sábado, 8 de outubro de 2011

No nosso quintal

Que eu saiba já são três clubes estrangeiros a abrir escolas de futebol em Portugal, Man Utd e AC Milan de forma concreta, Real Madrid ainda em fase de projecto (supostamente na Madeira). Se existem ou existiram outros, não tenho realmente conhecimento. Se olharmos ao panorama competitivo do nosso país, seremos levados a pensar que irão ser clubes estrangeiros a "descobrir" e "rentabilizar" o talento para o futebol que o português tem de facto.

Será no AC Milan que surgirá o próximo Ronaldo? Será no Man Utd que aparecerá o próximo Rui Costa? Estamos ainda longe desse cenário, por agora as escolas do Porto no Norte e as escolas do Sporting e Benfica por todo o país vão colhendo a grande maioria dos futuros grandes talentos, Braga, Guimarães, Belenenses e Setúbal também fazem boa prospecção, numa escala mais reduzida. Mas, os pais que ainda colocam os filhos nestes clubes rapidamente mudarão as suas opções, especialmente quando estiver plenamente rotinado o recrutamento de jogadores estrangeiros, diga-se, com grande sucesso nos últimos anos se olharmos para as grandes transferências de Portugal para o resto da Europa.

Não é um cenário impossível de contrariar na maioria dos clubes. No Porto e no Benfica o processo é irreversível, as máquinas de compra e venda, transformaram as ambições desmedidas dos dois emblemas numa lógica de entreposto puro de valores ascendentes, especialmente do futebol sul-americano. No Sporting, assim como na maioria dos restantes clubes profissionais, o processo vai a meio, mas chegará à versão "mercantil" de azuis e vermelhos rapidamente.

Curiosamente no Sporting e no Benfica começa a surgir uma fornada muito interessante de jogadores. No Benfica o prazo de aproveitamento está quase a espirar, o Sporting terá mais 3 ou 3 anos para lançar alguém na primeira equipa. O Porto entretém-se a usar os seus "jovens" como moeda de troca política com os seus clubes "satélites".

Não existindo nenhuma alteração federativa ou da Liga nos quadros competitivos, Futre fará parte de um grupo de portugueses pioneiros, percursores de muitos outros, que levarão o talento para fora, deixando as receitas de vendas a depender exclusivamente de jogadores estrangeiros. Economicamente é uma grande diferença. Comprar por 5 me e vender por 30me, não é a mesma coisa do que pagar a formação e vender por 30me. Multiplicados estes 5me pelos anos e pelos clubes...

Até breve.

2 comentários:

  1. Boas será que podes adicionar o meu blog ao vosso blogroll?

    leaorei.blogspot.com

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  2. Tal como já tinha escrito aqui ( http://reflexivoleonino.wordpress.com/2011/09/18/sobre-a-formacao/ ), a chamada defesa do jogador português está numa fase crítica.

    Este tipo de redes preferenciais de distribuição de jogadores pode ajudar à valorização do jogador português a médio prazo, mas poderá contribuir para o empobrecimento do futebol português como modalidade.

    Convém saber articular a defesa do praticante com a defesa do desporto, e nesse aspecto, como sempre, o Sporting e a sua Academia surge como uma entidade fulcral no sistema.

    Saibamos mostrar a importância que temos e usá-la como peso negocial e político.

    SL

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