sprint após sprint conter e superar o adversário. Deixando para já a técnica em prejuízo da força, tentando que as peças estejam sempre no sítio certo. É mais organizado por via do esforço e menos da inteligência. O recém treinador do Sporting cumpriu com o que prometeu - este Sporting é, à sua semelhança. mais combativo e sério nas abordagens aos jogos.

2/O problema de estabelecer o pensamento anterior é que se torna notório que a equipa se esvai no vai e vem das jogadas, deixando pouca inspiração e pernas para criar desequilíbrios no adversário. Ou seja "prendendo" a equipa a um jogo mais posicional, o Sporting estagnou criativamente. Não há oportunidades e jogadores como Wolfswinkel, Capel, Carrilho ou Matias acabam partidas sem remates à baliza. O que é curioso é que os mesmos estão bem mais efectivos na missão defensiva.

Entendo que a reflexão nasça a partir destes dois pressupostos. Adivinho a análise de Sá Pinto à equipa de Domingos:

- uma equipa algo desorganizada com papéis equívocos face às capacidades de alguns jogadores;
- dificuldade em suster os ataques entre linhas dos adversários (ausência de jogadores posicionais no meio-campo);
- um prejuízo moral enorme face a um final de 2011 e início de 2012 sempre a perder pontos;
- muitos jogadores à beira do colapso motivacional (André Santos, Polga, Pereirinha, Carriço, Izmailov, Jeffren);
- muitos jogadores a "medo" depois de complicações físicas.

A solução, pelos vistos, aos olhos de RSP foi:

- injectar um discurso de confiança e total cumplicidade com os jogadores;
- usar um critério uniforme e equidistante "todos atacam, todos defendem";
- exigir aos jogadores mais talentosos e experientes a responsabilidade de "darem mais que" os restantes (é notória a assunção de jogo de Matias, Schaars, Pereira e Elias);
- preparar lances de bola parada usando melhor as forças e fraquezas do plantel;
- correr mais que os adversários e lutar muito mais pela posse de bola.

Estas medidas eu consigo ver, acredito que sejam muitas mais, mas será ainda cedo para o treinador implementar diferentes tipos de jogo, mantendo-se para já o "laboratório" fechado e usando-se a preparação táctica de Domingos. De facto com 2 jogos por semana, é quase impossível, com as ausências por lesão actuais, mudar o que quer que seja. É esse o problema maior de RSP e do Sporting.

Com lesões sucessivas e numa fase decisiva da época, este Sporting será muito mais o que resta de Domingos, do que uma nova versão de Sá Pinto - responsabilidade primária da direcção que acreditou, talvez em demasia no efeito positivo da chicotada psicológica. Aposto que o clube ganharia bem mais com uma chicotada na preparação física e recuperação dos jogadores.

Na próxima partida é possível partir do principio que Patricio, Onyewu, Rodriguez, Rinaudo, Izmailov, Jeffren e Carrilho estejam indisponíveis...é absurdo. É quase óbvio o onze que sobra: Boeck, Pereira, Insua, Polga, Xandão, Carriço ou André Santos, Schaars, Elias, Matias, Wolfswinkel e Capel.

Até breve.

Infelizmente...

...qualquer que seja o resultado ou o clube apurado nesta eliminatória entre Sporting e Légia, a noite irá provavelmente acabar muito mal. Desde o início da semana que é fácil de entender a "motivação" de alguns membros da claque polaca e não é boa. Espanta-me a passividade das polícias portuguesas nestes casos, nunca agindo preventivamente. Já tem até precedentes bastante recentes, o que vi nas horas prévias ao Sporting-Atl.Madrid também para a Liga Europa já me tinha surpreendido bastante, espero não ir  assistir desta vez a nada que piore a minha opinião.

