segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Urgência

É um facto que a gestão desportiva do Sporting é um pavor. Apesar de boas contratações, muito do trabalho de limpeza, agressividade, relações de força e alianças tem sido jogado conforme a dança dos pontos, conforme mais ou menos queixas da arbitragem, conforme a forma mais ou menos simpática que os media abordam o clube.

Lição nº1 - a inconstância e falta de estratégia paga-se caro.

A escolha de Sá Pinto parecia, especialmente depois da eliminatória com o City, ter sido bastante feliz. Mas depois de uma Taça de Portugal perdida sem grande explicação (o Bilbao não provocou tantas interrogações pela valia do seu plantel) houve muitos que questionaram se aquele resultado seria uma ilha num oceano de bons resultados ou uma península que anunciava um continente de problemas.

Em Guimarães foi demasiado notório que no início da Liga, o Sporting ainda não tinha equipa. O que foi grave. Com o Rio Ave, explicar com azar a continua inoperância colectiva é ser desonesto. Aqui esteve o ponto em que seria ideal ter intervido. É certo que a imprensa teria feito gato sapato da precipitação do clube, da máquina trituradora de treinadores, mil e um argumentos que defenderiam a continuidade de Sá Pinto. E foi no que deu. Hoje ao perder com o Porto, nenhum opinador é capaz de dizer que este Sporting é alguma coisa parecida com o que devia ser.

Lição nº2 - Agir por convicção e não segundo os timings dos media.

O Sporting já tentou dois wonder boys em ascenção (Domingos e Paulo Sérgio) e já tentou dois santos da casa (Paulo Bento e Sá Pinto). Nenhum foi bom. Dois foram bastante decepcionantes, dois foram catastróficos. Resta experimentar um Homem, deixando os rapazes crescer na B ou nos Júniores, e de preferência de fora, e com um obrigatório palmarés de construção de equipas de raiz.

Lição nº3 - O que é bom para o Porto, pode ser muito mau para nós.

O Sporting só voltará a afirmar-se como potência no nosso futebol, quando deixar de mimetizar lógicas que imperam noutros clubes. E se tivermos de por os olhos em algum clube, que sejam maiores e melhores que o nosso de preferência. De facto temos de apostar num treinador como o Man Utd, temos de gerir as nossas finanças como um Bayern, temos de apostar nas nossas escolas como um Barça, temos de nos rebelar contra o status como o Inter, temos de nos respeitar apesar dos insucessos como um Arsenal.

Lição nº4 - Seremos pequenos ao imitar gente pequena

Depois de 6 jogos, temos 6 pontos. Não é uma desgraça...é uma grande desgraça. Mas o mal está feito, os erros visíveis e o pânico de andar a telefonar a meio mundo à procura de um "salvador" é o pior erro que se podia cometer. O nome do treinador resolve zero. Uma boa escolha resolverá 20%. Uma escolha inteligente resolverá 40%. Os restantes 60% distribuem-se pela relação com a arbitragem (10%), a relação com os media (10%) e conseguir convencer o actual plantel a empenhar-se verdadeiramente (40%). Um grande treinador não deixará de comunicar a esta direcção que existem muitos jogadores importantes na equipa a dar pouco e a acreditar quase nada na escolha de carreira que fizeram.

Lição nº5 - Escolher é fácil, acertar é muito mais difícil

O que resta da época? Bastante. O título só será possível com uma inversão miraculosa de resultados e eu nunca vi nenhum milagre, muito menos em Alvalade. Resta o apuramento para a champions, a Taça de Portugal e ultrapassar a fase de grupos na Europa. Dois destes objectivos jogam-se nas próximas semanas. O que é que isto quer dizer? Que todos os dias sem novo treinador são dias que damos aos nossos adversários. Isso pode precipitar uma escolha? Pode, mas com um departamento de futebol inteiro a trabalhar sobre o assunto, só por puro amadorismo não se desenha uma shortlist de 4 ou 5 técnicos que encaixem nos nossos parametros: a) disponibilidade; b) curriculo; c) adaptação ao nosso sistema de futebol e estrutura; d) adaptação às aptidões do nosso plantel; e) enquadramento salarial. Depois é uma questão de saber negociar.

Lição nº6 - Despedir um treinador sem saber exactamente o que o deve substituir é o sinal mais grave de desespero.

Depois de tantos técnicos nas últimas épocas e depois de tantas vergonhas e insucessos, de mau futebol, de estatuto perdido. Escolher o próximo treinador tem de ser uma prova da direcção aos adeptos que se quer inverter esta situação. Muito poucos gostaram da surpresa Paulo Sérgio e tiveram razão. Repetir a brincadeira provocará eleições muito mais cedo que o previsto, tal como a continuidade de Oceano por mais jogos. A urgência é total. Urge a definição e a qualidade da escolha.

A minha palavra para Godinho Lopes é um desafio: surpreende-me, mas rápido, a minha paciência é curta, mais curta que o orçamento que geres.

Até breve.

3 comentários:

  1. "O Sporting já tentou dois wonder boys em ascenção (Domingos e Paulo Sérgio) e já tentou dois santos da casa (Paulo Bento e Sá Pinto). Nenhum foi bom. Dois foram bastante decepcionantes, dois foram catastróficos."

    Discordo! Com PB o Sporting teve bastante perto de ganhar o campeonato e houve uma fez até que não o ganhou por uma mão em Paços, o problema é que nunca lhe deram uma equipa como o Sporting tem hoje...

    SL,

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  2. Honestamente não me parece que Godinho Lopes vá escapar a eleições antecipadas. E podia apostar que para breve.
    Este presidente não aparenta ter fibra para comandar o Sporting. Já vamos para o terceiro treinador da era GL e até ao momento não vimos quaisquer resultados...

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  3. Caro Violino,

    O seu post foi um apelo à urgência, embora tenha passado por "wonder boys" e, relido três vezes, não encontrei qualquer referência a eleições. Mas eu sempre fui fraco a ler nas "entre-linhas"! Outros serão melhores que eu...
    Voltando à "urgência", aí sim meu caro, aí eu aplaudo de pé o seu grito de alerta. Espero que ainda hoje Godinho informe os sportinguistas, já que ontem terá informado apenas os dirigentes do Porto... Pobres de nós!!!...

    Um abraço

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