sexta-feira, 1 de julho de 2011

A honra de saber sair

Sinceramente quando leio “o mau estar provocado pela incerteza” dos prováveis dispensados do Sporting, tenho uma ligeira vontade de rir. Ligeira porque apesar de poder até ser verdadeira, não deixa de ser o dever de um futebolista analisar aquilo que deu ao clube em troca de ordenados mensais principescos. Arrisco-me a dizer que não haverá nenhum jogador nestas condições que possa revelar surpresa pelo facto da estrutura leonina encarar a sua dispensa como uma boa medida de gestão.

O futebol é um desporto de emoções, mágico e quando bem jogado é pura arte. Mas também é uma industria de alto rendimento. Quem ganha 100 mil euros por mês em Portugal assina por baixo que é um grande jogador, capaz de dar a uma equipa muito mais do que um jogador de 10 mil ou 20 mil. Não tem sido essa a regra em Alvalade. Maniche, Pedro Mendes, Vukcevic, Caneira ou Izmailov são dos que mais ganham no plantel e dos que menos provaram em campo o valor dos seus ordenados.

No caso do russo salvaguarda-se as duas lesões consecutivas que teve. Pedro Mendes e Maniche também foram parceiros da enfermaria, mas a diferença é que os dois últimos estão em fim de carreira e com longos historiais de lesões. Vukcevic teve vários anos para se impor, e ele tem o potencial para o fazer, mas quando tem humildade não tem força mental e vice-versa. O melhor que podem fazer pelo clube é aceitar o que se lhes pede, ou seja, encarar a experiência Sporting como finda. Sempre fui um defensor da permanência do Montenegrino, mas também tenho de admitir que 1 boa época em muitas outras em que nada acrescentou é pouco para permanecer como solução no plantel.

Há uma renovação no clube e isso significa o abandono de uns e a chegada de outros. É um clico eterno no futebol, assim como em tudo na vida. A teimosia de Caneira é um exemplo de como um atleta pode manchar o seu nome (era um símbolo recuperado em Alvalade) em favor de um contrato que lhe dava muito mais do que valia desportivamente. O atleta até pode argumentar o contrário, mas a escassez de interesse do mercado pela sua aquisição é um sinal que devia ser melhor compreendido por si e pelo seu empresário. Existe uma vida para viver quando se pendura as chuteiras e Caneira riscou a sua dentro do clube que o formou, o viu partir à revelia e acolheu novamente. Que outros vejam neste caso o que existe de mau para não repetir.

Existem muitos ex-jogadores leoninos que só precisaram de 1 ou 2 épocas para se tornarem referências de paixão e amor ao clube, isso comprova a sua elevação moral e respeito pelo principio sagrado do futebol: a glória pertence aos vencedores. Existem muitas formas de “ser vencedor”. Uma das maiores é permitir ao clube escolher o seu caminho e facilitar um destino que sempre foi inevitável.

Até breve. 

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