Até breve.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nunca te assobiarei


Está sentado no Estádio de Alvalade. Não está a gostar da forma como a equipa se exibe. Teme que se repitam outros desaires. Teme que se repitam outras épocas. O que faz? A cada passe errado – assobia. A cada lance eminente de golo adversário – assobia. A cada contra-ataque que demora em sair – assobia. Como tu outros começam a repetir o gesto. Agora sentes-te apoiado, com razão. Pensas que pressionados os jogadores podem acordar da letargia, podem sentir-se obrigados a correr mais, a jogar melhor, a ganhar o jogo.

Interpretas o teu desagrado como um chicote que desperta o trote do cavalo. Imaginas que a cada vaia fazes um upgrade exibicional ao 11 em campo. Até sabes que pode não ser muito eficaz, mas já não consegues ficar sossegado, a distancia entre aquilo que achas que a equipa pode fazer e a realidade é enorme., talvez....se eles também sentirem isso...afinal ganham tanto dinheiro...

Mas meu caro, estás enganado. A cada vaia, a pouca confiança de cada jogador é drenada, como uma esponja sobre uma poça, a insegurança engorda e o que resta não é um jogador de futebol, é um autómato que se limita a fazer o básico – correr, dar a bola a um colega, ocupar o seu espaço defensivamente, cumprir os serviços obrigatórios. A imaginação, a finta, o instante de surpresa em que se inventa uma nova forma de ultrapassar o adversário...esvai-se a cada assobio.

Quem já jogou à bola, não me canso de dizer, sabe perfeitamente, que um jogador que imagine que os sócios, o treinador ou a direcção não está com ele...vale 30% ou menos em campo. A motivação e os índices de confiança são grande parte do arsenal de qualidades essenciais a um atleta de alta competição. Em jogos colectivos, dispersam-se as responsabilidades, mas acentuam-se as dificuldades de resolução dos problemas.

Sinceramente não posso concordar com a explicação “os sócios têm direito a manifestar o seu desagrado”. Não. Não têm. Muitos dos que assobiam a equipa afirmam que a geração Roquette destruiu o clube, que quis transformar os sócios em clientes, mas comportam-se exactamente como tal, distanciando-se da equipa o suficiente para serem juízes em causa própria. Clientes.

Os adeptos apoiam, estimulam, dão moral, incentivam. Em lado nenhum nas regras ancestrais do futebol vem escrito, que só o fazem se a equipa ganhar ou jogar bem. Não. Fazem-no independentemente da tabela classificativa, seja qual for o grau de futebol que esteja a praticar. Isto é um adepto.

Ao longo dos anos já vi muitos espectáculos traumáticos em Alvalade, já saí várias vezes a meio da segunda parte, já cheguei a não ir a jogos depois de resultados muito negativos, mas nunca assobiei a equipa, nem no geral nem muito menos algum jogador em particular. Isso é o meu orgulho. Ensinaram-me que o Sporting é qualquer coisa muito maior que o momento da equipa, ou que a qualidade dos jogos e aprendi a venerar a camisola verde às listas como das poucas coisas na vida que não se questionam.

Eu sou um adepto, e apoio o Sporting Clube de Portugal. Não o assobiarei nunca, mesmo que não goste de nenhum jogador, mesmo que odeie o treinador, mesmo que esteja a dirigir o clube a elenco mais tirano ou corrupto de todos os tempos. Não confundo o jogo e o clube com as pessoas que vão e vêm.

Até breve. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ao sabor das vitórias

Ao despedir Domingos, o Sporting cedeu. Cedeu na coerência, cedeu na concretização de uma ideia. Se Domingos até Dezembro era um grande treinador, não era pelos maus resultados que de repente o teria deixado de ser. Compreendo que não foi isto que o empurrou para a porta de saída, mas sim a dificuldade da equipa em sair de um buraco exibicional em que não dava sinais de conseguir inverter a tendência de arruinar mais uma época.

