quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Os planos B


Desde a última vez que opinei sobre este tema, aconteceram alguns movimentos “políticos” que colocam as equipas B num limiar de realidade já interessante. Ainda faltando a formalidade (e sabemos como no futebol português isso pode demorar uma eternidade) dos papeis assinados, não deixa de ser curioso a atitude de cada um dos grandes do nosso futebol relativamente à criação deste novo elemento competitivo.

No Porto simplesmente não há registo de qualquer passo dado nesta matéria. Porventura terão guia de regresso muitos atletas emprestados, mas parece ser um tema menor na vida do clube. Na verdade todos sabemos que para Pinto da Costa ter uma equipa B significa pouco mais do que um espaço para rodar os poucos atletas que se afirmam ultimamente nos juniores. A rede de espaços na primeira e segunda Liga portuguesa é ampla e quase todos os clubes ditos “pequenos” anseiam pelos favores portistas, pela simples chance de poder ter um vínculo com o “Papa” do nosso futebol.

Na maioria dos casos, jogador emprestado pelo Porto joga sempre, excepto se for contra os próprios, as lesões nas vésperas são habituais e muito poucos jogadores defrontam o dono do seu passe. Ás vezes é difícil distinguir certos clubes profissionais de um Porto B.

No Benfica é a total subversão dos valores que levaram à criação das equipas B. Fomentar a ascensão do jovem futebolista nacional ao futebol profissional? Não me parece. São às paletes, as contratações de promessas sul-americanas e africanas, arrisco-me a dizer que o Benfica B será mais ou menos um Benfica A, com idades inferiores. Foi curioso ver o “recado” de Jesus à hipótese de a Liga criar uma cota de portugueses obrigatória na ficha de jogo e o medo que revelou que fosse obrigatório que os estrangeiros contratados tivessem um número mínimo de internacionalizações.

Só estas duas pequenas (muito grandes) medidas, revolucionariam completamente o futebol português. Do Marítimo para baixo da tabela classificativa, a maioria dos clubes estaria quase impossibilitada de contratar estrangeiros. Também os “grandes” seriam mais precisos, o atleta português teria muito mais espaço, a formação e a Selecção ganhariam novo fôlego.

Mas isso não interessa nada. O que interessa é que Porto e Benfica ganhem campeonatos e os clubes pequenos sobrevivam tangencialmente contratando camiões de brasileiros, onde apenas 10% deles faz carreira no nosso pais. A lógica de entreposto entre a América do Sul e o resto da Europa não serviu Portugal no passado e não serve minimamente no presente ou futuro.

É nesta lógica que o bonzinho e bem intencionado do Sporting se depara com muros intransponíveis. Entalados entre a necessidade de vencer com jogador experientes e com uma escola de alto rendimento que produz bons jogadores, os leões “esperam” pela definição estratégica da FPF e da Liga para fazer 1 de 2 coisas: relegar a Academia para segundo plano, assumindo a postura de entreposto compra por 4, vende por 20 (ex: Porto ou Benfica) ou investir na abertura de vagas no plantel a jovens promessas que façam uma mescla de experiência e potencial (ex: Barcelona ou Arsenal).

Na verdade será fácil de entender do precisa o nosso futebol para sobreviver, mas o futebol como a politica portuguesa são ricos em “saltos para o abismo” e espero com alguma curiosidade os próximos capítulos desta novela onde não tenho bem a certeza quem são os bons e quem são os vilões. Será importante para o Sporting vincar a sua postura com vigor, denunciando todas as manobras que poder que afectem o seu interesse e talvez até mais importante, que afectem a viabilidade do futebol nacional.

Até breve.

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