quarta-feira, 31 de agosto de 2011

2 horas

É o tempo que me separa de uma boa desilusão. Vou ser muito honesto, gostava de ver jogar Postiga e mesmo desesperando com as bolas ao poste, a finta a mais ou a sua incapacidade para ser um rato de área, dava espectáculo. Eu sei, eu sei, estava lá para marcar golos e não os fez. Mas o que é que querem, sou um palerma que aprecia jogadores que tratam bem a bola. Pedro Barbosa, Balakov, Carlos Xavier, António Oliveira, enfim há jogadores que nos encantam não pela eficácia mas pela técnica. O jeito que faz parecer tudo fácil.

Em dois anos, dois bons avançados vendidos por 1me. Talvez esta época estivesse "condenado" ao banco de suplentes, talvez uns golos o evitassem ad eternum, não sei, mas o que sei é que olhando para Rubio, Wolfswinkel e Bojinov só o búlgaro poderá já assumir o peso de marcar os golos que nos têm faltado. A venda de Postiga (pelo menos por este valor) neste momento da equipa é o mesmo que estar a perder e a 10 minutos do fim tirar um avançado para por um defesa.

É claro que toda a minha tristeza e perplexidade seria facilmente curada com a chegada de um novo avançado. Não um qualquer "encalhado", mas um bom avançado. Aliás não entendo muito a lógica de receber 500 mil euros para ficar sem um titular da selecção nacional, a não ser que, esteja nas próximas duas horas a confirmação de outro nome de igual valia. Se não surgir penso ser a primeira má decisão (verdadeiramente má) de Freitas, que até agora me tinha estado a surpreender. É que não imagino Domingos a prescindir de um avançado no plantel em favor de...nada.

Pois sei que muitos sportinguistas não eram fãs de Postiga, sei também que para eles a saída do jogador é uma boa noticia, mas cada um pensa pela sua cabeça e a minha diz-me que o plantel fica mais pobre. Esperemos para ver a dimensão da "pobreza".

Até breve.

A febre do último dia

Com o mercado estagnado como num jogo de xadrez, estamos todos à espera o que dão aqueles últimos faxes, chamadas e e-mails entre empresários. A febre do último dia é perigosa. Nesta janela de 24 horas os mais impulsivos fazem grandes disparates, os mais cautelosos asseguram que nada é feito sem que exista um plano B preparado.

Quando já todos os media dão como muito provável a transferência de Djaló, Postiga e Carriço, pasmo com a lógica destas alienações. Primeiro, são 3 jogadores portugueses internacionais, dois deles ainda muito jovens e com muita margem de valorização, o outro é titular da nossa selecção. Segundo porque os valores mencionados são ridículos. A venda de Postiga (esteja ou não a marcar golos) por 2.5me não se compreende, sobretudo para um clube que recebeu Roberto por 8,6me. A venda de Djaló por 4me (75% do passe) é mais ajustada, mas Carriço por 5me é uma verdadeira anedota.

Espero sinceramente que apenas um destes negócios se concretize e que os restantes não passem de rumores. Aliás nem tenho bem a certeza o que pensar quando: Djaló está no último ano de contrato, Postiga não sei se renovou e quem detêm as percentagens dos passes e Carriço estava hipotecado a Pedro Baltasar. É tudo muito confuso. Ainda mais confuso quando não será fácil encontrar à última da hora substitutos. No caso de Djaló nem seria necessário, mas Carriço e Postiga ocupam posições de grande desgaste e substituí-los seria mais do que evidente, seria mandatório.

É certo que por exemplo Felipe Lopes do Nacional ou Douglas do Twente para o lugar de central, Pavliuchenko e Willian do Santos para avançados podiam ser boas hipóteses, mas será difícil nesta recta final firmar com atletas deste nível, e para vir pior dos que os que saíram....

Até breve.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Elias, a peça táctica

O último reforço a chegar e o mais caro. Quase 9 me! É muito dinheiro e prova 3 coisas. 1- O Sporting confia nos jogadores que tem nos outros sectores; 2- André Santos, Rinaudo, Schaars e Luis Aguiar não convenceram totalmente Domingos; 3- Freitas não preferiu desta vez a possibilidade de adquirir um "meio-reforço", deixando outras possibilidades, muitas, para trás.

A maior aposta de sempre num jogador recaiu sobre um "meia" à brasileira, este sim um box-2-box, que atleticamente é uma espécie de um Ramirez mais lento, mas também mais finalizador. Na europa é um valor quase desconhecido, mas na América do Sul está muito bem cotado e tem sido chamado para as convocatórias mais recentes da selecção canarinha. Só mesmo a limitação de estrangeiros do Atlético, a necessidade de encaixar dinheiro deste clube e o bom lote de médios que chegou ao clube colchonero, fizeram com que fosse possível Elias chegar ao Sporting.

É uma contratação de extremos. Ou será um grande negócio, comprando por 9 e vendendo mais tarde por 25 ou 30 me. Ou será uma aquisição trágica, pelas dificuldades de manter um jogador deste peso num plantel em evolução. Confiemos na capacidade do jogador em fazer exactamente o mesmo que fez no seu país e aquilo que se preparava para fazer no clube espanhol, ou seja, grandes épocas.

Para já vem claramente substituir Rinaudo e André Santos na função de médio recuado. Podendo ainda assim juntar-se a um destes em jogos onde seja necessário uma postura mais defensiva. Uma coisa é certa, por este valor vem mesmo para jogar. Elias está em forma, como o Guimarães pode comprovar e não será tão difícil assim entrar na equipa titular, Rinaudo parece condicionado e Schaars algo "perdido" na adaptação de maestro do meio campo. 

Com Capel e Jeffren, Elias pode fazer uma tríade bastante veloz e dinâmica, deixando para Bojinov e Rinaudo funções mais posicionais e Fernandez como plataforma giratória entre todos estes. É um desenho curioso, talvez até o regresso ao losango, porque estes jogadores o permitem. São rápidos, imprevisíveis e trocam facilmente de posições, tudo o que Paulo Bento não tinha para impor este modelo.

Até breve.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O fundo do poço

Para Domingos este principio de época é como acordar no fundo de um poço. Quando adormeceu tinha acabado de subir na carreira, deixando um clube de 4º lugar para ingressar num candidato ao título. Com uma nova direcção ambiciosa, com os adeptos a vibrar com a sua imagem, com jogadores atrás de jogadores a assinar contrato, com a garantia que era fácil fazer melhor que Paulo Sérgio ou Paulo Bento.

Agora no fundo do poço, tudo é negro e olhando à volta não há cordas, degraus, botão de alarme. A subida terá de ser feita jogando as unhas à parede e raspando o que houver para raspar. O pesadelo perfeito para um treinador profissional. A equipa não tem processos colectivos desenvolvidos, apenas um esquema de saída a jogar (por agora) muito dependente da criatividade individual. A equipa joga a medo, insegura, sem ligação. Nota-se que está a 15 ou 20% das suas capacidades, mas encontra-se neste estádio há demasiado tempo.

Os maus resultados têm destruído completamente todo e qualquer trabalho que tenha sido feito nos treinos. Durante as últimas partidas é evidente a forma deficiente de muitos jogadores, a sua estranheza quanto aos processos, Domingos jogou cartas "velhas" tentando que antigas familiaridades agilizassem o processo, mas penso que terá sido um erro. Os jogadores há mais tempo na equipa são tão alheios ao que deseja como os que chegaram a semana passada.

Arriscaria a dizer que Elias e Insua darão mais à equipa neste momento que Schaars e Evaldo, Carrilho mais que Djaló, Rodriguez mais que Carriço, Rubio mais que Postiga. Se eu fosse Domingos (se fosse não estava aqui a escrever isto) olharia para o plantel e escolheria aqueles que são em potencia os melhores para cada lugar, fosse qual fosse a sua adaptação, fosse qual fosse o seu entrosamento com os colegas. Se é para construir uma equipa, que o façamos com os que farão parte dela assiduamente e não com os que já deram provas não servir para as exigências do colectivo.

Verdade seja dita que a condição física tem sido a grande responsável pela adiada consolidação dos melhores na titularidade. Insua, Rodriguez, Rinaudo, Jeffren, Capel, Fernandez e Bojinov. São 7 jogadores! Se lhes juntarmos Elias, 8 entre 11. Sobram Patricio, Pereira e Polga. Arrisco um segundo palpite: quando estes 8 jogadores estiverem a 100% da sua capacidade atlética, será difícil perder jogos em casa sofrendo 3 golos.

Ainda ninguém disse isto, mas está à vista que este é o melhor plantel deste o último título, bem ao nível do plantel de Benfica e FcPorto. Infelizmente o valor individual do plantel não tem correspondência no colectivo e como equipa este Sporting está ao nível dos piores. Tão mau como a fase final de Paulo Bento ou Paulo Sérgio, o que ninguém esperaria nesta altura. Mas no futebol nada é seguro e bons jogadores não ganham nada sem que haja um desenho colectivo. Existem muitas razões para que Domingos ainda não tenha feito:

1- Entrada de jogadores a conta-gotas
2- Lesões
3- Péssimas arbitragens
4- Expectativas elevadíssimas 
5- Má adaptação de alguns reforços (Wolfswinkel, Schaars)
6- Fraca rentabilidade dos jogadores que transitaram da época passada

Tudo isto dá um cocktail explosivo. Um mix de erros que ninguém sabe como poderiam ser evitados. Erros que quando Domingos acordar amanhã ainda estarão a fazer mossa. Na próxima partida, a sombra do adeus ao título é real. Ficar a 10 pontos do Porto é como encarar a Liga portuguesa como treino e as taças como competições a sério. Como digo, o fundo do poço. Pelo menos nesta época.

Até breve.

domingo, 28 de agosto de 2011

Marcha atrás

5 jogos oficiais. 3 empates, 1 vitória e 1 derrota. Talvez 7 pontos de diferença para o Porto e 5 para o Benfica. À 3ª jornada tudo parece indicar que será uma utopia considerar para breve um Sporting seguro e eficaz. Esta equipa vai mesmo precisar de algum tempo. As lesões e maus resultados não estão a ajudar, o que se faz de bom num dia, não resulta noutro.

A derrota com o Marítimo talvez tenha sido injusta, mas é mau demais ver equipas como a insular chegar a nossa casa e sem talento por aí além marcar 3 golos. A defesa está realmente muito mal nos lances de bola parada e o meio-campo parece muito pouco eficiente a segurar os playmakers adversários. Há muita coisa para falar no final deste jogo naquele balneário de Domingos. Não vale a pena pedir demissões, não adianta nada. Ainda bem que o treinador se chama Paciência, pois vamos todos precisar de continentes dela.

Se fosse possível enviar este plantel para estágio, treinar e assimilar melhor os pequenos enormes detalhes técnicos do jogo, era o ideal. Como se defende em cantos? Como se marca um jogador? Como não dar sistematicamente livres ao adversário por disputas de bola homem-homem? Como posicionar o meio campo em transição defensiva? Onde devem estar os laterais a quando da perda da bola? Podia estar aqui meia-hora...

