domingo, 15 de maio de 2011

Quem ri por último?

Confesso que não esperava (desejava, mas isso vale muito pouco) a vitória em Braga. Disse-o aqui faz tempo, que a 3ª melhor equipa portuguesa é o Braga e não o Sporting. Por tudo o que o Sporting não soube fazer e o Braga surpreendentemente repetiu não era nada de espantoso que ficássemos atrás do Braga na tabela.

Mas o futebol é um desporto onde tudo pode acontecer e ontem surgiu um Sporting a jogar à Braga e um Braga a jogar à Sporting. Ganhou a equipa um pouco de dignidade, os adeptos um pouco de esperança e a direcção um pouco de carisma. GL sempre disse que não ficar em 3º seria a sua primeira derrota no mandato. Pois bem essa já passou, mas seguem-se outras, porventura até mais complicadas.

Este plantel não era mau (também não era bom) mas foi muito mal orientado. Fisicamente, tecnicamente e tacticamente os jogadores em equipa evoluíram zero. Pontualmente existiram atletas que estabilizaram e cresceram, mas fizeram-no por sua conta, graças ao seu talento e força mental individual. No final da época eis as análises:

O Péssimo:

A desistência de Bettencourt. Provou-se errada a lógica “contida” e “discreta” do seu mandato, JEB não entendeu a dimensão do fosso que nos separa do profissionalismo do Benfica, Porto e Braga e quando olhou em seu torno só viu números, banca e más escolhas. Tomou a opção mais fácil, abandonar o barco. Podia e devia ter personificado uma revolução interna, afinal de contas estava mandatado para tal.

Paulo Sérgio. É um bom homem e na escala de um Guimarães ou um Setúbal até pode ser um treinador satisfatório, mas a sua escolha desiludiu os adeptos, sentimento que só viria a piorar com as péssimas exibições na Liga. Na Liga Europa as tácticas rudimentares de PS ainda foram passando despercebidas, mas até um Estoril foi capaz de controlar (justa e merecidamente) o Sporting.

A venda de Liedson. Vender o melhor marcador, símbolo e talvez ainda o melhor jogador da equipa por 1,5me é anedótico. Os bons jogadores são caros, mas a identidade do clube não tem preço, especialmente quando trocada por “miudezas” desta ordem.

O mau:

A passagem de Costinha acabou numa mão cheia de pedras jogadas à direcção. Podia não ser o director desportivo mais habilitado para a função, mas ficar amuado perante as condições que lhe deram para reforçar a equipa não provou as qualidades que tanto lhe apregoaram. Na hora de por a equipa à frente das suas “culpas”, preferiu “defender-se” o que foi a pior face que alguém pode dar à derrota.

O colectivo. Não houve equipa este ano em Alvalade. Houve um plantel cheio de problemas que nunca tocando na pedra desfilosofal da indisciplina, também nunca se mostrou muito coesa na hora de se assumir perante as dificuldades. Houve centenas de declarações aos media, milhares de desculpas e “vamos melhorar”, mas as palavras levou-as o vento e devolveu muitas exibições apáticas. Nunca houve líder em campo e os capitães só o foram pela braçadeira. Carriço ainda é muito jovem e duvido da sua capacidade para entender os momentos em que deve “disciplinar” os seus colegas.

Os golos. Poucos, muito poucos. O melhor atacante na Liga foi Postiga com 6 golos! É irrisório para um clube como o Sporting. Não é culpa exclusiva dos atacantes, mas ou por que estes não marcam ou porque não são ajudados a marcar o problema é sempre o mesmo, a equipa marca poucos golos. Na era Paulo Bento também era assim, mas nessa altura a defesa era a melhor do campeonato.

As eleições. Pobres de argumentos, numa campanha que se centrou no nome do treinador e no dinheiro para reforços. Acabou em tragédia grega, sem estado de graça para quem ganhou. A continuidade venceu, quando a mudança tinha mais adeptos, poucos decidiram o destino de muitos o que é sinal de uma importância de votos muito elitista e conservadora.

O duvidoso:

A qualidade de alguns jogadores. Zapater, Postiga, Evaldo, NAC, Torsiglieri, Polga, Maniche, Valdes, Salomão, Djaló e Vukcevic têm todos uma coisa em comum – ninguém sabe dizer se são jogadores para o que o clube precisa, ninguém sabe o que ficaremos a perder se fossem treinados por alguém mais competente.

A arbitragem. Este ano houve demasiados erros, demasiados casos de manutenção de critério. O Porto e o Benfica não precisavam de tantas “ajudinhas”. Jogos como o Setúbal-Porto na Liga e o Benfica-Sporting para a taça da liga foram escandalosamente memoráveis.

O resultado das eleições. Muito ainda se descobrirá sobre o que realmente aconteceu por volta da 01h00 da manhã na noite das eleições. Muita gente (que esteve presente) sentiu que existiu algo que não deveria ter existido, umas mini-confusões que viraram grandes, monumentais. Quando um dia algumas pessoas decidirem explicar todo o contexto da actividade das claques na vida e nas decisões do Sporting pode ser que entendamos  quem a/as controla e a que preço para o próprio clube.

As finanças. Estamos mal e dependemos de grandes épocas para equilibrar a força do nosso clube.


O assim-assim:

A classificação. Perante as prestações da equipa, miseráveis, o 3º lugar acaba por ser uma melhoria face ao que aconteceu na época anterior. Podemos agradecer ao facto do Braga estar dividido em 2 frentes no fecho da época. Acabar a mais de 30 pontos do Porto é motivo de reflexão e não de passividade.

A cantera. Patrício, Djaló, Carriço, André Santos, Nuno Reis, Renato Neto, Cedric são jogadores que se valorizaram esta época. O que diz tudo.

Os adeptos. Mesmo sem esperança de nada, regressaram a Alvalade com atendências acima dos 30 mil. O que seria se a equipa estivesse a jogar bem e a vencer?

O agradável:

A escolha de Domingos é pelo menos diferente das opções que têm sido tomadas ultimamente. Este treinador pelo menos chega com um rótulo de competência e motivado pelo seu próprio sucesso. Olhando para os jogadores do Braga que defrontou o Sporting ontem é fácil entender o mérito de Domingos.

As modalidade “amadoras”. Com pouco vão fazendo milagres. O hóquei em patins merece todo o destaque possível.

O discurso de ambição da nova direcção. Foi um ponto final na conversa da “tranquilidade”, do “equilíbrio financeiro”. Ponto parágrafo na “tiopatinhice” com que se olhava o investimento em bons jogadores.

O bom:

A época acabou.

O óptimo:

Como é inimigo do bom, espera-se que os responsáveis compreendam que urge ser mais rápido e decidido que qualquer rival para encontrar argumentos que contrariem as últimas duas épocas. Não há tempo para descompressão, é hora de fechar o que houver para fechar. Deixar para amanhã o que se pode resolver hoje só vai levar aos erros que devíamos ter entendido como irrepetíveis.

Até breve.

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