Mas até que ponto o Sporting resolveu o problema? Se quisermos pensar que Sá Pinto tem um modo de operar capaz de recuperar o animo dos jogadores bastante superior a Domingos estaremos, de facto, a estabelecer uma comparação entre os dois, baseada mais num palpite do que em provas dadas em campo. A experiência de Sá Pinto no banco, como treinador de uma equipa profissional é zero. Isso não pode ser tido em conta, tal como não foi com Paulo Bento, de forma a negar para já a sua possibilidade de melhorar a equipa, mas não será até mais difícil para RSP fazer o que não fez DP?

3º lugar na Liga, a Taça de Portugal e fazer boa figura frente ao Man City. Estes são os pressupostos colocados a RSP. Algo menos que isto e ninguém levantará a cabeça por muito tempo no Sporting. Cabe portanto ao treinador recuperar 8 pontos ao Braga, deixar o Marítimo para trás, vencer no Jamor à Académica e aguentar a baliza de Patricio frente a Aguero, Bollateli, Silva, Dzeko e companhia. Com alguma sinceridade posso dizer que será complicado não ficar fora da Liga Europa já na próxima eliminatória e terá de surgir um novo Braga muito mais perdulário que este, para perder os mesmos pontos que o Sporting...mais 8.

Realisticamente, a RSP só deverá ter sido pedido o 4º lugar e a Taça. Mais do que isto é injusto, especialmente quando olhamos para o estado deplorável em que se encontra animicamente o plantel, para além das lesões crónicas de Jeffren, Izmailov e Rodriguez, para além das lesões sistemáticas em quase todos os outros atletas.

O corpo técnico que acompanha Sá Pinto é, teremos que o assumir, low cost. Por vezes o mais barato serve para o objectivo, mas no futuro terá se ser dado ao treinador do Sporting companhia bem mais competente para o ajudar.

O que fará o Sporting no futuro é um grande mistério, mas tenho muita pena que se tenha optado pelo "momento" em prejuizo de uma ideia. É uma forma de gerir mais populista, mas perigosa, insegura para todos e no longo prazo muito danosa para os cofres do clube. Por mais que me custe a admitir, estamos no principio da década 90 do Benfica. Repetimos exactamente os mesmos erros, com a desvantagem de ser com 20 anos de diferença. Conseguiremos ficar a salvo de um qualquer Luis Filipe Vieira que surja no futuro?

Até breve.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A construção

Dificilmente o Sporting construirá alguma coisa esta época com a participação de unidades como Polga, Wolfswinkel ou Schaars que ou já passaram de prazo definitivamente ou estão a fazê-lo circunstancialmente.
Tenho sinceras duvidas se Ilori ou Carriço não são já matéria para substituir Polga, Rubio ou Betinho para fazer arejar Wolfs e André Martins para dar mais tempo de recuperação a Schaars.

É claro que se pode argumentar com o factor experiência, mas frente ao Légia alguém deu por ele?
Porque não apostar em alicerces de betão (mesmo que ainda não muito bem "armado") em vez de barrotes de madeira estaladiça ou podre?

Até breve.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Só um burro

Só um burro poderia esperar que uma mão cheia de bons jogadores, outra de razoáveis e uma de recurso de valor questionável (alguns como Aguiar e Bojinov já nem estão no plantel) acabava com os maus resultados de uma equipa de futebol.

Só um burro não vê que é preciso de uma vez por todas dar condições de trabalho a longo prazo a um bom técnico. Sem elas torna-se quase impossível gerir a ansiedade de um clube que não ganha e está à beira de uma falência real.

Só um burro pode pensar que tirar um técnico com provas dadas num futuro recente por outro que começa a dar os primeiros passos é a solução para recuperar os sucessos da equipa.

Só um burro daria tão grande responsabilidade a uma pessoa tão sportinguista como temperamental. Sá Pinto é daqueles patrimónios indiscutíveis que todos têm dificuldade em criticar. mas isso não significa que tenha uma varinha mágica à mão de semear.

