segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A guerra das gaiolas


Sempre escrevi neste blog sobre a falência da ideia de que associados a um rival (seja Porto ou Benfica) o Sporting fica mais forte. É verdade num plano teórico, mas falha sempre na transposição para a realidade. Nunca vi nenhuma vantagem de nos metermos nas guerras sujas entre vermelhos e azuis. Já o oposto, ou seja, num plano de combate político com ambos, me parece mais verdadeiro e honesto não só para o Sporting, mas para qualquer clube que se paute pela verdade desportiva.

Se o Porto é rei do submundo da arbitragem e observadores da mesma, também não menos verdade que o Benfica é dono e senhor do submundo dos gabinetes e da imprensa. Se dragões prometem dinheiro, águias prometem fama. Quem é o mais corrupto? Quem causa mais dano ao futebol? Estar associado com estas lógicas beneficia o Sporting em quê? São questões que ninguém conseguirá responder. Os sportinguistas mais conservadores receiam a ira dos 2 rivais simultaneamente. Porquê? Seremos mais prejudicados na arbitragem? Seremos mais castigados nas comissões? Seremos mais difamados na imprensa?

A resposta é não. Se somos o “saco de pancada” e “cobaias” de tudo o que é mau, ao menos que vejamos isso com clareza e usemos o argumento em nosso favor, nomeadamente para deixar a falar sozinhos os presidentes dos que nunca sofrem na pele as consequências das suas manobras políticas. A expressão de LFV “Reavaliar a relação com o Sporting” dá entender que os dois clubes lisboetas viviam tempos de concordância e boa convivência. Se tal é verdade, o que dizer da “gaiola” propositadamente acabada em tempos de derby. Não será essa a primeira “pedrada” nas relações entre os dois clubes?

A hipocrisia é algo que me enoja, especialmente quando desnecessária. No ano anterior também adeptos do Benfica queimaram cadeiras em Alvalade, ouvimos algum responsável leonino referir-se ao facto? Enviámos a conta para a Luz? Não. Porquê? Porque nenhuma direcção do Sporting vive de populismo de rua, nem pretende armar-se da valentia de arruaceiro para impor seja o que for. Se LFV acha que o seu clube é maior, mais forte que o Sporting pois que a ideia o aqueça em noites de Inverno, mas não tente passar das ideias às palavras nem aos actos. É que se isso acontecer, vamos ter sérios problemas.

O anti-benfiquismo é inato a muitos sportinguistas, um pouco como a relação que os Portugueses têm com os Espanhóis…vive latente…mas à mínima provocação emerge com uma violência desmesurada. Se o presidente do Benfica está tão preocupado com a segurança e a manutenção da paz desportiva entre o seu clube e o Sporting, a melhor opção é estar sossegado e especialmente calado, pois apenas ele (e um assessor para a comunicação que tem o dom que querer provocar tudo e todos) tem incendiado esta polémica.

A tentativa de fazer passar a mensagem de que é ele LFV quem decide o estado da relação entre os 2 emblemas é apenas o reflexo de uma miragem romântica que os adeptos encarnados mais primários acarinham de que o Sporting é um clube empobrecido e enfraquecido. Uma miragem perigosa quando expressa por atitudes de desrespeito óbvias.

Peço à direcção do Sporting que se mantenha firme nas suas posições e que em nenhuma altura se silencie perante o “lixo argumentativo” que de 3 em 3 horas é difundido pelo Record e pela Bola, espaços onde uma guerra de palavras (e não só) é sempre bem-vinda. Mas peço também que a defesa do Sporting e dos seus adeptos se faça com critério e inteligência nunca baixando ao nível “feirante” de LFV e de outros papagaios vermelhos.

1 comentário:

  1. Sobrescrevo na totalidade. Respondamos às provocações, defendamos os nossos que o devem ser, ajudemos às investigações necessárias. Mas sempre com base no nosso enquadramento moral fundador, com um mínimo de nível e respeito.

    Haja Sporting à altura dos acontecimentos!

    SL

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