quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Miragens


Ainda Janeiro não deu entrada e já cerca de 20 jogadores foram dados como possíveis transferências para Alvalade. Quem lê este blog sabe o que penso sobre esta "dança" de nomes. Mas não deixo de me espantar com as justificações dadas por jornalistas e bloggers que há falta de qualquer tipo de argumento razoável arquitectam engenharias financeiras dignas de um iniciante de football manager.

Nenhum clube português tem hoje 5 milhões de euros para gastar. Ponto final. Esqueçam os grandes nomes, esqueçam as "pérolas" e os "craques". O que o trio chamado grande pode fazer neste próximo mês são pequenos ajustes, transacções de pequeno esforço financeiro, o grande foi feito ao terminar Agosto e sabe Deus o que se hipotecou de futuras receitas.
O Benfica disse que não contrataria ninguém, o Sporting admite ir ao mercado mas reserva a opinião de que o plantel está a responder ao que era projectado. O Porto, como é habitual não diz nada.

Todos sabemos que a Jesus falta um lateral esquerdo, que a Vitor Pereira falta um ponta de lança e a Domingos mais um central ou médio defensivo que cubram as ausências permanentes de Rinaudo e Rodriguez. Isso todos sabem, o que não entendem alguns é que não vai chegar para estas vagas nenhum internacional de renome, nenhum titular de uma boa equipa, nenhum jogador com valor de mercado superior a 2 ou 3 milhões de euros. Não é à toa que Xandão pode vir para Alvalade por empréstimo de uma empresa e não pelo São Paulo que dá o jogador como dispensável (talvez por não deter qualquer percentagem do seu passe). Estes são os negócios possíveis.

Não se iludam com nomes como Ninis (certamente acabará na próxima época num Atlético de Madrid ou Arsenal) pois as verbas que aufere um dos jogadores mais bem pagos do Panathinaikos é algo muito dificil
de superar em Portugal, Benfica e Sporting já há muito que sondaram o empresário e desistiram da sua contratação.

Uma palavra para Dauto Faquirá, um treinador que não gosto particularmente, com uma péssima abordagem defensiva e resultadista do futebol (do grupo de treinadores que apelido de "unipontuais"). Agora, uma coisa é ser despedido por maus resultados outra é ser despedido por 1 mau resultado. O Olhanense está  muitos lugares acima do que o plantel possibilita e isso, quer eu goste quer não, é uma verdade que está a escapar à direcção algarvia. Veremos onde irá parar o conjunto de Olhão.

Até breve.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

5 notas de um Violino


Se a imprensa fica admirada com a maturidade e potencial de André Martins, aposto que ficará mais surpreendida ainda com as caracteristcas de Renato Neto. Para mim um dos grandes jogadores do futuro do Sporting (juntamente com Betinho, Nuno Reis, Rubio, João Mário e Carrilho) terá já esta época uma oportunidade de ouro para demonstrar aquilo que se anteve nele há anos – um médio moderno, completo e sobretudo de motivação colectiva. Se será um Lampard, um Kaka, um Deco ou um Raí é por agora um mistério, a realidade é que os bons jogadores fazem sempre falta e Neto já é um jogador muito considerável.

O facto de André Martins na época passada não se ter imposto no Belenenses não é matéria de admiração, é a prova da incompetência técnica do clube lisboeta e a demonstração de como não ter um staff técnico competente pode arruinar um clube. O jogador da formação do Sporting vale hoje provavelmente mais do todo o plantel do Belenenses. Quantos erros destes foram cometidos nos últimos anos naquele clube histórico? Vender bons jogadores jovens por 100 mil euros não é salvar as finanças do clube, é precisamente o inverso, é enterrá-las definitivamente.

Recomendo aos amantes da “ciência desportiva” que vejam o filme “Moneyball”. O filme que aborda a importância de compreender a estatistica no baseball pode e deve ser matéria de reflecção para muitos “sábios” de trazer por casa que confiam nos olhos vêem e não nos factos que cada jogo demonstra. Existem treinadores como Mourinho que entenderam cedo que o sucesso está na informação e no detalhe. Dá trabalho, mas compensa largamente passar horas a rever números, percentagens, probabilidades. Pode-se por exemplo entender porque é que Onyewu é um central tão útil, ou porque é que com a ausência de Rinaudo, o Sporting perdeu capacidade de dominar massivamente os jogos. Vem-me à memória atletas como De Francheschi ou Vidigal, Afonso Martins ou Paulo Torres. Poucos deram o valor às suas prestações na estatística (passes certos, assistências, bolas ganhas, faltas sofridas, faltas cometidas, golos, ataques participados), poucos deram por terem sido excelentes jogadores que mereciam outro valor na gestão desportiva do clube.

