segunda-feira, 30 de julho de 2012

A obra interminável

Os pintores e outros criadores de arte sabem que existe um ponto determinado na criação em que parar é a melhor continuação possível. De facto, nada é perfeito e tudo pode sempre permanecer em movimento, mas nem sempre isso é sinónimo de evolução ou melhoria. Freitas (ao que parece) ainda não deu a "obra" de construção do plantel como terminada, mas temo que por muito que se mexa, também era saudável permanecer com algo do que foi realizado na época anterior.

Até já saíram Evaldo, Pereira, Polga, Matias, Ribas, André Santos, Neto, Rodriguez e talvez ainda venham a sair mais 2 jogadores para entrar mais um central e um avançado. Algumas destas saídas eram inevitáveis, outras necessárias, mas as próximas sinto que serão as que mais vamos questionar. À semelhança de Matias, vamos acreditar que Freitas e Duque compreendem o risco que é fazer outra "revolução" no plantel e que a tentação de recrutar jogadores de qualidade tem de ter muita, muita moderação. Começar eternamente do zero é frustrante, pouco confiante para os jogadores que ficam e sobretudo é dar ao treinador a batata sempre quente de construir uma equipa antes de a ter.

Até breve.

sábado, 28 de julho de 2012

Apresentação convincente

É certo que os "verts" não são uma equipa com individualidades por aí alem, mas são um bom conjunto, recheado de experiência de Ligue1, atlética e tacticamente muito competentes. Deram luta e procuraram sempre o jogo seguro, longe dos "autocarros" que se esperam mais uma vez em Alvalade.

O Sporting começou um pouco expectante a ver o que dada defensivamente a equipa francesa. Capel e os dois Andrés foram procurando a melhor forma de chegar a Wolfs, mas foram os dois alas a decidir o jogo, curiosamente com o ponta de lança a servir muito bem o ataque dos seus companheiros. Pelo meio grandes pormenores de Rojo, Pranjic, Elias e algumas dúvidas quanto a Boulahrouz e Cedric, toda a equipa esteve bastante focada e competitiva.

Nota-se que há luta por posições (muitas) e que ninguém quer começar a época no banco. A planificação do plantel ainda não está fechada e a julgar pelos últimos desenvolvimentos algum ala estará a postos para sair (a entrada de Viola é para extremo, o que pelo valor da aquisição não será para a equipa B) e entrando dois argentinos (Gaston e Viola) alguém irá fazer companhia a um dos cinco centrais.

Ainda não se nota aquela equipa de garra e fome "leonina" de Sá Pinto, mas em particulares esse "extra" fica por agora de fora, mas é óbvio que esse empenho poderá elevar a equipa a outro futebol. Pela minha parte, hoje, fiquei muito satisfeito.

Até breve.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Razão, ela existe?


Valor de Mercado

1/ Wolfswinkel 15M
2/ Patrício 14M
3/ Elias 9M
4/ Capel 8M
5/ Ínsua 7M
6/ Matias 6.5M
7/ Jeffren 5.5M
8/ Izmailov 5M
9/ Rinaudo 4.5M
10/ Schaars 4M

Valor Desportivo / Desempenho (época 11-12)

1/ Patrício
2/ Wolfswinkel
3/ Ínsua
4/ Capel
5/ Schaars
6/ Elias
7/ Matias
8/ Izmailov
9/ Rinaudo
10/ Jeffren


Utilização na posição (época 11-12)

1/ Matias Fernandes
2/ André Martins
3/ Elias
4/ Izmailov

Com capacidade para actuar na posição (alternativas)

1/ André Martins
2/ Izmailov
3/ Elias
4/ Labyad
5/ Adrien

Estas enumerações servem para ilustrar o meu raciocínio quanto à hipotética venda de Matias Fernandes. Se do ponto de vista desportivo a venda se aceita visto existirem alternativas no plantel, do ponto de vista económico o negocio, pelas verbas indicadas (entre 4 e 4.5 M), é péssimo.

