segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Necessidades

Num dia é Djalma, noutro é Kleber, não se percebe se são os jornais ou os directores do Sporting que andam um pouco incertos no que será uma boa aquisição para o lugar de Liedson, esse sim todos concordam que irá sair. Numa outra oportunidade falarei sobre o levezinho, que me parece merecer uma despedida mais airosa, pelo menos neste blog.  Nunca será fácil substituir um jogador que foi uns dos melhores avançados do clube e durante quase uma década espalhou o pânico pelos nossos adversários.

Mas se a dificuldade já é grande, no Sporting, existem pessoas que ainda complicam mais. Não é obviamente Kleber que irá calçar os sapatos de avançado mor do clube. Ainda lhe falta muito caminho para ser um grande avançado. Tem potencial, bastante, mas precisa de crescer muito. É bastante competente em todas as áreas que um ponta de lança o deve ser, mas está longe de ser extraordinário. O interesse do FC Porto foi real, apesar dos desmentidos, o que não chega, pelo menos para mim, para garantir que o jogador emprestado ao Marítimo terá sucesso em Alvalade.

O jovem avançado brasileiro, que por vezes me faz lembrar outro avançado brasileiro que esteve no Sporting, Leandro, é rápido, trata a bola com alguma técnica, é bom de cabeça e tem bom sentido de desmarcação. Mas a meu ver, ainda não “optou” por definir o seu estilo. Não é um “killer” (avançado que explora a área à espera da estocada final) e também não é um “wanderer” (jogador que prefere surgir na área vindo de trás com ou sem bola). Nesta dúvida, muitas vezes Kleber ausenta-se do jogo, não estando nas tabelas à entrada da área, não estando na área para matar um centro, não estando onde a equipa precisa, não sendo pois a referência atacante que um avançado deve ser.

Em muitos jogos que vi do Marítimo, por vezes era difícil ver o desenho da equipa em campo, parecendo que jogava com 5 médios, sem posição dianteira definida. Depois lá se descobria Kleber muito próximo da linha média, perdido nas batalhas de meio campo, à procura de espaços e bola para jogar. Porque isso é o que este jogador gosta de fazer, jogar. Em muitas áreas é um avançado muito próximo do que Postiga faz no Sporting, sem a técnica do português. Logo jogar com Postiga e Kleber na frente, das duas uma, ou vai ser uma dupla explosiva ou implosiva, ou de grande dinâmica ou de dinâmica nenhuma.

Tenho para mim, que o avançado que o Sporting precisa, não é Kleber, e embora o potencial do jogador seja grande, não será talvez a melhor solução. Esta equipa precisa de jogador de área, que nem precisa de ser muito dinâmico ou rápido, mas uma referência fixa na frente, com óptimas qualidades de finalizador. Mas estas características já deverão estar desenvolvidas e não em vias disso. O Sporting não tem tempo para ensaios e um ponta de lança como Kleber precisará de tempo para ultrapassar as dificuldades de uma equipa que não joga bem e que tem no pontapé para a frente o seu melhor argumento atacante.

Resumindo esta gestão do clube quer mesmo fazer sobremesas sem açúcar, para competir com as bombas calóricas que são Cardoso, Saviola, Falcão e Walter, não entendendo (ou não querendo entender) que dificilmente existe em Portugal um avançado como o que a equipa precisa. Estou a excluir talvez Lima e Toscano, mas esses já escapam à nossa capacidade negocial o que duplamente triste (o Sporting não tem capacidade de comprar um jogador a um clube mais pequeno, nem a sagacidade para o encontrar lá fora).
Seja o que for que chegar hoje, não será nunca o herdeiro de Liedson, o que indica muito claramente que a venda do baiano foi pura e simplesmente mais um acto de gestão do género de Moutinho, Veloso ou pelos vistos Izmailov. Num ano apenas perderemos os nossos melhores jogadores. Em troca do quê? O que ganhou a equipa com as vendas?

Até breve.

1 comentário:

  1. Vendemos as maçãs pobres para ficarmos com uma equipa toda ela podre...

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