quinta-feira, 17 de março de 2011

O sucesso "instantâneo"

Escrevi aqui várias vezes sobre a necessidade de participar nestas eleições como votante mais atento ao programa e projecto de cada candidatura do que às figuras e discurso das mesmas. A campanha está a ser tudo o que não devia ser, o que até acho compreensível. O Sporting está demasiado “ansioso” e “traumatizado” para que exista um diálogo construtivo e racional sobre o futuro.

Ansioso porque se vê com poucos recursos para sair do beco sem saída que é a dívida aos bancos e traumatizado pelas sucessivas direcções que prometem mudar o clube apenas conseguindo endividá-lo mais. A questão do treinador e director desportivo ganharam contornos absolutos no posicionamento do debate, o que também é fruto do fracasso de escolhas anteriores.

Paulo Bento, Carvalhal, Paulo Sérgio dum lado, Pedro Barbosa, Sá Pinto e Costinha do outro construíram duas épocas completamente desesperadas, com futebol e resultados miseráveis. Obviamente não estiveram sozinhos, JEB foi o arquitecto de um plano que falhou a toda a ordem, principalmente porque o Benfica soube acordar mais cedo para uma realidade que nós só agora começamos a desvendar.

Nesta realidade que é o status quo do futebol português, o Porto vence e deixa umas migalhas para Sporting e Benfica irem partilhando à vez. Estes “restos” que são as taças e os segundos lugares (com apuramento para a Champions) são o melhor caminho para a conformação e o enfraquecimento da expectativa e da exigência. A prova desta diminuição é o “flash” de um Braga que consegue roubar um acesso à Champions numa época atípica do Porto.

O Sporting acordou tarde e acordou histérico. Olhou à sua volta e viu um Benfica e um Porto muito distantes da sua realidade. Entendeu o tempo que perdeu a justificar segundos lugares como vitórias, o tempo que perdeu para construir um plano para chegar em primeiro. Nestas eleições estamos a assistir aos planos “instantâneos” para transformar um clube desmotivado e sem músculo, num clube confiante e ganhador.

Esta solução, em que a receita consiste juntar dinheiro a caras novas é tudo menos mágica, é tudo menos certa. Todos os candidatos prometem lutar pelo título na próxima época, eu pergunto como será isso possível? Nova direcção, pessoas novas, ideias diferentes, jogadores novos, treinador novo…ninguém ainda entendeu que isto pode demorar o seu tempo?

Na ânsia de convencer ao voto, os candidatos esquecem-se do principal. A honestidade. O Manchester City recebeu durante dois defesos do melhor que o dinheiro compra, técnicos, jogadores, está a lutar pelo título? Na época passada ficou em 5º lugar a 19 pontos do líder, esta época segue em 3º a 9 pontos. Talvez na próxima época se aproximem mais um pouco, mas será na 3ª época que talvez lutem pelo título.

No Sporting pensa-se que se vai descobrir a pólvora. É o melhor caminho que encontro para a desilusão. Primeiro porque os rivais têm projectos desportivos consolidados e segundo porque a novidade precisa de tempo para dar resultados. E quem é que tem este discurso?

Espero que daqui a um ano não estejamos a falar em “mentira”, em “engano”, erradamente desiludidos com um projecto que precisará de 2 ou 3 anos para ser efectivamente um começo.

Até breve.

1 comentário:

  1. Concordo totalmente apenas acrescento o caso do Shaktar e Dortmund, também casos de remodelações de sucesso que demoram tempo e muita persistência a dar frutos

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