segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma questão de posição

Este ano não estamos nos 3 primeiros lugares da tabela, nem sequer próximos. 26 pontos de diferença do 1º lugar marcam um campeonato à Vit.Guimarães ou à...Sp.Braga. Parece claro a 4 jornadas do final que a equipa do Sporting fez o que anos anteriores não deixariam adivinhar. As razões para tal ter acontecido são muitas, directas, indirectas, objectivas e subjectivas. Embora não estejamos em tempo de rescaldo, penso que a reflexão deve começar o quanto antes, e muito mais importante que a minha, a da direcção. É que em 9 jogos de confronto directo, com 27 pontos à disputa, conseguimos....7!!!!

Olhando para nós e para cada rival podemos tirar várias leituras.

SL Benfica
Saldo dos confrontos (empate em casa, derrota fora, eliminaram-nos da taça da liga com um banho de bola)
Três argumentos contribuíram para uma época atipicamente boa do nosso "vizinho":

Dinheiro - Mais capacidade para investir na equipa. Nem todas as compras foram verdadeiros refoços, mas salta à vista que Saviola, Peixoto, Javi Garcia, Ramirez e Weldon acrescentaram potencial a uma equipa que não vendeu David Luiz, Di Maria ou Cardoso.

Treinador - Não sou fã de Jorge Jesus, acho que muito do seu sucesso se deve a um plantel forte e empenhado. Mesmo assim não "atrapalhou" e o seu conhecimento do campeonato português rendeu ao evitar muitos equívocos.

Estabilidade - As vitórias no inicio de época e o silêncio de Rui Costa e LFV deram alguma calma à equipa.

SC Braga
Saldo dos confrontos (duas derrotas, em casa e fora na liga, uma vitória em casa na taça da liga)
Surpresa? Sim, muita. O futebol não é uma ciência exacta e todas as previsões foram falhas ao analisar o potencial desta equipa. As razões para o super-campeonato que estão a realizar, estão na minha opinião quase todas ligadas a bons recursos-humanos técnicos:

Director desportivo - Carlos Freitas aproveitou o que havia para aproveitar e sem loucuras orçamentais reforçou a equipa muito discretamente, o verdadeiro papel de um director técnico. Moisés (rejeitado pelo Sporting), Miguel Garcia (custo zero), Luis Aguiar (ex-Porto, nunca jogou pela equipa), Andres Madrid (flop no Porto), Hugo Viana (custo zero) Renteria (flop no Porto) e Adriano (excomungado do Porto). Penso que fazer tudo isto numa época não é sorte, tem de existir talento.

Treinador- O inicio de época, com a eliminação frente a uma equipa Sueca sem estatuto não deixaria adivinhar a temporada de recordes que acabou por fazer. Ao gerir uma equipa mediana lutar pelo título da forma como lutou deixa a imagem de um treinador resistente e preparado para outras responsabilidades. Não tem o carisma de "special one", é até bastante convencional nas suas declarações, mas números são números e irá deixar Sporting e FC Porto de fora da liga dos campeões, transformando-se num dos principais alvos para ser treinador de qualquer um destes.

Atitude - As equipas minhotas exibem normalmente uma garra extra, é uma construção cultural, que reflecte a personalidade de um ambiente especifico, quem já visitou Braga ou Guimarães entende este reflexo na atitude desportiva. Este ano isso foi talvez o maior trunfo da equipa, a massa adepta gosta e respeita essa qualidade e muitas vezes colocou-se na sua base. Ver 8 mil adeptos do Braga num jogos fora é a manifestação disso mesmo. É que 8000 fãs do Braga deslocarem-se quase 1000 kms para ver um jogo é uma coisa completamente diferente do que a mesma situação no caso dos 3 grandes.


FC Porto
Saldo dos confrontos (derrota fora e vitória em casa, eliminaram-nos com goleada da taça de portugal)
A época menos conseguida de Jesualdo desde que está no Porto. Para vermos a cultura de vitória deste clube basta reparar na reviravolta que o plantel e equipa técnica irão dar até ao começo da nova temporada.
Parece claro que um dado da equação falhou:

Aquisições - Vender caro e comprar barato tem sido o negócio deste clube, venda atrás de venda a equipa rendia sempre o que era exigido, embora se esperasse que podia haver um ano em que as entradas não seriam tão boas como as saídas, ninguém imaginava tão rotundo falhanço na prospecção. Salvou-se Varela, Rubem Micael e Falcao, este último uma grande aquisição, que por certo não ficará no clube muito tempo.
Alvaro Pereira, Beto, Maicon, Miguel Lopes, Belluschi, Valeri, Prediger e Orlando Sá não foram o que se esperava o que juntando à iconstante época de Helton, Bruno Alves, Fucile, Hulk e Raul Meireles fez cair os índices de vitórias habituais no Dragão.

Resumo, parece que onde outros acertaram ou se reforçaram, o Sporting falhou e equivocou-se no remendo.
Voltamos ao zero, com tudo por decidir. Treinador, reforços, vendas, esquemas tácticos, etc.
Porventura tinha de acontecer, o marasmo dos segundos lugares e idazinhas à Champions não era caminho de ambição e demos todo o tempo do mundo para que outros dessem saltos qualitativos às nossas custas. Façamos o mesmo.

Até breve

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