quarta-feira, 4 de maio de 2011

Uma novela interminável

O futebol português é rico em episódios. É uma espécie de telenovela venezuelana de 3ª categoria em que não há personagens boazinhas. De tempos a tempos muda-se o mau da fita e a série continua interminavelmente sem finais felizes onde os maus acabam a cair num desfiladeiro ou na prisão e os bons casam-se e têm muitos filhos.

De apito dourado, ao apito de xadrez, a apito vermelho agora temos o apito fotográfico. Supostamente alguém do Braga no intervalo do jogo com o Leiria passou por debaixo da porta duas fotografias que exibiam dois erros do árbitro Bruno Paixão. Hoje esse comportamento, mais uma táctica “chico-esperta”, incessante no nosso futebol, já é visto como coacção do árbitro e punível com um castigo que varia entre multa, perda de pontos e desclassificação.

Sinceramente acho que é matéria para prestar devida atenção, que merece castigo apropriado que será no máximo a averbação de derrota no jogo com o Leiria. De facto o gesto do Braga (que desmentiu desnecessariamente o acto, como se o lobo de repente fosse um cordeiro) visava influenciar o juízo de Bruno Paixão na segunda parte do jogo e isso não sendo um gesto de corrupção é uma forma de condicionar a isenção do árbitro.

Mais graves ainda são as acusações da direcção do Leiria de que responsáveis do Braga invadiram o balneário da equipa visitante agredindo jogadores da União. A ser confirmado é a entrada do Braga numa liga de “bad boys” que sendo do agrado de alguns adeptos mais trogloditas, não deixa de ser a despromoção moral de um clube que sempre vi como honesto e desportivamente correcto.

O Sporting não é nenhum clube santo e já teve em tempos reflexos deste regresso a instintos primários. Felizmente hoje em dia respira-se um ar respirável em Alvalade, um ar despoluído de influências na arbitragem, na disciplina e na justiça desportiva. Honestamente e olhando o lixo sem escrúpulos que se transformou o dirigismo do futebol acho que vai ser preciso “sujar” muitas mãos para que alguém do Sporting alguma vez consiga interferir positivamente nesta tragédia interminável dos meandros do futebol português.

Cada vez mais se torna impossível olhar para o panorama competitivo da Liga e ver futuro. Não existe imparcialidade, sentido de espectáculo, honestidade, equilíbrio, verdade desportiva e financeira. É o vale-tudo que contempla um vasto leque de “atentados” ao jogo e ao desportivismo. Tudo visto complacentemente pelos responsáveis das instituições reguladoras, ineficazes, subservientes aos “poderes mutantes” que os amarram a uma corrupção passiva impedindo a evolução e melhoria do futebol em Portugal.

Todos sabem que o Porto corrompeu árbitros durante mais de uma década, com o apoio institucional do Boavista. Fê-lo contra uma hegemonia de árbitros adeptos do Benfica e do Sporting (que se diziam da Académica ou do Oriental). Depois veio a reacção do Benfica que não corrompendo nenhum árbitro forçou a um novo equilíbrio do “medo” promovendo uma “caça às bruxas” também conhecida por apito dourado. Passado o efeito “punitivo” do caso e saindo ileso Pinto da Costa e FC Porto (quem pagou as favas foi o Boavista) tudo voltou ao mesmo. Hoje passa pela cabeça de um árbitro exactamente o mesmo que passava há 5 anos atrás, ou seja, “se errar contra o Porto estou lixado”.
Hoje não se marcam penalidades inventadas, isso é demasiado evidente, as câmaras da TV crucificam quem o fizer. As “artimanhas” passam por outros favorecimentos como o tempo que demora um jogador a ver o cartão amarelo, a marcação ou não de livres à entrada das áreas, a não marcação de faltas que permitem a uma equipa parar sistematicamente os ataques e contra-ataques de uma equipa, enfim é um arsenal de manhas bastante difíceis de ver num resumo de 4 minutos.

Assim vai o nosso pobre futebol, assim vão os clubes “inventando” guerras-santas que só apodrecem as bancadas vazias e as audiências na TV, diminuindo a força de todos os clubes. Diminuindo o futuro brilhante que uma competição saudável e emotiva poderia dar ao nosso estatuto como país. Portugal é um país de futebol, o português é um futebolista de grande talento, poderíamos ser facilmente uma Argentina no futebol do continente Europeu. Mas não somos.

Até breve.

1 comentário:

  1. viu-se o mesmo ontem num jogo da uefa...nao é só cá. Quem não viu ontem a dificuldade que o árbitro tinha em marcar faltas que dessem livres perigosos para o ronaldo por exemplo? sao essas pequenas coisas...

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