Domingos está muito perto do zero de onde começou. Não há grandes evoluções. Vamos esperando ansiosamente por elas sabendo que para chegar à linha que foi traçada (disputar o primeiro lugar) vai ser preciso qualquer coisa parecida com uma milagrosa mudança. Para já parece uma época de lesões, azar, erros e muito trabalho. Ninguém se atreva a tentar explicar tudo isto com erros do treinador ou exibições individuais, só nos vai atrasar no caminho.

Até breve.

Assobiar ou não eis a questão.

Se um espectáculo for mau, assobio? Talvez. Mas o que é certo é que não me lembro de um único evento cultural ou desportivo em que tenha assobiado os protagonistas. E já vi muitas coisas intragáveis, nunca me ocorrendo assobiar, ou manifestar desagrado de qualquer forma sonora. Penso que por educação, civismo e maturidade, nunca vi como necessário mostrar publicamente o meu desacordo, a minha insatisfação como o que estava voluntariamente a assistir.

Como é óbvio já tive imensa vontade de o fazer. Assobiar Grimi, Tiui, Nalitzis, Dominguez, Caicedo, Farnerud, Careca, Valtinho, Patricio foram alguns dos passatempos favoritos dos públicos de Alvalade, mas porque nunca entendi realmente a vantagem de assobiar a equipa ou um jogador, nunca o fiz. Assobio e sim contra o árbitro, porque sei que muitas vezes a indignação da bancada produz efeitos na condução do jogo do juiz. E porque ninguém é de ferro, às vezes a coisa passa largamente o assobio. Mas a própria equipa...nunca me deu para tal, às vezes calha-me um "desses" whistleblowers e antes que venha o assobio, já antes muitas tiradas ao melhor género dos cronistas da Bola presentearam a maior parte dos jogadores actuais ou passados, treinadores actuais e passados, presidente actual ou passado.

É o mais puro e mais bacoco do ser português. Assobio e insulto a minha equipa porque sou melhor que ela, porque eu como adepto mereço mais, porque eu lá em baixo faria bem melhor. Nada mais fanfarrão, nada mais desportivamente irresponsável. O Sporting de Djaló a falhar recepções e o do Postiga a falhar golos, a camisola que veste o Evaldo que hesita em correr ou passar faz parte do meu clube, o que clube que apoio. Estou cansado dos adeptos que só o são quando a equipa está a ganhar, quando a equipa está bem, os adeptos que estão com a equipa quando ela menos precisa deles. Os maus resultados em casa começam nestas atitudes, nestas recepções que aos 5 minutos já estão a tornar o nosso estádio, a nossa casa num inferno para nós próprios em vez de o ser para o adversário.

Até breve.

sábado, 27 de agosto de 2011

Insua e a lógica da motivação

É um dado assente que se perdeu muito do "gás" com que a época estava a começar. O número de espectadores frente aos dinamarqueses é uma redução muito acentuada que muito provavelmente ficou decidida por dois empates sem golos consecutivos. Os adeptos que iriam a Alvalade em busca de uma equipa candidata ao título não voltarão tão cedo. Eles já entenderam o que os outros (os que entendendo mais de futebol sabem ser uma equipa de progressão sem tempo ainda para ser um bloco sólido) sabiam no principio da época.

Não quero dizer que os mais "moderados" sabiam que a equipa iria empatar nos 2 primeiros jogos da Liga, bem pelo contrário, são estes os jogos que sempre imaginaríamos vencer. Olhanense e Beira Mar pelo que mostraram frente ao Sporting serão sem dúvida equipas com muita dificuldade na manutenção. Zero de futebol atacante, zero de criatividade, zero de atrevimento e ambição. A manha de jogar pelo pontinho nunca produziu nenhum treinador de destaque, até Paulo Sérgio, o agora treinador do Hearts, vinha aos estádios dos grandes jogar para ganhar.

Duas oportunidades falhadas de acumular vitórias, o plano "lastro de confiança" arruinado à partida e noção clara que existem muitos erros para descobrir. A defesa do Sporting, em jogos oficiais não foi minimamente testada. Mas será e revelará que muitas das deficiências que a pré-época exibiu ainda não foram ultrapassadas. Quatro grandes problemas se apontam à equipa de Domingos: 1- A falta de um defesa que comande o processo defensivo; 2- A falta de um lateral esquerdo que dinamize mais o lado esquerdo; 3- A falta de um condutor de jogo no meio campo, Schaars está longe de conseguir transportar a bola até aos avançados; 4- A falta de um ponta de lança de "pé quente".

Todos as questões estão ligadas à falta daquele jogador, pelo da forma como tenho visto ser apontadas. Na minha opinião esta visão está errada. Apesar de Turan, Rodrigues e Onyewu, Aguiar e Schaars ou Rubio, Wolfswinkel e Bojinov ainda não estarem a ser soluções de momento não quer dizer que esse quadro se mantenha. Muito mais quando a equipa colectivamente ainda está muito longe do que pode fazer. Em alguns jogos, ainda a espaços, já se vê um fio de jogo. Ainda é uma noção remota e muito pouco eficaz, mas está lá.

Uma pressão subida e constante á procura da bola, o controle da posse sempre em evolução e passe curto, trocas de posições entre alas e médios centro, triangulações constantes entre o lateral o ala e o médio que descai numa fase de apoio, o recuo do avançado para triangular abrindo espaço para a desmarcação do ala, enfim, há trabalho, há uma ideia de como jogar. Ainda nada sai natural dando a ideia de incapacidade individual, mas o facto é que a exibição de Capel diz muito do que se pode esperar no futuro.

E eis que nesta antecâmara de evolução surge Insua. Talvez a assunção do corpo técnico da incapacidade de Evaldo e Turan? Uma oportunidade de apostar em mais um jovem com valor? A pressão dos adeptos impacientes especialmente com o luso-brasileiro? Ninguém saberá a resposta exacta, mas cria-se uma nova expectativa, um novo lastro que convém desta vez saber gerir, pois o mercado fecha e o dinheiro acaba. Depois de 31 de Agosto todas as realidades serão definitivas e os sonhos terão de dar lugar à realidade.

Até breve.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O medo

Domingos deu um puxão de orelhas aos jogadores. Ele e todos nós estamos fartinhos até aos cabelos de esperar que a equipa se resolva a mostrar o trunfo da garra. Nesta fase da época, enquanto se joga com alguma insegurança, os tomates e a atitude de "fodo-te todo se me roubas a bola" são o que pode valer a um conjunto de muita cara nova.

O medo de perder, não passar bem a bola, a hesitação de finto ou chuto para a frente, são todos inconcebíveis se se quiser surpreender os adversários. Honra seja feita a Jeffren, Rinaudo e Capel que lhes sobra "cojones" mas que lhes falta entendimento, ritmo e colegas para mudar o estilo "vamos andando" do Sporting.

Fez bem em tirar Fernandez e Djaló, expoentes máximos de uma forma de estar em campo que passa largos minutos sem participar dos envolvimentos atacantes e defensivos. Fez mal em não tirar Schaars (mas não podiam sair todos). O holandês está perro e vai ter de dar muito ao cabedal para se manter na equipa. Um jogador para jogar à Lampard neste onze de Domingos tem de estar em todo o lado, com a bola nos pés, ou a marcar alguém. Ou muito me engano ou com o Nords, o menino André Santos vai arrumar com o Stjin para o banco.

Sobre os árbitros, só me ocorre a ideia de que é melhor que continuem com o boicote. Para ter Paixão, Xistra, Benquerença ou outros do género, mais vale pessoal da distritais. Esses não têm medo.

Disse.

domingo, 21 de agosto de 2011

O precedente precedido

É a segunda vez que num jogo do Sporting a escolha do árbitro tem de recorrer a meios muito poucos profissionais para quem participa numa liga....profissional. E tudo porque mais uma vez a sensibilidade para reagir às criticas leoninas é bem mais drástica comparando com as outras. É a segunda vez que o precedente é realizado. Desde a primeira nunca outro clube da I liga teve tratamento semelhante. De lá para cá todas as insinuações, acusações, insultos não chegaram para ferir as susceptibilidades dos apiteiros.

Gostava de ouvir o que o presidente da comissão de arbitragem e o presidente da Liga têm a dizer sobre isto. Provavelmente nada. Mas será curioso verificar o que acontecerá na próxima critica de um clube, recusar-se-ão a apitar jogos desse clube? Ou é só o Sporting, só o João Ferreira? Se for só o primeiro é grave, se for só o segundo é grave na mesma, mas só afectará a carreira deste. Vai ser um caso engraçado de acompanhar, mais uma nota de péssimo humor deste "sistema" que está pré-formatado à medida de azuis e encarnados.

Grande elogio à Selecção Sub-20 que de underdog passou a grande surpresa da competição. Foi segunda, mas também podia ter sido campeã. Não me parece que tenha sido brilhante em termos de espectáculo, mas o que é certo é que pode ter aberto muitas carreiras. Mika, Cedric, Reis, Rodrick, Danilo, Pele, Alex, Nelson Oliveira e Sergio Oliveira destacaram-se e podem olhar agora com mais esperança o futuro das suas carreiras. Ilidio Vale foi tão criticado, mas apresentou resultados com um conjunto de jogadores onde faltou a "descoberta" de um génio como João Pinto e Couto na Arábia Saudita e Figo e Peixe em Portugal.

Parabéns também aos núcleos sportinguistas espalhados pelo país, a força que dão ao clube é indispensável. Acordar o clube é também activar os núcleos. Alvalade tem estado muito "longe" das digressões de adeptos de outras zonas do país, o nome de Portugal inscrito no clube tem de ser levado à letra.

Até breve.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Uma ousadia selectiva

João Ferreira não se sente capaz de arbitrar o jogo entre Beira Mar e Sporting. Aparentemente as declarações de GL fizeram-no sentir-se pressionado. Na verdade a única pressão real sobre a sua arbitragem advém da péssima prestação de Xistra, ela sim condicionará qualquer árbitro na próxima partida. Mas se o senhor tem esse direito, nada a dizer, apenas salientar que em situações iguais e muito mais graves nenhum árbitro se sentiu limitado a arbitrar. É ousado o gesto e ninguém sabe o que representará na APAF. É um acto isolado e pontual ou é já a expressão de uma reacção colectiva?

Seja o que for é mais um episódio de "coragem" súbita, mais um braço de ferro entre a arbitragem e o Sporting. É curioso o atrevimento apenas e só porque quando se passa exactamente o mesmo com Porto e Benfica não vemos nenhuma reacção individual ou colectiva. Não é preciso muito para nos lembrarmos o que diz PC de alguns árbitros (de forma sistemática o que ainda é mais grave) ou o que as "vozes" de LFV submetem à imprensa sobre outros tantos senhores do apito. A coragem aí é normalmente substituída por um sorriso cobarde que esconde a incapacidade (ou o medo) para enfrentar estas duas instituições.

Bem que pode o Sporting estar permanentemente a tentar solucionar o problema da arbitragem portuguesa, não passará de letras mortas, primeiro porque ninguém quer melhorar este sector e depois porque os próprios beneficiários estão-se nas tintas para as soluções do Sporting. O cão obedece ao dono e mesmo que um "estranho" lhe dê bife do lombo, o animal irá preferir sempre o osso velho e podre que tem aquele cheiro característico do seu provedor. O problema dos árbitros chama-se Benfica e Porto. A disputa destes dois emblemas por favorecimentos ilícitos dura há tanto tempo que é difícil sequer imaginar o futebol português sem as polémicas pós-partida.

