terça-feira, 5 de abril de 2011

Investir em campeões

Um dos grandes problemas do Sporting, talvez o maior, está na sua politica de contratações. Investe-se muito e na proporção do que se recebe, investe-se mal. O perfil de um jogador do Sporting não está criado. Ninguém sabe o que se deve procurar. Depois temos plantéis repletos de habilidade, de velocidade e força que não são acompanhados com uma atitude mental apropriada.

O Sporting não tem comprado “campeões”. Tem comprado jogadores com títulos, mas sem aquilo que se denomina como alto rendimento. Ao ver jogadores como Moutinho, Luisão ou Coentrão é fácil entender a sua disponibilidade para atacar cada envolvimento com total foco e energia. Isso faz esconder as suas fraquezas e melhorar muito as suas potencialidades.

Ter um Djaló rápido, um Zapater robusto, um Matias habilidoso é muito bonito e podemos recolher 2 ou 3 intervenções magníficas em cada jogo. E o resto. A performance de um atleta avalia-se na totalidade da sua participação. Djaló é capaz de passar 15 minutos sem intervir na partida, Zapater é capaz de não procurar apoiar o ataque vezes sem conta, Matias perde tantas bolas como as que consegue fazer passar aos avançados.

Nenhum destes 3 atletas tem o que se chama “perfil” de campeão, que é facilmente trocado por adjectivos como garra, presença, influência no jogo. São capazes do o fazer? Claro. Se jogarem nas posições certas, tacticamente trabalhados com as noções colectivas definidas podem vir a disfarçar uma força mental.

A diferença de Ronaldo do Sporting, para o Ronaldo do Manchester e Real Madrid é abismal. O primeiro era um talento de técnica, um artista. O segundo é um marcador de golos prolífico e um desiquilibrador nato. O primeiro era um habilidoso miúdo colado à linha, o segundo um jogador que lidera a equipa enchendo o campo com o seu futebol.

Foi só uma questão de amadurecimento? Não. Ronaldo foi trabalhado, exaustivamente, principalmente por que o quis e depois porque Ferguson disciplina os seus “miúdos” para serem futebolistas e não artistas da bola. O mesmo poderá ser feito com muitos talentos que existem nesta equipa do Sporting. Ronaldo tinha o potencial, mas o que duvido é do potencial das contratações que fazemos há dezenas de anos. Acima de tudo esquecemo-nos de avaliar o jogador como um todo.

Guarin é o protótipo de jogador muito limitado, mas com uma interferência essencial no jogo. O melhor exemplo disto chama-se Fletcher o médio escocês do Man Utd. Não é especialmente bom em nada, mas aceitável em tudo, mas o que verdadeiramente o torna capaz de segurar a titularidade no onze de Ferguson é a sua disponibilidade, a sua participação total no jogo. Não há hiatos, não há amuos, não há desistência. É um campeão.

Saibamos nós investir em jogadores com este perfil e muitos problemas “psicológicos” nem sequer teriam o seu início. 

Até breve.

2 comentários:

  1. O problema nao pode ser resolvido,contratando campeoes quando se tem um treinador que e incapaz de potenciar os seus jogadores,nao damos um porsche a gajo que nem de triciclo sabe andar.O Sporting precisa de toda uma estrutura que respire futebol,como dizem os americanos:que va pra cama pensando futebol e acorde pensando futebol.
    E preciso que os niveis de competencia, exigencia,profissionalismo sejam elevados e que todos sejam tratados da mesma forma e que sejam todos responsabelizados sempre que as suas accoes prejudiquem o grupo.No Sporting a culpa sempre morre solteira.

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  2. Concordo...o sporting não tem um perfil traçado na contratação de jogadores. Está muito influenciado pelos jogadores oferecidos pelos agentes. Não há gestão de plantel nem uma previsão para daqui a três anos. E assim não há clube que aguente.

    É necessário uma política de contratações sólida e firme, com percentagens para a contratações de "campeões" e percentagens para contratações de "meninos-campeões".

    Eu estou preocupado, pela lista de contratações apresentada pelo GL, não vejo uma política de contratações digna para o sporting. Não é pensada para o presente e para o futuro. Só para tapar buracos do actual plantel.

    Não gosto muito de comparações com outros clubes, mas quer o benfica quer o Porto têm uma política de contratações bem planeada, digna dos melhores gestores desportivos. No Sporting receio que teremos uma política idêntica ao início do século que nos levou, a que agora, no presente, não tenhamos soluções.

    Friamente digo-vos, e é a minha opinião, não me levem a mal, a dupla duque/freitas sem um gestor desportivo a apoia-los enterrará mais o sporting. Isto num plano desportivo a médio/longo prazo.

    Saudações Leoninas

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