quarta-feira, 20 de abril de 2011

O resgate da verdade

Já cá faltava. Um dos passatempos preferidos da imprensa desportiva portuguesa é construir plantéis pelo Sporting. Não interessa quantos milhões custa, qualquer ligação por mais remota que seja, às vezes é um “conhecido de Freitas”, outras vezes é “um jogador do agrado de Duque”, quase sempre (digo eu) é palha para “burros” que olham para Leto e imaginam o Sporting a dar 10me ao Panathinaikos.

Já há muito tempo que insisto na ideia da pobreza de argumentos de muitas redacções que não havendo nenhum indicio real, especulam na sua base de dados e retiram fichas de jogadores como quem saca de provérbios para “educar” o povo. Acresce por esta altura a tentação de olhar para qualquer jogador que cesse o contrato nos próximos 2 meses como um alvo do scouting leonino.

Á custa de tantos nomes que se jogam na imprensa, um adepto do Sporting tornou-se um profundo conhecedor da maior parte dos jogadores de 23 anos a jogar na Argentina, um sábio analista de suplentes da Premier League ou um especialista em atletas brasileiros emprestados a clubes europeus. Eu sei quem é Angeleri, Munoz, Taarabt, vocês também sabem e isso podemos agradecer aos enciclopédicos jornais desportivos, que nos vendem sabedoria em fascículos diários sem que isso nos sirva alguma vez para alguma coisa.

Costuma-se dizer que o saber não ocupa lugar, mas neste caso o lugar costuma substituir a verdade e isso é algo muito próximo do que fazem tablóides cor-de-rosa que à falta de “guiões” interessantes recriam nos cadeirões da sua criatividade laços, enlaços e desenlaços, uma espécie de saga ou lenda em actualização que se distancia da realidade como uma novela brasileira da vida real. Nada disto seria levado a sério se o futebol não fosse um negócio de muitos milhões de euros e o Sporting não fosse um clube cotado na bolsa, com uma imagem de credibilidade em jogo.

Torna-se difícil entender um clube assertivo quando todos os dias são dados 4 ou 5 jogadores como “próximos” ou “garantidos”. Não vejo isto acontecer ao FC Porto ou ao Benfica, porque raio tem de sistematicamente acontecer connosco? É do interesse desta direcção do Sporting que se envolva a preparação que está a tentar fazer num místico manto de desinformação constante? Serei apenas eu que acho tudo isto contraproducente para o interesse do clube. Serei apenas eu que fico (avisadamente) desiludido quando não vejo os “certos” Cavenaghi, Geovanni dos Santos ou Pavliuchenko?

Penso que cabe a GL, Duque e Freitas terminar com estas confissões públicas de scouting. Sugiro aos mesmos que criem um espaço reservado no scp.pt dedicado ao desmentir sistemático destes rumores. O texto seria sempre o mesmo, seria apenas necessário actualizar os nomes dos jogadores. Algo que daria muito pouco trabalho e seria altamente compensado. É que é bem diferente contactar um empresário de um jogador para saber das condições salariais e de transferência e realmente estar apostado na sua contratação. Todos sabemos que a construção de um plantel em qualquer época se faz à custa de milhares de telefonemas, emails, sms. Será necessário que todos venham a ser relatados nas rádios e jornais?

A minha resposta é não! Uma direcção que tanto clamou que imporia um Sporting mais respeitado tem aqui uma óptima oportunidade para mostrar serviço. Se não for de uma forma cordial, que seja por uma via mais agressiva usando as ferramentas de informação de que dispõe. Ou a nova directora de comunicação é só mais uma cara bonita que ficará bem a introduzir uma conferência de imprensa? Para que serve um director de comunicação se não para pensar em formas de contrariar a “desinformação”?

Só tenho um pedido: usem os neurónios e trabalhem. O novo Sporting começa em coisas muito pequenas e simples e não em revoluções mágicas e épicas, a mudança não é uma operação de contraste imediato entre o antes e o depois, mas sim a introdução de pequenas e constantes diferenças de atitude e impassividade. Será que dá para começar um dia destes?

Até breve. 

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