A relação de forças está institucionalmente bipartida e esse combate entre anjos e demónios, que trocam de camisola de vez em quando, está a matar o futebol português. Durante muitos anos acreditei que muitos dos problemas cessariam com a saída da velha guarda de dirigentes que regulavam o poder durante os anos 80 e grande parte dos anos 90. Essa esperança morreu quando olho para presidentes como os do Nacional, do Guimarães ou do Braga. Novos interpretes que fazem parecer Pimenta Machado ou Valentim Loureiro autênticos samaritanos. De factos os hábitos perpetuaram-se, apenas estão mais dissimulados, a vassalagem a Benfica e Porto é total.

Neste campo de preto ou branco, azul ou vermelho, a favor ou contra, joga também a arbitragem. Cada vez mais fraca, errática, indisfarçavelmente preocupada apenas com o que acontece com os seus "donos" Porto e Benfica, o resto é paisagem, o resto é para exibir estilo e criatividade. O Sporting é só mais um dos 14 clubes que se podem queixar, e muito, dos homens do apito. A diferença é que também o Sporting quer lutar por títulos, facto que passa completamente ao lado da arbitragem. Falamos alto, mas não temos chicote. Sem dor não há castigo e sem castigo não há arremetimento. Há apenas ousadia.

Até breve.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um caminho já percorrido

Costuma-se dizer que percorrer um mau caminho é doloroso. Fazê-lo duas vezes é um erro. Fazê-lo 3 é pura estupidez. Pois quando tantos decidem usar uma dupla-faceta amor-ódio conforme o resultado e as exibições, eu e este blog seremos apenas e só apoiantes do Sporting. Ser isso neste momento é colocarmo-nos ao lado de Domingos e não por cima cuspindo-lhe o azedume que nos mói depois de um mau jogo realizado.

Fui dos primeiros a "pedir" que se evitasse o desgaste Paulo Bento, a "pedir" que se acabasse com o erro Paulo Sérgio, mas serei talvez dos últimos a "pedir" igual desfecho a Domingos. É o meu treinador e será bom enquanto for válida a premissa para que foi contratado - construir uma equipa. Construir não é o mesmo que reparar, nascer não é o mesmo que acordar, crescer não é o mesmo que estar de pé.
Já tinha levantado a possibilidade de esta equipa poder incorrer em muitos erros, em muitas ineficiências, redundâncias próprias de imaturidade colectiva e desajustamento individual. Como todos esperei que as boas indicações contra o Olhanense fossem até ampliadas na Dinamarca. Não foi assim.

O zero do marcador espelha as dificuldades de manobra ofensiva. É assim tão surpreendente? É assim tão mau empatar fora contra os nórdicos? Podia ter sido melhor? Sem dúvida. Mas vale a pena começar a desmobilizar por tão pouco? Mas que parte da frase "equipa em construção" é que alguns adeptos sportinguistas não entendem? Os mesmos que tanto escreveram sobre as qualidades de Domingos e a qualidade dos reforços, são precisamente os mesmos que agora pedem a cabeça de alguns jogadores e fazem exigências ao treinador.

Eu já sei para onde vai este caminho. Comigo não contem. Sei que vou receber muitas respostas a condenar a minha falta de visão e pactuação com más prestações individuais, provavelmente muitos deixarão de visitar este blog, mas sabem que mais, azar, acredito sinceramente que nós como adeptos não devemos começar já a meter as mãos no tapete ameaçando retirá-lo ao próximo desaire. Devemos estar ao lado da equipa, apoiar, sofrer com o mau e ter fé no que é bom. Sobretudo não devemos descredibilizar o talento que este ano sim, existe em Alvalade.

Melhores dias virão e há que experimentar outras vias, a raiva, o insulto, o desânimo não resultaram no passado e cada ano que passa a frustração aumenta, banhar Domingos com a nossa vontade infantil de mudar tudo do dia para a noite só encaminhará mais um plantel e um treinador para a vasta galeria de insucessos. Eu sei de que lado vou estar. Vou sofrer mais, mas foi isso que me pediram, foi isso que aceitei, Não pedirei títulos, "cabeças" ou modelos. Peço trabalho e um caminho diferente. Exigirei resultados na altura onde fizer sentido exigi-los. Ao segundo jogo da época é cedo, pelo menos para mim, cada um sabe ser o adepto que pode ser.

Até breve.

A escola


Já não há mais adjectivos para classificar a prestação de Nuno Reis no Mundial de Sub-20. Nem eu nem o comentador do jogo da Eurosport fomos capazes de resistir a perguntar “mas o que é um jogador destes faz no Cercle de Brugges?”. A resposta é: joga. A primeira tentação é chamar o jogador de volta ao plantel principal em vez de Douglas ou qualquer outro. Mas racionalmente o Sporting estaria provavelmente a interromper uma evolução que tem sido constante e notória.

Aliás, Renato Neto, outro Sportinguista emprestado ao mesmo emblema, encontra-se mais ou menos na mesma etapa, com excelentes prestações e embora com uma titularidade mais discutível, o que é certo é que o para o clube Belga foi imperativo contar com os dois atletas para mais uma época. Mas Nuno Reis é a figura deste mundial. Capitão, seguro, autoritário, motivador, exibiu na Colômbia toda a sua capacidade para vir a ser um dos maiores centrais formados no Sporting. Muito provavelmente melhor que Caneira, melhor Hélder Rosário, melhor que Carriço.

Que o Sporting forma dos melhores extremos da Europa é quase unânime, quem numa década teve Quaresma, Simão, Varela, Ronaldo e Nani, só pode ser considerado uma grande escola, seria curioso começar agora uma nova corrente, a dos centrais. Começar com Carriço, Pedro Mendes, Nuno Reis e Llori é um símbolo, poucos seremos capazes de dizer o que estes 4 jogadores representarão no futuro, mas eu aposto que deixaremos de ser a “escola de alas” para nos tornarmos na “escola de ouro” do futebol nacional.

Quando tantos (até sportinguistas) questionaram o sucesso da nossa formação, quantas vezes influenciados pelo insucesso da equipa principal, aí está uma nova geração de promessas a dar provas de que por Alcochete ainda se faz o futuro do sucesso do futebol de Portugal. Um dia gostava de ver esse mérito verdadeiramente reconhecido pela nossa imprensa. A mesma que tanto gosta de se esvair em vénias pela gestão de Pinto da Costa ou pela grandeza de associados do clube da Luz. Nem um nem outro tem contribuído para a constante renovação de talento das nossas selecções.

Se um dia existir real justiça financeira e regulação na contratação de estrangeiros, esse será o tempo do nosso clube. Até lá as armas são outras e o tabuleiro muito diferente, um tabuleiro em que Nuno Reis sendo o melhor jogador do mundial de Sub20 não tem lugar no plantel principal do Sporting. O que é que o presidente da FPF pensará sobre isto?

Até breve. 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Negociar o impossível, prever o imprevisível

Já com a época iniciada e com tudo o que havia para apresentar sobejamente conhecido e esmiuçado, parece que o mercado insiste em dar o plantel leonino como aberto a mudanças. Perante a entrada de um jogador como Douglas, será óbvio que se esgota o espaço de Onyewu, tal como a saída de um jogador como Postiga levanta grandes dúvidas à cerca da possibilidade de o substituir a duas semanas do fecho do mercado. Quem comprar vai ter de "perder a cabeça" e quem vender vai ter de saber por antecipação onde vai ter também ter de "perder a cabeça".

Douglas por Onyewu será evidentemente uma vantagem, mas a que preço? No último ano de contrato o brasileiro pode custar qualquer coisa como 4 a 5 me. Já Postiga nunca poderia sair por menos de 8 me (metade do passe pertence ao FC Porto e qualquer avançado que se preze custa pelo menos 4 me). Ora nem o Sporting tem o dinheiro que custa o defesa, nem o Besiktas dará o suficiente pelo avançado. Em que ficamos? Em nada, ou pior, com um Hugo Almeida de "encomenda". Tremo só de imaginar uma troca possível em que damos o titular e recebemos o suplente da Selecção. Mau de mais? Se lhe juntarmos as últimas declarações do ex-portista em que dizia qualquer coisa como "fico contente com o interesse do Sporting e muito mais contente com
o do Benfica" então a coisa fica de todo impossível.

Não sei se o Sporting precisa de mais um central ou de trocar de avançados. Num campo ideal teríamos tudo o que é bom a substituir aqueles onde temos mais dúvidas. Mas isso são conjecturas para Mancini, Guardiola ou Ferguson fazerem, Domingos tem outro escalão de soluções, onde certamente mexer no plantel, com o fim do mercado à vista, é um negócio perigoso. Freitas diz que o Sporting vai estar atento a possíveis oportunidades, mas penso que nessas declarações espelham mais uma compra invulgarmente barata ou um resgate a custo zero e nunca um grande investimento.

Esta não é altura de desespero. O Sporting tem 1 jogo oficial realizado e nada do que muitos dos jogadores mais contestados mostraram pode ser entendido como um indicativo real e absoluto. Alguns tornar-se-ão muito melhores e outros nem por isso, mas afirmar quem são é ainda precipitado.

Até breve.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ajudar ou Boicotar?


Há uma imagem que me ficou na memória, daqueles 3 segundos que dizem muito, mais de 1000 palavras, passe a expressão. No final do encontro com o Olhanense as câmaras fixaram-se em Domingos. Ao apito do árbitro, o treinador do Sporting encostou-se à extremidade do banco e a sua expressão de desilusão foi tão óbvia que Freitas ao seu lado não hesitou em dirigir-lhe seguramente algumas palavras de alento.

A forma de como o seu rosto nem se esforçou por mostrar mais do que pura frustração foi a prova mais humilde e sincera da dedicação e trabalho que o treinador tem posto ao serviço do nosso clube. Aos que tiveram dúvidas, como eu, que seria um treinador com dificuldades de interpretar um tipo de futebol assente no domínio permanente do jogo aquilo que a equipa produziu esteve, apesar de muito hesitante e errático, muito mais perto daquilo que se deseja, muito mais perto que em Sportings passados.

Não tenho dúvidas que temos finalmente treinador, não tenho dúvidas que temos finalmente jogadores onde depositar esperança de crescimento. Onde tenho mais dúvidas é no tipo de apoio que nós adeptos estaremos dispostos a dar. Domingos entende de futebol, mas nós entendemos de futebol de trazer por casa. É uma grande diferença. Entre os dois existe muita coisa que não vemos, sabemos, intuímos. Coisas como a insistência em Evaldo, o respeito por Polga, a confiança em Carriço, o resguardo de Izmailov ou a temperada utilização de Capel, Rubio ou Aguiar.