Matias é o sexto jogador mais valioso do plantel, aceitar vendê-lo (mesmo que pressionados pelo fim do contrato) por cerca de metade de um valor que fosse considerado bom para o Sporting não é uma boa notícia por várias razões:

-       desvaloriza (comparativamente) os restantes passes do plantel;
-       diminui o papel de “negociador” do clube;
-       alimenta uma sensação de urgência na venda de activos na imprensa;
-       retira aos adeptos um dos seus jogadores preferidos;
-       interrompe a subida de forma do desempenho/ valorização do jogador;
-       é o jogador do plantel com mais internacionalizações/ visibilidade exterior;
-       a alternativa mais competente será Izmailov, mas face às suas fragilidades caberá muitas vezes
    (senão quase sempre) a André Martins fazer a posição;

Estas são as razões principais para quem advoga que neste suposto negocio, o clube não actuou da melhor forma. De facto substituir Matias por André Martins, apesar da validade na aposta de um jovem com muito talento, é um risco. Sobretudo em jogos com equipas de nível superior, é natural que o médio da cantera ainda não exiba a assertividade e maturidade necessária. É muito diferente ter o estatuto de promessa emergente e sentir que se é o plano A, a responsabilidade pesa toneladas.

Apenas num cenário esta operação (ainda não confirmada por nenhum dos clubes) seria razoável: a aquisição de um substituto de valia semelhante ou superior. É desconhecida qualquer movimentação do Sporting por um médio ofensivo e Pranjic ou Labyad não têm capacidade de transporte de bola pelo centro do terreno.

Concluindo, dependeremos da táctica de Sá Pinto para anular a posição e papel de Matias, recuando o pivot ofensivo do centro para uma das alas, assumindo um clássico 4-3-3 ou num formato mais ofensivo desenhar um esquema com dois avançados, dois extremos com capacidade interior e dois médios (um trinco e um de distribuição) o velho 4-4-2 que desapareceu de Alvalade há quase 10 anos.

Mas nada disto anulará uma venda bastante abaixo do razoável. Quantos internacionais de nações de top, a actuar na Europa, com passe Comunitário e habituais titulares alguém consegue adquirir por 4 milhões de euros?

Até breve.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

State of Denial

Não posso acreditar que o Sporting irá vender o seu melhor criativo, o seu melhor 10, internacional chileno, um "fantasista" do futebol mundial e o único capaz de cobrar um livre em condições, por 4 milhões. Para mim é inconcebível que prescinda de um jogador deste género por uma quantia tão baixa. Tenho consciência que os valores de mega-transferências de épocas passadas são uma utopia neste defeso. Sei que Matias também não pertence à galeria de "procurados" capaz de passar os 12 milhões. Sei que entrou há dias no último ano de contrato e não me esqueço que é dos mais bem pagos no plantel nem sempre com correspondência dentro de campo. Mas se não me esqueço de tudo isto, irá ser mesmo impossível esquecer que o podemos vendemos por uma verba pouco acima de metade do valor real do atleta.

André Martins tem um grande futuro e Adrien, Izma e Labyad até podem fazer bem o lugar, mas para mim nunca serão bem a mesma coisa. Porquê? Não sei explicar. É um sentido que vem de anos a amar o jogo e os que o praticam bem. Este sentido diz-me que é uma enorme asneira vender um 10 mundial por 4 milhões. João Pereira eu até entendo, mas Matigol? Não estaremos a entrar numa lógica demasiado desvalorizadora do plantel? 7 milhões eu não acharia bom, mas teria de aceitar, mas 4?! Estou a "rezar" para que tudo isto seja mais um boato jornaleiro, mais um negócio polémico que a imprensa se tem divertido (e rentabilizado) a fazer com os Leões este ano.

Até breve.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Já chega! Estou farto!

Das 3, uma:

1/ Renovamos de vez com o Adrien e acabamos com esta novela (alimentada por um empresário nada preocupado com o futuro do seu jogador) muito triste.
2/ Deixamos a janela de transferências de Verão terminar e enfrentamos o risco de o jogador poder comprometer-se em Janeiro.
3/ Vendemos já ao Porto, assumindo que não é uma prioridade desportiva do clube.

Agora, não havendo uma solução óptima, preferia ver Adrien a brilhar no Sporting evitando que mais uma vedeta das nossas escolas vá render títulos e milhões ao Porto (Varela, Quaresma, Nuno Valente, Moutinho, etc). Mas cum caneco, take it or live it!

Até breve

Pedras no sapato


Em todos os clubes existem pequenos grãos que apesar de não imobilizarem a “máquina” vão moendo lentamente a memoria de quem gosta de estar esclarecido. Eu sempre gostei de saber que quando olho para uma coisa é a realidade que estou a ver e não uma miragem, tenho pouca paciência para propaganda ou outros artifícios de controlo multi-pessoal multi-opinião.

O Sporting já foi pior nesta matéria, mas ainda subsiste uma inclinação trágica para fazer à pressa muitas coisas que deveriam requerer mais paciência e a passo de caracol outras que se revestem de uma urgência evidente. 3 casos.