Só um burro não entende que Domingos é um treinador de estrutura. Não é técnico para andar a "dar o corpo às balas" na imprensa, nem tem de o fazer, existem demasiadas pessoas incumbidas dessa missão e o silêncio destas prova que não foram os adeptos que deixaram de estar com Domingos, foi Duque e Freitas que o fizeram.

Só um burro imagina que o treinador contratado há uns meses tenha saído pelos maus resultados, quando um dia antes o presidente afirma que não há razões para demissões.

Só um burro acha que Sá Pinto, ou a recuperação de qualquer jogador, vão fazer qualquer diferença esta época.

Só um burro não se apercebe que daqui a 4 meses, Domingos será apresentado como o treinador do Porto e será mais um que ao ter sucesso deixará os Sportinguistas de orelhas postas com uma tatuagem de "burro" na testa.

Só um burro não atingirá hoje, que o tal projecto de uma equipa em construção afinal não é mais do que um frase sem sentido. O Sporting não tem qualquer tipo de projecto e muito menos construirá uma equipa com este tipo de demissões.

Só um burro não se sentirá profundamente burro ao ter abraçado a imagem de Domingos como um treinador de sucesso e futuro. Segue-se Sá Pinto e eu pergunto: é para demitir quando?

Até breve.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Uma lufada de ar

Para quem estava a ficar asfixiado pelo insucesso, a começar a perder a calma e a disparar para tudo quanto é sítio...a vitória frente ao Nacional e consequente apuramento para a Final da Taça de Portugal é uma verdadeira lufada de ar...um espaço precioso para poder levar oxigénio aos pulmões, mas mais importante ainda, oxigenar o cérebro.

Não muda absolutamente nada no cenário cinzento do nosso futuro, mas pelo menos não o tornámos para já verdadeiramente negro. Os jogadores, finalmente, estiveram ao nível que deviam estar sempre, a render o que deveriam render sempre. Patricio defendeu, Xandão dominou o espaço aéreo sem inventar ao contrário de Polga que inventou bastante (a rever a utilização do brasileiro, não está bem), Elias foi o leva e traz que desapareceu há 10 jogos, Matias colocou em campo toda a sua arte e ainda ajudou a defender quando foi preciso, Capel e Carrilho abriram muitos espaços na defesa, Wolfswinkel marcou.

Com esta entrega e sobretudo disponibilidade para errar o menos possível, coragem e humildade, o Sporting nunca perderia a quantidade absurda de pontos que tem perdido. Esse é um facto que merece toda a reflexão do crescente número dos críticos de Domingos. À massa de jogadores novos que entrou esta época no clube deve ser dada a responsabilidade efectiva de corresponderem às ambições e necessidade (muita) de vencer deste projecto. Algumas afirmações de alguns jogadores na imprensa suscitam-me dúvidas se a ideia que têm do peso da camisola que vestem é a mais correcta.

Para já, a época não parece que irá trazer grandes evoluções ao que têm sido as últimas épocas, a conquista da Taça está mais próxima, mas não será este troféu que dará aos adeptos a confiança total na validade da revolução operada. Isso depende muito mais do apuramento para a Champions e de uma excelente campanha na Liga Europa, onde passando o Légia, terá pela frente Porto ou City.

Mas como enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, é hora de saborear a vitória na meia-final da Taça e acreditar que com a mesma garra, é possível sair da Madeira mais perto do Braga. Um passo de cada vez, uma lufada de cada vez.

Até breve.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sem recurso

Por mais que me apeteça espetar uns longos e afiados pregos na cruz de Domingos e Godinho Lopes, tenho a nitida certeza de que o tempo de enfiar o futebol do Sporting no lixo e "mandar" vir outro acabou.
Não há recurso, esta solução é mesmo de última instância, não há lugar para culpados e inocentes, acusação e defesa. Estamos todos juntos, na crise, nas derrotas, nas más exibições.