O regresso de Capel à Roja não será supresa, mas justiça para com a época fantástica que o sevilhano está a realizar. É verdade que não será o melhor elemento para participar no tiki-taka “made in” Barcelona, mas desperdiçar o momento de forma de Capel éde uma miopia que em nada respeita o passado recente da formação espanhola. O Sporting já entendeu a importância de um extremo como o Diego, oxalá por alturas do Euro que o seleccionador espanhol valorize essa componente.

O relvado de Alvalade está novamente “doente”. É simplesmente inacreditável que, chegando à conclusão que é a arquitectura do estádio que provoca a debelidade permanente do terreno de jogo não nos ocorra perguntar porque raio é que o senhor Tomás Taveira é considerado um bom arquitecto. O valor astronómico que entrou nos seus bolsos daria pelo menos para não ter cometido erros de aluno de primero ano de faculdade. Passando essa questão, voltamos à estaca zero, ou seja, relva natural ou artifical? É essencial responder de uma vez, a hesitação custa o valor de uma boa contratação todos os anos.

Até breve.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Bruno Alves, nem fumo nem fogo


Por todas as contratações possíveis a de Bruno Alves seria para mim a pior. Não porque seja um jogador de que não precisamos, mas porque é do género de investimento que não podemos fazer. Comprar o passe não é uma opção. O Zenit nunca venderá um internacional A (agora ainda mais titular da Selecção depois do castigo de Ricardo Carvalho) por menos de 4 ou 5 milhões de euros (pagou 22) mesmo que já tenha 30 anos. E para os leões essa é uma verba impensável, primeiro porque nenhum fundo de jogadores participará na operação e depois porque será uma verba com retorno impossível, pelo menos financeiro.

Como em tantos outros casos estamos perante uma verdadeira “contra-informação”. Parece mentira mas quando saltam estes nomes para as páginas de jornais e rádios ninguém se dê ao trabalho de ver a lógica leonina de investimento esta época. Já aqui escrevi neste blog que o Sporting tem um parametro bastante claro na politica de aquisições esta época. Fora os jogadores em fim de contrato, Freitas e Duque apenas investiram em jogadores com idade limite de 25/26/27 anos e mesmo esses já com algumas garantias de possível retorno.

Bruno Alves terá por sua vez um ordenado bastante acima do que se pratica em Portugal e mesmo que aceite baixar até 30% esse valor, continuará a ser uma mensalidade desenquadrada do resto do plantel. Entende-se a necessidade de jogar e ser visto a jogar, com o Euro à porta não convém perder o ritmo de jogo e o Sporting de Domingos (mesmo com a impossibilidade de disputar a Liga Europa) garante pelo menos 3 provas nacionais onde competir.

Essa também é uma nota negativa para o Sporting neste negócio. Face às lesões no centro da defesa, ter mais um jogador (a somar a Elias) que não pode participar na Liga Europa não deixa de ser uma nota importante, claro que será sempre dificil adquir um jogador de peso que tenha essa vantagem. Apenas no mercado sul-americano os leões encontrarão bons jogadores sem cadastro nesta edição das provas europeias. E mais não digo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um passo atrás

Há já algumas partidas que o Sporting que resolvia nos primeiros 30 minutos as partidas de média dificuldade desapareceu, hoje como em outras partidas, a equipa pareceu combativa, decidida, mas sem a frieza na hora de atirar à baliza. Isso tem sido demasiado caro para as contas já por si "altas" desta equipa. Hoje em Coimbra o Sporting pareceu dar um passo atrás na sua afirmação, não que não tenha trabalhado o suficiente...bem pelo contrário...mão deveria era ter tido de trabalhar tanto. Wolfswinkel que será um enorme jogador, falhou dois golos que selariam um jogo diferente e deu jus ao tempo verbal com a frase começou.

De resto os erros e as virtudes do costume. Carrilho no melhor e pior, é muito jovem. Muitos erros primários de 1º passe e corte de jogadas, aqui Carriço e Polga estiveram mal, bastante mal...Carriço não será um Rinaudo nos próximos 50 jogos de certeza absoluta. A expulsão de Elias nasce de uma jogada alimentada pela  defesa (foram várias...é um ponto a trabalhar, eu pessoalmente acho que a bola deve ir para fora sempre que a equipa tem a defesa subida).

Enfim melhor que eu, Domingos saberá o que viu e o que precisa melhorar. Uma coisa é certa, Pereirinha a médio ala, Carriço a trinco ou Wolfswinkel a falhar desta forma são não soluções, será preciso encontrar alternativas a tempo de ainda poder ajudar a equipa. Izma, Rinaudo, Jeffren, Fernandez, Rodriguez, podiam ser algumas...mas já não esperámos tempo suficiente para saber que podem não chegar em tempo verdadeiramente útil?

