terça-feira, 24 de maio de 2011

Filosofia de Satélite

Ao chegar a Lisboa, Salvio trazia consigo a desilusão de uma época a substituir Sabrosa ao 75 minutos de jogo. Nada que se pudesse antever da grande promessa argentina que tinha feito em tempos parceria com Piatti, Musacchio, Mori e Di Maria nas selecções jovens do país das pampas. O Benfica era uma oportunidade para relançar um trajecto, que poderia continuar ascendente jogando, sendo titular, marcando golos e fazendo assistências.

Para o clube lisboeta, Salvio era uma boa solução para as alas, que após a saída de DiMaria ficaram órfãs de grande talento. Salvio fez uma boa época, brilhou e…voltou a Madrid. Para o Atlético de Madrid o empréstimo resultou em cheio. Para o Benfica ficou um amargo de boca, próprios de quem recebe um brinquedo e tem de o devolver.
Para clubes como Porto, Benfica e Sporting, empréstimos sem opções de compra realistas são a curto prazo soluções financeiramente úteis, mas desportivamente ineficazes a médio e longo prazo.

A lição de Salvio, assim como a de Reis (ambos do Atlético) provam que ter mais olhos que barriga também é mau na hora de escolher jogadores. Tudo isto a propósito do especulado interesse do Sporting no empréstimo de Romeu, um canterano do Barca de 19 anos. O rapaz tem só uma cláusula de rescisão de 30me! É certo que o valor de mercado está estabelecido em 3me, mas por este valor nunca o clube catalão venderia uma das suas maiores promessas. O seu empréstimo ao Sporting seria uma autêntica vassalagem leonina ao Barcelona, uma lógica de investimento mais própria de um clube satélite de que de um par europeu.

Abomino a assunção de menoridade e prefiro mil vezes apostar num jovem Zezinho das nossas escolas, do que receber qualquer Oriol Romeu, por mais que isso caia nas boas graças do provável campeão europeu. A dignidade e independência andam de mãos dadas como orgulho e amor-próprio, negócios como este que o Record dá como possível são impossíveis de compreender. Ainda para mais num clube que tem das melhores escolas de formação mundial.

Mesmo que a cláusula de compra fosse acessível, Romeu, Nolito ou Muniesa não serão pérolas de jogadores, serão quanto muito atletas de algum potencial, tal como dezenas de outros que os 3 grandes de Portugal tem nas suas fileiras sub21. A marca Barcelona é prestigiante, mas não é uma fábrica de replicação de Messis, Xavis e Iniestas. A segunda e terceira divisão espanhola estão repletas de ex-promessas catalãs e não consta que nenhum adepto do Blaugrana se preocupe muito com isso.

Até breve.

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