domingo, 19 de dezembro de 2010

Até ao Abismo e depois?

Paulo Sérgio está bem seguro. Di-lo Bettencourt que não vê vantagens em fazer mudanças. Costinha por sua vez tem um discurso mais exigente, os sócios esses, estão a perder a paciência que o Presidente quer manter. Já vimos este filme antes e sabemos no que irá dar. É todo um caminho que se percorre até chegar a um abismo onde já não existe a hipótese de recuar. Foi assim com Paulo Bento e irá acontecer de novo. Resta saber se já esta Segunda feira ou outra qualquer.

Existem dois cenários possíveis para o dossier "treinador" do Sporting: 1- PS chega ao final da época e continua. Para isso terá de ganhar a Taça da Liga, ficar num 2ª lugar da Liga e fazer boa figura na Europa (duvidoso não?) 2- Chega ao final da época e é substituído 3- Nos próximos maus resultados apresenta a demissão. Os 2 e 3 cenários são sem duvida mais lógicos. Então e depois? Depois temos uma equipa mais uma vez destroçada, sem confiança, sem prestigio. Tudo porque neste Sporting a lei do futebol mais básica não vinga, ou seja, quem perde sai, quem ganha fica.

Esta teimosia épica tão característica de Bettencourt, fez com que Carvalhal já não fosse a tempo de consertar a época anterior e o substituto de Paulo Sérgio não terá melhor alternativa do que CC, limitando-se a gerir calendário e alimentar a moral para a competição que ainda houver por disputar. É um síndroma de tempo e épocas desperdiçadas que adia as hipóteses de sucesso em primazia de uma estabilidade que nunca chega, de cliques que nunca aparecem.

Um clube como o Sporting pode estar até 10 anos sem vencer um campeonato, mas não pode, em igual período de deixar de lutar pelo mesmo. Estar fora da luta, da margem de esperança e motivação, mata a ligação que a equipa tem com os seus adeptos. Bettencourt aparentemente convive bem com o facto do "seu" Sporting não ter sido, não é, nem se vislumbra que seja tão cedo, um real candidato ao título. De boas intenções está o inferno cheio e apesar do orçamento ser obviamente muito menor que o de Porto e Benfica, não isenta o clube de continuar a lutar.

Eu não quero ser o Sevilha, ou o PSG, o Tottenham ou a Fiorentina de Portugal. Não quero se adepto de um clube que se rende à força financeira e desportiva de outros, ficando resignado a um estatuto de eterna promessa, de eterno clubezinho bem disposto e pacifico. Se não temos tanto dinheiro, façamos com menos, mas façamos melhor. Só há uma forma de isso acontecer. Apostar na qualidade dos reforços e das equipas técnicas. Ouço dizer isto a tanta gente e continuo a pensar que mais vale ter menos um ou dois reforços, mas um treinador de classe indesmentível.

Um grande treinador valoriza até atletas menos capazes, plantéis menos sólidos, direcções menos eficientes. É o ponto de partida e chegada de todo e qualquer hipótese de sucesso. Querem exemplos? Mourinho no Porto, Benitez no Valência, Maggath no Wolfsburgo. São só 3 exemplos. Sabem de que mais? Podemos não ter dinheiro para contratar os argentinos do Benfica, ou os brasileiros do Porto, mas de certeza que temos dinheiro para contratar um bom treinador.

E é este entendimento, esta criatividade, esta astúcia que não perdoou a Bettencourt não ter tido e continuar a não querer ter. Diz Mourinho "podes caçar com cão e com gato, se não tiver o cão faço-o com o gato, mas caço na mesma". Esta leitura de um velho ditado, mostra o que é Mourinho e é esta ambição, astúcia e auto-exigência que não vejo em Paulo Sérgio.

Até breve.

2 comentários:

  1. Meu caro pronunciar Mourinho e Paulo Sérgio na mesma frase é quase um sacrilégio...
    SL

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  2. Já vimos este filme antes e sabemos no que irá dar.Mas o JEB gosta de andar perto do abismo...para depois abrir os olhos e ver que não há mais nada a fazer senão estatelar-se no fundo dele.

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