Até breve.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Uma equipa B de luxo

Nas vésperas de uma votação que permitirá à Liga Orangina receber as equipas B, pelo menos nos estatutos da prova, é importante perspectivar quais os elementos que poderão ser seleccionados para fazer parte desta nova estrutura já na próxima época. Eliminando os jogadores sob contrato com mais de 25 anos e menos de 19, temos os seguintes nomes:

Guarda-Redes:
Luis Ribeiro
Vitor Golas
Rafael Veloso
Rui Patrício

Lateral Direito:
Santiago Árias
Cedric Soares
João Gonçalves
Ricardo Esgaio

Lateral Esquerdo:
Atila Turan
André Marques
Michael Pinto
Emiliano Insua

Centrais:
Miguel Serôdio
Juary Soares
Pedro Mendes
Nuno Reis
Mexer
Eric Dier
Rudolfo Simões
Tiago Ilori
Torsiglieri
Daniel Carriço

Médio Defensivo:
William Carvalho
Peixinho
Deschamps
André Santos

Médio Centro:
Renato Neto
André Martins
Zezinho
Adrien
João Mário
Mateus Fonseca
João Carlos

Ala Esquerdo:
Alexis Quintulen
Diogo Rosado
Diogo Salomão
Diego Capel
Jeffren

Ala Direito:
Altair Júnior
André Carrilho
Pereirinha

Avançados:
Kleber Pereira
Gael Etock
Amido Baldé
William Owusu
Wilson Eduardo
Betinho
Diego Rubio
Ricky Wolfswinkel

Como é óbvio nem todos estes nomes serão integrados, a itálico saliento jogadores para quem a integração numa equipa B, mesmo que na Liga Orangina, seria um verdadeiro retrocesso. Alguns porém mesmo já integrando plantéis da primeira Liga não têm tido muitos minutos de jogo (Turan, Rosado, Owusu e Baldé) e assim veriam este novo espaço como uma boa oportunidade. Convém não esquecer que o objectivo é fazer a transição para profissional de bons jogadores e não criar um back up à equipa A ou mesmo vencer a segunda Liga.

Olhando aos valores disponíveis, só existe uma conclusão a tirar, mesmo só com a parte dos jogadores menos experientes do escalão 19-25 anos, o Sporting terá sempre uma equipa de luxo. Apenas numa posição (ala direito) não existe grande oferta, mas é apenas uma posição, o que é caso para dizer que a equipa B já está até pronta. Até já tem treinador, pois não vejo como possível passar ao lado do que Sá Pinto tem dito e feito pela existência desta nova equipa do Sporting.

Até breve.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mais olhos que barriga


Todos os 3 grandes têm por esta altura o mesmo desafio. Colocar contratações exorbitantes fora da folha de pagamentos, eliminando assim ordenados principescos para contribuições desportivas tão pequenas. É assim para Saviola, para Rodriguez e Pongolle.

Há já algum tempo (muitos meses) que o Sporting tenta ver-se livre do jogador francês, foi uma contratação de valores proibitivos que apostava muito optimisticamente no ressurgimento do Sinama “espanhol” dos tempos do Huelva. Mas não foi nada disso que aconteceu. Os poucos jogos que fez pareceu lento, disperso e nada confiante. Duas lesões e um grave incidente familiar completariam o ramalhete que fez dele um verdadeiro e absoluto flop. Vender seria a melhor solução, mas não havendo compradores, emprestou-se ao Saragoça na esperança que os ares de Espanha produzissem melhor resultado. Não produziram e regressou ao Sporting só para ser de novo emprestado, desta vez ao St.Etienne clube que o formou. A época está correr melhor, pelo menos joga de tempos a tempos, mas algo me diz que ninguém devolverá ao Sporting sequer metade do que foi investido.

Saviola, o nome dizia muita coisa ao mundo do futebol, especialmente aos que se lembravam dele no Barcelona. No Real Madrid era um empecilho, um jogador que recebia dos mais altos salários e que sempre que era chamado ao onze, desiludia. Mesmo assim o Benfica aceitou receber o jogador que a imprensa apelidaria no momento como a grande estrela do nosso campeonato. Foi meia estrela. Decisivo em algumas partidas, mas também inoperante noutras. Ainda chegou a regressar à selecção Argentina, mas o seu tempo passou com o brilho intenso do prodígio Messi, Aguero, Milito, Higuain ou Tevez. Neste mercado de inverno já é óbvio a vontade de Benfica e jogador cessarem a ligação. O primeiro porque o jogador não rende, o segundo porque o seu nome ainda tem mercado especialmente em países Árabes que podem até pagar mais que o clube português.

