terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Talento e Exigência

Depois de ver o segundo jogo em Setúbal, fiquei completamente baralhado, onde estava aquele brio, disponibilidade e vontade de ganhar no jogo para a Taça? O problema do Sporting é talento ou atitude? A resposta pode estar algures na pressão que os jogadores sentiram depois de passar uma semana a ouvir que o treinador dependia de uma vitória no Bonfim. Depois de uma exibição vergonhosa na Bulgária, não restava alternativa a qualquer jogador que não fosse dar o máximo, e funcionou.

No último post refiro a mais que evidente falta de uma linha mais dura e exigente com a equipa, especialmente com os jogadores mais experientes e mais bem pagos do plantel. Esta pressão positiva, que não exige mais do que aparentemente a equipa é capaz, sempre existiu no Porto e no Benfica por diferentes motivos, mas parece ausente do Sporting, com mais incidência desde o pulo de capacidade financeira que não demos em relação aos nossos adversários.

Se olharmos para a nossa equipa, com frieza e sem o descrédito que trazem as derrotas e as más exibições, podemos observar que é mais do que essencial que produzam mais e melhor que o que têm feito.

Na baliza temos um internacional alemão e talvez o futuro da baliza da Selecção Portuguesa.

Nas laterais temos os melhores laterais das últimas épocas da nossa Liga, Pereira chegou mesmo à titularidade na Selecção aproveitando a lesão de Bosingwa.

No centro da defesa temos um campeão do Mundo, uma promessa argentina e um possível titular de Portugal.

No meio-campo defensivo temos 2 ex-internacionais de Portugal (Maniche e Pedro Mendes) uma futuro titular da mesma Selecção (André Santos) e uma promessa adiada da Selecção Espanhola.

No meio campo ofensivo há de tudo, internacionais chilenos, russos, montenegrinos.

No ataque temos três internacionais portugueses e um ex-esperança nacional.

Será assim tão fraca esta equipa? Ou deixou-se tornar fraca. Deixou-se que questionassem o seu valor, a sua capacidade e o seu futuro. Todos os dias leio notícias de abandonos, Liedson, Polga, Pereira, Fernandes, Carriço, Djaló, e pergunto-me se não existem demasiados agentes de jogadores a quererem evitar a desvalorização contínua dos seus representados.

Moutinho e Veloso não reuniam muita simpatia junto de muitos dos adeptos leoninos, mas lá estão eles, convocados para a Selecção a valorizarem-se noutros clubes. Os mal-amados do Sporting custam muito dinheiro ao clube e perdemos muitas oportunidades de venda. Há carências na equipa? Claro. Falta talvez um grande central e um grande avançado e um grande maestro no meio-campo, mas isso isentará Polga, Fernandes e Liedson de não fazerem bons jogos contra equipas mais pequenas de que o Sporting?

Onde está o Polga, sempre na equipa ideal da Liga? O Matigol para onde foi? Liedson tem 1 golo na Liga…Esqueceram-se de como jogar á bola, ou a má preparação e enquadramento técnico dos últimos 3 treinadores (Bento, Carvalhal e Sérgio) está a ser paga com a desmotivação dos próprios atletas que continuam a levar pancadinhas nas costas e um sorriso de circunstância? Pegando por exemplo em Zapater, como é possível deixar um activo desta importância navegar continuamente na insegurança, sem tentar descobrir a melhor forma de o por a jogar? O mesmo vale para Matias e outros que não têm lugar na equipa apesar de todos sentirmos que têm mais potencial que os restantes.

Acho que o erro “Varela” foi tudo muita precipitação e desdém pelo que se tem dentro de casa, o que é estranho num clube que é tão eficiente a encontrar novos talentos, como se a partir do momento em que entram se perdesse o encanto da promessa uma vez que não marcam 15 golos nos primeiros 3 jogos. Todos os Sportinguistas deviam reflectir quando no último jogo da Selecção, olhando para a equipa, em 18 jogadores, 10 já estiveram no Sporting sendo que 6 foram formados no clube, isto quando Varela Liedson e Pedro Mendes estavam lesionados. Quantos estão agora? 3. Dos 10 vendemos 7, alguns deles a preço de saldo.

É de pelo menos pensar um pouco e, no mínimo exigir mais aos responsáveis técnicos que hoje lideram a equipa. Para que num futuro próximo não sejamos apenas o fornecedor oficial da Selecção, uma espécie de viveiro sem fins lucrativos.

Até breve

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