1-    O processo Djaló

O Sporting “vendeu” 75% do passe ao Nice e alheado do processo de inscrição deste na UEFA ficou sem jogador, sem pagamento e sem 25% do passe. No final de Agosto este processo completará um ano. Entretanto o Benfica inscreveu o jogador (com autorização de todas as entidades) sem adquirir nada ao Sporting ou ao Nice. Conclusão: O Nice gastou zero, o Benfica zero, Djaló encontrou clube (onde ganha mais do que o que auferia no Sporting e um pouco menos do que iria ganhar em França) e o Sporting perdeu um activo sem que ninguém possa apontar um erro processual ao clube. Será assim um caso tão difícil de julgar?

2-    A rescisão de Domingos

Apesar de toda a esperança no treinador mais promissor da nossa Liga e sendo nítido que foi resgatado ao plano de sucessão de Vilas Boas no Porto, não houve Paciência para e no Sporting. Para salvar o que restava da época, a direcção leonina acabaria por colocar Domingos fora do clube, mas na sua folha de pagamentos, permanecendo a pagar um salário avultado até que o contrato termine ou, em alternativa, que o treinador encontre novo clube. Acontece que DP até tem clubes interessados, mas nenhum aceitou cobrir a verba que aufere no “desemprego”. As esperanças que o fizesse no início deste defeso já são diminutas e tudo aponta para que tenhamos de esperar no mínimo mais 3 ou 4 meses, até às primeiras chicotadas psicológicas da época. Certo é que Domingos espera por um clube de igual valia ao Sporting, o que sejamos realistas será o mesmo que dizer que o contrato será cumprido até ao fim.

3-    As renovações

Adrien, Patrício, Cedric, A.Martins e Carriço. Não são 5 violinos, pelo menos ainda não, mas são 5 atletas da formação que se estão a valorizar regularmente. Até Carriço que parecia condenado ao esquecimento e a uma transferência de 1 ou 2 milhões no final desta época, recuperou muito mercado, muito por culpa de um final de temporada repleto de boas exibições....a trinco.
Estes atletas, que parecem dar indicações seguras de vir a ficar no plantel, são muito mais importantes que muita gente imagina. São eles que permitem a chegada de Pranjic, Rojo, Gelson e outros que estarão para chegar. Porquê? Ao fazerem parte das nossas escolas e terem todos a nacionalidade portuguesa fazem com que o Sporting tenha garantido a cota mínima para inscrição na UEFA e ao contrario de outros clubes, estes não são só para fazer número.
E, sejamos honestos, são o produto mais procurado pelo mercado internacional, o que devia dizer mais aos adeptos, que os valorizam apenas quando se mudam para um rival. Devíamos olhar mais para Real Madrid, Barcelona, Arsenal ou outros clubes do top mundial que encaram muito seriamente a valorização das suas canteras. As renovações são o espelho desse caminho e devem assegurar que se conta com esses atletas como se fossem internacionais brasileiros, chilenos ou argentinos.

Até breve.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pé esquerdo

Foi com o pé mais à esquerda possível que o Sporting inaugurou a época. Um mau resultado que ilustra uma má exibição. Ninguém saberá a percentagem de culpa do cansaço muscular dos jogadores, mas mesmo com níveis físicos abaixo do exigível, exigia-se uma boa compensação em técnica e em criatividade. Também não houve e foi uma sombra de uma equipa que enfrentou o Chalton. Não acredito que esta derrota seja demonstrativa de nada, pois penso que com um relvado "amador" daqueles até Mourinho se veria em apuros para avaliar a capacidade de um jogador.

Fico à espera de nos próximos jogos, os palcos serem mais bem escolhidos, pois mais grave que derrotas em amigáveis são os tipos de lesões que podem decorrer de relvas altas e bastante desniveladas. A equipa que se está a montar e os adeptos não merecem outra época de "enfermaria" como a anterior.

Até breve.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cautelas

Ter recebido Ribas por empréstimo foi uma opção que se revelou melhor que uma contratação. Primeiro porque não temos de ficar com um jogador com um fraquíssimo rendimento; Segundo porque não somamos a Pongolle, Grimi mais nenhum produto tóxico; Terceiro porque não perdemos uma vaga no plantel para um avançado com mais...jeito. Para mim, e na situação financeira do Sporting, metade das contratações deveriam ser feitas através da opção de empréstimo com possibilidade de compra no final do mesmo. É que ter 6 meses, 1 ano, ou mesmo 2,  para experimentar o "produto" é uma ferramenta excelente para quem não pode falhar nos poucos investimentos que faz.

