quarta-feira, 16 de junho de 2010

Benchmarketing














 Há muitos anos que as grandes empresas moldam os seus negócios pela definição de metas ambiciosas e concretas. Procuram todos os meios e estratégias para os conseguir. Mas nesta procura não se ficam apenas pelo que é convencional no mercado em que se inserem, vão muito mais além. Se resulta especificamente num meio, campo, ciência, desporto ou política pode ter parâmetros e práticas úteis para outras formas de organização competitiva ou comercial.

Nos últimos anos assistimos à grande moda dos All Blacks, equipa de râguebi da Nova Zelândia, inspiração para a construção e solidificação de equipas comerciais. De facto qualquer organização pode e deve procurar fora do seu “modelo” guias para um melhoramento de desempenho.

O futebol é rico em “Zandingas” e outras bengalas supersticiosas, mas carece de novos modelos, muito mais honestos, muito mais profissionais.

Sou fã de um desporto que também se chama futebol, nos EUA é o futebol, para nós resto do mundo é conhecido como Futebol Americano. Neste desporto, a expressão “industria de espectáculo” não chega para classificar metade da intensidade e seriedade com que a Liga Profissional e clubes encaram o seu espaço nas televisões, vendas de merchandising, comunicação externa e interna.

O país é outro e o desporto também, mas há muitas lições a tirar dos métodos de trabalho e planeamento das equipas. Quem já viu um jogo completo, que demora mais de 3 horas e nem por isso tem menos interesse e audiências, já reparou que cada equipa tem um enorme staff técnico que é composto por: Treinador principal, treinador adjunto, treinador ofensivo, treinador defensivo e um treinador na bancada munido de um ecrã de tv onde acompanha o jogo.

Esta equipa tem funções claras, perfeitamente divididas e “alimenta” constantemente o treinador principal de informações sobre todos os detalhes do jogo. Nos últimos anos é já conhecido que existem treinadores, no futebol europeu, que requerem um técnico de bancada que dá informações para o banco através de sms ou telemóvel.

Mas este post serve para chamar a atenção de outro aspecto do jogo, a definição táctica das equipas. Hoje em dia é impensável que um treinador dê apenas o posicionamento em campo à sua equipa. Isso só por si não é rigorosamente nada, uma vez que o futebolista moderno está preparado para receber muita mais informação sobre a sua movimentação em cada zona do campo, consoante o resultado, consoante as dinâmicas do adversário.

Nos anos 70, revolucionou-se o futebol, quando se entendeu que os avançados também defendem e que os defesas também atacam. A partir desse momento criaram-se nuances tão variadas que não mais um “interessado” poderia ser treinador, mas sim um verdadeiro “técnico”.

Estas nuances são cada vez mais complexas, mais elaboradas e específicas. Tanto é que uma equipa técnica de futebol profissional tem hoje, além do técnico principal, pelos menos 4 treinadores adjuntos. Parece-me no entanto que, à excepção do treinador de guarda-redes, os restantes têm funções bastante abrangentes que lidam com o estudo dos adversários e apoio a todas as decisões do treinador principal. É sem dúvida pouco, e o efeito de eco dentro dos bancos é muito e pouco útil.

Quem sabe se dividindo a estratégia e a responsabilidade técnica em cada jogo entre missões defensivas e atacantes não se rentabilizaria melhor tanta massa cinzenta que se senta no banco, convém dizer que esta divisão entre papéis não é nenhuma novidade, qualquer jogador profissional quando entra em campo sabe o que tem de fazer para atacar e para defender. Quem julga que o Real Madrid não entra dentro de campo contra um Badajoz com a missão defensiva bem planificada, está muito enganado. Esta realidade pode ser ainda melhorada, por exemplo assegurando no staff técnico treinadores ex-jogadores que interpretem bem esta função “isolada” e trabalhem nos treinos a sua componente de jogo, deixando para o treinador principal a função de supervisão táctica da combinação entre todos.

Na minha modesta opinião, é este o caminho, Mourinho sabe-o, não há magia nem truques, há muito trabalho e exactidão no estudo e desenvolvimento do jogo de uma equipa. Não é possível deixar nas mãos do “talento” a função de ganhar partidas, esse não é nem será o futebol do século XXI.

Até breve

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