O que Domingos está a tentar criar é uma equipa, não um onze como JJ. Dá mais trabalho, mais conflitos, mais impaciência dos adeptos. Mas no final dá mais resultados. Numa equipa não há “patinhos feios”, não há “príncipes” e sobretudo não há “culpas exclusivas”. Tenho visto em muitos blogs leoninos uma autêntica sessão de linchamento opinativo de Evaldo, Carriço ou Postiga. É o oposto ao que Domingos está a tentar fazer, em muito estamos colectivamente a boicotar o seu esforço, em muito estamos a “andar” a reboque de soundbytes benfiquistas e portistas, eles sim divertem-se com as nossas dificuldades.

Enquanto não colocarmos na nossa cabeça que há muito para além do que nós “achamos” será difícil ser justo na apreciação do potencial da Equipa. Analisar a prestação de um jogador como Djaló é fácil, qualquer um pode “achar” que não tem lugar no nosso onze, mas será inteiramente adequada? Se o jogador tivesse marcado 2 golos frente aos algarvios será que não estaríamos a dar os parabéns a Domingos pela capacidade de ter visto algo mais do que nós?

A opinião é livre, mas como tantas vezes insisto neste blog, ela também é relativa. Interpretemos esta subjectividade como o espaço que devemos dar a quem decide, a quem dá a cara pelos maus resultados. É tão fácil dizer “nós ganhámos” como dizer “o Djaló não jogou nada”, mais complicado é afirmar “eu perdi”.

Até breve.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A mudança

Depois de ver o resultado do FC Porto em Guimarães e saber que foi conseguido com um penalty no mínimo discutível, pensei imediatamente "ora...não é surpresa" e a forma de pensar repulsou-me imediatamente. Não é assim que devemos reagir. Apesar de ser sempre uma vantagem ter adversários a perder tantos ou mais pontos do que nós, é uma ilusão esperar que tanto Porto como Benfica possam dar ajudas morais aos sportinguistas.

Cada ponto nesta liga vai ter de ser arduamente conquistado pelos jogadores e treinador do Sporting. Isso é um facto que convém "gravar" no disco e repetir a cada obstáculo, a cada Xistra, a cada jogo aparentemente acessível. Com trabalho e muita paciência é de esperar que as vitórias se tornem menos suadas e mais naturais, mas nos próximos meses não vai haver falta de espaço para errar. Concentremo-nos na nossa equipa, nas nossas pequenas grandes vitórias e deixemos os árbitros na gaveta onde merecem estar, na posição de incógnita que convém nunca aliar ao factor isenção e justiça.

Uma equipa sólida, ganhadora, com os adeptos à frente, atrás e aos lados é uma equipa "pronta" para receber as benesses pontuais da equipa de arbitragem, sempre foi, em Portugal sempre será. O factor "alpha" muito estudado em fenómenos desportivos pesa demasiado nas decisões de milésimos de segundo, em caso de dúvida, um individuo tende a "favorecer" o organismo  mais forte e contrariamente ao que se diz, nunca a "proteger" os mais fracos. É assim em toda a biologia, porque é que os humanos seriam diferentes?

É obrigatório exigir competência, mas não devemos focar-nos apenas na arbitragem. Todos os erros devem ser matéria de estudo e correcção. Os piques inconsequentes, a falta de capacidade para chegar ao fim da linha e cruzar, os passes falhados em zona de decisão, as oportunidades perdidas em frente ao guarda-redes, tudo isto custa pontos. Dizer que o Sporting empatou graças à arbitragem é meia-verdade a outra é que não concretizou em golos o seu ascendente. Esta é a única reflexão que nos levará a algum lado.

É preciso mudar a forma de reagir a maus resultados. "Chorar" as arbitragens é a forma mais subtil de fazer de conta que nada há para corrigir. O nosso rival da 2ª circular tem recorrido a esse esquema durante anos e vejam o que lhe tem trazido. A imprensa de hoje montou o "circo" e está a tentar dar um "empurrãozinho" aos clubes de Lisboa neste deve e haver dos pontos injustamente ganhos ou perdidos. Entrar nesta dinâmica não nos convém. Aliados? Contra quem? Porquê? Mais vale seguir o nosso caminho e olhar para os nossos problemas, são bastantes.

Até breve.

domingo, 14 de agosto de 2011

Justiça

Se quisermos ser justos teremos de pensar que no final da partida há mais razões para acreditar no que a equipa do Sporting pode fazer este ano. O marcador não mostra nada do que foi o jogo. O Olhanense não mereceu em nada o resultado e vendo o que fez em campo pode-se dizer que foi um ponto milagroso o que o Dauto levou para o Algarve. Não entendo os elogios que se faz aos treinadores portugueses, para por um autocarro à frente da baliza não é preciso ter grande talento, basta jogar com 4 defesas, 3 médios defensivos, 2 alas a fechar os corredores e dois vagabundos a fingir que estão lá para atacar.

O mérito táctico da equipa algarvia foi deixar passar o tempo, demorar 1 minuto a marcar livres e lançamentos laterais, muitas lesões fictícias e muito povoamento do seu meio campo. Convenhamos que só resultou porque houve interferência do árbitro e muita incapacidade do Sporting em aproveitar as 10 oportunidade que teve para marcar. Ainda assim, não vai ser fácil para a equipa de Olhão ficar nesta primeira liga. O remate de Wilson foi um oásis num deserto de jogo, numa filosofia antiga de retranca que não já não dá para entender. Mata-se um jogo, o futebol e o espectáculo. A felicidade dos adeptos de Olhão em Alvalade é uma incapacidade dos mesmos em ver o que a sua equipa foi dentro de campo - uma nulidade à espera que o jogo terminasse.

Nota-se que no Sporting de Domingos existe uma ideia. Ainda não está assente, nem bem interpretada, mas tenta-se jogar à bola. Tenta-se criar desequilíbrios, entendimentos, aberturas, espaços para jogar. As triangulações começam a surgir, a bola corre mais de pé para pé, mesmo com pouco tempo para jogar, menos um homem e o público desesperado por ver a bola na frente, os médios tentaram sempre sair a jogar e não recorrer ao chuveirinho. Há jogadores em defice atlético e outros com enorme defice de confiança. Mas há talento e capacidade para pegar no jogo - precisamente o que não existia nas épocas anteriores.

Faltou pouco para a vitória, se quisermos ser justos até podemos dizer que um apito a mais (penalty) ou um a menos (golo anulado) tinha garantido os 3 pontos, mas ok o Sporting também não esteve isento de erros. Com um Portiga mais matador, um Jeffren e um Capel menos trapalhões (falta-lhes conhecer os colegas) ou um Schaars mais mandão, a equipa vai melhorar bastante. E há banco. Há Bojinov, há Carrilho, há Izma, há Turan, há Arias, há André Santos, há Wolfswinkel, Aguiar e Rubio.

Começamos com um empate. Mas se formos justos a equipa fez por merecer muito mais. Com tempo muito do que não correu bem, deixará de acontecer. Há alma, vontade e talento nesta equipa. A sorte virá com a eficiência, rigor e entendimento.

Até breve.

sábado, 13 de agosto de 2011

Uma coisa mudou

Ainda estou sentado na minha cadeira em Alvalade e terei de ser breve na mensagem. Não me apetece grandes reflexões mas posso dizer que uma coisa mudou - a atitude. Contra o autocarro, contra o Xistra, contra as lesões e contra a falta de entrosamento da equipa, contra tudo...lutou-se. A espaços jogou-se muito bom futebol. Isso já está diferente.

O que não mudou foi Djaló e a arbitragem. O primeiro desperdiçou mais uma oportunidade, vão ser poucas estes ano rapaz...e o segundo devia ir para casa ver o DVD...reflectir e pedir desculpa por ter impedido claramente que o Sporting ganhasse.

Ainda não vi os lances na TV, mas na 1ª parte reclamou-se penalty e na segunda houve um golo anulado...só quero ver...além disso penso que deve ter perdoado umas boas 2 expulsões no final da partida.
Parabéns ao público esteve impecável. Parabéns a Domingos a equipa parece ter evoluido e não merecia ter empatado este jogo. Não me lembro de uma única jogada do Olhanense. Nem cantos, nem livres, só mesmo um remate...

Até breve.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vagas de Futuro

Nuno Reis foi incluído no onze ideal do Campeonato do Mundo de Sub-20. Para os Sportinguistas que seguem com alguma atenção o evoluir dos jogadores emprestados, o valor deste jogador já é uma certeza. Por muito que os media destaquem constantemente Nelson Oliveira ou Sérgio Oliveira, o que é certo é que o destaque foi dado ao atleta do Sporting.

Mesmo assim a notícia é dada em rodapé, discretamente, como se nada de substancial se tratasse. Como seria diferente se a camisola fosse outra. É verdade que esta selecção nada tem feito para brilhar, mas porventura a defesa com zero golos sofridos deveria merecer mais unanimidade no elogio. Dos jogos que tenho visto, também Cedric e Caetano merecem uma palavra. Ao contrário da imprensa e apesar dos golos, não penso que Nelson Oliveira esteja a fazer uma grande prova, vale bem mais do que tem feito parecer.

Mas voltando às nossas promessas, Nuno Reis e Cedric são apenas dois dos muitos que devemos acompanhar com atenção este ano. A lista é vasta, mas destaco Pedro Mendes (possivelmente no Real Castilla) Renato Neto (Cercle Brugges) Wilson (Olhanense) Adrien (Académica) Salomão (Deportivo), Rosado (Feirense) Zezinho (Estoril) e Golas (Penafiel). Entre estes haverá alguns que com bastantes minutos esta época estarão bem preparados para entrar na próxima época no plantel.

Uma terceira vaga também já se encontra em preparação, com Llori, William Carvalho (Fátima) Juary e Luis Ribeiro (Sertanense) Bruma, Tobias Figueiredo, Ricardo Esgaio e Betinho. Nada mal para uma suposta formação em crise. Quem dera muitos dos clubes mundiais uma crise destas. Saibamos nós tirar partido de tanto valor e dar o melhor seguimento a cada atleta.

Até breve.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quando não saber é uma boa notícia


É preciso recuar algumas épocas para que se repita um fenómeno que está a acontecer este ano. Qual é o onze inicial do Sporting? A pergunta pode ser sempre vista de duas formas: é mau nesta altura ainda não ter um 11 definido ou é excelente que não estejam já à vista os titulares, sinónimo de qualidade seja qual for a ocção.

A discussão ao contrários de outros anos, não está na fraqueza de soluções, mas sim quem será o melhor. É uma enorme diferença. É uma boa diferença. Na baliza existe unanimidade (talvez a única). Agora e até que saia do clube espera-se que Patrício seja o que foi no último ano, não é preciso mais embora com a idade e trabalho até pode ser expectável que suba ainda mais de rendimento. A titularidade na Selecção não será alheia a uma confiança redobrada.

Nas laterais e enquanto Turan e Árias não estejam a 100% identificados com o modelo de Domingos as opções são Pereira (outro internacional em ascensão) e Evaldo. Há quem defenda o “risco” Turan, mas penso ser cedo para começar a “fechar” a porta ao lateral, merece no mínimo umas oportunidades. Ninguém passa do 80 ao 8 e Evaldo foi um 80 no Braga. Muita gente batia palmas e fazia vénias às suas exibições no clube minhoto…(cheguei mesmo a ouvir “pedidos” para ir à selecção na CS)…onde estão agora? Pois acredito que sabe e vai fazer melhor.