Até agora o Sporting só tem contratado jogadores sem contrato. Mas a coisa pode mudar...e esta é uma via à medida do dinheiro que não temos.

Até breve.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Um rumo diferente

Com o passar dos dias torna-se evidente que o plano de Sá Pinto e Freitas para o próximo Sporting é bem diferente que o da imprensa ou de qualquer adepto, isso é bom. Nós adeptos vemos o óbvio (não sabemos quase nada de fundamental, a opinião do treinador, o valor dos atletas, o dinheiro disponível para transferências e salários, etc), a imprensa vê tudo o que for sensacionalista, mas quem decide não somos nós.

A "despromoção" de Árias e Neto só vem provar mais uma vez que tudo o que se lê semanas a fio nos jornais e todas as nossas especulações em blogues, valem pouco mais que exercicios de futurologia pura.
Nunca na vida nos lembraríamos de Pranjic ou Gelson Fernandes, tal como talvez nunca iremos ser capazes de descobrir quem é o central ou o avançado que está a ser negociado. Tudo a seu tempo. Não vale sequer a pena estar a pensar se  Nuno Reis é um dos centrais a ocupar as 2 vagas abertas. Isso depende do seu talento e das prioridades do corpo técnico, mais do que tudo o que possamos imaginar.

É com algum divertimento que vejo as "apalpadelas" sistemáticas que os treinadores de bancada dão à construção do plantel do Sporting. Rio-me porque entendo que neste momento não há sinais de fumo nem de rumo a circular na imprensa que possa ser vistos como fidedignos. Assim resta esperar calmamente por comunicados e não por capas de jornal folclóricas. Quem quiser fazer algo mais assertivo, pode ir renovando a Gamebox.

Até breve.

PS Liedson no Sorting? Os símbolos ganham jogos?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não somos os únicos

A julgar pela ausência de contratações sonantes que Porto e Benfica estão proporcionar esta época e a juntar à evidente dificuldade em fechar negócios assim que se entra na contraproposta, estes clubes que gozam de um estatuto financeiro auto-intitulado "saudável" não me parecem de facto muito mais endinheirados que o Sporting. E se no nosso caso a discussão sobre a nossa crise é baseada em dados reais e transparentes, a verdade é que as dificuldades dos nossos rivais passam ao lado de qualquer análise dos media.

Muitos vêem nas contratações de Martinez e Ola John um sinal de capacidade de investimento, mas o que ninguém ainda investigou é o molde como essas aquisições foram feitas, por quem vão ser pagas e quando. Se o soubéssemos talvez da próxima vez que alguém escrevesse uma peça jornalística sobre a dificuldade de tesouraria dos leões, não o fizesse com uma implicita noção de contraste para com os restantes rivais.

Até breve.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um enorme ponto de interrogação


Quaresma? Por muito que o nome provoque a euforia de muitos adeptos, com a situação financeira do clube, qualquer aquisição deve ser ponderada, olhando friamente o custo-beneficio como a única motivação possível para um negócio.

Facto:
Ricardo Quaresma tem 28 anos e aufere um salário no Besiktas que suplanta o dobro do que será o melhor ordenado actual do Sporting. Já por várias vezes o jogador podia ter regressado, mas o salário foi sempre impeditivo.

Facto:
O Besiktas está numa situação financeira grave. Basicamente não tem forma de pagar uma folha salarial astronómica, onde os portugueses Simão, Manuel Fernandes, Quaresma e Hugo Almeida são os mais bem pagos. O plantel da próxima época será constituído de jogadores de salários mais reduzidos, incluindo juniores.

Facto:
Para o lugar de extremo, o Sporting conta com Izmailov, Carrilho, Jeffren, Capel e ainda como recursos Pereirinha e Labyad. Não há qualquer carência no plantel nestas posições. Seria uma maior valia, mas o plantel tem outras posições bem mais desfalcadas.

Facto:
O Sporting tem bastantes jogadores que precisa de tirar da sua folha de pagamentos. Pongolle, Grimi, Luís Aguiar, Bojinov.

Para que Quaresma viesse para o Sporting, 3 acontecimentos teriam de ter lugar:
1-    O atleta teria de prescindir de metade do seu salário;
2-    O Sporting teria de prescindir ou transferir uma das soluções como ala;
3-    O Besiktas teria de prescindir ou trocar Quaresma com o Sporting.