Todos podem criticar os resultados, mas na verdade não há ninguém que tenha uma ideia do que poderia ou poderá ser feito de diferente. Contratou-se um bom scout, um bom "boss", um bom treinador e uma dezena de jogadores interessantes e dois ou três realmente bons. Agora não é hora de nos sentarmos no chão carpindo mágoas, é hora de reagir e mostrar de que massa é feito o sportinguismo.

Domingos à cabeça, acompanhado de Duque, Freitas e Godinho Lopes têm de pegar o "touro" pelos cornos e passar para os adeptos aquilo que têm de passar para os jogadores - calma, perseverança e muita confiança. Mesmo com o risco de parecerem demagógicos, os responsáveis do futebol têm de chamar a si as responsabilidades, assumir com realismo que o ano zero está a correr muito mal e pelo menos, aparentar estar a trabalhar para que humilhações como a que o Gil Vicente nos ofereceu, não se repetirão tão cedo.

Se os jogadores errarem mais nesta altura, Alvalade começará a ser o principal inimigo desta equipa. É que não quero sequer perto do estádio no jogo seguinte à digressão da Madeira se (e é um cenário bem possível) trouxerem da Ilha mais duas derrotas.

Até breve.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Gerir a obrigação

Hoje frente ao Gil Vicente e porque a equipa não soube aproveitar um calendário de jogos fáceis (Rio Ave fora e Moreirense em casa) Domingos terá de obrigatoriamente fazer alinhar, mais uma vez, a equipa mais preparada para vencer a partida. Esfumou-se a oportunidade de fazer descansar nesta prova menor jogadores menos utilizados. Por lesão ou más exibições, o que é certo é que não irá ser fácil gerir o cansaço dos jogadores (alguns na linha do pouco razoável em termos físicos) com partidas decisivas de 3 em 3 dias.

Não é o melhor cenário para garantir o sucesso, que jogadores com fracos desempenhos atléticos se vejam agora forçados a ganhar os próximos 5 ou 6 jogos. Não andarei longe da verdade se arriscar dizer que será precisa muita Paciência no banco na hora das substituições. Queimar substituições será um luxo a que o treinador do Sporting não recorrerá nos próximos tempos. Esperemos que não precise.

Lá estarei em Alvalade, preparado para o frio, à espera do grito de revolta de uma equipa que tem a obrigação de fazer esquecer tudo quanto tem sido dito e escrito sobre o futuro do clube. Todos desejamos que a bola e os euros andem em caminhos distintos. Pelo menos que os golos entrem, já que os euros teimam em sair sem aviso de regresso.

Até breve.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E soluções?


Mais receita. Menos despesa. Simples. Só há um caminho, é estreito e não permite erros. Depois de conhecidos os resultados da auditoria todos apontam o problema, todos dissecam os erros, analisam-se os desvios e os cenários mais catastróficos. Para quê? Alguém acredita que o clube tem vitalidade de sobra para iniciar uma “caça às bruxas” enquanto procura novas soluções? Eu não.

Penso que terá de ficar para mais tarde (fim da época) a tal auditoria de gestão que permitirá apontar objectivamente cada erro a cada culpado...e se sobrar pedra sobre pedra depois de conhecidos os resultados, então sim, decidir se a crucificação em praça pública será suficiente para que durante os próximos 20 anos ninguém venha a gerir o clube com displicência ou irresponsabilidade.

Na minha opinião ninguém poderá ser incriminado por incompetência ou por não ter perfil para comandar um clube de futebol, o principal culpado terá sempre de ser o clube como elemento colectivo que decide os seus destinos. Do que nos podemos livrar não é de cometer erros, mas sim de cometer erros grosseiros com proveitos mais directos e evidentes para terceiros.

