quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um único caminho

Era mandato conferido para recuperar terreno, mas GL face a escolhas erradas para dirigir o departamento de futebol, vê-se agora a comandar o foco do clube para uma estratégia de sobrevivência como clube grande.


Porque em vez de recuperarmos o acesso à Champions, vencer títulos ou criar uma estabilidade financeira, o Sporting retrocedeu em todos estes aspectos. Existiu de facto uma aproximação dos adeptos, mas face à inconsistência dirigente e humilhantes resultados, voltámos à estaca zero.

O pior disto não é o que foi conseguido, mas o que ficou por conseguir. Todos sabemos que foi um grande risco investir na rescisão e contratação de tantos atletas internacionais, risco que parece não ter surtido qualquer efeito desportivo. Assim sendo e esta época será bastante semelhante às anteriores, a SAD perderá margem de manobra no campo de investimento e face a diminuição de receitas previsível, terá de emagrecer bastante,

Isso significa vender jogadores, sem possibilidade de canalizar o valor dessas transferências para outros atletas. Recorrer à Equipa B e/ou Juniores não será uma possibilidade, será uma inevitabilidade. E não se pense que a venda de passes trará qualquer tipo de desafogo financeiro, a participação do clube nos direitos de transferência dos seus mais cotados atletas é tão diminuta, que a verdadeira poupança far-se-á sempre pela diminuição da massa salarial.

Este cenário não será pacifico. Muitos adeptos e sócios não se reverão na estratégia de contenção do clube e na mais que previsível retirada do estatuto de “candidato”, por muito que não o tenhamos merecido nas últimas épocas, é bem diferente quando a realidade é assumida à partida.

Esta redefinição não voluntária do mandato de GL não é um sinonimo de catástrofe, racionalmente pode ser um passo a trás para no futuro dar muitos à frente, já que a estratégia de investimento no plantel à la mode de Porto e Benfica claramente não resultou, talvez um novo paradigma de clube formador com pequenas intervenções no mercado se adeqúe melhor ao nosso ADN e sobretudo dimensão financeira.

Mas, se sou optimista na vertente desportiva, estou bastante mais incrédulo na missão governativa da SAD para realizar este caminho. A admissão velada de que GL espera por um novo treinador no final da época e todas as movimentações no futebol português parecem indicar que será Jorge Jesus o alvo do presidente. E não podia ser pior a escolha. Porquê? Acima de tudo porque JJ não é um bom (nem sequer é razoável) aproveitador das canteras dos clubes.

Por variadíssimas vezes, este treinador português insistiu na adaptação de jogadores em vez de apostar em jovens. Pode resultar algumas vezes, como também pode ser um fracasso absoluto. A questão principal é que no Sporting JJ nunca terá a margem de manobra total para o “resultadismo” e “manha anti-desportiva” que costuma incutir nas suas equipas. Acima de tudo porque na identidade leonina esse trabalho será visto como uma humilhação mais grave que a falta de sucesso desportivo.

Por muito que isso custe ao clube, o futuro treinador do Sporting (caso Vercauteren se confirme como uma transição) deveria ser a maior aposta para a próxima época. Um técnico experiente, conceituado e com a capacidade de rentabilizar a juventude da Academia de forma convicta e contínua. Preud´Homme, Rijkaard, Bielsa, LeGuen seriam algumas das hipóteses mais reais, já que nomes como Guardiola, Cruiff, Benitez ou Ferguson estão longe da nossa galáxia desportiva.

Alem de tudo mais, ninguém poderá dizer que investindo menos, os resultados desportivos serão piores, o futebol é rico em surpresas e sem dúvida que um clube unido, uma SAD trabalhadora e firme num caminho partilhado, uma massa de adeptos com alguma paciência e muito fervor clubistico e sobretudo uma equipa bem comandada, pode fazer bem melhor que as prestações caóticas e bi-polares mais recentes.

O principal no futebol é a confiança e o empenho. O espírito de campeão não é transmitido pelo valor do salário ou pelo estatuto de ser “candidato”.

Até breve.

2 comentários:

  1. quem nos dera que o Jesus fosse o nosso proximo treinador, independentemente de apostar ou nao em jovens é competente, e isso já chegava para mim

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  2. Preferia ter o Cardozo na equipa do que o Jesus!

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