Dificilmente uma será possível, quanto mais as 3. Aliás faria muito mais sentido fazer o mesmo esforço mas com Hugo Almeida, apenas numa lógica de suplente a Wolfs e com um custo salarial muito reduzido (face ao que aufere no Besiktas). O avançado português não é um marcador de golos de top, nem sequer se destaca da média. Quem viu resumos dos jogos do Besiktas este ano, deve ter presente na memoria o festival habitual de golos falhados do ex-portista.

Até breve.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ai vamos nós!


Começa hoje. Talvez sem a euforia do ano passado (muito provocada pela chegada de um novo plantel e um novo treinador que tinha levado o Braga à final da UEFA e disputado o título na época anterior). Este ano o treinador já vem da época passada (onde com sucesso recuperou a equipa na Liga, chegou às meias-finais da Liga Europa e recuperou muitos jogadores, menos bem na final da Taça, o Sporting não pode perder troféus quando tem tão grande superioridade sobre o adversário) e a maior parte do plantel transita para esta época.

Das principais lacunas identificadas na época anterior, destaca-se desde logo a vaga ininterrupta de lesões, que foi decapitando a equipa de muitos títulares, jornadas houve em que todos sabiam quais seriam os 18 convocados uma vez que não restavam mais atletas disponíveis. Espera-se que este ano esse problema (é impossível ter uma época sem lesões) se apresente em padrões mais regulares, permitindo a competitividade e rotatividade dentro da equipa.

Ao plantel de 2011-12 no início da época foram reconhecidas as ausências de um central de qualidade reconhecida (depositaram-se muitas esperanças em Rodriguez) e um ponta-de-lança que fizesse esquecer Liedson. O avançado acabaria por aparecer, a juventude de Wolfswinkel foi muito mais rentável que a maturidade de Bojinov, mas a falta de uma voz de comando na defesa foi evidente durante toda a época. Polga fez o melhor que pode, Rodriguez este sempre lesionado, Carriço foi desviado para tapar a falta de um médio defensivo, Xandão e Onyewu revelaram-se úteis, apenas úteis.
Neste Verão espera-se assim pelo tal central (perseguimo-lo há muitos anos) e por um bom “matador” que supra alguma oscilação exibicional ou lesão de Wolfswinkel.

Na baliza, Patrício e Boeck dão mais do que garantias (o português afinal não saiu e espera-se a obrigatória renovação). Nas laterais a saída de João Pereira será colmatada pelo regresso de Cedric, disputando a posição, quase em igualdade, com Árias. Não será de admirar que o clube aproveite alguma ocasião do mercado para adquirir um lateral com mais experiência. Evaldo está a ser sondado, mas o que os interessados estariam dispostos a pagar não daria para adquirir um reforço de igual ou superior qualidade. Mesmo assim acredito que se alguém apresentar uma verba a rondar os 1.5 / 2 milhões de euros, o Sporting já terá uma alternativa em calha. O que acontecerá a um dos mais promissores centrais que o Sporting já formou, falo de Nuno Reis, ainda é um mistério (novo empréstimo ou equipa B talvez deixem a desejar).

No meio-campo os maiores problemas são encontrar clubes para o excedente número de jogadores contratados pelo Sporting. André Santos foi emprestado e para o seu lugar entrou Gelson. O Suíço tem um acumulado de experiência importante e pode fazer mais do que uma posição no meio-campo. De certa forma esvazia a importância de ter Renato Neto no plantel, o que deve apontar para o empréstimo (não acredito numa venda, Neto é um jogador de grande potencial, que pode explodir a qualquer momento). Luís Aguiar e Adrien pareciam ter percursos inversos, a imprensa noticiou amplamente a entrada no elenco do uruguaio e a saída do português, a realidade parece ser completamente oposta, Adrien conta para Sá Pinto e o caso “Académica” parece ter sido (finalmente) sanado. Já Aguiar, deve rescindir.

Espero com alguma curiosidade o que pode fazer o triângulo Rinaudo-Schaars-Elias, agora mais adaptados ao futebol e pais. A primeira versão deverá apresentar Gelson na posição do Argentino, mas em boa verdade, todos esperam o regresso de Fito, El Capitan, tal foi a forma de como conquistou a massa adepta. Nas alas Capel e Jeffren são os favoritos, mas classe de Izma e o talento de Carrilho podem dar luta, ganhando obviamente Sá Pinto e o clube com a riqueza de soluções. André Martins e Fernandez disputarão entre si a vaga de pivot ofensivo.