O que interessa no “agora” é procurar soluções. Sabemos que esta direcção já tinha presente o cenário revelado pelos auditores e desde logo concebeu a sua estratégia com estes números, visando a diminuição dos seus efeitos negativos. Mas parece-me que até agora, GL e seus pares têm gerido a comunicação das opções negociais de forma “fechada”. Isso acabou com o raio x publicado na imprensa. De agora em diante todas as vias serão discutidas até à exaustão, transformámo-nos numa espécie de meteoro à deriva pela galáxia da insolvência e todos nos querem avisar que podemos colidir a qualquer hora.

A solução mais evidente está em cima da mesa, o mecenas. Mas ainda ninguém se sentou nela, analistas peritos em “buy overs” afirmam que o Sporting não é um produto interessante para “juntas investidoras” e sem o mediatismo de uma Liga Espanhola, Italiana ou Inglesa não estará no “mapa” das diversões arábicas. Pode surgir um “especulador” mas isso terá muitos mais de ameaça do que salvação.
Um dado parece apontar para que seja inevitável a cedência de poder na SAD – o cash flow.

Com os juros e despesa mensal a aumentar a cada mês que passa, dentro em breve será inevitável ter de alienar mais património seja ele imobiliário ou não. A solução de empurrar a divida um pouco mais para a frente contraindo mais dívidas ou negociando datas de pagamentos e juros simplesmente deixou de existir com o estado actual das operações dos bancos credores do clube.

Até a venda de qualquer jogador terá se ser muito bem pensada. Se por um lado a entrada de verbas é um balão de oxigénio, por outro é uma machadada na capacidade de recuperação desportiva. Ou seja, resolve a curto prazo mas piora bastante a longo prazo. Imaginado que um clube inglês compra o passe de Wolfswinkel no próximo verão por 22.5 milhões de euros. Alem do valor ter de ser repartido com os fundos que permitiram a chegada do jogador, à cabeça os credores recebem a maior fatia dessa importância, talvez numa perspectiva optimista sobre ao Sporting 10% do montante para voltar a investir. Ora procurar um substituto para Wolfswinkel por 2.25 milhões de euros não é impossível, mas a probabilidade de ficarmos a perder é muito grande. Este é apenas um dos problemas que veremos condicionar bastante as opções de Domingos, Duque e Freitas.

Não será por acaso que é notório que o clube procura nas “listas” de jogadores em fim de contrato as futuras soluções para possíveis vendas. Esse será um caminho a explorar, sendo que será quase um milagre que o Sporting vendendo jogadores consiga a custo zero reconstruir uma equipa melhor do que a que tem agora.

Existem outras possibilidades de aumentar as receitas, mas quase todas dependem de um bom momento desportivo para gerar mais valias. Os naming rights do estádio podem valer bastante dinheiro anualmente, mas parece haver pouco interesse de marcas a operar em Portugal, os clubes sofrem do receio das labels em sectarizar-se, e ninguém poderá censurá-las num pais onde tudo se divide em 3 cores.

Outras hipóteses de patrocínios podem ser consideradas, como a equipa B, os escalões de formação (que perderam a Coca-Cola) e a Academia (em vias de cessar com a Puma ao que parece).

A equipa B deveria ser auto-sustentada financeiramente, para isso terá de assegurar a venda das transmissões dos seus jogos a um canal de televisão ou web, encontrar um patrocinador e um estádio para jogar enquanto Alvalade não for capaz de pelo menos garantir 1 jogo por semana sem prejuízo do estado do relvado.  Talvez se venha a afirmar como uma importante fonte de recursos, ao gerar atletas mais preparados para entrar na equipa principal, evitando permanentes idas ao mercado.

Alem da equipa B, o Sporting tem obrigatoriamente de expandir a sua rede de parcerias com clubes de primeira divisão estrangeiros. A experiência com o Cercle de Brugges está a revelar-se muito eficaz. Encontrar clubes no Brasil, em Espanha, Grécia, Holanda ou Escócia seria dar a muitas promessas diferentes experiências em diferentes futebóis, trabalhando os empréstimos com mais margem evolutiva para cada tipo de jogador.