No centro do terreno é o reino das dúvidas. O foco dos maus resultados tem caído erradamente sobre 4 centrais, 2 deles sem tempo algum para “assentar” no clube. Por aquilo que já vi aposto em Rodriguez e Carriço. Estarei sozinho na apreciação a Carriço, mas acho que é um bom central e embora com lacunas a melhorar é sem dúvida um dos valores mais importantes deste Sporting, ainda vai calar muita gente. Rodriguez pela estabilidade que sempre deu à equipa quando entrou. Polga podia ser uma opção, mas pelo tempo de jogo dado, penso que não será 1ª opção. Onyewu precisa de tempo para ver em que tipo de equipa está e que tipo de futebol se pratica, para já ainda não está no ponto.

No centro do meio campo e até que Aguiar recupere totalmente a dupla Rinaudo Schaars será sempre a eleita, em jogos fora de casa penso ser possível incluir André Santos ao lado do argentino, fazendo subir Schaars. Mas em casa face a adversários com as tácticas de Faquirá, é um exagero querer cobrir tanto o meio campo defensivo.

Nas alas Capel e Jeffren. Simples. Para já Izma não tem resistência física, Djaló vai estar de “castigo” até renovar, Bojinov procura a melhor forma. Carrilho ainda terá de ser mais testado como extremo.

Penso que até Fernandez estar recuperado, a formação incluirá sempre dois pontas. Apesar de Rubio parecer ter “ganas” para disputar um lugar, a verdade é que acho que a esperteza de Domingos levará a colocá-lo no banco uma vez que jogou a meio da semana, dando a titularidade a Wolfswinkel e Postiga (tem de ser…pelo menos para já).

No banco além de Boeck, deverão sentar Polga, Pereirinha, Aguiar, André Santos, Djaló e Rubio. Ficam de fora Tiago, Turan, Onyewu, Izma, André Martins, Bojinov e Carrilho.

É bom sinal quando se deixam jogadores do tipo de Bojinov ou Izma de fora, noutras épocas jogariam até de muletas se fosse preciso.

Até breve.

Sentir a camisola bem leve


Há jogadores que perdem uma grande carreira por muito pouco. Existem milhares de exemplos de opções, timings, teimosias que foram custosas ao ponto de eclipsar um trajecto até promissor. É claro que estou a falar de Djaló. As notícias mais recentes dão conta da dificuldade do Sporting em conseguir renovar com o atleta. É óbvio que estas “fugas” só interessam à parte do atleta, que conta com a exposição mediática do facto para “empurrar” mais um pouco a balança da decisão.

O jogador já não está nas boas graças dos adeptos (se é que alguma vez esteve) e desta forma só irá alimentar as vozes que o dão como “transferível” a um ano de cessar o contrato. O interesse “especulado” de clubes italianos é outro dado que surge sobre a mesa, mas com os anos que levo disto, penso que assim que o atleta renovar esse interesse esfumar-se-á quase por magia. É que existem interesses que só o agente do jogador é que conhece, ele e os jornalistas que fizeram o favor de os publicar.

Por mais que goste de valorizar o talento e valor comercial dos jogadores do meu clube tenho alguma dificuldade em entender que um jogador que ainda não convenceu os treinadores e adeptos do clube em que está seja matéria de uma transacção para clubes de maior dimensão desportiva. Clubes que podem chegar a atletas, que o Sporting por questões financeiras está proibido de sequer pensar.

É razoável que um Zentit ou um Anzhi (por exemplo) lhe interessasse a contratação a custo zero de Djaló. Até mesmo que estejam dispostos a pagar alguns milhões de euros pela sua saída já, mas esse (como outros) são caminhos que muitos atletas se têm arrependido. Ganha-se mais, mas sai-se por completo do mapa mediático da Europa…e é uma chatice jogar 50% dos jogos com temperaturas abaixo de zero. Não é para todos, que o digam Meireles, Derlei, Aguiar e outros tantos que depois de ganhar a comissão de transferência…

Não se esse será o caminho escolhido por Djaló, tão pouco isso me preocupa, o que verdadeiramente me preocupa é o facto de o jogador achar que deve ganhar mais quando época após época tem conseguido poucas evoluções. Hoje as deficiências deste jogador do Sporting são exactamente as mesmas que tinha quando se estreou pela equipa principal. Irregularidade exibicional, pouca resiliência, dificuldade na recepção da bola e enormes lacunas em conquistar espaço face a oponentes que joguem com o meio campo e defesa mais juntos.

Só posso dizer que vou estar atento a este desenrolar de dados, sendo certo que começo a ficar com a ideia definida de que o Djaló é tão sportinguista conforme o ordenado que lhe pagam e neste momento “sente-se pouco” leão (atenção que Djaló não tem um ordenado assim tão pobrezinho como isso). Estes são o tipo de jogadores que formamos…os jovens leões…com uma juba a soldo. Um novo Sporting começa precisamente nos atletas que vestem a nossa camisola, se não a querem…

Até breve.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Partilhar o melhor do Sporting

Ser sportinguista também é partilhar o que há de melhor e este post (de grau épico) deve ser partilhado!

http://leaodeplastico.blogspot.com/2011/08/lexico-para-201112.html

Cada vez gosto mais deste blog. Leiam, partilhem e já agora, pratiquem.

Até breve

A viabilidade do Sporting é esta


A indignação que percorre o mundo verde e branco sobre o posicionamento da direcção do Sporting sobre a candidatura ao título é estranha para mim. Não entendo qual é falha de raciocínio, ou o erro de postura. É exactamente o espaço certo para um clube que precisa de ganhar tempo para construir uma equipa. Não uma equipa para o 3º lugar, mas para conquistas reais que passem o imaginário dos defesos cheios de contratações.

Durante anos apostámos na formação por não haver disponibilidade financeira para outro modelo. Os segundos lugares cimentaram uma cultura que dependeu em muito do insucesso do Benfica. Assim que o rival lisboeta apostou forte num modelo desportivo contínuo e em contratações realmente significativas foi fácil ultrapassar o modelo poupado e low profile do Sporting.

Abateu-se o pânico. Um Braga surpreendemente forte acabaria por expor ainda mais a falta de um projecto desportivo sustentável, o risco de sair fora do lote dos 3 grandes foi real. A opção, copiar a mudança de paradigma do Benfica, gastando o que havia e o que não havia em 3 ou 4 nomes sonantes, a imitação porém não foi completa. O rival havia escolhido um treinador com boas épocas no Braga e um longo caminho feito na 1ª e 2ª Liga. O Sporting de Bettencourt decidiu juntar um pouco de Porto à solução optando por treinadores de feeling muito mais do que competência. O feeling foi errado.

Dois modelos, um à Auxerre ou Ajax e outro à Benfica falharam. Por pouco o clube não entrou na insolvência de apoio. Os adeptos viraram costas à equipa, ao estádio, ao pagamento de cotas. Paulo Sérgio e Costinha foram os símbolos de um clube sem ideias ou soluções para acompanhar o ritmo imposto por Porto e Benfica. O presidente demite-se e abre oficialmente o desmoronamento de um Sporting. A oportunidade era boa demais para desaproveitar, na campanha eleitoral foi mais ou menos unânime que o clube teria de enveredar por um novo caminho. Mas qual?

Entre modelos mais arriscados ou mais moderados, foi ponto assente que sem treinadores e jogadores de qualidade seria impossível mudar o clube e devolver a sua aspiração genética para ganhar. Venceu a lista mais “meio termo” com pouca margem para um outro projecto mais ambicioso onde os nomes de Inácio e Van Basten não foram suficientes para contrariar a promessa de Domingos, Freitas e Duque. Mas ficou dado o mote e a auto-exigência para construir uma nova imagem de relação com os adeptos.

E para encontrar os adeptos era preciso encontrar as suas exigências. Depois de vários treinadores “surpresa” a chegada de Domingos era só por si a idealização de uma competência inabalável à luz de 2 épocas no Braga onde quase conquistava um título e uma Liga Europa. Não é um feito ao alcance de quem não tem talento para treinar uma equipa. Assunto arrumado. Agora a equipa.

Herdando um plantel muito oscilante e repleto de não soluções, era óbvio que era necessário desenhar uma nova espinha dorsal. Nas duas épocas anteriores foi por demais evidente que as peças de base eram demasiado irregulares para construir uma nova equipa à sua volta. O dinheiro nunca iria chegar para adquirir estas peças base, ou seja, jogadores que rapidamente levassem o clube para outro patamar. Seriam precisos à volta de 6 a 7 jogadores com valores nunca inferiores a 10 milhões de euros. Embora fosse a solução que mais garantias dava, não estava ao alcance deste Sporting, como não estaria ao alcance da maior parte dos grandes clubes europeus.
Solução? Não tendo condições para montar uma equipa instantaneamente vencedora, optou-se e bem por construir um modelo a prazo, o mesmo é dizer, adquirir jogadores com altas probabilidades de com um ou dois anos de crescimento se tornarem nos tais valores de 10 milhões. Tarefa complicada. Num mercado de transferências basicamente estagnado qualquer movimentação é atentamente seguida pelo universo mundial de agentes e clubes. Não seria fácil lutar com emblemas de maior capacidade financeira para chegar até atletas com margem de valorização apetecíveis.

Mesmo assim, o Sporting conseguiu abastecer-se de jovens com enorme potencial e ainda alguns valores mais experientes que tornaram possível prescindir de alguns jogadores com ordenados inimagináveis para o que davam em campo à equipa. Sem apregoar uma revolução o Sporting fê-la. 14 jogadores contratados e a predisposição para não deixar passar nenhuma oportunidade do mercado são uma notória ambição para ser leões não só no símbolo, mas também na atitude.

Olhando para o que foi conseguido, é evidente que Jeffren ou Capel não são um Hulk ou um Coentrão. Mas são valores que com tempo e espaço em qualquer equipa, poderão adquirir aquilo que os impedia de crescer ainda mais, tempo de jogo. Árias, Turan, Carrilho, Rubio claramente apostas para o futuro. Não são hoje nada do que podem vir a ser daqui a uns anos. Se quisermos ser mais pragmáticos penso que foram definidos 3 tempos de rentabilidade para equipa:

Curto-Prazo:
Schaars, Onyewu, Rodriguez, Luis Aguiar, Bojinov

Médio Prazo
Rinaudo, Boeck, Capel, Jeffren, Wolfswinkel

Longo Prazo:
Rubio, Carrilho, Turan, Árias

Este modelo parece nada ter de especial, mas é bastante mais arriscado que os anteriores. Primeiro porque aposta claramente em jogadores que se sabe à partida não terem a experiência e o ritmo necessários e segundo porque assume que será dado esse tempo. O modelo depende da persistência e teimosia para lidar com o erro natural de quem se está a candidatar a algo mais do que pode assumir no momento.