No ataque, sector muito debilitado em termos de garantias, a continuação de Wolfswinkel é um bom sinal, espera-se que mantenha a evolução tremenda que teve, e que continue a levar dezenas de olheiros europeus aos nossos jogos. Bojinov, Rubio, Labyad, Wilson Eduardo e Pongolle terão obviamente sortes diferentes. Bojinov e Pongolle estarão distantes de permanecer, Rubio e Eduardo estarão dependentes de entradas e Labyad será o falso ponta-de-lança, companheiro de Wolfs numa lógica mais ofensiva. Referencia para Rubio, o atleta parece agradar a Sá Pinto, o que não admira, o chileno tem muitas parecenças com a forma de jogar do ex-capitão, resta saber se o talento será também semelhante.

Qualquer análise que se projecte na próxima época dos leões terá obviamente que referir a importância da Equipa B. Era uma aspiração antiga e cada vez mais lógica, a nossa Academia comprova ano após ano que conseguem continuamente formar jogadores muito interessantes. A entrada de uma segunda equipa no futebol profissional pode ser e será com certeza um forte apoio à poupança em aquisições da equipa principal, podendo até ser uma extensão da mesma, transitando jovens valores no imediato sempre que estejam num pico de forma e confiança assinaláveis.

Em resumo, nas próximas semanas vamos descobrir se chega ou não mais um central e avançado, para entender o quão melhor será este novo elenco, sendo seguro que Gelson e Labyad já são forte candidatos a titulares, e Adrien e Cedric são regressos bastante úteis. A saída de João Pereira é de facto a única perda, o lateral fez um bom europeu e era titularíssimo, muitas das dinâmicas ofensivas (defensivamente nunca foi nem será brilhante) passavam por ele. De qualquer das formas, já se pode constatar uma vantagem, para 95% do plantel jogar com o leão ao peito já não é novidade.

Até breve.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um Leão que Sonha


Se Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, o Sporting acabou de descobrir futebolisticamente um novo mundo, repleto de novas oportunidades. Tal como o Reino descobriu um dia que a via do crescimento seria por mar, na direcção de terras desconhecidas, o Sporting entendeu que a sua matriz pode incorporar mais de uma noção de clube futebol. E para que serve um clube de futebol?

Para ganhar troféus? Será essa a única forma de crescimento? Concordo que seja a primordial, mas numa lógica global em que vivemos, desaproveitar a oportunidade de chegar a mais mercados e a novos adeptos (mesmo que apenas vagamente simpatizantes) é aceitar a pequenez, algo que não está no ADN do Leão. A diáspora das Academias já tinha teve início, mas faltava um sinal claro de vontade de “trazer” em vez de só “exportar” o modelo e o nome.

Sunil Chhetri tem 27 anos e mesmo sendo considerado o melhor jogador indiano e um dos melhores asiáticos, estará longe de ser uma mais valia para o plantel principal, mas a se sua chegada à equipa B significa pouco para a alta roda do futebol mundial, para um dos maiores países mundiais e uma das economias mais pujantes é um acontecimento desportivo épico.

Algumas almas cinzentas não deixarão de apontar a reduzida importância que o futebol tem na Índia ou a fraca notoriedade que o futebol português tem no Continente Asiático, mas se estes Novos-Velhos do Restelo parassem para pensar e vissem ou ouvissem a conferência de imprensa de Chhetri realizada em solo Indiano, entenderiam que, mais que as impossibilidades de sucesso desportivo e financeiro, o que o Sporting acabou de fazer foi permitir a concretização de um grande sonho e o provável nascimento de muitos outros milhões de aspirantes a jogadores de futebol. E o que é o futebol senão uma monumental fábrica de sonhos?

Bem-vindo Sunil Chhetri! Viverei o teu sonho!

Até breve.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A descarga já começou


Regatas, Avenida, Ribeirão, Bragantino, Macaé, Monte Azul, Noroeste.

Não...não é o último roteiro que  Duarte Lima fez no Brasil ao volante do seu VW Brasília. Por incrível que pareça, estes são alguns dos clubes onde a divisão de elite do nosso futebol recruta jogadores.

Sim, leram bem.

Alguém menos entendido nos intrincados labirintos que são os caminhos para contratar grandes jogadores poderá até pensar se estes clubes de III divisão brasileiros formarão melhores atletas que a I divisão portuguesa...mas isso é uma pergunta tonta a que os directores desportivos de Moreirense, Rio Ave ou V.Setúbal nem se dão ao trabalho de responder.

