quarta-feira, 14 de março de 2012

O golpinho de estádio


Parece que o homem do momento dá pelo nome de António Fiúza, presidente do Gil Vicente. Tornou-se no porta voz dos "clubes pequenos", aqueles que não conseguem pagar os estádios onde jogam, não conseguem cumprir os contratos que assinam, não conseguem levar mais de meio milhar de espectadores aos seus jogos em casa, entre outras incapacidades estruturais. São estes que reclamam a liderança dos destinos do nosso futebol.

Hoje li que este senhor, ameaça em nome da "maioria dos clubes" fazer greve nos jogos da Liga ou atrasar os inícios das partidas 30 minutos. Eu cá sugiro a estes que tenham juízo e não inventem disparates que não possam remendar. É que existem muitos clubes que terão de fechar portas se aparecer uma multa de algumas dezenas de milhares de euros nas suas tesourarias. Setúbal, Leiria, Belenenses. Guimarães são só alguns exemplos de emblemas que estão a ficar com as portas semi-cerradas, outros disfarçam melhor, mas a situação é a mesma.

Todos já entenderam que esta convulsão toda só está a acontecer por puro desespero da maioria arruinada, quase dois terços da liga de clubes, que não terão sequer a perspectiva de provar capacidade financeira para mais uma época no patamar profissional. Como é normal em quem prefere contornar problemas em vez de os resolver (e porque os Municipios, Governos Regionais e outros patronos fecharam as torneiras) nada como tentar um verdadeiro "golpe de estado".

E foi bem sucedido. Eleito um fantoche como presidente da Liga, começa agora a sucessão de "ameaças" que não tem como objectivo mudar, mas dar a sensação aos grandes clubes que isso pode acontecer, levando-os à mesa de negociações. Uma vez à mesa, é hora de extorquir mais verbas, venham de onde vierem...não interessa sequer com o que se realiza a ameaça, qualquer tema é interessante se mexer com a lógica de crescimento dos emblemas que disputam títulos.

Diz Fiúza que os grandes clubes não querem o alargamento para terem calendário para realizar digressões no estrangeiro. Diz o senhor que "é tudo uma questão de dinheiro".

Ponto nº1 - O argumento é falso. Os clubes portugueses não têm esses convites para digressões milionárias, antes tivessem. Na pré-época são regularmente convidados para torneios de prestígio, mas depois do arranque da época não tenho memória de nada de extraordinário.

Ponto nº2 - Se o Gil Vicente fosse convidado para digressões (só não é porque o Gil e muitas outras equipas não sabem o significado de futebol espectáculo) pago a peso de ouro, era capaz de apostar que o senhor Fiúza preferiria levar falta de comparência no jogo, mas arrecadar o dinheiro.

Ponto nº3 - Ao menos o dinheiro é um argumento racional para não alargar a Liga, ao passo que não se reconhece (nem nunca foi apontada) a lógica por detrás do alargamento.

Este braço de ferro que divide Porto, Benfica, Sporting, Braga e Nacional de um lado e quase todos os outros clubes do outro (com algumas nuances como o silêncio compremetedor do Benfica e Braga e velhas amizades como o Estoril - Sporting, o Aves e o Belenenses - FcPorto ou o Atlético e Santa Clara - Benfica) promete uma novela suculenta...com muito suco...e lenta.

Até breve

2 comentários:

  1. começaste mal...o gil tem o estádio pago e salários em dia...

    ResponderEliminar
  2. Não deve ser à toa que é o senhor Fiuza o porta-voz, não achas Tiago?

    ResponderEliminar