terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Margem mínima para o sucesso

Numa época em que se inverteu a politica de gestão do plantel do futebol profissional, abandonando o modelo “Ajax” e preferindo uma estrutura mais do género de Juventus ou Manchester United, ou seja, deixámos um modelo em que 80% do plantel era composto por jogadores da Academia para reduzir essa margem para uns bons 40% corremos o risco de deixar como grande legado de 2010/11 a confirmação de valores como Salomão, Carriço, Patrício, André Santos e até Djaló.

É curioso, e ao mesmo tempo trágico que o esforço por dotar o plantel de jogadores mais experientes, acabasse por relevar que o produto da Academia era, sem dúvida, desportivamente mais bem sucedido. Hildebrand perde Patrício, Torsiglieri perdem claramente para Patrício, Zapater e até Maniche perdem para André Santos. Ok, Valdes não perde nem para Djaló, nem para Salomão. O chileno é talvez a aquisição mais conseguida, dando algo ao clube que não temos desde o “desaparecimento” de Izma.

Mas esta excepção confirma a regra. Confirma o insucesso da política de contratações, o insucesso repetido de comprar fora de Portugal (Pereira, Evaldo e Maniche são ou foram cá da casa) e o falhanço rotundo de mais 60% dos jogadores que entraram no plantel. Não sei como se fazem estes negócios, quem os recomenda, ou que salvaguardas tem o clube nos seus contratos. Mas é ridículo que assistamos a jogadores que querem sair pouco tempo depois de entrar (Stojkovic, Fernandez, Izmailov, Derlei, Pongolle, etc). Quanto dinheiro já perdemos?

Pede-se, é evidente, maior acerto na prospecção, mais certidão no gasto de verbas de contratações. Tenho como absolutamente certo, que a distância que criámos para Porto e Benfica advém de compras erradas de muitos jogadores e a venda demasiado barata de outros tantos. O sucesso no futebol deste século é um jogo de acertos, um puzzle que se completa com bons jogadores a entrar por menos e vendidos por mais. Vemos hoje que até Real Madrid e Barcelona terão de medir bem os seus investimentos, o dinheiro é menos e os jogadores ganham cada vez mais.

As fontes de receitas são principalmente: receitas de TV, merchandising e prémios desportivos, sobretudo na Champions. Um clube como o Sporting que tem as receitas de TV hipotecadas a cada 4 anos, uma massa adepta distante e não entra na Champions está de facto, em recessão. Como é lógico a recessão implica a diminuição de custos e isso é algo que não pode estar nos planos de alguém que se queira aproximar dos seus rivais, quando estes têm orçamentos superiores mais do que o dobro.

É uma operação delicada que implica absoluta precisão no gasto de cada milhão de euros. Disso dependerá a nossa aproximação de títulos, de chamar os adeptos, de entrar na Champions com bons resultados. De sobreviver como candidato ao título. Por tudo isto e o muito mais que se joga em cada principio de época se pede a JEB e restantes responsáveis que escolham bem, mas mesmo muito bem, os próximos investimentos do clube. Poderá não haver mais oportunidades para fazer regressar o Sporting ao estatuto que sempre teve.

Como sempre penso que na figura do treinador se apresenta uma boa parte das hipóteses de sucesso de cada contratação e Paulo Sérgio, neste caso, é mais problema que solução. Nem me vou alongar nesta explicação. Basta ler post anteriores neste blog. Está tudo lá.

Até breve.

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