“Cebola” Rodriguez. Um grande “roubo” que Pinto da Costa fez ao Benfica e que custou na altura verbas que hoje se tornam escandalosas, especialmente se o jogador fica no banco, o que tem acontecido quase sempre. A poucos meses de acabar contrato, é ainda assim possível encontrar comprador que reponha pelo menos 15 ou 20% do valor de aquisição investida, mas não será nada fácil aparecer um clube com a capacidade de pagar os ordenados a que o uruguaio está habituado.

Todos estes casos têm uma coisa em comum. Foram contratações “bandeira”, investimentos avultados em valores de rendimento inconstante, que deram total primazia ao impacto que as suas vindas teriam nos adeptos, muito mais que o seu real rendimento futebolístico. O que se esperava destes 3 atletas não foi alcançado e os clubes tiveram e têm avultados prejuízos com a sua manutenção na folha de pagamentos. A chegada este ano de Garay e Capdevilla configura-se como uma situação semelhante, o que demonstra que se o Sporting e o Porto aprenderam a sua lição, o Benfica persiste em investir em nomes sonantes, por muito que isso custe às suas finanças futuras.

Até breve.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Suficiente

O futebol do Sporting foi suficiente para, mesmo sem grande eficácia, bater o Nacional por 1-0. Outros tempos houve em que não era assim, outros tempos houve em que perderíamos o controlo da partida e mais importante, o controlo emocional que permitia gerir a vantagem mínima. O Nacional podia ter marcado, mas o Sporting andou sempre muito perto de "acabar" com o jogo e as dúvidas. A partir dos 70 minutos, com um jogador a mais, Domingos preferiu a segurança. Fez bem.

Com um meio-campo "estranho" de Carriço a recuar, Martins a distribuir e Elias a "puxar" pelo jogo, foi óbvio que os dois formados na Academia preferem terrenos mais recuados para habitar, deixando o brasileiro muitas vezes levar sozinho a bola aos extremos. Nenhum fez uma má partida, mas não será este o triângulo ideal para vencer jogos importantes. Os madeirenses permitiram o domínio do Sporting e só fechavam os caminhos da área quando sentia perto o passe final (de ruptura). É um bom sinal quando uma equipa (com bons jogadores) como o Nacional faz um bom jogo e perde. Bom sinal para o Sporting.

A equipa de Domingos andou sempre um passo, ou um passe, atrás da perfeição. Foram dezenas de situações em que um pouco mais de concentração teria resolvido a partida e se o 2-0 tivesse chegado, ninguém se lembraria dos muitos lances de má decisão leoninos. Mas houve muita coisa boa na partida de ontem. Capel é um foguetão de velocidade e arranque, Wolfswinkel mostrou mais uma vez instinto de matador (ontem só mesmo instinto), Martins fez uma mão cheia de passes divinais, Patrício e Onyewu valeram pontos e mais visível, a garra de Insua e Pereira fizeram do Sporting uma equipa sempre ao ataque, sempre à procura do golo. Também houve, mais uma vez, show de Carrilho e mais uma vez, inconsequente.

Acho que Domingos precisa de rever o posicionamento do triângulo de meio-campo, principalmente em ataque continuado, ontem Wolfs, Capel e Carrilho andaram com 6 ou 7 jogadores adversários em cima, bem longe dos apoios de Martins e Elias e as muitas jardas de distância de Carriço, uma equipa tão esticada no meio-campo adversário, perde muitas bolas e permite contra-ataques bastante perigosos. É um detalhe que pode ditar muitos pontos. Mas estes 3 já ninguém nos tira e tranquilidade de mais uma semana descansados também não. O Porto esteve a 2 metros de empatar, é caso para dizer que se o Beira-Mar tivesse tido mais cabeça, teria "corrido" com o VP ainda esta semana. O que prova que nada está decidido.

Até breve.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma cultura pequena

Na semana que antecede o Real Madrid - Barcelona, não ouvimos a imprensa falar de "gaiolas", de hipótese de confrontos, de guerras sobre bilhetes, de claques, de insultos entre direcções...nada. Ouvimos falar de jogo, de jogadores, de esquemas tácticos. Como é tudo tão diferente...e melhor!

Não haverá rivalidade tão grande como a dos catalães versus castelhanos, Catalunha versus Madrid, são culturas diferentes, línguas diferentes, regiões e povos diferentes...mas no entanto...não há um décimo da agressividade que podemos constatar em semanas de Sporting - Benfica ou Benfica - Porto. Porquê?

