quinta-feira, 17 de junho de 2010

A história e a estória

Olhar para o passado nem sempre é um sintoma de saudosismo. Se a retrospectiva for realizada com o intuito de evitar erros cometidos é um óptimo exercício. A última época foi um bom exemplo do que é uma má época e era de todo conveniente não repetir os passos que ajudaram a que isso acontecesse. Começando a apontar dados concretos temos alguns factores óbvios:

Contratações

Derlei não renovou e à ultima da hora chegou um Caicedo sem ritmo, sem confiança e completamente jogado no terreno sem fazer a mínima ideia do que era o futebol português ou como jogava a equipa. No mercado de inverno voltámos a repetir a receita e vai de...mais um jogador, Pongolle, fora de forma e descrente.

A lesão de Izmailov foi coberta com Angulo também ele um jogador sem ritmo e zero de confiança, esquecido de como se joga à bola, dava dores de alma ver o espanhol a tentar dominar a bola ou a entender-se com os colegas de equipa.

Apesar da surpresa da prestação de Carriço, confiou-se na regularidade de Tonel e Polga que parecem claramente num decréscimo de qualidades a cada ano que passa.

Patrício na baliza não está a ser rápido a pegar de estaca e o efeito Vitor Baia, Valdez, Casillas (jogadores da cantera que chegando jovens à titularidade asseguram tranquilidade e regularidade muito rapidamente) não é fácil de conseguir. As alternativas foram Tiago e R.Baptista, dois jogadores demasiado "acostumados" ao banco de suplentes.

Grimi durante o "mandato" de P.Bento foi um jogador que sempre "disfarçou" bastantes carências técnicas, mas com a equipa em crise de confiança e maus resultados a paciência dos colegas de equipa para com o seu jogo estupidamente directo era pouca ou nenhuma. Foi óbvio o entendimento de P.Bento que depois da lesão que teve iria fazer uma época. Foi ainda mais óbvio que no mercado de inverno faltou "dinheiro" para colmatar a falta de concorrência no plantel no lugar de defesa esquerdo.

Deixar a M.Veloso e Adrien a ocupação de lugar de médios defensivos foi no mínimo...fezada. Moutinho parece preferir outros papéis e a má gestão da inserção de Fernandez no onze titular "obrigou" a que as duas "jóias" principais da formação leonina tivessem tido jogos com 3 ou 4 posições diferentes. Claramente fizeram os lugares de Pereirinha, Fernandez, Vukcevic e Angulo.

Treinador

P.Bento não é um mau treinador, é um treinador excelente. Na minha opinião "gastou" todas as receitas que tinha para montar equipas com pouca quantidade de soluções e sendo ainda um técnico com poucas épocas faltou o know-how que vem com muitas épocas e várias tentativas sucedidas e mal sucedidas de resolver problemas. Também os jogadores pareciam "gastos" em tácticas rígidas que mais não faziam do que disfarçar problemas de força física e mental.

JEB de certeza que se sentiu identificado com o trabalho rigoroso e muito corajoso de P.Bento. As épocas "quase" boas anteriores fizeram-no pensar que ele próprio faria o resto que faltava. Se tivesse ouvido a massa associativa (que nem sempre é tosca e básica a ver futebol) saberia que o modelo P.Bento estava gasto e mais do assimilado pelos adversários.

Depois do "forever" veio o "never ever" Carvalhal. Uma 3ª ou 4ª escolha de recurso. Ninguém esperava que a herança de P.Bento fosse fácil de resolver e o Carlos, gajo porreiro, tentou com muito profissionalismo aturar uma massa adepta em estado de sítio e uma direcção desinteressada da restante época. A convivência com este treinador é uma grande mancha para JEB. Falta de acompanhamento, pouco envolvimento no projecto, mentidos e desmentidos...a Carvalhal JEB fez de tudo. Completamente desnecessário. A entrada de Costinha colocou o presidente noutro rumo, mas manteve o "isolamento" do treinador.


Comunicação

Falar com os sócios é a principal tarefa de Presidente e director desportivo. JEB cedo desapareceu da pele que vestiu depois da eleição. Parecia querer um estilo de "governação" mais jovem, mais descontraída, mais inspiradora. Com as derrotas desapareceram os Twitters, as mensagens optimistas, o acompanhamento afincado da equipa. P.Barbosa não é um "homem-público" e ficou P.Bento sozinho perante uma imprensa que lhe construía prego a prego, tábua a tábua, um belo caixão. Veio Sá Pinto, passámos do 8 ao 80 em uma semana, o que faltava a Barbosa, sobrava ao Sá. Todos lhe conhecem a temperatura do sangue e não soube manter a calma na hora mais complicada da equipa, na hora em que mais era preciso para pacificar os ânimos. Ficará sempre bem "defender" os adeptos, mas eu como adepto não preciso que ninguém me defenda, se eu não acreditar na equipa fico em casa. Sá Pinto deveria ter entendido que ELE é um dos responsáveis pela equipa e pela harmonia desta, o papel de provedor dos adeptos cabe a outros.
Costinha entrou e parece quer marcar um estilo mais "italiano" da função, dirá o futuro se seremos um Milan, um Inter ou uma Juventus da sua carreira.

A continuar...

Até breve

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