terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A vantagem táctica


Seria fácil escrever sobre a inoperância do Sporting face à táctica 5-5 (ou 5-4-1 se considerarmos o posicionamento de Camara como o de um avançado) do Belenenses. Mas para quem já viu futebol suficiente e não tem a necessidade de criar ou matar “ondas” cada jogo reveste-se de uma realidade única que não pode ser comparada.

Á partida, o Belenenses uma equipa média da Orangina viria a Alvalade sofrer muitos golos e ver as estrelas leoninas brilhar. Mas se há coisas garantidas no futebol uma delas é a relatividade do valor das equipas. Primeiro porque cada equipa quer coisas diferentes da partida e depois, é muito mais fácil anular jogo do que criá-lo. No plano teórico todas as equipas favoritas venciam, e em caso de desequilíbrio assinalável de valor (como foi o caso), venciam por goleada.

Na prática a realidade é bem diferente e o que fez do jogo de ontem de Alvalade um caso muito longe do plano teórico foi o posicionamento do Belenenses. Com um bloco tão baixo que o jogador mais avançado, Câmara, ocupava a posição de um trinco em missão defensiva. Com marcações em todo o campo homem a homem, em que apenas Carriço, Onyewu e Polga escapavam. Com uma postura de disputa de bola muito agressiva, recorrendo à falta por obstrução constantemente. Com tudo isto Mota criou uma verdadeira trincheira defensiva.

Esta táctica só surtiu efeitos porque o Sporting aceitou o “desafio” que o técnico do Belém atirou para o tabuleiro de jogo, ou seja, confiar nos centrais e trinco para construir jogo. Se existe algo profundamente confiável é que Polga e Onyewu não têm capacidade de condução de bola e se existe algo digno de análise é o papel de Carriço como trinco perante equipas defensivas em Alvalade. Com Rinaudo na equipa certamente que o Sporting teria rompido muito mais cedo com o bloco azul. O argentino saberia evoluir com a bola e saberia combinar com os seus colegas, algo que nenhum dos citados soube fazer.

O que acabou por acontecer foi muito simples. Principalmente Onyewu, adiantava-se com a bola e tentava procurar destinatário. Problema nº1: todos os colegas estavam marcados e um central não é o melhor jogador para se pedir bolas colocadas no espaço, principalmente quando está a evoluir com a mesma. Problema nº2: quando conseguia entregar a bola jogável a um companheiro, Onyewu automaticamente parava de subir no terreno (normal movimentação de um central) não dando nova linha de passe a quem recebia a bola. Problema nº3: quando falhava o passe, o Belenenses recuperava a posse de bola com toda a equipa de frente para o meio campo do Sporting e com a equipa adversária completamente subida no terreno.

Um cenário muito simples de identificar. E Domingos fê-lo ao intervalo. Não mais Onyewu conduziu a bola e foi Carriço a ter essa responsabilidade, com Schaars a dar-lhe linha de passe constante. Foi a solução encontrada, mas ainda bem que o Sporting aproveitou uma subida do Belenenses para abrir o marcador, pois não parecia estar a dar mais frutos que as soluções da primeira parte. Depois do jogo realizado é muito fácil adiantar outras soluções e não quero opinar sobre elas sem antes admitir que as mesmas tinham outros riscos, quiçá mais comprometedores caso falhassem.

O que eu teria feito e tenho por garantido que Domingos estará também a equacionar em caso de alguém querer repetir a táctica de Mota é:

- Substituir Carriço por um médio centro capaz de transportar e criar jogo: idealmente Fernandez, André Martins ou Izmailov. Criando uma espécie médio pivot recuado, um posicionamento eternizado pelos exemplos de Pirlo no AC Milan ou Scholes no Man Utd.

Tenho por quase garantido que só uma condicionante fez com que o treinador do Sporting não tivesse recorrido a este recurso mais cedo: André Martins tem pouco tempo de utilização e “poupar” tempo de jogo a Carriço seria a última das preocupações de Domingos, pois também ele precisa de assimilar rotinas de trinco.

Mas neste caso não chegou a ser preciso, pois aos 50 minutos o Sporting abriria o marcador e com o golo o fim da segurança da “trincheira” de Mota. Ter de sair dela teria custado bem mais do que 3 golos (sim…foram 3!) aos azuis do Restelo, se não fosse a gestão do resultado leonina, inteligente já que a sucessão de partidas com poucos dias de descanso já vai longa e não terminará para já.  

Li em algumas análises ao jogo que o Sporting pode vir a ter muitos problemas quando uma equipa com mais qualidade repetir o esquema de Mota, garanto-vos que essa é a menor da minhas preocupações, qualquer adversário que venha a Alvalade com um bloco tão baixo irá sujeitar-se totalmente à pressão ofensiva do Sporting, e mais importante, já não será novidade. Tirando o elemento surpresa, elimina-se a vantagem, ou seja, o esquema já teria anticorpos…não conheceria melhor forma de entrar a perder em Alvalade.   

Até breve.

3 comentários:

  1. subscrevo; o (mau) papel dos centrais na primeira parte foi por demais evidente e Domingos aproveitou bem o intervalo, acrescentado uma substituição obvia.

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  2. temos q vender o carriço em janeiro, razao pela qual ele está no onze..mas concordo q ele deveria sentar se no banco, sem rinaudo falta ali qq coisa para carburar em sintonia, nem imagino quem entra ou quem sai qd chegarem Izma e Jeffren

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  3. Como já dizia o outro "Este homem é um mister, um senhor" Abraço

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