Para os que estão a pensar nos jovens de qualidade que temos emprestados como algo estranho a este corpo, levo-vos a uma imagem simples: quantos jogadores da cantera do Barcelona, Man Utd ou Juventus conquista um lugar no plantel por época? Um? Dois? E emergem directamente dos juniores? A resposta é raramente, isso esteve ao nível de um Giggs, Messi ou Del Piero, os restantes constroem o seu caminho pelo Barca B, pela equipa de reservas do Manchester, emprestados a um clube do Championship, rodados na Série B.

É esta a única solução para uma Academia que forma todos os anos 6 ou 7 bons valores por ano. Até que surja a equipa B, o Sporting deve de facto criar patamares paralelos de formação de jogadores, o Cercle de Brugges é apenas uma das muitas soluções ao dispor do clube para esse efeito. Djaló é o caso mais emblemático de um jogador que deveria ter tido mais tempo de jogo para crescer e então sim chegar à equipa principal.
Também esta capacidade para segurar os melhores jovens produtos da formação é base de investimento no futuro de uma equipa competitiva. Vender Moutinho e Veloso pelos valores que foram vendidos é uma asneira que tão cedo não deve ser repetida, em primeiro lugar porque baixa a avaliação dos próprios jogadores do clube e cria antecedentes perigosamente baixos para futuras negociações.

Olhando para tudo isto, como é possível a um qualquer ser racional ficar indignado por uma não candidatura ao título? Quando ela é a melhor garantia de viabilidade do nosso projecto e mais é a forma mais lógica de sustentar o clube a longo prazo. Dizer que não somos candidatos ao título é uma verdade que há muito foi adiada de um discurso honesto com os sócios. Ouvir um treinador a dizer que os nossos jogadores são os melhores do mundo a seguir a uma derrota caseira com um Paços de Ferreira, isso sim é matéria de indignação.

Pela minha parte fico satisfeito com a ideia de construção, com objectivos traçados e com a prevalência do talento em serviço de uma ideia válida. Quero ganhar todos os jogos, mas asseguro margem para o erro, a mesma margem que tem de ser vista como o caminho de um clube que não vence um campeonato há 10 anos. Não ganhar ou perder é exactamente o mesmo? Não, não é. Não ganhar é uma circunstância que até pode estar assumida como natural, perder significa levar com uma realidade inesperada e não contabilizada. O Sporting tem perdido muito mais do que não tem ganho.

Até breve.  

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Analfabetismo desportivo


Há quem não se preocupe com incidente do género do que ocorreu com o árbitro Pedro Proença. A sintomática desculpa de falta de padrão e pontualidade dos casos graça pelo nosso país que é brando demais com este tipo de comportamentos. Mas se criminalmente o assunto é de fácil resolução, já desportivamente o caso é mais complicado. Não me interessa se o adepto em causa é de cor vermelha, azul ou verde, estes arruaceiros não são dignos de pertencer a nenhum clube.

É nesse sentido que escrevo este post. A cumplicidade dos clubes com actos deste tipo tem sido estupidamente menorizada, levando aos infractores a acreditar que estão a fazer algo que a instituição de são fãs lhes agradece. Em muitos casos suspeito que seja verdade. Muitas agressões houve antes desta a jogadores em final de contrato, a treinadores, dirigentes, jornalistas, a outros adeptos que a opinião pública não foi tão caustica a condenar, talvez porque implicitamente tenha encontrado um “braço armado” a interpretar o seu próprio sentido de justiça.

Tudo isto só acontece porque a própria cultura de muitos dirigentes nada tem de desportiva, com mais parecenças com procedimentos da máfia napolitana, jogando num tabuleiro perigoso que não começa mas acaba nas quatro linhas. Numa democracia elegem-se líderes para que deliberem e actuem em nome de todos e em benefício da maioria. Ao eleger uma direcção da FPF ou da Liga, os clubes e outros organismos desportivos do futebol mandataram pessoas para controlar, organizar e disciplinar todos os agentes do futebol.

Na verdade, no futebol de Portugal, esta regra democrática é uma farsa. Os eleitos são mandatados para serem porta-voz de interesses clubísticos ou regionais ou para serem o contra-ponto de outros com o mesmo tipo de agenda. É insuportável a passividade de quem rege as provas nacionais. O espectáculo é pobre, o preço é exorbitante (para a nossa realidade económica), a TV passa a maioria dos jogos mais apetecíveis, tudo são razões mais do que suficientes para afastar o público dos estádios. Este tipo de dirigismo apenas está a deixar passar o tempo e a adiar a “mão pesada” que devia ter tido sempre. Pelo menos até que algo verdadeiramente grave aconteça.

Eu gostaria um dia de ir ao estádio de Alvalade com o meu filho sem ter de pensar em questões de segurança, mas graças a esta impunidade, temo que os únicos jogos que arrisque fazê-lo sejam frente a U.Leiria ou Académica, jamais um derby ou um clássico.
Leis rigorosas e duríssimas exigem-se, tanto como prevenção como castigo. Não nos enganemos mais, não é um problema social nem cultural, é um problema de falta de autoridade dos que estão autorizados oficialmente a tê-la.

Quando duas pessoas que todos conhecem libertarem as amarras dos seus “peões” talvez possa acontecer algo de novo, mas desconfio que teremos de esperar que os seus “reinos dinásticos” terminem e quem sabe um dia, num Portugal justo e livre, o façam na prisão.

Até breve.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os problemas centrais


Certamente quando deu a palavra a Godinho Lopes, Domingos deve ter olhado para a equipa do Sporting e pensado o que podia fazer para transformar o jogo (ou a ausência dele) da equipa. Certamente que mais grave que deve ter visto foi a longa distância que separava os 3 sectores e a enorme viagem que a nossa posse de bola tinha de fazer para chegar à baliza adversária. A defesa jogava muito baixa, o que empurrava o meio campo e o ataque consigo, no momento de recuperação os jogadores teriam de evoluir 70 ou 80 metros para criar jogadas de perigo.

Além de permitir a qualquer equipa (e foram quase todas) que tivesse alguma capacidade de circulação avançar até demasiado perto da nossa área, esta forma de jogar exigia atleticamente um esforço descomunal, pois se o Sporting assumia a vontade natural de dominar o jogo, este avanço e recuo era feito muito mais vezes pelos nossos jogadores do que pelo adversário que não caia na ratoeira de avançar com a equipa, muitas das vezes o lançamento longo chegava para manter o Sporting bem lá atrás como convinha.

Todos nós desesperámos com as bolas chutadas para a frente, ao pior género britânico, e a ausência de oportunidades de golo. O pecúlio dos nossos avançados foi paupérrimo. Aqui deve ter residido a conclusão de Domingos – a defesa tinha de jogar mais avançada, permitindo a toda a equipa jogar mais no meio campo adversário. Consequentemente a equipa criaria mais oportunidades e de forma mais rápida, forçando o oponente a defender mais e a ter menos tempo a posse de bola.

Mas mudar um hábito (mal) enraizado tem o seu preço. Pegar em 2 laterais e grande parte dos centrais e criar esta rotina seria elementar, mas e o resto da equipa? Para que a defesa não seja exposta, tanto o meio campo, como o ataque têm de interpretar a mesma forma de posicionamento e recuperação. Não é isso que tem acontecido. Os dois jogadores mais qualificados para ajudar a defesa Rinaudo e Schaars (a aposta mais frequente) não estão familiarizados com esta disposição e evolução táctica. Rinaudo gosta de estar solto e varrer o portador da bola, Schaars está algo lento a cobrir os espaços nas suas costas. André Santos ou outro qualquer terão as mesmas ou semelhantes dificuldades. Até o fecho das alas está deficiente, com Capel e Jeffren ainda sem pernas para defender (Djaló tem rotina zero nessa matéria) e Izma, o jogador com mais habilidade nesta factor está ainda a recuperar a forma.

São muitos dados novos e levará algum tempo até que o processo fique agilizado. Até que o Sporting consiga de facto empurrar o adversário no campo sem abrir brechas, sem permitir as avenidas que tem permitido. Será preciso tempo e muito treino, com a capacidade de resistir ao desânimo de ir sofrendo golos inusitados. Mas é um processo colectivo, não apenas a falha de um sector.

Aquele que crucificam já Carriço, Onyewu, Polga ou Rodriguez, estão-no a fazer incorrendo num engano puro, de que o adversário X só pode rematar por uma falha individual, e esse meus amigos é só uma parte do problema, porque antes do X receber a bola, Y recuperou-a e Z teve tempo para o ver desmarcado e de lhe passar a bola. Quando nem Y nem Z tiverem o tempo e espaço desejados o X terá menos oportunidades de exibir as supostas limitações dos nossos centrais.

Demos tempo ao tempo e paremos de riscar nomes, deixemos o Domingos trabalhar sem tentar encontrar defesas à última da hora, centrais messias que vêm resolver todos os problemas. Essa será a solução menos criativa a menos motivadora para todo o plantel. Uma equipa tem de se assumir como tal, para o bom e para o mau e talvez as dificuldades ajudem, normalmente têm esse condão. Havendo espírito de missão e uma voz inspiradora de comando qualquer grupo de pessoas tende a ultrapassar os seus obstáculos. Acredito que esse será o caso.

Até breve.

domingo, 7 de agosto de 2011

Ninguém disse que ia ser fácil

Apesar de ter parecido que este ano a pré-época seria um renascer de esperança e de uma equipa forte, a começar a criar dinâmicas positivas, a verdade é que na última metade da preparação, face a encontros com adversários mais competitivos o Sporting entrou num verdadeiro balde de água fria. Foram 3 encontros em que tudo ficou por provar. A solidez da defesa, a criatividade do meio-campo e a rentabilidade do ataque.

Nem tudo foi mau, alguns dados positivos emergiram, nomeadamente apontamentos de talento de alguns jogadores, mas o colectivo ainda está por organizar e potenciar. Patrício não tem sido o abono do costume, Pereira e Evaldo estão ainda longe do que podem fazer, os centrais em vez de disputarem o melhor, disputam o menos mau e no meio campo Schaars tarda em impor-se. André Santos e Rinaudo confirmaram as boas indicações com que estavam rotulados, mas nas alas Capel, Jeffren, Izma e Djaló tiveram dificuldades rítmicas em agilizar o jogo da equipa. Na frente Rubio foi surpresa positiva, Wolfswinkel algo irregular e Postiga ficou em branco nos jogos a sério. Bojinov, Matias, Árias e Luis Aguiar estiveram fora ou a debaterem-se com lesões. André Martins e Carrilho deram mais que o que se esperava.

Nenhum dos dois esquemas tácticos funcionou correctamente, tanto o 4-1-3-2 como o 4-4-2 ficaram muito aquém de permitir ver um bloco compacto a desdobrar-se defensivamente e ofensivamente com fluidez. Levará muito treino e tempo até que esta equipa crie uma imagem diferente, o que estaria longe da cabeça de muitos adeptos leoninos que esperavam no início da próxima semana ter já algum sabor ao novo Sporting que se vislumbra. Mas revelou-se curto o período de adaptação e harmonização dos métodos tácticos.