Haverá muitas razões, mas as principais podem mesmo ser a passividade da FPF e Liga que reage sempre, normalmente com a cobardia de multas de poucos milhares de euros, a casos graves de violência verbal e física. A passividade das polícias, que têm pela frente verdadeiros gangs organizados, braços armados das direcções de clube, que se entretêm entre jogos a todo o tipo de outros crimes.

Mas fora o poder institucional do futebol, navega outro poder, uma força que tem destruído o nosso futebol. Essa força emana da eleição para presidentes de figuras duvidosas, empresários com historial de "uso" de métodos mais "alternativos" de persuasão. Estas figuras não têm hesitado em recorrer a expedientes bastante duvidosos na hora de criar "ruído", na hora de "conter" adeptos, na hora de "fazer" cair treinadores ou calar oposições.

Tudo isto acompanhado por uma imprensa que tudo desresponsabiliza, tudo esquece, que não investiga, não nos "dá" a verdade, dá nos ilusões de um futebol evoluído, quando não passamos de primatas com tiques de máfia e pinceladas de um grande monopólio chamado irmãos Oliveira ou Jorge Mendes. Quando foram conhecidos os factos (com escutas claro!) do Apito Dourado, não houve um pingo de coragem em 3 jornais desportivos para retirar as consequências da gravidade das provas! O que continham aquelas escutas era matéria para despromover imediatamente 3 clubes. Não houve coragem na imprensa, na FPF ou na Liga, não houve coragem nos tribunais. Dos 3 apenas 1 clube foi penalizado, o Boavista.

Esta impunidade de todos os agentes no futebol, esta palerma convicção que qualquer "figura de sucesso" pode ser presidente ou dirigente de um clube, gera comportamentos que nada têm de "desportistas", pois para quem praticou uma modalidade, a primeira coisa que se ensina é a ganhar e a perder. Mas no nosso futebol nunca ninguém perde, nunca ninguém é mais fraco, a culpa é sempre alheia e recorre-se a tudo e todos para assegurar os próximos penalties, expulsões, interdições, castigos. É uma vergonha.

No dia de eleições na FPF, nada espero de diferente no futuro. O candidato mais perto da vitória pertence ao aparelho do "sistema" desde sempre e nada fará, como não o fez no passado, para o destruir. Continuaremos a ser o que somos, um futebol mesquinho, cobarde, inculto e sobretudo corrupto. Quantos adeptos deixarão no futuro de ver o "seu" Sporting, Benfica ou Porto, para ver clássicos como Real - Barça, Man Utd - Chelsea, Juventus - AcMilan?

Até breve.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O curto e o longo prazo


Este fim de semana pode ser bastante proveitoso para as cores leoninas. Em 3 campos existe a possibilidade de materializar em pontos uma nova recuperação do Sporting face a Porto e Benfica. Olhando os jogos um a um, podemos antecipar, ou vislumbrar, dificuldades para todos, mas jogando em Alvalade perante um Nacional algo distante do que tem sido o historial competitivo dos madeirenses, o Sporting é quem mais pode confiar nos 3 pontos.

Na Madeira, um Benfica moralizado pelo apuramento na Champions vai tentar mostrar que aprendeu a lição da Taça, mas terá pela frente um Marítimo que já provou o sabor da vitória e não desdenhará dar sequência à excelente época que tem feito. É verdade que o jogo nada terá de semelhante com o anterior, mas também é mais verdade que à equipa do Funchal o empate também será satisfatório. O jogo frente aos romenos revelou um Benfica preguiçoso, que a repetir-se significará perda de pontos. O Marítimo está muitos furos a cima do Oletul.

Em Aveiro, o Porto pode “vingar-se” da despromoção à Liga Europa, mas vai contar seguramente com a resistência de uma das equipas que melhor defende em Portugal. O Beira-Mar sabe dar o “jogo” ao adversário e como o Sporting pode comprovar, sabe também manter uma partida morna durante 90 minutos. Um empate não será nada de extraordinário face ao que as duas equipas têm feito este época. Faltam matadores de um lado e do outro e os esquemas tácticos de Vítor Pereira costumam emperrar mais a máquina do que soltar.

Em Alvalade esperam-se mais 40 mil pessoas, o que prova a importância da adesão dos Núcleos no preenchimento de Alvalade. Muito se prometeu na campanha, mas apesar de ser notória alguma aproximação, falta devolver muito a estruturas que deviam ser “escolas de novos leões”em vez de “clubes de velha guarda leonina”. Urge repensar o que é um Núcleo Sportinguista, para que serve e como pode servir os interesses sociais e económicos da instituição.

Tal como são hoje, unidades isoladas com pouca representatividade na vida do clube, os NS não sobreviverão ao início da segunda info-revolução. As novas gerações de sportinguistas dificilmente se sentirão atraídas por espaços cavernosos, por vezes entabernados, onde a média de idades dos habitués se costuma situar entre os 60 e os 65 anos e onde não existe muito que fazer a não ser olhar para a televisão e desfolhar o jornal do clube por entre um café ou uma imperial.