Enquanto os azelhas dos nossos jovens estão a ir para o Servette, Sion, Cluj, Everton e afins, os futuros astros do nosso futebol como Bruno Turco, Fleurival, Boka e Ramazzotti chegam a Portugal, onde vão decerto deliciar-nos com a magia de todo o futebol que aprenderam no Macaé ou no Avenida.

Sou só eu, ou isto está a ficar cada vez mais ridículo? Um júnior com 16 anos das escolas do Beira Mar que olhe para o Fleurival entrar em campo, tem vontade de quê? Treinar arduamente na manhã seguinte para um dia ser suplente desse ou outro “craque” vindo do Macaé?

Ou muito me engano ou com uma limitação de contratação de estrangeiros havia muitos “entrepostos” que fechavam portas...

Até breve

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Selecção, Presente e Futuro


Findo o Euro, fica mais ou menos óbvio, que Portugal foi a Selecção que mais problemas criou à Bicampeã Espanha. Ser o primeiro dos últimos não é motivo de orgulho, mas olhemos para o copo meio cheio e há que dar os parabéns a Paulo Bento e aos jogadores por resgatar uma equipa à beira da eliminação no apuramento e conseguir, esteve muito perto, marcar presença na Final.

Este grupo que se deslocou à Polónia e à Ucrânia não era de forma alguma considerado um favorito, havia muitas dúvidas até que nos apurássemos para os quartos-de-final. A razão principal prende-se com a falta de unanimidade de alguns titulares que nunca foram olhados como primeiras figuras. Se Patrício acabou esta época com todas as dúvidas, outros como João Pereira, Bruno Alves, Miguel Veloso, Moutinho, Hugo Almeida ou Postiga, eram vistos como “herdeiros pobres” dos consagrados Bosingwa, Ricardo Carvalho, Maniche, Figo, Rui Costa ou Pauleta.

Não foi só. As fracas épocas de Coentrão, Rolando, Varela, Meireles, Nani a somar aos “desaparecidos” Eliseu, Duda e Dany, fez com que todas as fichas se jogassem em Cristiano Ronaldo, esse sim com uma das melhores épocas individuais (senão a melhor).

Não só os jogadores recuperaram, como mostraram que o facto de não terem o “selo” de geração de ouro não os impedia de fazer grandes torneios e ombrear em duelos directos com os melhores jogadores europeus. Na verdade faltou pouco a esta Selecção para ser verdadeiramente histórica. Faltou mais calma nos penaltis. Apenas isso. Grandes figuras do futebol mundial incorreram na mesma falha. Nada a apontar.

Mas apesar dos aplausos, durante os 5 jogos do torneio e já durante a fase de apuramento foram evidentes algumas lacunas do nosso jogo. Há cabeça, os problemas de concretização, uma dificuldade clássica portuguesa. Nenhum dos 3 avançados do grupo é um homem golo. Postiga gosta de se envolver no transporte de bola, Hugo Almeida nunca teve killer instinct e Nelson Oliveira não trazia ritmo nem estatuto suficiente para se esperar mais do que o que fez.

A solução pode até ser Nelson Oliveira, mas é curto. No próximo Mundial os outros companheiros de lugar terão 30 e 31 anos e se a carreira até lá do vice-campeão sub20 é uma incógnita, Postiga e Almeida dificilmente atingirão um nível melhor do que já possuem. Abrem-se assim, a meu ver, duas enormes vagas no nosso futuro elenco.
A verdade é que, não surgindo nenhuma surpresa (inclusão de nacionalizados como Lima ou Kleber), todas as atenções cairão sobre os jovens Betinho e Salvador Agra.

Na lista de problemas segue-se o posto de central. É certo que Pepe poderá fazer o Mundial (31 anos daqui a 2), mas para Bruno Alves que terá 33 o caso é ligeiramente diferente. Urge na verdade completar o ciclo de transição de Rolando, muito possivelmente com uma transferência para um futebol mais agressivo, que definitivamente prove estar preparado para uma grande competição internacional. Já as alternativas Ricardo Costa e Sereno ficam muito aquém do desejável. Também aqui o futuro desenha os mesmos cenários, Maikon do Porto é uma possível “nacionalização” e antes de mais preciso dizer que não concordo com esta solução, mas está à vista que tem sido a forma que a FPF e os seleccionadores da altura têm encontrado para suprir a fraca escolha que o nosso campeonato gera (Liedson, Deco, Pepe, são 3 casos numa única década) e é urgentíssimo limitar a entrada de estrangeiros no nosso futebol. Roderick, Ferreira e Nuno Reis são os senhores que se seguem, sendo que para qualquer um destes o caminho será árduo. Benfica, Sporting e Porto demorarão anos a desviar o seu foco para regressar à aposta continua e assertiva no jogador jovem português.

