sexta-feira, 18 de junho de 2010

A história e a estória (continuação)

(a continuação do post anterior)

Gestão financeira

Qualquer agente económico procura o lucro, a diferença entre o que gasta ou investe e o que recebe. Um clube de futebol não terá preocupações em acumular capital per si, mas sim investir continuamente qualquer mais valia no fortalecimento da equipa. O Sporting tem, como é sabido um défice entre o que investe e o que recebe em troca e nem a venda de activos que desenvolve de raiz tem sido capaz de pagar pelos maus investimentos. No futebol português moderno apenas uma competição - a Liga dos Campeões - fornece verbas que fazem realmente diferença, podendo um clube que vá longe na competição ter na época seguinte mais margem para investir. De resto, a Liga Sagres, a Taça de Portugal ou a Taça da Liga não faz dos seus campeões um clube mais lucrativo, são portanto troféus de prestigio. Ao ficar arredado da Liga dos Campeões, o Sporting ficará sempre com um ano financeiro deficitário.

Será impensável não jogar para o título do campeonato, uma vez que não tendo importantes receitas directas, reflecte-se na venda de merchandising, na venda de Gamebox´s, na venda de bilhetes e na negociação de direitos de transmissão de jogos, além da fidelização e cotização dos sócios. É pois evidente que os resultados financeiros estão directamente ligados à prestação competitiva da equipa. Este foi o dado mais menosprezado nos últimos anos. Nas últimas épocas, criou-se a ideias na classe dirigente do Sporting que o clube podia manter-se na luta por títulos sem realizar grandes investimentos, rentabilizando apenas os recursos da sua Academia.

Como o Sporting não é o Auxerre (que não luta habitualmente por títulos) nem o Ajax dos anos 90 (que hoje em dia já não tem 90% do seu plantel com base nas suas escolas) torna-se claro que a politica de investimento tem de ser alterada. Esta a sê-lo. JEB entendeu como a esmagadora maioria, senão a totalidade, dos analistas desportivos que o clube precisa de canalizar verbas significativas na aquisição de activos deixando sempre em aberto a possibilidade de rentabilizar talentos extraordinários oriundos da Academia.

O Ajax pode ser um bom exemplo do falhanço da ideologia "caseira" ou "canterista" no futebol. Na década de 90 o clube holandês recebeu na sua equipa uma quantidade anormal de grandes talentos formados nas escolas (Kluivert, Van den Saar, Bergkaamp, Witschge, Davids, Overmars, Seedorf, De Boer, Reiziger, etc) e de facto pareceu resultar a formula. O pior foi depois de ter vendido cada talento, a sua substituição era cada vez menos convincente e tudo resultou numa hegemonia do PSV na última década, o Ajax nos últimos 14 anos venceu 3 títulos.

Penso que já saímos desta "moda" e começamos esta época a preparar o reforço efectivo da equipa invertendo a lógica de só investir o dinheiro que se tem. É um risco, o Benfica correu-o largamente e apesar de ter vencido o campeonato e estar na Liga dos Campeões vai ter de vender pelo menos 2 activos para estabilizar o valor das dívidas. Pode-se argumentar que LFV "abusou" de optimismo e deu ao clube uma equipa que ele não pode suster, mas o principio penso que está correcto.

Se eu tiver um restaurante que esteja deficitário, é mais do que certo que isso se deve a uma fraca afluência de clientes. A única forma de inverter esta situação é investir em melhorias. Um chefe de cozinha melhor, melhor mobiliário, mais publicidade. Mas se eu não tiver verbas para realizar estas operações, deixo o negócio afundar-se? Fecho as portas para não ter mais prejuízo? Esta analogia aplicada ao Sporting retira estas opções mais drásticas. Resta uma única solução: empréstimos. Sabemos que os bancos suportam com alguma paciência este risco, desde a construção dos estádios para o Euro que os Bancos são os que verdadeiramente aprovam os orçamentos para cada época.

Mas do que adianta um banco controlar a dívida do Sporting impedindo-o de realizar uma gestão que no futuro lhe permita pagar o empréstimo? Nada, sei bem que a gestão de um banco passa muito mais pela gestão a curto prazo e o pagamento de juros mas o incumprimento será bem mais grave do que todas as outras soluções. Nenhum banco quererá ser responsável por penhoras dentro de um dos 3 grandes do futebol português e sabe-se da relação estreita entre as direcções do SCP e dos Bancos nacionais.
Penso que é este o caminho que está a ser seguido e se for a bom porto o tal "novo modelo financeiro" do Sporting será uma ferramenta para melhorar o clube e não para o aprisionar.

Resumindo,  Contratações, Gestão Financeira, Politica de Comunicação e Escolha de Treinador são áreas que definiram o insucesso na última época e não basta "fechar" a época, precisamos de olhar os erros cometidos e aprender todas as lições que há para aprender, sabendo sempre que o "maior dos cegos é aquele que não quer ver".

Até breve

1 comentário:

  1. O teu novo espaço esta muito bom parabens!
    Tambem fiz uma melhoria significativa no onda leonina...continuo a dizer que acho o teu blog fantástico!

    ResponderEliminar