sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O nível

Se o jogo frente ao Braga fosse hoje, não teríamos 1 central disponível. Polga, Onyewu, Carriço e Rodriguez estão em recuperação. Não sei quantos poderão vir a ser recuperados em 9 dias, mas o caso, mais uma vez, merece alguma preocupação. Parece-me que em alguns casos a utilização de jogadores ainda não totalmente recuperados provocou recaídas e subsequentes ausências bastante superiores. Mas pelo que vimos em Angola, tem sido um risco assumido, pela vontade de permanecer a vencer partidas e a recuperar pontos perdidos.

O plantel do Sporting tem sido posto à prova em termos de qualidade e sobretudo em quantidade. Apenas Árias, Rubio e André Martins (jogadores de campo) poderão ser considerados “frescos”, já que todos os restantes têm sido constantemente rodados no onze. Carrilho, um talento ainda em bruto, não deveria esperar fazer mais do que 10 jogos esta época, mas face às lesões de Izmailov e Jeffren (e um sempre tímido Pereirinha) viu o seu espaço de participação completamente aberto.

A excelente prestação de alguns jogadores como Wolfswinkel, Capel, Schaars, Rinaudo, Ínsua e Elias tem feito parecer o jogo de Bojinov, Evaldo, Pereirinha e André Santos menos eficiente, pois a fasquia foi elevada e só me parece que Patrício, Pereira e Fernandez tenham a capacidade de acompanhar o ritmo dos reforços. Este facto contém um bom e um mau presságio: é bom ter jogadores que nivelem por alto a qualidade da equipa, é mau ser tão evidente a diferença de “andamento” entre jogadores que lutam pela mesma posição.

Acresce a nuance de a maioria dos reforços ainda não estar totalmente adaptada à realidade cultural e competitiva do nosso país. Quando tal acontecer (não é um processo imediato) julgo estar criada a base de trabalho para Domingos ou qualquer outro treinador. Não será possível estar permanentemente a revolucionar o plantel, portanto, o que se pode esperar do mercado de Inverno, como na próxima época serão pequenos ajustes para o caso de uma venda ou péssima prestação.

Existem muitos atletas emprestados, e em alguns casos grandes candidatos a integrarem o plantel. Farão o caminho que Árias, Rubio, André Martins e Carrilho estão a fazer agora. Seja qual for o sucesso desta época, ele será sobretudo materializado no crescimento e maturação do plantel, sendo cada ano um passo em frente, sempre em direcção a uma equipa com capacidade interna (quiçá europeia) de disputar em pé de igualdade qualquer troféu.

Olhando para o plantel, numa análise bastante intermédia:

Patrício, Boeck e Tiago – O experiente Tiago dará naturalmente lugar a uma nova aposta e há indícios que pode ser um jovem valor estrangeiro.

Árias, Pereira, Evaldo e Ínsua – O Argentino pegou de estaca e será o provável titular no futuro. Evaldo permanecerá até que Turan ou outro lateral jovem emerja como hipótese. João Pereira estará a cimentar a sua posição na Selecção (sem Paulo Bento talvez dê o lugar a Sílvio em algumas partidas) e melhorando o seu comportamento disciplinar é o lateral direito by default da equipa. Árias parece uma excelente alternativa, polivalente e sobretudo com muita margem de progressão.

Polga, Onyewu, Rodriguez e Carriço – O português não está a deixar-se ficar no banco (beneficiado também pelas lesões) e juntamente com Rodriguez e Onyewu são valores a confiar que evoluam. Polga fará a sua última época e abrirá lugar a um outro tipo de central, mais categorizado (Torsiglieri?). Nuno Reis e Ilori espreitarão uma oportunidade sendo que será mais óbvio o aproveitamento do primeiro.

Rinaudo, André Santos – Os trincos desta equipa são dois valores bastante diferentes, o argentino foi a revelação do início de época e veremos como o português aproveita esta oportunidade. A abertura é dupla para o André, uma vez que na Selecção também falta um trinco de origem. É provável que no mercado de inverno chegue mais um jogador para a posição o que com Adrien em bom plano na Académica serão boas escolhas na época 2012/13.

Schaars, André Martins e Elias – Os chamados médios de transição estão em excelente condição e até o português parece destinado a brilhar até ao final da época. Aqui não haverá necessidade de chamar ninguém.

Matias Fernandez, Luis Aguiar e Izmailov – Todos eles médios ofensivos centro (Izma na lateral é sempre uma adaptação) todos eles uma incógnita para o futuro. O chileno se não render (e está a começar a fazê-lo) o que sempre se esperou dele será transferido, o uruguaio não voltará seguramente a Alvalade e o russo, mesmo tendo renovado, será transferível se não realizar pelo menos, uma segunda volta sem as recorrentes lesões. Neto é um valor bastante importante a considerar para esta função. Valdez também será uma hipótese.

Capel, Jeffren, Carrilho e Pereirinha – O português é claramente o elo mais fraco deste lote de alas. Abrirá uma vaga se continuar a tardar a sua afirmação. A ala direita é claramente um sector carenciado na equipa e Bruma um jovem que poderá ser mais tarde ou mais cedo testado como alternativa a um ala de nível internacional.

Rubio, Wolfswinkel e Bojinov – Com a saída de Postiga e Djaló, a função de avançado está a ser dividida por estes 3 valores. Wolfswinkel será difícil de segurar, continuando neste ritmo de golos. O chileno tem todas as condições de vir a ser um grande ponta de lança e Bojinov, penso eu, ainda não está na plenitude do seu jogo, muito menos de uma boa condição física. Talvez tenha de chegar mais um avançado para a próxima época, especialmente se o búlgaro continuar a suplente crónico do holandês. Há que começar a olhar para o jovem Betinho com olhos de ver. Está ali qualquer coisa de raro e tanto o Sporting como a Selecção estão há muitos anos sem um jogador de top na função de ponta de lança.    

O panorama será sem dúvida mais animador no final desta época do que no final da anterior. Os adeptos e as finanças do clube precisam disso. Atenção redobrada às lesões.

Até breve.

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