quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um problema chamado Paulo Ségio

Manda a inteligência que quando um treinador não ganha e vê ameaçado o seu lugar, use de humildade e alguma dose discursos calmos para amenizar a impaciência e a antipatia dos adeptos. Mas como em tantas outras coisas, Paulo Sérgio inova no que não tem de inovar, revelando alguma impreparação para o lugar.

É óbvio que a grande maioria dos adeptos leoninos gostariam que se demitisse, gostariam de não ver a equipa ser humilhada continuamente, gostariam de confiar num técnico que não se ficasse pelas promessas e análises irrealistas do aproveitamento da equipa. Olhar para a desilusão que se provoca é duro e não está ao alcance de todos, o mais fácil é mesmo acreditar que só porque se trabalha arduamente se merece um lugar num dos melhores clubes de Portugal.

Qualquer treinador sabe que só é bom quando ganha, quando se está no Sporting, só se é bom quando se ganha sucessivamente. O Sporting de Paulo Sérgio é demasiado inconstante e demasiadas vezes fica aquém do que é o comportamento competitivo dum candidato ao título. O facto da culpa não ser exclusiva do treinador, não o deve abster de reflectir sobre a realidade e o futuro da equipa que comanda. Se Paulo Sérgio não tem a estrutura politica, económica e desportiva que têm os rivais Benfica e Porto, não pode alegar que desconhecia essa realidade. Foi precisamente esse o desafio, fazer mais com menos. Falhou.

Não vale sequer a pena defender-se dizendo que veio para ser campeão e que não desiste. É um discurso emotivo, uma expressão óbvia de desagrado com a impaciência dos adeptos que não detectam na sua equipa a mais pequena centelha de força, brilhantismo ou regularidade. Ele deveria ser o primeiro a fazer essa análise e admitir por uma vez que fosse que aquilo que tem feito não chega. A equipa é uma sombra do que está obrigada a fazer. O terceiro lugar que o clube ocupa é uma miragem, este ano não tem havido um Guimarães, um Braga ou um Marítimo em óptimas condições e mesmo assim estamos muito mais perto de lutar com estes pela terceira posição que da segunda.

A equipa joga mal, é descoordenada, joga em pontapé para a frente, fisicamente apresenta-se deficitária, é dos plantéis mais atacados por lesões, as contratações não vingaram (algumas nem tiveram hipótese de se provar), existe esforço e muito empenho, mas em campo isso vale apenas se for aliado a um talento colectivo, a uma soma de valores, articulada – isso é função do treinador. Uma equipa pode perder jogando bem, o Sporting perde porque os adversários o superam e em 95% do tempo joga mal, depois há a inspiração individual de cada jogador e a equipa tem alguns bons jogadores que têm salvo a equipa. A equipa, não o técnico.

Por tudo isto penso que Paulo Sérgio deveria ter optado por um registo low profile até às próximas eleições e assim que exista um novo presidente, deve apresentar a sua demissão. Se o novo presidente considerar que é o seu treinador (nem que seja só até ao final da época) então sim fará sentido que permaneça como treinador do Sporting. Só isto fará sentido e Paulo Sérgio tem de mostrar a capacidade de o entender. De outra forma só estará a somar ingratidão à sua má prestação técnica, com os danos inerentes à sua carreira futura.

Até breve.

1 comentário:

  1. Ele bem poderá dizer no futuro.Fiquei até ao fim, não desisti.Dadui não saio,daqui ninguém me tira...e deixei a equipe a 30 pontos do 1ºlugar .Brilhante!!! Depois não servirá nem para o Águias de Alpiarça!!!

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