Frente ao Olhanense iremos encontrar um Sporting ainda em fase de construção, com muitos jogadores ainda a tactear o terreno em busca das melhores combinações com os colegas de onze. Isso irá provocar alguns equívocos, falta de fio de jogo e períodos de desconcentração. Muitos dos erros que vimos nos últimos 3 jogos tenderão a repetir-se, pelo menos até haver ensaios suficientes para os corrigir todos. Cada adepto que se deslocar a Alvalade saberá que pode ver dois jogos: na melhor das hipóteses – o Sporting marca cedo e com maior ou menor dificuldade controla a partida; na pior das hipóteses  - a dificuldade em criar oportunidades de golo arrastará o Sporting para jogos muito idênticos aos que vimos na época passada. É bom que interiorizemos as adversidades para que o apoio dado seja concordante com o que a equipa pode dar. E não estar a dar grande coisa.

O paradigma de equipa em construção (já em competição) vai requerer muita paciência com a impotência do plantel, muita paciência com as falhas individuais que nada têm de falta de talento, mas de base colectiva, falta entrosamento e de ritmo. De facto existe juventude e ela reflecte irreverência, da mesma forma como reflecte imaturidade. Ver Jeffren, Carrilho, Wolfswinkel e Rubio agora será diferente do que veremos daqui a 6 meses ou na próxima época. Rinaudo, Capel, Schaars, Aguiar, Rodriguez e Bojinov precisarão de menos tempo, mas não será nas próximas semanas que marcarão as partidas com o muito talento que possuem. Isso ver-se-á a espaços e sem que possamos marcar um ponto de viragem.

Todos os adeptos leoninos ansiaram por um defeso pleno de vitórias e boas exibições. Seria sinónimo de candidatura prévia a algo mais do que o 3º lugar, seria sinónimo de efectiva capacidade de Domingos para bem cedo começar a mostrar que sem dificuldades articularia rapidamente uma meia-equipa nova em algo bem melhor do que tem sido o estatuto desportivo do clube. Mas não aconteceu e não vale a pena desmoralizar ou por em causa o caminho feito. Ao contrário de outras épocas, existe mão-de-obra no terreno e engenho no banco para mudar as coisas. Ao contrário de outras épocas existem várias soluções para o caso das mais evidentes falharem.

No passado olhávamos para as alternativas aos nomes mais sonantes e era um vazio de talento, uma impossibilidade de crer em reviravoltas. No banco nunca o discurso ou o método teriam impacto no ânimo ou prestação da equipa. Acredito sinceramente que Domingos tem todas as condições para superar os percalços evidentes desta pré-época e construir uma solução encontrando os adeptos a meio caminho, entre o rigor e a capacidade. Os jogadores que temos este ano ajudarão a que isso aconteça. É uma questão de tempo e de não virar a cara à luta. Ninguém disse que iria ser fácil. Nós adeptos estamos habituados a que não seja.

Até breve.

sábado, 6 de agosto de 2011

Rubio mais 10

Porque é que Rubio é melhor que Postiga? Porque apesar da técnica fabulosa, do toque primoroso de bola, da pinta de quem sabe o que faz dentro de campo, no final de 90 minutos o miúdo chileno põe a bola na baliza...o que faz um certo jeito quando se quer vencer jogos. Wolfswinkel apesar de bem mais experiente que Rubio, tem mais dificuldade em entender-se com o futebol latino. Bojinov está lesionado. Adivinhem que devia estrear-se na frente contra o Olhanense?

Até breve.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sinais muito negativos

Caro Domingos,

Acabo de ver a primeira parte do jogo frente ao Málaga e apesar de saber que é um jogo de preparação frente a um bom adversário não posso deixar de lhe confessar que não vejo absolutamente nenhuma evolução no jogo da nossa equipa. Não há. Ninguém pense o jogo e voltámos ao pontapé para a frente sem critério. Confio que tenha visto o mesmo que eu, uma primeira pressão bem conseguida, mas uma linha média incapaz de marcar as saídas com bola do Málaga que facilmente fazem colocam os avançados em frente a Patrício.

A defesa está completamente perdida em campo desde o primeiro minuto e a inspiração para chegar à baliza adversária simplesmente não existe. Torna-se difícil para mim destingir alguma coisa boa, mas vou ter muita paciência e rezar profundamente para que o pesadelo das derrotas humilhantes seja só fruto desta fase da época. Para já este Sporting não serve. Mude-o.

Até breve.

Olhar para dentro

Pizzi no Braga, Luis Leal no Leiria, Caetano no Paços e Bruno Severino no Setúbal. 4 jogadores a observar com muita atenção durante esta Liga. Os bons jogadores não se restringem aos 3 grandes e para quem segue atentamente o nosso campeonato (o Cluj e o Servette que o digam) há valores muito promissores a despontar.

Por vezes é difícil de compreender as conexões sul-americanas, o excesso de brasileiros, a moda dos argentinos ou as pouco ortodoxas inclinações nigerianas do Marítimo ou francesas da recem despromovida Naval 1º de Maio. Lembro-me da desvirtuada e sofrível formação do União da Madeira de há quase vinte anos. Hoje seria semelhante aos demais adversários.

Parece óbvio a qualquer um que por mais que se defenda moralmente o sucesso do jogador português (ou formado) em Portugal, os clubes são pouco sensíveis a essa responsabilidade. A necessidade de adquirir valores exóticos, a sempre reluzente promessa do craque que emerge de um clube impronunciável brasileiro é demasiado tentadora. Para os grandes, os nomes internacionais, os atletas de um grande europeu à procura de espaço para jogar.

Seja grande ou pequeno, a tendência de não apostar no jogador luso é crescente e será difícil daqui por algum tempo encontrar na Liga um titular português. Enquanto isso o Chipre, a Escócia, a Roménia, Bulgária e outros países com ligas menores vão-se abastecendo de jovens, desenquadrando a evolução natural dos atletas e o horizonte de chegar a um bom clube português.

O limite de estrangeiros parece mais do que evidente, é essencial. Primeiro porque obrigaria a uma aposta na formação que está a cair mais uma vez em desuso, segundo porque restituiria alguma coisa de nacional à nossa sul-americana Primeira Liga. Muitos não resistiram à falta de rotação do dinheiro dos 3 grandes pelos clubes menores. O Salgueiros, o Estrela, o Boavista, o Belenenses eram fontes de abastecimento regular de Porto, Sporting e Benfica. Mas os canais fecharam e o dinheiro segue para outras paragens.

É extremamente importante que os 3 grandes apostem em aquisições dentro de portas, mas para isso é necessário estancar a sede de estrangeiros que na esmagadora maioria nada acrescenta ao valor dos planteis existentes. É difícil até descobrir um clube que pratique bom futebol abaixo do 5º ou 6º lugar, olhar para o Guimarães é um caso de estudo, bom plantel, bons adeptos, alguma saúde financeira e tão mau futebol. Mas podemos juntar-lhe Marítimo, Leiria e tantos outros que jogo atrás de jogo falham em proporcionar aquilo que é a essência do jogo: a emoção e o espectáculo.

Leis como a restrição de contratações de estrangeiros por época, ou limite de jogadores não formados em Portugal, acompanhados pela impossibilidade de inscrever juniores não nacionais são um passo em frente na salvaguarda do nosso futebol. Mas até que lá cheguemos…

Até breve.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Onde beber Sportinguismo puro

Cada vez menos leio jornais desportivos, e quando o faço procuro informação factual. As crónicas e comentários são-me abjectas, repulsam de alinhamento politico e subserviência à lógica de poder comercial. Em vez disso prefiro os blogs. Talvez tenha sido isso que me impulsionou a escrever num. No inicio eram poucos os espaços de reflexão pura, a maioria materializavam-se em ecos das noticias, um mix de recolha de informação. Habituei-me a visitar o Leão da Estrela, Cantinho do Morais e o Alvaláxia. Neles havia sportinguismo crítico, gente que pensava o clube e não se limitava a desfiar fluxos de notícias mais ou menos fechadas.

Mais tarde descobri o Centúria Leonina e apesar de não concordar com tudo o que nele lia, senti claramente que era uma concentração de posters diferente, mais politizada dentro do clube, mas não menos preocupada com o rumo do clube. Foi com pena que vi este espaço morrer com a transformação do próprio clube, a “oposição” moderada preferiu a luta pelo interior e respeitando a opção, a verdade é que um dos blogs leoninos mais lidos acabou.

A evolução de um blog como o Norte de Alvalade veio compensar um pouco o definhar dos “centuriões”. É o meu ponto de partida para a consulta da blogosfera e cada vez mais o reflexo positivo do que a comunidade virtual pode contribuir para a evolução do adepto. Noutro registo diferente mas não menos espelho de Sportinguismo encontro um sempre mordaz Balakov10 (pena a periodicidade e síntese dos posts ultimamanete) e a simplicidade e humor do Cacifo do Paulinho e Leão de Plástico (uma grande novidade).

A Bancada Nova é uma espécie de “Visão” do sportinguismo, o hiato ainda assustou, mas estão de volta as análises minuciosas e estratificadas, tantas vezes motor de ideias e reflexões no meu próprio blog, paragem obrigatória. Existem muitos outros, que leio sempre, Fonte Segura, Chiclas de Mentol, SVPN, Porta10A ou a Insustentável Leveza de Liedson, blogs de bons escribas, bom sportinguismo.

O panorama dos blogs leoninos é bem mais saudável que o futebol que analisa, damos 10 a zero à blogosfera vermelha e azul, no conteúdo, no estilo e no design. Sem dúvida que o clube cresce melhor com a informação que se lê, sem dúvida que a auto-estima se reforça por existirem tantos bloggers que investem o seu tempo no enriquecimento do património e cultura do clube que apoiam.

A todos um grande obrigado.
Se quiserem em resposta deixar sugestões de novos blogs da vossa preferência. Façam-me esse favor.

Até breve.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As subtilezas "turcas" da nossa imprensa

Quem achar que na Turquia o Besiktas pode descer de divisão, não conhece o país, a cultura e o que significa o dinheiro deste clube no panorama do futebol turco. O clube mais português da Europa, descerá tanto de divisão como o FcPorto em Portugal o fez no caso do apito dourado. Ou seja, não vai. Que o Hugo Almeida seja trocado com o Cardoso até posso entender a lógica (achando que o Benfica fica claramente a perder neste negócio) mas Quaresma em Alvalade?

Já várias vezes escrevi sobre a irracionalidade desta transferência. Tanto no caso do Mustang, como no de Bentner, os caminhos de Alvalade são vias fechadas a esta aritmética dos grandes negócios com atletas dificilmente valorizáveis e comportáveis a longo prazo. Mas ainda existe quem não entenda esta opção leonina e insista nestas "bombas" que mais não duram do que 1 ou dois dias. Será preciso fazer um desenho?

Até breve.

O risco e o limite

Construir um plantel implica risco. Apostar forte num jogador pode por vezes não resultar. Lesões, inadaptação, existem muitos factores que podem levar uma contratação de peso a não funcionar e a permitir à segunda escolha para o mesmo lugar a fazer uma época a titular. Mas é inevitável correr esse risco. Na impossibilidade de ter 2 grandes nomes para o mesmo lugar (um deles desvalorizaria sempre) um plantel faz-se de primeiras e segundas linha, tentando que as últimas, não tendo a valia nem as garantias das primeiras, são mais do que capazes de assegurar competência.

