segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O que faz falta ao Sporting


Bom, a resposta mais evidente será...vitórias. É evidente que muitos dos problemas se ampliam quando uma equipa não consegue vencer sucessivamente os seus adversários. Mas onde está a origem dos problemas torna-se na questão essencial para Domingos. Quanto mais cedo começar, mais cedo libertará o conjunto sportinguista das amarras que exibe desde que o ano começou.

Pouco explica a questão de atitude e a questão das lesões. Como vimos esta noite, mesmo com a atitude no máximo, o Sporting não consegui marcar um golo a um Olhanense que se colocou bastante a jeito para isso. As ausências de jogadores influentes servem de atenuante, mas não servem como justificação plena. Um plantel com 27 jogadores não pode perder tantos pontos, pode perder alguns, mas não tantos como esta época...tantas vezes por não ser capaz de marcar um golo, tantas vezes por não ser capaz de segurar o jogo de forma a esperar pelo momento da decisão.

Desde logo parece evidente que a capacidade de criar oportunidades de golo diminuiu drasticamente. Não foi a fonte leonina que secou, foram os adversários que encontraram várias formas de impedir os desequilíbrios que Domingos tão bem soube criar. Frente ao Moreirense foi demasiado evidente que mais do que um problema de exibições individuais, o que o Sporting tem é um défice muito grande de interpretação ofensiva. Não foi a qualidade dos defesas da equipa da Liga Orangina e muito menos o bloco baixo que travou o Sporting, foi a fraca resposta que os leões deram ao povoamento dos flancos que esta e outras equipas têm feito para estancar o caudal atacante dos verde e brancos.

O Sporting tem nas faixas laterais (em contraste com anos anteriores) os seus jogadores mais perigosos, os criadores de jogo (Schaars, Elias, Fernandez) sentem que a bola evolui quando lateralizada, Capel e Carrilho apoiados por Pereira e Ínsua são quase sempre os mais inspirados e quer desenhando movimentações do eixo para a faixa ou o inverso, a materialização dos ataques do Sporting é basicamente sempre a mesma. 1x2 curto entre o extremo, o lateral e o pivot que serve o avançado no centro junto à área ou dentro da mesma.

Quando a equipa contraria impede o início deste esquema, convida o Sporting a avançar pelo meio. Várias vezes são Onyewu, Polga, Carriço ou Rodriguez os “pensadores” de jogo, o que desponta a interrogação: para que servem Schaars, Fernandez, Elias e os outros médio centro? Pode-se dizer que servem para isso mesmo, transitar a bola da defesa para o ataque pelo centro. Mas o problema é que o holandês e o brasileiro não são armadores de jogo e o chileno não sabe jogar tão recuado no campo. Para este sistema de Domingos funcionar, terá de ser “criado” um médio armador mais recuado, especialmente em jogos em que o adversário recue em bloco atrás da linha da bola.

Só me vem à cabeça o nome de Izmailov. André Martins também pode ser solução, Isto porque Renato Neto parece-me ineficaz no capítulo do domínio da bola em progressão. André Santos é pouco atrevido na hora de passe e Pereirinha não tem rotinas a jogar pelo meio. Desta forma o Sporting prescindiria de por exemplo Schaars ou Matias para colocar Izma ou Martins no centro, permanecendo as alas com Jeffren à direita e Capel à esquerda (o espanhol na direita é pouco mais que zero).

A solução de Domingos de jogar à Barcelona, com Matias a fazer de Messi, simplesmente não funciona, porque será preciso mais do que um jogo para conseguir criar fio de jogo sem uma referencia atacante. Mesmo assim aplaudo a criatividade, mesmo que sem resultados, é bom saber que Domingos não é teimoso e que está preparado para não dar a luta como perdida.

O problema, concluo eu, não é a capacidade deste ou aquele jogador, mas sim a capacidade de em campo a equipa saber ultrapassar as defesas, seja como for o modelo que estas definam. Ajudava realmente ter atletas mais experientes em campo, especialmente do meio campo para a frente. Hoje o ataque do Sporting esteve entregue a Carrilho, Capel, Jeffren e Rubio, no meio campo Carriço, Neto, André Martins....Matias foi o “veterano” na construção ofensiva da equipa, está tudo dito.

Espero sinceramente que as lesões terminem de uma vez, Só hoje havia Rodriguez, Rinaudo, Schaars, Izmailov, Wolfswinkel lesionados, Bojinov e Elias castigados e Jeffren ainda a recuperar de lesão. São 7 ausências e meia...é um exagero. As grandes equipas suportam 2 ou 3 ausências...mas esta época o Sporting nunca tem baixado das 6 ou 7. Como já disse, não explica tudo, mas será de todo impossível contrariar Benfica e Porto com este patamar de indisciplina e fragilidade física. Imagine-se o Porto ou o Benfica permanentemente sem 6 titulares. Também aqui existem lições a aprender e problemas a rectificar urgentemente. Não é só azar.

O que decididamente não faz falta é a palermice de a cada mau resultado da equipa "despejar" a frustração para cima da Direcção e do treinador. Como queremos ultrapassar os problemas? Mais uma revolução no plantel? Vamos dar o Domingos de bandeja a Pinto da Costa? Fazemos mais umas  eleições? Resistirá o Sporting a um constante estado de guerrilha interna? Vamos pensando nisso. 

Até breve.

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