sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma cultura pequena

Na semana que antecede o Real Madrid - Barcelona, não ouvimos a imprensa falar de "gaiolas", de hipótese de confrontos, de guerras sobre bilhetes, de claques, de insultos entre direcções...nada. Ouvimos falar de jogo, de jogadores, de esquemas tácticos. Como é tudo tão diferente...e melhor!

Não haverá rivalidade tão grande como a dos catalães versus castelhanos, Catalunha versus Madrid, são culturas diferentes, línguas diferentes, regiões e povos diferentes...mas no entanto...não há um décimo da agressividade que podemos constatar em semanas de Sporting - Benfica ou Benfica - Porto. Porquê?

Haverá muitas razões, mas as principais podem mesmo ser a passividade da FPF e Liga que reage sempre, normalmente com a cobardia de multas de poucos milhares de euros, a casos graves de violência verbal e física. A passividade das polícias, que têm pela frente verdadeiros gangs organizados, braços armados das direcções de clube, que se entretêm entre jogos a todo o tipo de outros crimes.

Mas fora o poder institucional do futebol, navega outro poder, uma força que tem destruído o nosso futebol. Essa força emana da eleição para presidentes de figuras duvidosas, empresários com historial de "uso" de métodos mais "alternativos" de persuasão. Estas figuras não têm hesitado em recorrer a expedientes bastante duvidosos na hora de criar "ruído", na hora de "conter" adeptos, na hora de "fazer" cair treinadores ou calar oposições.

Tudo isto acompanhado por uma imprensa que tudo desresponsabiliza, tudo esquece, que não investiga, não nos "dá" a verdade, dá nos ilusões de um futebol evoluído, quando não passamos de primatas com tiques de máfia e pinceladas de um grande monopólio chamado irmãos Oliveira ou Jorge Mendes. Quando foram conhecidos os factos (com escutas claro!) do Apito Dourado, não houve um pingo de coragem em 3 jornais desportivos para retirar as consequências da gravidade das provas! O que continham aquelas escutas era matéria para despromover imediatamente 3 clubes. Não houve coragem na imprensa, na FPF ou na Liga, não houve coragem nos tribunais. Dos 3 apenas 1 clube foi penalizado, o Boavista.

Esta impunidade de todos os agentes no futebol, esta palerma convicção que qualquer "figura de sucesso" pode ser presidente ou dirigente de um clube, gera comportamentos que nada têm de "desportistas", pois para quem praticou uma modalidade, a primeira coisa que se ensina é a ganhar e a perder. Mas no nosso futebol nunca ninguém perde, nunca ninguém é mais fraco, a culpa é sempre alheia e recorre-se a tudo e todos para assegurar os próximos penalties, expulsões, interdições, castigos. É uma vergonha.

No dia de eleições na FPF, nada espero de diferente no futuro. O candidato mais perto da vitória pertence ao aparelho do "sistema" desde sempre e nada fará, como não o fez no passado, para o destruir. Continuaremos a ser o que somos, um futebol mesquinho, cobarde, inculto e sobretudo corrupto. Quantos adeptos deixarão no futuro de ver o "seu" Sporting, Benfica ou Porto, para ver clássicos como Real - Barça, Man Utd - Chelsea, Juventus - AcMilan?

Até breve.

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