sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E soluções?


Mais receita. Menos despesa. Simples. Só há um caminho, é estreito e não permite erros. Depois de conhecidos os resultados da auditoria todos apontam o problema, todos dissecam os erros, analisam-se os desvios e os cenários mais catastróficos. Para quê? Alguém acredita que o clube tem vitalidade de sobra para iniciar uma “caça às bruxas” enquanto procura novas soluções? Eu não.

Penso que terá de ficar para mais tarde (fim da época) a tal auditoria de gestão que permitirá apontar objectivamente cada erro a cada culpado...e se sobrar pedra sobre pedra depois de conhecidos os resultados, então sim, decidir se a crucificação em praça pública será suficiente para que durante os próximos 20 anos ninguém venha a gerir o clube com displicência ou irresponsabilidade.

Na minha opinião ninguém poderá ser incriminado por incompetência ou por não ter perfil para comandar um clube de futebol, o principal culpado terá sempre de ser o clube como elemento colectivo que decide os seus destinos. Do que nos podemos livrar não é de cometer erros, mas sim de cometer erros grosseiros com proveitos mais directos e evidentes para terceiros.

O que interessa no “agora” é procurar soluções. Sabemos que esta direcção já tinha presente o cenário revelado pelos auditores e desde logo concebeu a sua estratégia com estes números, visando a diminuição dos seus efeitos negativos. Mas parece-me que até agora, GL e seus pares têm gerido a comunicação das opções negociais de forma “fechada”. Isso acabou com o raio x publicado na imprensa. De agora em diante todas as vias serão discutidas até à exaustão, transformámo-nos numa espécie de meteoro à deriva pela galáxia da insolvência e todos nos querem avisar que podemos colidir a qualquer hora.

A solução mais evidente está em cima da mesa, o mecenas. Mas ainda ninguém se sentou nela, analistas peritos em “buy overs” afirmam que o Sporting não é um produto interessante para “juntas investidoras” e sem o mediatismo de uma Liga Espanhola, Italiana ou Inglesa não estará no “mapa” das diversões arábicas. Pode surgir um “especulador” mas isso terá muitos mais de ameaça do que salvação.
Um dado parece apontar para que seja inevitável a cedência de poder na SAD – o cash flow.

Com os juros e despesa mensal a aumentar a cada mês que passa, dentro em breve será inevitável ter de alienar mais património seja ele imobiliário ou não. A solução de empurrar a divida um pouco mais para a frente contraindo mais dívidas ou negociando datas de pagamentos e juros simplesmente deixou de existir com o estado actual das operações dos bancos credores do clube.

Até a venda de qualquer jogador terá se ser muito bem pensada. Se por um lado a entrada de verbas é um balão de oxigénio, por outro é uma machadada na capacidade de recuperação desportiva. Ou seja, resolve a curto prazo mas piora bastante a longo prazo. Imaginado que um clube inglês compra o passe de Wolfswinkel no próximo verão por 22.5 milhões de euros. Alem do valor ter de ser repartido com os fundos que permitiram a chegada do jogador, à cabeça os credores recebem a maior fatia dessa importância, talvez numa perspectiva optimista sobre ao Sporting 10% do montante para voltar a investir. Ora procurar um substituto para Wolfswinkel por 2.25 milhões de euros não é impossível, mas a probabilidade de ficarmos a perder é muito grande. Este é apenas um dos problemas que veremos condicionar bastante as opções de Domingos, Duque e Freitas.

Não será por acaso que é notório que o clube procura nas “listas” de jogadores em fim de contrato as futuras soluções para possíveis vendas. Esse será um caminho a explorar, sendo que será quase um milagre que o Sporting vendendo jogadores consiga a custo zero reconstruir uma equipa melhor do que a que tem agora.

Existem outras possibilidades de aumentar as receitas, mas quase todas dependem de um bom momento desportivo para gerar mais valias. Os naming rights do estádio podem valer bastante dinheiro anualmente, mas parece haver pouco interesse de marcas a operar em Portugal, os clubes sofrem do receio das labels em sectarizar-se, e ninguém poderá censurá-las num pais onde tudo se divide em 3 cores.

Outras hipóteses de patrocínios podem ser consideradas, como a equipa B, os escalões de formação (que perderam a Coca-Cola) e a Academia (em vias de cessar com a Puma ao que parece).

A equipa B deveria ser auto-sustentada financeiramente, para isso terá de assegurar a venda das transmissões dos seus jogos a um canal de televisão ou web, encontrar um patrocinador e um estádio para jogar enquanto Alvalade não for capaz de pelo menos garantir 1 jogo por semana sem prejuízo do estado do relvado.  Talvez se venha a afirmar como uma importante fonte de recursos, ao gerar atletas mais preparados para entrar na equipa principal, evitando permanentes idas ao mercado.

Alem da equipa B, o Sporting tem obrigatoriamente de expandir a sua rede de parcerias com clubes de primeira divisão estrangeiros. A experiência com o Cercle de Brugges está a revelar-se muito eficaz. Encontrar clubes no Brasil, em Espanha, Grécia, Holanda ou Escócia seria dar a muitas promessas diferentes experiências em diferentes futebóis, trabalhando os empréstimos com mais margem evolutiva para cada tipo de jogador.

As cotizações de sócio. bilheteira e gameboxes terão de ser muito mais atractivas. É vital assegurar a fidelização dos sócios existentes (o que não será fácil pelo que se vislumbra desta época) e a angariação de muitos mais no futuro. A solução do “cartão” tipo ACP terá sido concluída?

Convido a todos os leitores do blog, a sportinguizar um pouco, deixem sugestões. Qualquer ideia é uma boa ideia e várias cabeças pensam mais do que uma. Quantos mais formos a puxar pela mona, mais probabilidades temos de ajudar a encontrar soluções.

Até breve.

3 comentários:

  1. Acho que o melhor é fechar já e pronto!

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  2. Qualquer estratégia que passe pelo que tem sido feito por esta direcção, a fuga em frente com aumento de despesa esperando um desempenho proporcionalmente melhor, terá obviamente que ser suportada em maiores capacidades de receita, que neste momento parece-me muito complicada de obter, dada a conjuntura actual. A alternativa à receita é a venda por minoria ou maioria da Sporting SAD - algo que deveria estar bem no fundo das prioridades dos sócios Sportinguistas pelo revês associativo que representa.

    A alternativa contrária, o desinvestimento calculado e cuidado, só poderá ser levado a cabo com a pacificação dos sócios e adeptos em relação aquilo que é o passado recente e não tão recente da gestão no universo Sporting. Não será possível mirrar sem que as pessoas o compreendam e sem que as pessoas se sintam seguras com isso.

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  3. Para diluir o passivo é acrescentar água!!!

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