terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Usar o cérebro é sempre recomendável

Numa altura em que se vai começar a discutir o clube, o futuro e quem o decidirá, era de todo recomendável que todas as decisões de entradas e saídas de quadros ficassem suspensas pelo menos até se vislumbrar o que se quer para um novo Sporting. Acresce o facto de ser completamente absurdo investir numa época que já pouco ou nada existe para vencer. Perante este cenário, julgo ser da mais correcta inteligência não contratar nenhum jogador que não faça parte de uma grande oportunidade de negócio, medida sempre através da combinação qualidade/ preço e a sua extrema utilidade para o futuro da equipa.

Os nomes de jogadores que circulam nos jornais, ficam a meu ver, muito aquém deste raciocínio. Convém lembrar que o que para Costinha e Paulo Sérgio serão bons reforços podem não o ser para o futuro treinador e futuro director desportivo, excluindo até o que uma nova direcção pode achar do negócio. Sei que a construção de uma equipa está sempre a sofrer actualizações e estando numa abertura de mercado, todos esperam entradas, todos anseiam por novidades. Mas que upgrades fenomenais faremos com a entrada de, por exemplo, Paulo Sérgio do Olhanense?

A não ser que estejamos a falar em poucos milhares de euros, não esquecer que Jardel foi para o Benfica por uma verba a roçar o ridículo, o Sporting deveria refrear o instinto de adquirir jogadores medianamente bons e começar, isso sim será mais urgente, a conseguir alienar em bons negócios os excedentes da equipa (Grimi, Caneira, Saleiro, Tales) e a resolver os problemas com outros jogadores (Hildebrand, Torsiglieri, Zapater, Izmailov, Djaló). Bettencourt está demissionário, Costinha e Paulo Sérgio seguem dentro de momentos e existe a oportunidade de sanar todos os diferendos e erros de gestão desportiva que o plantel exibe.

A entrada de novos decisores é urgente, até para começar a implementar o que será o novo modelo competitivo do Sporting. Até agora temos navegado ao sabor do dinheiro, humores e capas de jornal. O cérebro é uma ferramenta prodigiosa e à excepção de Valdes e Salomão, não vemos a inteligência que este por detrás dos negócios que fizemos. Evaldo, Torsigleiri, Coelho e Zapater foram muito caros pelo que estão a dar à equipa. Não partilho da opinião que Evaldo esteja a jogar mal, mas também sei que pela idade e o valor do atleta, talvez o Braga tenha feito um encaixe de um milhão acima do que era mais justo. Mesmo assim, não existem por aí laterais esquerdos em abundância e Costinha preferiu jogar pelo seguro.

Quem tem uma Academia como tem o Sporting deve fazer uso dela, programadamente e com uma politica de entrada nos seniores mais equilibrada, flexível, mas recorrente. É inadmissível contratar jogadores como Tales, tendo tantos bons valores a despontar para o futebol profissional. Paulo Sérgio, do Olhanense é só mais um exemplo de uma transição falhada pelo Sporting. 6 ou 7 anos mais tarde vamos comprá-lo, quando já foi nosso? Lembra-me as novelas do boliviano Sanchez que entrava e saía do Benfica sempre com o Boavista a encaixar.

A meu ver era simples e até visionário (a UEFA irá obrigar a que isso seja feito daqui a poucos anos) criar um rácio de aproveitamento da Academia, com evidentes ganhos para a economia, imagem e orgulho do clube. Algo que poderia passar por um mapa deste género:

Guarda-redes (3 lugares – 2 vagas para jogadores da Academia)
Defesas (8 lugares – 3 lugares para jogadores da Academia)
Médios (8 lugares – 3 lugares para jogadores da Academia)
Avançados (5 lugares - 2 lugares para jogadores da Academia)

È claro que isto seriam valores mínimos e não excludentes de mais jogadores que fosse oportuno contratar fora das escolas, mas pelo menos teríamos sempre 10 jogadores oriundos da formação, fosse quem fosse o técnico, fosse quem fosse o director desportivo. O Sporting precisa de racionar o seu produto e valer-se daquilo onde é melhor do que os outros.

Olhando o plantel actual (1 guarda redes, 2 defesas, 1 médio, 2 avançados) isso até está difícil de conseguir, e a politica deste ultimo defeso promete afastar o clube de uma das suas mais marcantes virtudes, tudo nasce de um grande equivoco – o drama da experiência, o drama da altura, o drama de treinadores que se desculpam de maus resultados com preconceitos. Um bom jogador é um bom jogador.

Esta é só mais uma ideia que não se percebe porque não é assimilada (mesmo que noutros moldes), que somando a muitas outras provam a “distracção” que o clube tem com o seu património, levando-o a mais decisões, em cima do joelho, à pressa e ouvindo muito maus conselhos. Regras, planos, normas e modelos nunca fizeram mal a ninguém e muitas vezes impedem o tão português “desenrasque”, processo a que o Sporting tem recorrido demasiadas vezes nos últimos anos.

Até breve.

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