Já no meio campo, a relativa juventude de Veloso e Moutinho garante que apenas seja necessário garantir a ascensão de um 8 que substitua Meireles e de um novo maestro que devolva à Selecção um dos seus símbolos naturais (como foram Rui Costa e Deco). Adrien e Hugo Viana têm uma base de talento propicia, mas as carreiras de ambos parecem querer desviá-los sempre da estabilidade. O Bracarense vive agora um momento de maior afirmação, mas Paulo Bento tem reservas quanto à sua disponibilidade atlética. O (ainda) sportinguista tem tudo (talento) para se mostrar, menos a confiança do próprio clube que parece mais inclinado em transferi-lo do que o projectar na equipa. Quanto à posição de pivot ofensivo, não restarão muitas dúvidas que entre David Simão e André Martins estará encontrada a solução. Dependerá de quem mais rapidamente conquistar o seu espaço. Existe ainda a situação de Fernando do FCPorto, que várias vezes já vi comentado o interesse em “tornar cidadão português”.

Nas alas, onde temos a tradição de contar sempre com os especialistas mais valiosos do futebol mundial, Nani e Ronaldo continuarão por alguns anos o seu reinado. Mas torna-se necessário fazer emergir algo mais do que Varela. Quaresma nunca foi verdadeiramente uma solução na equipa de todos nós e terá 30 anos no próximo torneio. Assim o “esquecido” Vieirinha do Wolfsburgo e as grandes promessas Bruma e Cavaleiro são as hipóteses mais concretas.

É fácil de constatar, concorde-se com as soluções ou não, que existe um fosso de competitividade e experiência muito grande, entre os que estarão com 29, 30 e 31 anos no próximo Mundial e os candidatos mais credíveis nesta altura a ocupar essas posições. E isso levanta dois cenários, nenhum deles bom. Ou vamos ao Brasil com uma selecção bastante envelhecida e com a maior parte dos titulares em completo declínio ou Paulo Bento chama à Selecção principal jogadores jovens, sem ritmo e sem espaço competitivo (um pouco como aconteceu agora com Nelson Oliveira).

A solução ideal, mas sem dúvida muito pouco provável, seria regular a nossa I e II Liga Profissional + Campeonato de Juniores, adaptando à nossa realidade muitas das boas medidas que muitos campeonatos europeus já têm para proteger o espaço dos jogadores nacionais. A saber:

Contratações:

I LIGA:
Possibilidade de contratar apenas 3 jogadores não portugueses no mercado de Verão e 1 no mercado de Inverno.
II LIGA:
Possibilidade de contratar apenas 2 jogadores não portugueses no mercado de Verão e 1 no mercado de Inverno.
JÚNIORES:
Possibilidade de contratar apenas 2 jogadores não portugueses por época.

Rácio (p/ nacionalidade) e número dos planteis:

I LIGA:
50% dos atletas terão de ter o estatuto de seleccionáveis por Portugal.
24 atletas no máximo. A maior parte das equipas pode recorrer às B´s.
II LIGA:
75% dos atletas terão de ter o estatuto de seleccionáveis por Portugal.
26 atletas no máximo.
JÚNIORES:
75% dos atletas terão de ter o estatuto de seleccionáveis por Portugal.
24 atletas no máximo.


Prémios e Slots extra:

I LIGA:
Por cada internacionalização (portuguesa, em todos os escalões), um acréscimo no prémio de participação na Liga.
A equipa com mais internacionalizações p/ época recebe a final da Taça da Liga.
II LIGA:
Por cada internacionalização, um acréscimo no prémio de participação na Liga.
A equipa com mais internacionalizações participa num amigável na pré-temporada com o campeão nacional.
JÚNIORES:
A equipa com mais internacionalizações na época, adquire o direito de preencher uma vaga na NextGen Series ou outra competição que lhe venha a suceder.

Estas medidas seriam a base perfeita para catapultar a nossa Selecção. E são mesmo necessárias pois nenhum outro país com futebol de top dá tão pouca importância aos atletas produzidos internamente. É que pela minha parte, gosto de ver nome de Portugal a brilhar bem alto, alem de clubes mais portugueses. Para quem nenhuma destas questões tenha relevância (penso serem os eternos padecedores de clubite aguda e pouco patriótica) a situação tal como está é perfeita, com um Benfica, Porto e Sporting completamente brasileiros, argentinos (a nova moda são os holandeses).

Até breve.