Existe um novo paradigma, mais recente, que podemos observar na maioria dos plantéis que não pode recorrer a equipas B. As 3 opções. 2 são jogadores formatados ao lugar e a 3ª depende da polivalência de outro jogador para ocupar o lugar, sendo que este já concorre noutra dupla solução. É um enorme cruzamento de valências e um exercício de salvaguarda que acrescenta um novo valor a jogadores multidisciplinares.

No Sporting jogadores como Schaars, Izmailov, Bojinov, Pereira, Djaló e Pereirinha são peças fundamentais. Cada um faz, com alguma segurança, mais do 2 posições, o que desdobra o seu peso pelo plantel. As noticias de que o plantel leonino terá 28 jogadores é portanto algo improvável à luz desta tendência, o excesso de jogadores a ficar fora de convocatória é assinalável e difícil de compreender quando se contratam 14 jogadores novos que convém valorizar.

Não acredito que o plantel exceda os 26 jogadores. 3 guarda redes, 9 defesas, 9 médios e 5 avançados. Perante isto e sabendo que Patrício, Tiago, Boeck, Pereira, Árias, Turan, Evaldo, Polga, Onyewu, Rodriguez, Carriço, Rinaudo, André Santos, André Martins, Schaars, Luis Aguiar, Izmailov, Pereirinha, Fernandez, Capel, Jeffren, Carrilho, Djaló, Wolfswinkel, Postiga, Bojinov e Rubio já estão, está a sobrar um jogador. A escolha óbvia para sair será André Martins, até porque com a recuperação de Luis Aguiar, perde espaço.

Por estas razões não consigo compreender os rumores que falam da chegada de mais um central ou de mais um ala. É simplesmente demais ter 5 centrais e 5 alas, mesmo sabendo que Izma está a ter uma preparação lenta ou que os centrais tenham parecido pouco rápidos no jogo frente ao Valência. Estes são os tais riscos que falava no início e são variáveis para Domingos contornar com treino, acima de tudo treino, e…paciência.

Este não é um bom plantel. É um excelente plantel. A mudança de um ano para o outro é muito grande. O esforço e a perspicácia foram assinaláveis e convém a todos entender que Domingos parte do zero absoluto. Meia equipa nova, muitos jovens, muito tempo de adaptação a novos métodos. Tenho a sensação que teremos de esperar até 1/3 da época até poder ver resultados de um trabalho que começou à poucas semanas.

Olho para jogadores como Wolfswinkel, Schaars, Rinaudo, Carrilho ou Rubio e vejo muita margem de progressão, mas também vejo a impreparação (momentânea) que exibem em colocar no terreno e colectivamente os seus atributos. Capel, Rodriguez, Aguiar, Bojinov e Jeffren talvez tenham mais facilidade, mas no campo da aparência muito espaço existe ainda para errar.

Não creio porém que fiquemos desiludidos com o talento de alguma das contratações, bem pelo contrário, acredito que veremos grandes jogos de futebol, grandes golos e vitórias assim que a “máquina” assimile as ideias de Domingos. Porque desta vez temos um treinador que tem ideias de jogo e não apenas um conjunto de sensações oscilantes que mudam conforme o resultado do jogo anterior. Estejamos nós adeptos na retaguarda a apoiar o trabalho feito, nós adeptos, muitas vezes o maior adversário da nossa equipa. Alvalade deve ser um “covil” do Leão e não uma cova profunda de assobios e atemorização.

Até breve.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Porquê Jeffren

Parece dado assente que a Alvalade chegará o extremo direito Jeffren. Entender a importância de mais uma opção na ala direita é fundamental para entender o esquema táctico e variantes que Domingos quer implantar. De facto, na última época mas não só, a herança de Paulo Bento encontrou plantéis com médios adaptados a alas, o que afunilou sempre o jogo da equipa. Vukcevic, Izmailov, Cristiano, Valdés, Fernandez, todos foram testados nestas funções, todos foram deficientes em assegurar corredores de jogo e a função principal de estender as defesas contrárias.

Jogar contra o Sporting tinha sempre uma garantia, se os laterais se encostassem aos centrais jogando em pares (consoante a posição da bola) era quase seguro que dois jogadores leoninos estariam anulados. Era mais fácil. Com Capel e Jeffren o Sporting ganha dois extremos puros, dois jogadores construídos nas alas, com a capacidade para puxar laterais e centrais (na cobertura ao possível drible)e assim dar mais espaço ao distribuidor de jogo para "encontrar" o ponta de lança nas imediações da área.

A importância de Jeffren é ainda mais notória quando se percebe que a recuperação de Izmailov e até Bojinov vai ser mais lenta do que o necessário. Ao olhar para o plantel e à excepção de Pereirinha não há solução para o corredor direito. A poucas semanas dos jogos a sério, a equipa rotina-se com opções de recurso e jogadores a meio-gás. É meio caminho para criar um sério problema de desequilíbrio de jogo, ainda reforçado pela fraca preparação física de Capel.

O jovem hispano-venezuelano tem pré-época com carimbo do Barça, o mesmo é dizer que estará pelo menos fisicamente apto para iniciar a integração táctica na equipa. Frente ao Valência, houve excesso de insistência em bolas longas, e muito pouco jogo pelos corredores. Os laterais Valencianos estiveram sempre "despreocupados" na marcação e com tempo em demasia para "lançar" os avançados e médios em 2 ou 3 toques de bola.

Olhando para o jogador, rapidez e técnica são os cartões de visita, mas é preciso entender que vindo do tiki-taka catalão Jeffren é também um jogador de passes curtos, algo que pode encaixar especialmente no estilo de jogo de Postiga ou Rubio, Capel e Fernandez. É uma autêntica frente latina com a vantagem de chilenos, espanhóis e portugueses partilharem do mesmo ADN futebolístico que recorre do drible, passe curto e controlo de bola como principais argumentos no desenho de ataque.

Nunca será um estilo à Barça, faltará sempre a visão de jogo de Xavi e Iniesta e o domínio de bola rendilhado de Messi, mas pode ser um bom mix de argumentos, uma boa combinação de jogadores. Palavra a Domingos e à sua capacidade para pegar neste (cada vez melhor) grupo de jogadores e torná-lo numa equipa com identidade e estilo próprios. À Sporting.

Até breve.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Perdoem-me a honestidade

Mas o Roberto no Saragoça por 8.6 me? Já nos estamos a habituar a contabilidade criativa para os lados da Luz, mas esta notícia é simplesmente de bradar aos céus. A SAD benfiquista insulta na inteligência os seus  próprios adeptos e as instituições que regem o futebol, onde se encaixa paralelamente a bolsa de valores de Lisboa. É simplesmente fazer de todos tontos.

Isto está a chegar a um ponto lastimoso, em que já não há pudor em recriar números, por mais inverosímeis que pareçam. Que o Benfica nunca pagou o que disse por Roberto, já todos desconfiávamos, mas agora dizer que conseguiu "despachar" um guardião desacreditado, sem mercado, pelo mesmo valor (nem meio milhão a menos) é risível. Muito há por debaixo deste "tapete" para descobrir. E os adeptos do Benfica que estiverem contentes com tamanha proeza de LFV devem ficar muito preocupados (se tiverem um palmo de testa) com o que se passa na gestão financeira da SAD. Tenho a certeza que não foi nem o Atlético, nem o Zaragoça que ficou a perder dinheiro. É uma questão de bom-senso.

No Sporting este caso seria escandaloso e seria saborosamente investigado. Mas como falamos do Benfica...deixa-se andar, porventura haverá cronistas que ainda vão bater palmas a mais uma "proeza" negocial de LFV. Perdoem-me a honestidade, mas penso que estas transacções deviam ser investigadas.

Até breve.

O caminho

Na imprensa, nos blogues, na rua, a derrota frente ao Valência provocou um terramoto na confiança dos sportinguistas quanto ao valor desta equipa e ao trabalho até agora desenvolvido por Domingos. Sempre achei que a euforia de que já estávamos ao nível de Benfica e Porto, ou superior um pouco exagerada. De facto penso estarmos mais próximos, mas ainda é cedo para qualquer treinador já ter conseguido pegar em jogadores com 2 épocas miseráveis em cima, juntar-lhes 13 jogadores novos e resultar numa mágica harmonia repleta de novos processos.

No futebol tudo é lento, tal como em tudo na vida que dependa de 40 homens envolvidos em modificar uma realidade instalada. O mais parecido que temos com um mágico chama-se Mourinho e viu-se na temporada finda, que não houve coelhos a sair da cartola a ofuscarem o favorito Barcelona. Tudo leva o seu tempo. O seu e não outro que seria preferível. Por mais vontade que o “Sporting estivesse de volta”, não deixa de ser verdade que o novo tem de ser solidificado até poder substituir o velho.

Temos mais e melhores jogadores. É um facto. Mas ainda não são uma equipa. Os sinais dados frente à Juventus são reais, mas são uma das faces de muitas outras entre as quais se encontra também o Sporting que se exibiu frente aos espanhóis. Desprezar o valor do Valência foi trágico. Primeiro porque são uma excelente equipa, bem orientada por um treinador 100% realista, em segundo, porque é um conjunto com poucas mexidas no onze e no esquema táctico. São mais equipa, nesta fase. Foram muitíssimo mais práticos e objectivos durante toda a partida.

Só isso. Mais nada pode ser retirado de um jogo. Recuso-me a analisar a prestação de Capel, Onyewu, Carriço, ou qualquer outro de forma a toldar o julgamento de toda uma nova época. Maus jogos todos os clubes conseguem. E começar a perder aos 5 minutos de jogo na apresentação aos sócios é uma boa forma de caminhar para uma péssima exibição. Em 10 jogos, o Valência faria o pleno de vitórias sobre Penarol e Toulouse, ou há dúvidas sobre isso? Quando se escolhe grandes adversários podem acontecer destas coisas. Sobretudo quando o mesmo vem de uma derrota de 4-1 frente a um modesto clube da Aústria.

Para ser justo todos os Sportinguistas devem encarar com animo a próxima temporada, sabendo que estamos perante um processo construtivo. Uma obra demora a ser feita e irão acontecer derrotas, más exibições, enganos, tudo o que é suposto ser mau quando se constrói uma nova equipa. O milagre não aconteceu e não estamos (ainda) perante um Sporting capaz de esmagar o Valência. Estamos com um Sporting capaz (num bom dia) de vencer a Juventus. O mais importante é a melhoria contínua, que daqui a uns meses dê para entender que os novos jogadores e os novos métodos de treino serão eficazes para se tornar uma base sólida em cima da qual se edificará então o Sporting que disputará títulos.

Estamos no começo. Apenas e só isso. No futuro não haverá tanta propensão a jogos como o da apresentação. Mas podem acontecer. A paciência é o grande trunfo de todos os adeptos quando aposta num novo caminho. Começar já a derrubar pedras, quebrando a onda de confiança que existiu, é precisamente a direcção oposta ao rumo que queremos. Pedir jogadores, crucificar os existentes, manchar a valia dos novos reforços é precisamente o que a imprensa e os nossos rivais mais desejariam que sucedesse. Aqui neste blog não terão espaço para esse caminho de descrédito.

Até breve.