As cotizações de sócio. bilheteira e gameboxes terão de ser muito mais atractivas. É vital assegurar a fidelização dos sócios existentes (o que não será fácil pelo que se vislumbra desta época) e a angariação de muitos mais no futuro. A solução do “cartão” tipo ACP terá sido concluída?

Convido a todos os leitores do blog, a sportinguizar um pouco, deixem sugestões. Qualquer ideia é uma boa ideia e várias cabeças pensam mais do que uma. Quantos mais formos a puxar pela mona, mais probabilidades temos de ajudar a encontrar soluções.

Até breve.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Farsa


Não há nada de surpreendente nas conclusões da auditoria. A chamada à realidade já vem sendo feita há alguns anos e o documento mais recente apenas objectiva aquilo que era conhecido em traços gerais. A expressão falência técnica só servirá para espicaçar cronistas e outros opinion makers, trazendo mais uma vez para a praça pública o debate das contas do clube. O muito que se discute sobre o futuro do Sporting é proporcional ao que se desconhece das realidades de Benfica e Porto.

Mas isso é bom. Trabalhar com a realidade e colocar os adeptos e sócios a par do problema é um exercício de verdade e estabelece as bases de um futuro entendimento quanto a algumas soluções drásticas que irão ser tomadas num futuro próximo. Seria mais difícil de explicar o porquê de alguns actos de gestão continuando a manter um falso status de “contas saudáveis”. Essa é a diferença entre o Sporting e os seus rivais. A coragem.

Pinto da Costa e LFV têm um problema muito maior. Ao caminhar sobre mentiras e omissões há muitos anos, os dois emblemas têm implementados todas as soluções financeiras adoptadas pelos leões, a calendarização e dimensão dos empréstimos obrigacionistas só pode revelar uma verdade muito semelhante entre os três grandes. Sendo que o Porto é o que mais recebe, também é o que mais gasta e não tem de longe o melhor patamar de cotizações e merchandising. O Benfica apenas há 3 ou 4 anos começou a controlar o seu endividamento, mas a necessidade de “acompanhar” o passo do Porto forçou as finanças do clube a vários passos menos claros, com somas de dinheiro estranhas declaradas em vendas e compras de jogadores.

Quando os sócios do Sporting tanto se escandalizaram com a origem dos fundos de investimento propostos por um candidato às eleições, estavam longe de imaginar a sucessão de negociatas dos seus dois rivais que à falta de verbas para transferências optaram por comparticipações muitos estranhas, de origem duvidosa, algumas já sobre a vigilância apertada da FIFA. O futuro dirá um dia, a que “demónio” venderam os benfiquistas e portistas as suas almas.

E se os 3 grandes estão pisar a linha da austeridade, o que dizer dos restantes? Se o Braga é (até ver) uma excepção, é impossível não considerar os sinais claros de que o Guimarães, Setúbal, Belenenses, Leiria e Boavista entraram há muito numa antecâmara da insolvência. Marítimo e Nacional sofrerão em breve a machadada final na sua “vantagem” orçamental sobre os clubes do Continente. Todos os mencionados e alguns outros estarão para liquidação total no início de Junho.

Mas nada disto interessa discutir quando há para dissecar uma crise financeira do Sporting. Com tanto que se dirá, talvez num futuro próximo muita gente se contradiga quando for o “coitadinho” Sporting o único a sobreviver a resgates mais violentos de dívidas que ainda ninguém conhece.

“Pão e Circo”

Até breve.

PS- Carlos Barbosa demitiu-se depois de afirmar que o seu trabalho fora concluído. Das duas uma, ou o senhor gosta de fazer muito pouco na vida, ou o que fez não chegou para convencer a restante direcção.