Mas fazer evoluir os NS não é apenas dotá-los de capacidade para atrair as próximas gerações, é também uni-los entre si, criando pontos de contacto, espaços comuns de diálogo e partilha de recursos e informação. É também criar canais de diálogo directos com o clube, onde a informação e as necessidades percorram os dois caminhos, esbatendo a distância física e a tendência natural para o alheamento.

No Sábado, em dia de Núcleos era bom que alguém com responsabilidades manifestasse a vontade, tantas vezes expressa na campanha, de inaugurar esta reflexão com alguma finalidade prática no horizonte. Doutra forma, daqui a dez anos será inexpressiva a validade de ter um dia dedicado a estas associações e isso é bem mais importante do que fazer encher Alvalade.

Até agora a questão do voto e da tipologia de sócio são os únicos temas relacionados em debate com os NS, há todo o resto por repensar…e daqui a nada já vamos num ano de gestão de GL. Aproximarmo-nos do Porto e do Benfica talvez seja a parte mais fácil, o difícil mesmo é eliminar distâncias entre clube e adeptos, pois como já tantas vezes ouvi dizer “quando se ganha todos aparecem” e o Sporting ainda não tem uma estrutura que nos permita confiar na conquista regular de grandes troféus.

Até breve.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A vantagem táctica


Seria fácil escrever sobre a inoperância do Sporting face à táctica 5-5 (ou 5-4-1 se considerarmos o posicionamento de Camara como o de um avançado) do Belenenses. Mas para quem já viu futebol suficiente e não tem a necessidade de criar ou matar “ondas” cada jogo reveste-se de uma realidade única que não pode ser comparada.

Á partida, o Belenenses uma equipa média da Orangina viria a Alvalade sofrer muitos golos e ver as estrelas leoninas brilhar. Mas se há coisas garantidas no futebol uma delas é a relatividade do valor das equipas. Primeiro porque cada equipa quer coisas diferentes da partida e depois, é muito mais fácil anular jogo do que criá-lo. No plano teórico todas as equipas favoritas venciam, e em caso de desequilíbrio assinalável de valor (como foi o caso), venciam por goleada.

Na prática a realidade é bem diferente e o que fez do jogo de ontem de Alvalade um caso muito longe do plano teórico foi o posicionamento do Belenenses. Com um bloco tão baixo que o jogador mais avançado, Câmara, ocupava a posição de um trinco em missão defensiva. Com marcações em todo o campo homem a homem, em que apenas Carriço, Onyewu e Polga escapavam. Com uma postura de disputa de bola muito agressiva, recorrendo à falta por obstrução constantemente. Com tudo isto Mota criou uma verdadeira trincheira defensiva.

Esta táctica só surtiu efeitos porque o Sporting aceitou o “desafio” que o técnico do Belém atirou para o tabuleiro de jogo, ou seja, confiar nos centrais e trinco para construir jogo. Se existe algo profundamente confiável é que Polga e Onyewu não têm capacidade de condução de bola e se existe algo digno de análise é o papel de Carriço como trinco perante equipas defensivas em Alvalade. Com Rinaudo na equipa certamente que o Sporting teria rompido muito mais cedo com o bloco azul. O argentino saberia evoluir com a bola e saberia combinar com os seus colegas, algo que nenhum dos citados soube fazer.

O que acabou por acontecer foi muito simples. Principalmente Onyewu, adiantava-se com a bola e tentava procurar destinatário. Problema nº1: todos os colegas estavam marcados e um central não é o melhor jogador para se pedir bolas colocadas no espaço, principalmente quando está a evoluir com a mesma. Problema nº2: quando conseguia entregar a bola jogável a um companheiro, Onyewu automaticamente parava de subir no terreno (normal movimentação de um central) não dando nova linha de passe a quem recebia a bola. Problema nº3: quando falhava o passe, o Belenenses recuperava a posse de bola com toda a equipa de frente para o meio campo do Sporting e com a equipa adversária completamente subida no terreno.

Um cenário muito simples de identificar. E Domingos fê-lo ao intervalo. Não mais Onyewu conduziu a bola e foi Carriço a ter essa responsabilidade, com Schaars a dar-lhe linha de passe constante. Foi a solução encontrada, mas ainda bem que o Sporting aproveitou uma subida do Belenenses para abrir o marcador, pois não parecia estar a dar mais frutos que as soluções da primeira parte. Depois do jogo realizado é muito fácil adiantar outras soluções e não quero opinar sobre elas sem antes admitir que as mesmas tinham outros riscos, quiçá mais comprometedores caso falhassem.

