quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estado de espírito

"Paulo Sérgio chega num mau momento. Os Sportinguistas estão sem paciência… já não temos pés para dar tiros… apenas sapatos, vazios de esperança."

Nelson Vicente, in Sporting Apoio

Decidi começar este blog, porque não via compartilhadas algumas opiniões que tinha e tenho sobre o Sporting, mas confesso que às vezes outros dizem o que eu tento dizer, mas muito melhor. A frase citada é um desses momentos e expressa tudo em palavras, não escolhidas, mas sentidas.

As grandes vitórias, são-no porque a adversidade não abre alas, porque os meios e os instrumentos para a conseguir não eram absolutos. Isto é a tradução da expressão "contra tudo e contra todos" ou como aquela frase feita "Against all odds". Mas no panorama actual do Sporting, a direcção é parte do obstáculo, as suas decisões são adversidades concretas e não dão espaço à subjectividade.

A escolha do treinador Paulo Sérgio é como aquela prova material, que num julgamento incrimina decisivamente o réu, deixando o júri assegurado que a condenação é um acto de justiça e não uma opção de consciência.

Pode parecer a JEB e sus muchachos. que os adeptos estão em estado de birra, de "burro amarrado" e como tal, nada do que fizerem será bem feito e por consequência aplaudido. Puro engano. Os adeptos são pessoas dotadas de inteligência própria, habituados a esgrimir argumentos (nos empregos, nos círculos de amigos, nas conversas de café e nas veraneantes esplanadas) que reflectem a sua esperança e o seu desejo. Tirem-nos a esperança, a subjectividade do "poder ser", a possibilidade do "vai ser para o próximo ano"  e ficamos sem armas, já por si pouco "aguçadas", para poder continuar a acreditar.

Neste momento a única coisa que faz do Sporting um clube grande são os seus adeptos. Pelo número, pela força, pela alma, pelo amor ao clube e os valores que representa. Hoje não confiamos na Direcção, não acreditamos na Equipa e menosprezamos um Treinador que ainda nem sequer começou. Acreditamos em nós, Adeptos. Somos o clube e a sua melhor parte, somos o que ainda segura este clube nas primeiras páginas dos jornais, nos programas de rádio e televisão, nos cafés, nos portões do Alvalade XXI.

Quando a base não acredita no topo, os pesos dos pólos tendem a inverter-se assim que o centro desloca a sua força gravítica para junto da base. Esta teoria social, pode muito bem ser apenas uma teoria, mas pode também ser o futuro próximo do Sporting.

Tudo depende dos próximos passos da Direcção. Se prolongarem a agonia e o sufoco de desilusão latente, o as franjas mais conservadoras unir-se-ão  às bases e teremos uma Direcção deposta, o que não me lembro de ter acontecido. Principal erro  - experimentem dar um grão de arroz a um faminto. Principal solução: ou se assume que não há dinheiro e logo espaço para grandes sonhos, ou se começa a mostrar o que se vale, como a tão verdadeira frase: "Show me the money!"

Até breve.

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