sexta-feira, 6 de maio de 2011

Destinos gémeos

Dois clubes. Uma enorme disparidade de argumentos financeiros, mas os mesmos problemas. Sporting e Benfica partilham uma má gestão desportiva. Olhar para os plantéis deste dois clubes é constatar que pelo meio de bons jogadores, boas promessas e valores seguros, subsiste uma legião de erros crassos de casting.

Depois de vender David Luiz, Ramires e DiMaria o Benfica deslumbrou-se e desatou a investir em “putos maravilha” como Airton, Felipe Menezes, Kardec, Roberto, Jara e Gaitan. Não só não são substitutos à altura, como custaram muito aos cofres da Luz sem que, à excepção de Gaitan, se veja como rentabilizar os muitos milhões investidos. É a repetição exacta do que aconteceu com o Sporting de há uns anos, recordo-me assim de repente de Kmet, Hanouch (ou coisa que o valha), Quiroga e outros que de “wonderkids” não tinham nada.

A capacidade de identificar valores jovens para rentabilizar não é fácil e com o tipo de capacidade de investimento que os clubes portugueses têm, é e será sempre um risco. No jogo de ontem com o Braga, Jesus olhou para o banco e sacou de Jara, Kardec e Menezes, a equipa não sentiu nenhum abanão, nenhuma frescura, nada. Foi como se tivessem entrado 3 Saleiros.

Para a próxima época, muitos destes jogadores, promessas adiadas não ficarão nos plantéis dos clubes da 2ª circular. Serão substituídos por outros negócios de ocasião, talvez não cometendo os mesmos erros, mas outros. Carole e Fernandez no Benfica, Carrilho e talvez Neira no Sporting terão de tentar contrariar a tendência de apostas erradas em valores por confirmar.

Os olheiros, ou o scouting como se diz agora, têm sido tragicamente uma das áreas mais erráticas dos dois clubes. Roberto e Pongolle são escolhas gémeas, sintomáticas de uma miopia crónica que adia a construção de equipas sólidas e realmente competitivas. Hoje o discurso do dinheiro já não cola, olhando para o Braga o Benfica compreendeu o que o Sporting descobriu a meio desta época…o dinheiro não compra equipas, compra apenas passes de jogadores.

O Sporting aprendeu tão bem esta lição que recrutou o treinador do Braga. Talvez o Benfica não tendo essa hipótese decida comprar Sílvio e Artur Moraes, são formas de abordar a questão. Outra mudança paradigmática irá ser a opção pelo treinador. Parece óbvio que Jesus será o elo mais fraco e as palavras de LFV de ontem deixam adivinhar que o “sacrifício” do treinador será a formar de cicatrizar as feridas abertas por uma época que desmoronou no final e sem nenhum traço de glória e esperança para a próxima.

Ao triângulo Porto, Braga e Sporting sobre a questão treinador, junta-se agora o Benfica. Irá ser um final de época interessante. Jesus pode até escolher entre Porto e Braga, Domingos entre o cumprir de acordo com o Sporting e a saída pouco honrosa para o Porto e Vilas Boas para onde ele quiser (Juventus, Chelsea, Atl.Madrid, Roma…). Adivinham-se 3 nomes para 4 entradas, um bailado estranho que promete incluir ainda Leonardo Jardim.

Uma coisa é certa serão novamente 4 treinadores portugueses no comando da Liga e talvez mais uma “recuperação” de Pinto da Costa que terá toda a intenção de ir resgatar Jesus ao Benfica, foram muitas as vezes que o presidente portista expressou a sua admiração pelo ainda treinador do Benfica e já não seria a primeira vez que o tentava contratar. Será sobretudo um desfecho curioso, inesperado no começo desta época.

Até breve.

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