O que eu teria feito e tenho por garantido que Domingos estará também a equacionar em caso de alguém querer repetir a táctica de Mota é:

- Substituir Carriço por um médio centro capaz de transportar e criar jogo: idealmente Fernandez, André Martins ou Izmailov. Criando uma espécie médio pivot recuado, um posicionamento eternizado pelos exemplos de Pirlo no AC Milan ou Scholes no Man Utd.

Tenho por quase garantido que só uma condicionante fez com que o treinador do Sporting não tivesse recorrido a este recurso mais cedo: André Martins tem pouco tempo de utilização e “poupar” tempo de jogo a Carriço seria a última das preocupações de Domingos, pois também ele precisa de assimilar rotinas de trinco.

Mas neste caso não chegou a ser preciso, pois aos 50 minutos o Sporting abriria o marcador e com o golo o fim da segurança da “trincheira” de Mota. Ter de sair dela teria custado bem mais do que 3 golos (sim…foram 3!) aos azuis do Restelo, se não fosse a gestão do resultado leonina, inteligente já que a sucessão de partidas com poucos dias de descanso já vai longa e não terminará para já.  

Li em algumas análises ao jogo que o Sporting pode vir a ter muitos problemas quando uma equipa com mais qualidade repetir o esquema de Mota, garanto-vos que essa é a menor da minhas preocupações, qualquer adversário que venha a Alvalade com um bloco tão baixo irá sujeitar-se totalmente à pressão ofensiva do Sporting, e mais importante, já não será novidade. Tirando o elemento surpresa, elimina-se a vantagem, ou seja, o esquema já teria anticorpos…não conheceria melhor forma de entrar a perder em Alvalade.   

Até breve.

sábado, 3 de dezembro de 2011

5 Notas de Um Violino

O Marítimo e o Benfica são as únicas equipas que ganharam ao Sporting (pelo menos com a equipa principal em campo) este ano. Ao contrário de todas as previsões, o Funchal não foi terreno de festa encarnada e a euforia da recepção deu lugar à frustração de mais um ano sem ir ao Jamor. O Sporting, caso vença o Belenenses, terá a oportunidade de mostrar em campo as melhorias desde a derrota caseira para a Liga, precisamente frente a um Marítimo que está a ser a surpresa da época. É por demais evidente que passando os madeirenses, a valia dos adversários é mais mediana (Académica, Nacional, Olhanense...) o que deixa antever um caminho muito mais fácil que o previsto no acesso à final.

As imagens de Jesus a instruir Artur Soares a simular uma lesão no derby, estão a correr a blogosfera leonina, mas curiosamente (ou talvez não) não estão a chegar aos grandes meios da CS. Sem interesse? Eu posso dizer que foi o segundo caso que vi mais claro de conduta anti-desportiva. O primeiro remonta ao célebre Paulinho Santos que em Alvalade simulou uma lesão, e em plena maca a ser transportado para fora das quatro linhas é filmado a comunicar ao banco dos portistas que estava tudo bem, com polegares para cima a rir-se e a piscar o olho. Este, mais recente é bem mais grave, resulta de uma instrução de um treinador que já antes afirmara que o Fair Play é uma treta, pelos vistos leva a ideia à letra. Gostaria de ouvir o que o Sr. Rui Gomes da Silva tem a dizer sobre a relação disto com o tema de que tanto gosta....a verdade desportiva.

O Benfica está em vias de contratar um camião de jogadores estrangeiros de 17 anos. Os números são assustadores, 5 ou 6 uruguaios, 2 guineenses, 1 sueco, 1 paraguaio, 2 brasileiros. Numa altura em que o principal candidato às eleições da FPF quer ver incluídas cotas de inscrições de jogadores portugueses nas fichas de jogo, numa altura em que a UEFA se prepara para impor o mesmo tipo de medidas e outras contra a naturalização espontânea de jogadores, é no mínimo peculiar que este processo não seja visto como uma gigantesca afronta à formação do próprio clube lisboeta. Mais uma vez os arautos da nossa imprensa reagem com passividade, como se tudo fosse verdadeiramente normal.

Outros blogs chamaram à ribalta o nome de Luis Sobral, um cronista do site MaisFutebol. É sinal de inteligência e respeito próprio começar a chamar os "bois" pelos nomes e na galeria de jornalistas anti-sportinguistas há mais este nome que se soma ao Querido Manhã, Rui Santos e outros tantos que optam por alinhar no "sistema" e bater em tudo o que é verde, sem dó nem piedade, nem imparcialidade. Saibamos distinguir o trigo do joio e não contribuir para as audiências de entretenimento quando não fazemos parte do "target".

