quinta-feira, 10 de março de 2011

Promessas...

Estão quase reunidas as condições para cada sócio começar a eleger o seu candidato e logo a próxima liderança do Sporting. As condições que falo são as mínimas, as listas aos órgãos sociais e áreas técnicas do futebol. Serão as mínimas porque os tais projectos abrangentes para o clube esgotaram-se no mediatismo dos nomes dos directores e treinadores. De facto conhece-se pouco daquilo que se pode chamar um plano de acção para ser implementado.

Todos os candidatos fizeram uma espécie de mix de ideias avulsas, que inferem em pontos (importantes é certo) restritos da vida desportiva e financeira do Sporting, mas que falta ligar num desenho com caminho objectivo. É como pegar num mapa de Portugal e planear uma viagem escolhendo os sítios onde se vai dormir e comer, sem saber quando é que a viagem acaba e, especialmente, onde acaba.

Esta falta de objectividade parece perigosa, ainda mais quando muitas das principais ideias são apresentadas com o prefixo “estudar a possibilidade de” ou “criar mecanismos para”. O mesmo é dizer, para bom entendedor de retórica, que é uma ideia para ficar na gaveta assim que se ganhe as eleições. Estas promessas de intenções não são fruto de demagogia ou “esperteza” politica dos candidatos, mas sim a constatação que os próprios retiraram da sua incapacidade para planear e projectar a concretização das mesmas.

Neste momento a única coisa que todas as candidaturas já sabem é que não vão ter um chavo para investir. Contam, por outro lado, que qualquer que seja o vencedor vai deparar-se com enorme dificuldade para manter o clube no padrão de gastos actual. Quando tanto se fala em investir e em fundos, será óbvio que os mesmos serão totalmente canalizados para pagar dívidas e não para contratar jogadores. Cabe a cada sportinguista entender que no dia 27 de Março iniciar-se-á uma autêntica inversão de discurso, retirando as promessas de candidaturas a títulos o mais rápido possível, aproveitando o estado de graça, que emergirá da vitória das urnas.

Todas as indicações que temos neste momento apontam para a entrada de um treinador com créditos firmados no mercado, e salvo a entrada de um ou dois reforços que emanam das negociações que já se iniciaram, o Sporting irá ter de vender talvez 2 ou 3 dos seus melhores jogadores, só, para cobrir a sustentabilidade deste grupo de jogadores por mais uma época. Sei que estou a fazer a apologia da pobreza, mas não da desgraça, pois mesmo privado de alguns dos melhores, esta equipa pode ser mais assertiva e bem preparada para não nos deixar, mais uma vez, com uma época hipotecada em Agosto.

Mas é esta e outras realidades que não estão a ser debatidas, criando à volta destas eleições uma autêntica “Ilha da Fantasia” onde o Sporting pode contratar 8 ou 9 jogadores, investir 50 milhões de euros e disputar os títulos taco-a-taco com Benfica e Porto. É em promessas vãs e ideias a vulso que iremos votar e não num projecto objectivo com uma ideia clara do que fazer com o Sporting de hoje e o que fazer para este seja um Sporting mais forte no futuro.

Esse debate dá mais trabalho e obriga a dizer umas verdades, que obviamente não trazem votos. Esperemos que ninguém venha depois dizer que se sente enganado. Pois terá toda a razão.

Até breve

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