quarta-feira, 30 de março de 2011

Charters de Arrogância

A conferência de imprensa de Paulo Futre feita na Quinta-Feira antes das eleições vai constar na galeria de momentos caricatos do clube. Não tenho dúvidas que será um verdadeiro “tesourinho deprimente” pleno de humor, pois só com humor se pode classificar a forma impetuosa de Futre explanar as suas ideias.

Mas ao contrário de muitos Sportinguistas, não penso que o conteúdo fosse assim tão despropositado. A piada do “chinês” que circula na net como uma anedota viral, tem tudo para ser matéria de alguma reflexão. Só um tonto desaproveita boas ideias. Só um tonto é arrogante o suficiente para não ver um caminho só porque não está assinalado no mapa.

O mercado russo-asiático é um turbilhão de crescimento económico. O dinheiro está lá, em doses massivas. Mais do que no Médio Oriente que a qualquer momento pode entrar em recessão face à ascensão das energias alternativas, mais do que no Brasil e mais do que em África. É do tigre indiano, do urso eslavo e do dragão chinês que virão as bestas e os bestiais investimentos europeus e norte-americanos.

Não entender isto é grave e todos os que se riem com a ideia de o Sporting ter um jogador chinês de selecção no seu plantel, são eles sim, verdadeiros totós. Existem muitas empresas chinesas a querer investir na Premier League, na Serie A e na Liga BBVA. Porquê? Porque os seus consumidores internos na China vêem cada vez mais partidas destes campeonatos.

Se Portugal tivesse responsáveis desportivos inteligentes, sem palas nos olhos, nomeadamente na Liga de Clubes, poderia ser uma jogada fabulosa tentar em bloco vender a Liga nas cadeias emissoras asiáticas. Esse seria o primeiro passo para clubes portugueses terem acesso a contratos fabulosos de novos patrocínios. Se o nosso campeonato não tem mais visibilidade é por culpa dos péssimos espectáculos que as equipas dão semanalmente.

Quando tanto se elogia a capacidade do treinador português, muitos se esquecem das tácticas defensivas do “espreitar o contra-ataque”, da “manha” de fechar a equipa num recuo absoluto libertando dois alas e um ponta-de-lança. Esta é a táctica que o treinador português domina realmente. Quando tem de montar a equipa para marcar golos e jogar ofensivamente é o cabo dos trabalhos. Basta olhar a liga Holandesa, Escocesa e Belga para ver as diferenças, 3 ligas de menor dimensão que a nossa, mas muito mais ricas em golos e espectáculo.

Mas voltando ao tema do “chinês”, não serão óbvios os charters que PF menciona, mas seria óbvio o maior interesse que o Sporting despertaria nos media nomeadamente chineses. Esse interesse poderia ser uma aposta, não que justificasse um departamento, mas que valorizasse a imagem do tal jogador, a ponto de ser um argumento financeiro de peso, mais especificamente nos direitos de imagem do atleta para o exterior.

A visão de Futre está pelo menos correcta quanto à oportunidade. É desfocada na dimensão dos objectivos e lucro, mas a longo prazo e bem estruturada pode valer muitos “charters” de milhões de euros e a dianteira pela aquisição do tal jogador (não existem muitos).

Até breve.

2 comentários:

  1. ontem escrevi que nós adeptos e sócios somos os 1º a dar tiros nos pés. em relação ao futre surgiram logo as piadas do traidor porque não viram que estava ali alguém que percebia muito do negócio futebol. (mesmo sendo um parolo a falar) na sassão de esclarecimento feita por ele, preferiram logo exaltar o ridículo do discurso em vez de salientarem a essência da ideia... isto só nos diz que algo vai muito mal para os nossos lados.

    só para finalizar as eleições, BdC poderia ter ganho as eleições com facilidade se tivesse cedido (porque por vezes é preciso fazer cedências) e tivesse concorrido com DF a vice e Futre a DD. Era um pequeno sapo que tinha de engolir, uma vez que inácio não é melhor em declarações que Futre. Assim tem de engolir um sapo muito maior. Ganhar em sócios e perder em votos...triste mas verdade. SL

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  2. Foi dada mais importancia à forma, do que ao conteudo... com muita pena minha...
    Analisem os contratos publicitários que os jogadores japoneses Miura e Nakata, quando o negocio futebol começou a ganhar força no Japão, no final dos anos 90, trouxeram para os clubes europeus onde jogaram...
    @Tiago
    nem mais... tenho pena que muitos dos apoiantes de BdC não pensem igual... não quiseram levar com o Futre, agora levam com o Godinho...

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