O grupo da fase final do Euro 2012 onde ficou Portugal é só o mais forte da competição, olhando os rankings mundiais:

Grupo B- Holanda (2º), Alemanha (3º), Portugal (7º), Dinamarca (11º)
Grupo A- Rússia (12º), Grécia (14º), Rep. Checa (33º), Polónia (66º)
Grupo C - Espanha (1º), Croácia (8º), Itália (9º), Irlanda (21º)
Grupo D - Inglaterra (5º), França (15º), Suécia (18º), Ucrânia (55º)

Na verdade o péssimo sorteio pode ser bom. Talvez enfrentando duas grandes favoritas como a Alemanha e a Holanda e revisitando a nossa "conhecida" Dinamarca seja o melhor para recuperar a identidade e dinâmica de selecção de top mundial que já tivemos, até há bem pouco tempo, neste grupo, poderíamos até ser considerados favoritos.

Até breve.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Zurich e Soluções


Previa-se um jogo de dificuldade mais reduzida e foi isso mesmo que aconteceu. É verdade que já não há jogos fáceis, qualquer equipa razoável que conte com a passividade de uma formação superior pode arrancar uma surpresa. Isso foi válido para o Vaslui, era válido para o Zurich e será também para o Belenenses. Mesmo com muitas ausências (Patrício, Rodriguez, Rinaudo, Elias, Fernandez, Carrilho, Jeffren e Izmailov) o Sporting entrou em campo com a firme disposição de resolver o jogo cedo. E foi mais ou menos aproximando esse desígnio, até que Wolfswinkel materializou o caudal ofensivo numa bola dentro das redes. Muitos outros ficaram por marcar, até que Bojinov fechou o jogo, sem grande história para contar.

Ressalta à vista a solução André Martins, Boeck e Bojinov, já Pereirinha e Rubio fizeram sempre tudo bem menos…ser eficaz. Será talvez injusto pedir mais neste tipo de partidas, especialmente quando o resto da equipa já está a “arrumar” a loja. Mas nesta época vai ser assim, o nível de exigência está bem mais elevado e espera-se de um suplente o mesmo dos titulares. A Boeck grandes defesas, a Carriço uma permanente movimentação e pressão sobre o portador da bola, a Pereirinha grandes arrancadas e assistências para golo, a Rubio bolas no fundo da baliza. Se não o fizerem não estarão tão cedo nas escolhas do treinador. É a eficácia.

Primeiro lugar alcançado num grupo acessível. O último jogo em Itália será para cumprir calendário e dar minutos aos menos usados, se é que isso ainda é possível de conjecturar. Com 8 a 9 lesionados por partida, algum castigo ou impedimento (Elias na Europa por exemplo) o plantel de 27 jogadores fica facilmente com 17 ou 18 disponíveis, precisamente o número que pode constar da ficha de jogo. Essa é uma questão que não está em vias de ser resolvida, continuam a surgir muitas lesões musculares e nem se pode dizer que seja por intensa utilização, o plantel tem rodado permanentemente…graças às lesões.

Como não se pode garantir que estes surtos desapareçam magicamente, deve-se encarar Janeiro como uma oportunidade única de cobrir algumas lacunas da equipa. Já todos o afirmaram e parece quase óbvio o que se tem de fazer. Um central, um médio defensivo e um ala direito. Um central porque Onyewu, Rodriguez e Polga já deram provas de grande propensão para lesões e Carriço está a ser chamado a vário papéis na equipa. Um médio defensivo porque Rinaudo só regressa em Fevereiro (com condição plena talvez em Março) e André Santos tarda em afirmar-se como 6, André Martins e Carriço são adaptações. Um ala direito porque mesmo com Jeffren recuperado, à excepção de Pereirinha e Carrilho (soluções de recurso), não há um dextro para flanquear e Izmailov traz mais dúvidas que certezas na sua utilização.

Não sou ingénuo. Sei perfeitamente que o Sporting não contratará 3 jogadores em Janeiro. Pelo menos não gastará o mesmo que por exemplo fez com Capel, Jeffren, Elias, Wolfswinkel ou Bojinov. Esses foram investimentos prioritários que dificilmente poderemos ver repetidos no mercado de inverno. Acredito sim numa ordem de prioridades, onde provavelmente a questão do médio defensivo terá ultrapassado a do central desde que Rinaudo se lesionou (ainda ninguém conseguirá prever se o Argentino terá um resto de época ao nível do seu início). De qualquer forma é certo que o plantel tem de crescer em número, por cada vez que se chama um júnior aos 18 convocados é uma prova de falta de soluções no plantel principal, mais do que uma opção para motivar ou iniciar jogadores da formação.

Até breve.