sexta-feira, 4 de março de 2011

Conversa "fiada"

Com 6 candidatos à procura de elencos para os mais variados cargos no Sporting, será curioso ver, no final, o leque de escolhas que o Sporting terá para os lugares não eleitos de Director de departamento de futebol, director desportivo, treinador e jogadores. Sim isto irá chegar ao ponto de apresentar reforços.

É inevitável que se chegue ao ponto de discutir qual o avançado de cada candidato, sem sequer conhecer o seu paradigma competitivo. Não é bom começar pelo fim e eleições de projectos “chave na mão” só retira margem de manobra aos próprios candidatos. Senão vejamos um exemplo:

Um candidato X chega a um pré acordo com um treinador razoável, mas outro candidato Y aparece com um treinador bom. Este candidato X vence as eleições e vê-se automaticamente obrigado a prescindir de um bom treinador, em função da sua escolha anterior.

Este exemplo pode acontecer em qualquer destes cargos “não eleitos”, desperdiçando tempo, trabalho e quiçá óptimas soluções. É por esta e outras razões que tenho muita pena que o debate não se faça sobre os modelos, planos e projectos de cada candidato. É vergonhoso que a menos de um mês das eleições, não se conheça a totalidade das listas e dos programas de quem se candidata a gerir uma super-estrutura como é um clube como o Sporting. Revela incompetência e menosprezo pelos sócios.

Parece que o tema central desta campanha é “onde é que se vai desencantar o dinheiro”. É estúpido e absolutamente estéril esta discussão. Porquê?

A/ Porque nenhum dos candidatos tem uma fortuna pessoal avaliada em 1 bilião de euros.
B/ Porque nenhum dos candidatos tem um consórcio fechado de investidores.
C/ Porque o dinheiro não cresce nas árvores.
D/ Porque até as grandes empresas lucrativas tem dificuldade em aceder a crédito.
E/ Porque os clubes de futebol não melhoram competitivamente apenas com a entrada de dinheiro.

Assim, seja qual for o que cada candidato diga sobre o refinanciamento da equipa de futebol, é conversa de campanha, que assim que aconteça a entrada em funções será adaptada a discursos mais realistas, muito menos hostis com a banca.

O que eu acho que deveria ser o tema desta campanha seria “como construir uma equipa de futebol vencedora”, mas neste parâmetro, e a julgar pelas pessoas que estão a escolher, nenhum candidato terá sequer parado para pensar porque é que o Sporting não ganha um campeonato há 11 anos. Esta reflexão está por fazer e por apresentar. Até que alguém se decida a realizá-la, tudo será uma espécie de “reality show” vazio de objectividade. Pouco útil.

Termino referindo a importância da Blogosfera neste momento do Sporting, é talvez o único sitio onde se debatem verdadeiras ideias e se apontam os erros, as alternativas. Tenho aprendido imenso com outros blogs, concordando ou não, mas sempre ganhando novas perspectivas. Pena que os bloggers e os seus leitores não possam eleger o vencedor destas eleições. O clube seria incomparavelmente melhor “decidido”.
Estamos cada vez mais a pensar um Sporting diferente que o Sporting das suecas no banco de jardim. Cada vez mais independentes e exigentes, quando livres da intoxicação dos media.

Talvez um dia possamos olhar para “nós” como um espaço e uma voz, não ao serviço de interesses pessoais ou outros, mas ao serviço do clube.

A razão que nos faz manter e visitar blogs é sempre a mesma e isso unir-nos-á para algo maior um dia.

Até breve.

2 comentários:

  1. Um abraço desde o Norte.
    Como quase sempre, estou de acordo consigo.
    Mas tenho de reconhecer que até um candidato razoável, às vezes se vê arrastado para a estratégia dos restantes. Infelizmente a eleição de qualquer dos candidatos não é decidida na "blogosfera". Mas, quem sabe, não andará por aqui a "nascer" o futuro do Sporting Clube de Portugal.
    Vamos ver amanhã o debate na SIC. Pode ser que do nevoeiro previsivel de demagogia surja algo de agradável.
    SL

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  2. Caro Jesus,

    Compreendo o que diz, há que conquistar os votos da "sueca", mas isso não impede de ter vários níveis de comunicação. Nas eleições norte-americanas Obama teve vários níveis de discurso, consoante o target e o meio de comunicação.
    Nas eleições do Sporting só tenho visto mensagens populistas, onde é difícil distinguir a profundidade das sugestões e daí a sua validade.
    Por exemplo se eu disser que vou "fazer tudo para comprar um novo automóvel" não estou a dizer quando, como e que automóvel vou comprar.
    Logo é difícil alguém argumentar sobre a razoabilidade da minha afirmação.
    O debate de amanhã será uma interminável batalha para ver quem se descola melhor do mandato de JEB e quem diz que vai arranjar mais dinheiro para o clube. Infelizmente temo que nada de esclarecedor saia de quem, sem contraditório, não consegue mobilizar unanimidades.

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