sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ter Coragem

Há uns anos, Guterres, na altura Primeiro-Ministro demitia-se de um governo socialista alegando que o fazia para o país sair do pântano político em que estava mergulhado. A situação no Sporting parece enfermar da mesma problemática. Presidente, Director Desportivo, Juve Leo, Jogadores, Treinador, todos surgem com pedras no sapato, com pedras na mão, com pedras nos rins e vão deixando cair “pistas” de um conflito sem fim à vista.

Para uma direcção que reuniu tanto apoio na sua eleição, na imprensa e junto do “establishment” económico e político, carece de explicação este desmoronar de apoio e união. As derrotas, com a visível diferença de qualidade para Porto e Benfica, o futebol tacticamente “inocente” de Paulo Sérgio, o falhanço ou lesão de peças fundamentais na equipa, são todos eles factores de desânimo nos adeptos que esperavam uma 2ª época de Bettencourt mais convincente.

Perante o quadro, mais que provável, de mais um ano sem glória, a equipa unida, o bloco forte, caiu, desmembra-se a cada dia que passa, afoga-se em dedos apontados e culpas “solteiras”. Paulo Sérgio cedo perdeu o ar de entendido, os jogadores mostraram não ter o estofo que lhes foi exigido, os adeptos abandonaram Alvalade, Costinha sente-se marginalizado e agora a Juve Leo abriu guerra a todos os anteriores. Pior só se o Leão saísse do símbolo do Sporting.

Sempre ouvi dizer que a força mede-se verdadeiramente nos momentos difíceis e para já Bettencourt (a quem não culpo por tudo o que a equipa faz ou não faz) começa a dar sinais de pouco pulso para dirigir a instituição a que preside, especialmente quando pauta os fracassos com silêncios, calma e uma paciência que tem estagnado o clube num sabor de “vai-se andando” e “vamos ver o que dá” que não tem trazido nada além de sucessivas desilusões.

Há uns bons meses, muitos bloggers (incluo-me) pediram a cabeça do treinador, não o fizeram por simplismo, mas por entenderem que Paulo Sérgio não era e não é o treinador capaz de inverter a falta de algum talento e força mental dos jogadores do plantel. A cada vitória se vai adiando a realidade e a não decisão de Costinha e Bettencourt, a passividade perante a notória falta de capacidade do treinador em mostrar algo mais do que padrões mínimos de sucesso, está a provocar talvez a derrocada de todo um projecto.

Talvez o Sporting fique em 3º lugar, talvez chegue às meias-finais das taças internas, talvez chegue aos quartos de final da Liga Europa, mas sinceramente alguém acredita que a equipa dará para mais? Que diferença existe então entre a última época e esta? Para que contratámos um técnico em que ninguém via mais do que seriedade e uns vislumbres de resultados medianos no Paços de Ferreira e Vitória de Guimarães?

A diferença entre o sucesso e o fracasso é muitas vezes mínima, as vitórias legitimam tudo, como podemos ver pelo nosso rival de Lisboa esta época que passou da glória absoluta para o fracasso total. Os protagonistas são os mesmos, faltam as vitórias. No Sporting a pequena particularidade de ter de ganhar jogos parece muitas vezes esquecida. É uma convivência com o fracasso que desgasta e “acinzenta” tudo. Só tenho uma pequena pergunta: toda a gente (leia-se direcção) se esqueceu do que significa ter coragem?

Até breve.

1 comentário:

  1. "Talvez o Sporting fique em 3º lugar". Exacto. Acho que se vive no Sporting um espírito de "Deixa lá andar, aconteça o que acontecer ficaremos sempre em 3º ou 4º".

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