sexta-feira, 11 de março de 2011

Desaproveitamento

De repente Matias Fernandez é um excelente jogador, Torsiglieri é o melhor central, Zapater é um médio de grande potencial e Valdês o garante de criatividade na equipa. De repente os flops viraram craques. Estas mudanças súbitas não são fruto de nenhuma operação mágica. É o que acontece quando se dá estabilidade e confiança a um jogador que terá o espaço e sobretudo o tempo de mostrar o seu valor.

Nem sequer se pode dizer que foram as vitórias que moralizaram ou a restante equipa que deu a base e o apoio para que começassem a brilhar. O Sporting tem perdido e empatado grande parte dos jogos mais recentes e os restantes jogadores tem tantas oscilações exibicionais que não garantem nenhuma base sólida para quem entra.

Mas o que interessa verdadeiramente é identificar como é que se chegou ao cúmulo de dar estes atletas como activos “perdidos” a meio da época. Algumas destas explicações serão razoáveis, outras sugerem alguns dos maiores problemas que tem afectado a constituição dos plantéis do Sporting:

1/ Paulo Sérgio foi um mau julgador de potencial, não dando tempo de jogo à maior parte dos reforços, exclui-se Evaldo que teve o seu parceiro de posição Grimi lesionado.

2/ No caso de Zapater e Salomão, nunca houve uma aposta continuada no onze. O português deu o seu espaço a Cristiano (!) e Zapater foi várias vezes retirado para fazer jogar Maniche (!).

3/ Os adeptos do Sporting “seguem” demasiado a opinião da CS, que rapidamente quis colocar rótulos de flops. Basta ver os comentários de alguns bloggers de referência leonina para entender que muitos chamavam à atenção para as boas indicações de Torsiglieri, Zapater e Valdês. A paciência do adepto para com um novo jogador deve ser muito maior e “escutar” as vozes de alguns comentaristas que gostam do “lume a arder” em Alvalade é meio caminho para errar tremendamente.

4/ Matias Fernandes. Só 3 péssimos treinadores conseguiriam não entender o potencial do chileno. Tantas e tantas vezes fiz comentários neste blog sobre o seu desaproveitamento. Tantas, como vi outros fazerem o mesmo. Ainda assim penso que não vimos ainda o verdadeiro Matias. A sua posição é a de falso ponta de lança e não de organizador de jogo. Se querem um “Deco” usem o Valdês, mas por favor alguém veja que Matigol não é um médio!!!

5/ Os jogadores sul-americanos, como Torsiglieiri precisam se muito jogo até se habituarem à velocidade e rigor europeus. No caso dos campeonatos argentinos, o jogo é mais intenso emocionalmente, mais rijo, mas mais lento. Veja-se que Otamendi no Porto também está a levar o seu tempo a adquirir uma visão constante e correcta do jogo, e o seu valor é circunstancialmente maior.

6/ O peso que se está a colocar em cima de Evaldo e Carriço é desproporcionado. É certo que caíram de forma, mas não houve ninguém que reparasse que especialmente estes 2 jogadores fizeram todos os jogos do clube durante mais de meia-época. O cansaço físico e mental tem o seu preço e parece-me que ambos precisam de recuperar.

Resumindo estes são problemas de fraca direcção técnica. Diga-se o que se disser Paulo Bento, Carvalhal e especialmente Paulo Sérgio nunca foram bons gestores de plantéis, são porventura muito fracos na detecção de valor (aqui isento Carvalhal pois nunca escolheu um reforço), comprovaram não aproveitar o melhor rendimento de jogadores nas suas posições de origem e sobretudo geriram mal os tempos de jogo e oportunidades no onze. Só como exemplo Caicedo (que eu próprio avaliei como péssimo) é dos jogadores com mais aproveitamento da Liga Espanhola num Málaga destinado à segunda divisão.

Nem tudo é culpa dos treinadores, pois os jogadores não têm carreiras lineares, mas para ser considerado um grande técnico também é preciso ajudar os clubes a rentabilizar e optimizar o valor dos seus plantéis. Em 3 anos não é nada disso que tem acontecido. E depois vêm-me com os Quiques e os Domingos…(?!)…será que aprendemos alguma coisa?

Até breve.

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